O Enigma do Faraó Parte Ii escrita por Lieh


Capítulo 12
XII - Traição




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Magrí, Crânio e Chumbinho tomaram mais uma xícara de chá oferecida pela velha senhora e por fim saíram.

A pequena rua já estava completamente deserta, só se viam as camadas de neve começando a cobrir o asfalto, o céu estava completamente branco e flocos de neve começavam a cair, deixando um clima mais úmido e frio.

Crânio foi à frente meio encolhido tentando absorver a história que acabara de ouvir.

“Desaparecidos, todos eles, desaparecidos... Noite dos Gritos... Gritos... Anabel... Stanislaw... Stanislaw... Será que ele e Vincent se conheceram? Será que foram amigos? Nada faz sentido, o que aconteceu naquela noite? O que havia no Testamento de Franco Willians?”

- Crânio você está bem?

O garoto que vagava em seus pensamentos esqueceu-se que Magrí estava ao seu lado tentando acompanhá-lo. Era a primeira vez que ele olhava para a garota depois da briga, e notou que estava mais bonita que o normal, os longos cabelos da menina escorrendo-lhe pelos ombros, seus olhar doce e corajoso era tudo que o gênio dos Karas precisava naquele momento.

Chumbinho se juntou aos dois e disparou a perguntar:

- Que mistério não é? Tudo isso que aconteceu aqui... Há dez anos atrás...

- È mesmo... Um mistério... – murmurou Magrí.

Não demoraram a chegar ao portão da mansão Maximilliam, que agora tinha os seus telhados cobertos por uma camada fofa de neve, assim como todas as casas do vilarejo, deixando a mansão num aspecto mais sombrio e melancólico que o seu habitual.

Subiram uma pequena ladeira por detrás da mansão, escorregadia e cheia de pedregulhos, não sabiam para onde estavam indo, simplesmente os três Karas queriam tentar raciocinar, pensar, olhando pelos ombros para a mansão atrás deles agora, para ver se a casa sombria lhe dava alguma luz de todos os mistérios que a ronda.

A ladeira continuava a subir dando curvas, e voltas, a todo o momento viam-se enormes pedregulhos, aquela ladeira os estavam levando a algum lugar conhecido por eles.

Quando alcançaram o topo deslumbraram-se com obra de arte que a natureza e o tempo esculpiram: pedras enormes como paredes todas juntas quase formando um labirinto, algumas pareciam pilares típicos dos gregos, a mais próxima eram duas pedras-paredes e em cima delas outra pedra-parede parecendo uma entrada para alguma casa. Tinham chegado a Stonehenge.

- Nossa é bem mais bonito de perto do que em uma foto... - comentou o caçula dos Karas que estava pasmo, primeiro porque nunca havia visto neve na vida, só nos filmes, segundo porque pedras enormes como aquelas eram raras de se ver.

Caminharam entre as paredes de pedra, mas Magrí e Chumbinho não adentraram profundamente, ficaram perto das três pedras-paredes. Já Crânio caminhou por aquele labirinto natural, algumas pequenas passagens eram estreitas, e por pouco entrou em uma que não tinha saída.

O caçula dos Karas sentou ao lado de Magrí em um enorme pedregulho, olhou carinhosamente para ela. Para Chumbinho, Magrí era como uma querida irmã mais velha, e sentia que a garota estava sofrendo, e sabia por quê. Passaram-se alguns minutos, e a temperatura estava caindo rapidamente, a doce geada se transformou numa tempestade de neve, o vento estava forte, bagunçando os cabelos.

- Chumbinho, chame o Crânio, temos que ir embora!

O menino correu até o labirinto de pedras, enquanto Magrí olhava absorta para a mansão à sua frente. Teve uma leve impressão de ter visto uma figura que caminhava com uma luz. Já ia se aproximar da janela, quando Chumbinho veio correndo ao seu encontro.

- Magrí, eu não encontro o Crânio em lugar nenhum!

- Você o chamou, foi até lá?

- Eu o gritei, mas não responde, andei e não o encontro!

Magrí olhou em desespero para em direção às pedras, e depois para a janela da mansão.

- Chumbinho, temos que entrar na mansão!

- Quê?!

- Eu não sei por que, mas talvez encontremos Crânio lá...

Os dois desceram cuidadosamente a ladeira já coberta de neve, e novamente estavam no portão da mansão. Mas para a surpresa dos dois, o portão estava trancado.

Sentaram-se na saliência do portão, e combinaram que o melhor a fazer era ligar para Miguel...

 

O líder dos Karas desligou o telefone desolado. Havia pedido para Magrí e Chumbinho ficarem calmos e se hospedarem em uma pousada por lá, pois no dia seguinte ele, Calú e talvez Peggy iriam para Wiltshire. Miguel havia ligado para o ator dos Karas ligar para os pais de Crânio avisando que ele iria passar a noite com seus amigos no hotel enquanto Magrí se divertiria com Peggy.

O desaparecimento do gênio dos Karas fazia Miguel sentir-se péssimo consigo mesmo. Primeiro porque era o seu melhor amigo, e segundo, e não sabia explicar por que, estava muito conectado a Dani, e terceiro, detestava tem que mentir para ela, mas o rapaz não via alternativa, a garota já estava se recuperando de um acidente que poderia ter tirado sua vida, se ela soubesse que seu irmão tinha sumido como fumaça, isso só pioraria sua recuperação, conhecendo ela, Miguel sabia que ficaria eufórica, seria capaz de escapulir pela janela e pegar o primeiro trem para Wiltshire... O garoto tremeu com essa possibilidade, se alguma coisa acontecesse com ela...

Mas ele sabia que não poderia esconder por muito tempo, um dia ela acabaria descobrindo, ficaria muito zangada com ele, é claro, mas, se ela nunca o perdoar? Miguel sentiu seu estômago afundar.

Virou-se para entrar no quarto da moça, quando sentiu seu coração ficar gelado e bater descontroladamente, seus pés ficarem presos ao chão, um calafrio na espinha, e os olhos saltarem da cara: Dani estava parada na porta, com os pés descalços, a batinha branca colando-lhe o belo corpo, deixando visível sua linda pele cor de marfim, com o lindo contraste de seus longos cabelos cor de fogo, combinando com os seus olhos em brasa: eram olhos de ódio.

- Por que não me contou nada Miguel? – sua voz era áspera e sarcástica, com os dentes trincados.

Miguel sentiu a dor da culpa invadindo-lhes os pulmões, fechou a mão esquerda no punho tentando encontrar as palavras que lhe salvasse daquela situação, sua voz saiu como um murmúrio, rouca:

- Entenda, fiz para não lhe preocupar...

Dani olhou com desprezo e traição para o garoto: a coisa que ela mais detestava era que mentissem para ela, e pior, vindo de alguém que tinha o maior respeito e carinho do mundo... Ou até algo mais que isso...

- Obrigada por me decepcionar Miguel...

Dani girou nos calcanhares, entrou no quarto e bateu a porta na cara de Miguel. Com a cabeça encostada nela, o rapaz teve a impressão de ouvir soluços do outro lado.

 

 

No pequeno quarto da pousada, meio escura no entardecer, Magrí deitou na cama, sem tirar os sapatos. O olhar da garota era de tristeza, havia chorado durante horas, trancada no banheiro, para que Chumbinho não a incomodasse, pois o quarto do garoto era bem ao lado.

Não queria dormir, tinha medo, seus pesadelos seriam piores naquela noite, como todas as noites eram desde que terminou com Crânio, as imagens naquela noite no jardim do hospital lhe atormentavam, seguido pelos flashes de sua fuga da casa da tia do rapaz, e cada noite era pior, e o pesadelo recomeçava como um disco arranhado.

Mas agora era diferente: o gênio dos Karas havia sumido, e sabe lá onde está se é que poderia estar vivo... Magrí tremeu com esses pensamentos, se o rapaz, o garoto por quem se apaixonou como louca, o único que faz o coração da menina palpitar no peito, e talvez o único namorado que teve que amou de verdade, nunca mais voltasse...

As lágrimas desceram automaticamente por seu lindo rosto. Crânio nunca a traiu, ele jamais seria capaz de fazer isso com ela, quem era a traidora na história, era ela, pois duvidou do amor do rapaz, mas de que adianta isso agora?

Em meio a esses pensamentos torturantes, Magrí adormeceu, mergulhando no pior de seus pesadelos... O fim do gênio dos Karas!

 

Fazia uma bela manhã em Londres, a temperatura aumentou, mas mesmo com os lindos raios de sol, continuava com aquele friozinho europeu. Calú, Miguel e Peggy se afastaram ao máximo da aglomeração de gente da praça mais movimentada da cidade, sentando-se em uma moita onde podiam conversar a vontade.

Estavam em uma encruzadilha, Crânio desaparecido, a trágica história da família Maximilliam era outro mistério e nenhum sinal de Vincent. Para piorar a situação, Miguel contou que Dani descobriu tudo e com certeza vai a Wiltshire atrás do irmão, sem mencionar o assassinato dos avós de Sabrina Moor, que o garoto insistia que tinha alguma coisa a ver com a causa dos Karas. Decidiram que a única coisa que poderiam fazer no momento era irem ao condado e procurar pelos outros Karas.

Calú deixou um bilhete para Andrade explicando para não entrar em pânico e nem se preocupar com Miguel e Chumbinho, pois logo voltariam. Peggy fez o mesmo com sua babá Jane, no bilhete a garota pedia para que não contasse a ninguém, principalmente ao seu pai, ela estava bem e que em breve estaria em casa novamente, mas por enquanto precisava “ salvar” uns amigos que estavam com problemas.

Em pouco tempo já estavam no trem para Wiltshire, e não sabiam se teriam a oportunidade de estar em um trem novamente voltando para casa...

 


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