As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 46
Parte III: Os Animais Guias – Uma ursa.


Notas iniciais do capítulo

Eu juro que nunca fiquei tão animada ao escrever um capítulo! Esse capítulo é tipo um divisor de águas e depois dele vou iniciar a narração do que eu mais gosto de narrar! hahahahah suspense!



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Um grito de gelar o sangue se fez ouvir, e ele era de Nina.

“Sua amiga” rosnou Medved também preocupada.

Medved rosnava como se estivesse zangada não importava o que dissesse. Ananya já estava aprendendo a julgar de forma correta a entonação do que ela dizia, mas ainda não dominava essa arte.

“Temos que correr e refazer o caminho até ela. “

“Suba em mim, assim iremos mais rápido. “

Ana assim o fez, segurando-se nos pelos da nuca de Medved enquanto ela corria pelo caminho que elas tinham feito antes. Ela podia sentir em suas pernas os músculos da ursa se movimentando, algo impressionante de se sentir. Ela bufava e rosnava à medida que aumentava a velocidade. Finalmente chegaram à intercessão e entraram no túnel de Nina, sem deixar de notar que ele não estava riscado.

De repente um morcego passou cortando o ar com uma velocidade impressionante e seguiu adiante sem que Ana pudesse acompanhar. Logo depois, uma pequena borboleta passou voando delicadamente e sem pressa, mas ainda assim mais rápida que Medved.

E involuntariamente os pensamentos de Ana voltaram para Yuki. Ela não teve a intensão de deixa-lo de lado, e na verdade ela entendia perfeitamente por que ele estava tão chateado.

Depois de doze anos sem memória, apenas com seu nome, Anya sentiu uma emoção impressionante ao reencontrar com o amigo. Ou pelo menos até Paul mostrar os animais guia. Quando Ana animou Medved, algo se acendeu dentro dela. Ananya simplesmente esqueceu de tudo que não fosse sua ursa. Elas pareciam se entender perfeitamente, embora ela achasse a ursa muito raivosa e orgulhosa, elas se davam muito bem.

Foi só quando Yuki a chamou pelo nome inteiro que ela percebeu que não falava com ele há tanto tempo. E que estava muito chateado.

Pelo que Ana conhecia do amigo, sabia que ele a iria perdoar facilmente e daria o mais suave dos sorrisos com um pedido de perdão. Anya, porém, não conseguia sequer pensar nisso agora. Algumas vezes sentia necessidade de sentir pena de si mesma e esse era um desses momentos, quando tudo o que ela pensava era que ele não a perdoaria e não voltaria a chama-la de “Anya”. Oh, como ela amava o som daquele nome que ninguém mais usava além dele.

“Estamos quase chegando” rosnou Medved.

“Espero que ela não esteja ferida. “

“Eu também, aquele flamingo não poderá carrega-la facilmente. “

“Então você irá. “

“Temia que dissesse isso. “

E finalmente chegaram aonde Nina se encontrava. Ela estava ao lado de Yuki em frente à uma grande porta de pedra com detalhes dourados. As bordas eram pintadas em ouros e fios se arrastavam delas até o centro onde formavam oito concavidades em formato de mãos. Abaixo das mãos, várias bolinhas agrupadas estavam alinhadas e iam até o chão. Parecia completamente aleatório, mas Yuki pôs a mão nelas e fechou os olhos, como se precisasse disso para se concentrar, e começou a recitar:

— Os Sete Escolhidos chegarão e paz alcançará o mundo – começou enquanto passava a mão pelas bolinhas – Uma guerra eles trarão, mas a solução será clara. Seus inimigos os temerão e com razão. Os ditadores irão perecer diante seu incrível poder e todas as cidades enfim serão livres de todo o tipo forçado de autoridade.

— O que está fazendo? – perguntou Nina assustada.

— Lendo. Aprendi uma coisa ou outra no Coliseu, uma delas foi ler esse tipo de escritura, especial para aqueles que não conseguem ler com os olhos.

— Eu não sabia que existia algo assim – falou Ana pela primeira vez depois de muito tempo.

Nina se virou repentinamente, provavelmente não tinha notado a presença da amiga antes, mas agora prestava atenção.

— Percebi que você não riscou as paredes – delatou.

— Eu esqueci...

— Por isso se perdeu – falou Yuki, ríspido – Vamos lhe ajudar a voltar, mas não faça isso novamente.

— Vamos voltar? – perguntou Ananya – Mas e isso? Parece importante.

— Ele fala de “Sete Escolhidos”, você verdadeiramente não faz ideia de quem sejam?

— Mas tem oito espaços para mãos ali – protestou Nina.

— Eu tenho uma vaga ideia de para que sirva isso, antes temos que chamar Clyde, Sophie e Zaki.

Finalmente Paul apareceu, ofegante e com Maus no ombro esquerdo.

— O que aconteceu... Mas o que é isso?

— Ainda bem que estamos todos aqui. Paul e Nina ficam aqui para guardar o lugar. Ananya, você vem comigo para trazer os outros.

— Certo.

Paul caminhou até onde Nina estava, sem tirar os olhos do muro de pedra.

— O que é isso? – perguntou maravilhado.

— Não sabemos...

Anya e Yuki começaram a caminhar pelos túneis, primeiro devagar, mas ele começou a tomar um ritmo acelerado e Medved, que ainda carregava a mulher no lombo, andou a passadas mais rápidas também.

— Suba em Medved – falou Ana – Ela pode ir mais rápido.

Yuki se limitou a negar com a cabeça e logo transformou-se em um urso com o pelo escuro e bem maior que Medved, embora mais franzino. Ele então começou a correr e a ursa o imitou. Mas ursos cegos não são bons em se orientarem como morcegos, e logo na primeira intercessão Yuki bateu a cabeça furiosamente na parede e caiu ao chão atordoado.

Só então Ana lembrou-se que, na mesma situação há doze anos, ela teria guiado o amigo.

Sentiu-se extremamente envergonhada pelo erro, encarando o urso, com um talho relativamente grande no topo da cabeça. Ela desceu de Medved e tocou o machucado do amigo, que rugiu de dor em resposta.

— Deixe que eu cuide disso – suplicou pegando da cintura um cantil de água e derramando sobre a cabeça do urso para limpar o sangue.

Ele abaixou a cabeçorra e aguardou enquanto ela limpava e cobria o ferimento com um pedaço da própria blusa.

— Pronto, vamos tentar de novo – falou subindo em Yuki dessa vez – As paredes estão bem escuras e irregulares, quem fez esses tuneis deviam estar com bastante pressa. Em alguns pontos posso ver um lugar onde se colocam as tochas para serem acesas, mas são tão espaçados que não iluminariam os tuneis por inteiro. Vá um pouco mais devagar dessa vez. Intercessão, vá para a esquerda. Agora direita. Pode ir mais rápido, estou pegando o jeito. Agora vire à esquerda, esquerda mais uma vez, agora direita!

E assim foi até chegarem à cúpula onde os outros estavam. Ana desceu de Yuki e correu até onde estavam Sophie e Clyde conversando e relatou o que haviam encontrado nos túneis. Os três foram com pressa em direção de Yuki, já na forma humana e Zaki, que viu o alvoroço e correu para encontrar com eles.

Correram sem falar mais nada, fazendo as voltas até chegar onde estavam Nina e o pasmo Paul.

— O que... – começou Clyde.

— Tem uma espécie de poema aqui, como uma profecia – explicou Yuki apontando para o texto em bolinhas – Fala sobre os “Sete Escolhidos” que irão acabar com a guerra.

— São nós?

— Devem ser – supôs Sophie – Mas existem oito mãos.

— E por que essas mãos? – indagou Zaki encostando em uma delas.

Nesse momento um pio de coruja se fez ouvir e um leão, uma águia e uma coruja apareceram pelo túnel nada contentes. Na pressa de ver o que tinham descoberto, Clyde, Sophie e Zaki esqueceram de seus animais guias.

— Desculpe Hibou...

— Minha culpa, sinto muito – falou Clyde estendendo o braço para que Eagle pousasse nela.

Zaki simplesmente acariciou a juba de Leeu e rosnaram um para o outro, parecendo assim se entender.

— Mas e as marcas de mãos? – perguntou Paul ainda ansioso.

— Bem... – começou Sophie – Eu tenho uma teoria...

— Yuki disse que também tinha pensado em algo – falou Ana.

— Sim – disse Yuki andando em direção da parede e apalpando as marcas de mãos – São sete de nós e oito mãos, mas a escritura fala só de sete. E se, assim como para despertar os totens...

— Nós tivermos que usar nossas ameaças enquanto tocamos as marcas – completou Sophie animada – Foi exatamente o que eu pensei.

— Não estou acompanhando – falou Nina confusa.

— Pense bem – continuou a morena – Você ordenaria alguma coisa, Yuki iria se transformar em algum animal qualquer, Ana usaria a força... mas Paul teria que soltar a marca pois sua ameaça é de transporte. Sendo assim, ele só precisa se transportar de uma ponta a outra e ativar as duas.

— Brilhante! – afirmou Clyde.

— Como sabemos qual das marcas é a nossa? – perguntou Anya.

— Se você tocar nelas – falou Zaki – Perceberá que eles nos empurram, do mesmo modo que os totens quando na forma de pedras.

Ana tentou, tocando em uma das marcas e ela de fato lhe rejeitou, ficando quente.

— Este é seu Zaki.

O homem sorriu e colou sua mão direita no espaço destinado a ela. Os outros fizeram o mesmo, experimentando e fixando suas mãos nos espaços.

Finalmente ficaram apenas as duas extremidades livres. Paul posicionou sua mão em uma delas.

— Precisamos fazer ao mesmo tempo? – perguntou.

— Creio que sim – falou Sophie – No sinal... agora!

— Abra! – gritou Nina ao mesmo tempo que Clyde lançava ventos cortantes pela mão, Sophie liberava uma pequena parede de proteção, Zaki lançava suas chamas, Ananya empurrou a porta com toda a sua força, Yuki transformou-se em Imad e Paul atravessou o corredor fixando sua mão no outro espaço.

Tudo o que era dourado começou a brilhar e o barulho ritmado ficou mais forte e acelerado e a parede se dividiu em duas, abrindo como uma porta.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Algum palpite com o que vem em seguida? :D