As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 45
Parte III: Os Animais Guias – Um flamingo.


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoal! Como prometido, três vezes na semana! Se tiver um tempinho no fim de semana, eu posto para vocês no domingo! :D



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Qualquer um que visse aquelas bacias lotadas de carnes, caldos, arroz, pães e frutas diria que era um banquete digno de um rei, mas quando os dezoito sentaram-se para comer, pareceu pouco para a quantidade de pessoas.

Nina percebeu que Yuki estava mais sorridente que o normal, embora Ana o tivesse evitado o dia inteiro. Paul e Riley comiam com uma mão só, segurando a mão um do outro por debaixo da mesa enquanto Clyde os olhava com sangue injetado nos olhos. Saulo e Imad comiam perto um do outro e davam olhares furtivos de vez em quando. Contudo, o que mais chamava sua atenção eram os sorrisos que Giovanna lhe dava, dos quais ela retribuía com alegria.

Quando todos tinham acabado, Clyde chamou Nina, Yuki, Ana e Paul.

— Vocês vão para os túneis agora – falou – Yuki irá liderar seu grupo.

E então foi embora, deixando todos olhando para Yuki, que tinha o dedo estendido para que sua borboleta pousasse. Esperaram pacientemente que ele os passasse as instruções, até que Paul não aguentou mais.

— O que devemos fazer?

— Clyde não foi suficientemente claro?

— Ir para os túneis fazer o que, Yuki? – perguntou Nina.

— Os túneis parecem ser extensos, devem ter outros lugares para explorar, outros lugares para podermos nos esconder melhor. É o que devemos procurar.

— Como faremos isso? – perguntou Ana.

Yuki a olhou e entortou a cabeça.

— Entrando nos tuneis e vasculhando, é claro.

— Mas e se nos perdermos? – perguntou Nina.

— Então usem ecolocalização.

— Não temos ecolocalização – protestou Ana.

— Que pena não? – falou ele com os olhos fixos na amiga, como se a enxergasse mesmo. Ele parecia muito chateado por ter sido deixado de lado, Nina nunca vira Yuki usar sarcasmo – Ou vocês podem apenas usar esses gizes para marcar por onde andaram – falou ele finalmente entregando uma pedra branca e pontuda para cada um deles – Vamos entrar juntos e nos dividir na primeira intercessão. Se encontrarem algo, gritem. Se perderem-se mesmo com as marcas, gritem. Se ouvirem algum barulho estranho, gritem. Não sabemos nada desses túneis e devemos ser cautelosos. Alguma dúvida?

Ele simplesmente despejou tudo sobre eles. Nina quis anotar tudo, sentia que poderia esquecer isso.

— Não – respondeu mesmo assim, junto com os outros.

— Ótimo, vamos entrar – falou ele estendendo o dedo e fazendo a borboleta azul voar para dentro dos túneis. Imediatamente seus olhos anuviados ganharam cor e ele andou com precisão até o túnel.

Eles se apressaram para seguir Yuki. Ele andava a passos firmes, como se soubesse exatamente por onde estava indo. Nina se perguntava se, de algum modo, Yuki estava enxergando.

Chegaram à primeira intercessão e, como ele prometera, se dividia em quatro.

— Nina, você vai pôr esse – falou ele apontando o caminho à extrema esquerda – Ananya, você pega o próximo – Nina engoliu em seco, nunca vira Yuki chamar Ana pelo nome completo, ele devia estar bem chateado por ter sido deixado de lado – Paul você vai neste e eu no último. Entendido?

— Sim – falaram em coro.

— Ótimo, agora vão.

Então ele se transformou em um morcego e começou a voar pelo caminho da extrema direita. Paul encaminhou-se para seu portal e olhou para as duas de relance.

— O que estão esperando? – perguntou tirando a pedra branca do bolso e começando a avançar enquanto riscava a parede.

Nina encarou Ana, que olhava a porta de sua parte, triste. Sua ursa a tinha seguido e estava silenciosa, pensativa como a dona. A flamingo de Nina cutucou o ombro de Ana e grasnou, encorajando-a.

— Não se preocupe – falou a mulher – Ele vai esquecer, ele sempre esquece.

— Não – falou a outra – Ele não esquece. Ele perdoa.

E com isso começou a caminhar em direção de seu túnel. Nina suspirou, triste pela amiga e entrou em seu próprio túnel.

“Sou só eu ou aquela garota parecia à beira das lágrimas? “

“Ana? Ela nunca está à beira das lágrimas” respondeu ela para Flamingo.

“Está ficando escuro...”

“Você tem medo? “

“Queridinha, por favor. Você tem medo? Não. Então eu também não tenho. “

Nina riu e continuou andando, até parar abruptamente.

“Esqueci de riscar a parede. “

“Que maravilha... nós já andamos muito? “

“Acho que sim, fizemos algumas intercessões... mas não lembro como voltar. “

“Oh, não! “

“Vou gritar. “

“Espere! “

Nina olhou para a flamingo, que parecia concentrada em algo à frende delas. Começou a mover-se para frente devagar. As paredes começaram a ficar mais iluminadas até a luz atingir o rosto de Nina.

Será que existia outra saída? Ela respirava com dificuldade, estava com medo. Já deveria ter gritado por ajuda, afinal estava perdida.

Então um rangido se fez ouvir. Era ritmado e fraco. Um barulho desconhecido, Nina definitivamente deveria gritar por ajuda, mas continuou seguindo Flamingo em silêncio.

Chegaram então em um beco sem saída, mas em vez de uma parede à sua frente, Nina viu uma espécie porta. Desenhos dourados lineares desenhavam a parede, formando flores e animais. O barulho metálico vinha do outro lado, assim como a luz, que entrava por pequenos buracos por toda a porta.

Mas o que mais a chamou atenção foi o centro. Tinha o desenho de oito mãos, cada um com uma espécie de letra abaixo, sendo duas delas repetidas. Era a linguagem antiga, que fora abolida há muito tempo.

Nina engoliu em seco. Estava perdida, tinha ouvido um barulho estranho e encontrado algo estranho.

Gritou.

 


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Notas finais do capítulo

É claro que a Nina agora está com cabelos curtos, mas é meio impossível encontrar fotos da Penélope Cruz com cabelos de menino, então essa é Nina Flamingo antes de cortar suas lindas madeixas!