As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 37
Parte II: O Reencontro – Obedientes.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/704740/chapter/37

Os pássaros piaram ao longe e uma gota de orvalho caiu entre os lábios de Nino. Estavam abertos, assim como seus olhos. Não conseguira dormir, apenas por precaução. Lembrava-se perfeitamente da noite passada: os lábios fartos e macios deliciando os seus e aqueles olhos esverdeados encarando-o com um fogo que nunca vira antes. Nino teve que parar quando Luna começou a tirar a roupa. Por mais que já tivesse visto seios na vida (de fato vira muitos seios na casa de damas) nenhum se comparava aos de Luna e teve vontade de senti-los instantaneamente. Contudo Nino não podia tirar a roupa, pois também tinha seios fartos e eles chocariam a outra.

Luna resmungou e tentou seduzir Nino depois que ele insistiu para que parassem, mas não conseguiu. Tentou até mesmo beijá-lo enquanto tentava dormir, mas ele acordou e a afastou. Por isso não dormiu, como poderia, se ainda sentia todas as sensações da noite anterior?

— Bom dia – disse a voz rouca da menina, que chegou bem perto e começou uma trilha de beijos até encaixar suas bocas.

Os instintos de Nino despertaram. “Tire-a daqui!” gritavam “Você irá se arrepender se não parar agora!” insistiam, mas ele empurrou a razão de lado e se entregou ao beijo, sentando-se e empurrando-a para ficar em cima dela.

Tinha que sentir seus seios. Não precisaria mostrar os seus para tocar nos dela.

Mas a relva começou a se mexer e os dois se afastaram com um pulo.

— Bom dia! – disse Luca de muito bom humor.

Antonella estava vermelha como uma pimenta, mas com um sorriso que atravessava suas orelhas. Luca também não passava por baixo: estava risonho e cheio de si. Nenhum dos dois notou que Luna estava ajeitando o vestido ou que Nino estava ofegante e com um sorriso vacilante no rosto. Nenhum deles notou no outro, apenas subiram na carroça e continuaram viagem, imersos em seus próprios pensamentos.

Podiam ter se passado horas ou apenas minutos de viagem antes de Luna se inclinar na direção de Nino e deixar a mão relaxadamente em sua coxa. O outro sentiu um frio por toda a espinha, mas não afastou, era um frio bom. Tão bom que quase não conteve o sorriso. A menina notou e se aventurou a ir mais a fundo. Foi quando ele tirou sua mão de lá. Ela não iria sentir nada ali. Pelo menos nada que estivesse procurando.

— Onde estamos? – perguntou Nino enquanto afastava a mão de Luna pela terceira vez.

— Acho que estamos passando por Gapo agora.

Nino travou imediatamente. Gapo, a capital, era onde estava concentrado a maior parte do exército e o próprio rei Zoro, o homem que a jogara em seu inferno pessoal. Não podia lidar com isso naquele momento, precisava se encontrar com os outros antes.

Luna notou a mudança no comportamento do outro, pois parou de investir sua mão para encarar seu rosto, tentando decifrar o que havia ali.

— Por acaso vamos atravessar Gapo?

— Não, vamos contorna-la.

O alívio foi instantâneo e Nino soltou o ar que nem mesmo sabia que prendia.

— Ora, o que foi? – perguntou Luna.

Ele olhou os olhos esmeralda de Luna, estreitos e desconfiados, e inventou a melhor história que pôde.

— Devo dinheiro a um homem que mora na capital, se ele me visse seria um problema.

Dessa vez ela não acreditou, dava para ver em seus olhos que ainda desconfiava. Contudo assentiu e voltou-se para a estrada, sem falar nem tocar novamente em Nino.

—x-x-x-x-x-

Estavam distribuindo o almoço. Parecia que o pão estava acabando mais rápido que Luca tinha esperado e ele estava mais irritadiço. Deu menos comida para Nino e fingiu que não tinha notado.

Antonella não tinha alterado seu humor da manhã, continuava com o sorriso grande e os olhos brilhantes.

Luna estava calada e séria, parecia chateada e Nino sabia que ela sabia da mentira. Só não tinha certeza o quanto da mentira ela já tinha percebido.

Comeram em silêncio, com apenas breves comentários alegres de Antonella, que não parecia o tipo de pessoa que fizesse isso com naturalidade. Contudo, logo ela percebeu a frieza entre seus interlocutores e calou-se, mas sem se abalar.

Quando estavam todos acabados, Luca anunciou:

— Vou fazer xixi para voltarmos à estrada, sugiro que façam o mesmo – e entrou na floresta seguido da esposa.

Luna olhou Nino e, sem se importar que estivesse sendo olhada, abaixou-se e levantou o vestido surrado e começou a urinar, encarando o outro.

— Ora, você também não vai fazer? – perguntou ao se levantar.

— Não, obrigada. Não sinto vontade.

Era mentira, e logo ela descobriria quando pedisse para parar ou quando molhasse as calças.

— Eu vou dizer por que você não quer fazer aqui... – começou ela vindo em direção à Nino, mas foi interrompida quando Luca e Antonella saíram da mata, mas o homem ainda não tinha se dado ao trabalho de subir as calças e estavam com as mãos para o alto.

Cinco homens segurando espadas pontudas apareceram, com sorrisos maliciosos.

Eles olharam Luna com interesse e o mais forte deles gargalhou.

— Parece que temos um prêmio aqui rapazes! Além de leite, queijo e vinho, conseguimos prisioneiros valiosos e uma dama do sexo!

— A casa de damas de Rosalinda irá aproveitar.

Nino sentiu um tremor na espinha ao ouvir seu antigo nome. Olhou para Luna e viu que ela estava com ódio em seu rosto, mas impotente.

Um dos homens se aproximou da garota e tocou seu vestido, preparando-se para levantá-lo. Luca gritou, sendo detido por um dos bandidos e Antonella chorava desesperada.

Por algum motivo que não entendia ao certo, Nino sentiu uma necessidade impressionantemente forte de proteger Luna.

— Saia de perto dela – falou sem se importar em mudar a voz.

O homem nem pensou duas vezes, apenas saiu, obediente.

— Agora vá e mate seus companheiros – ordenou Nina com um sorriso malvado.

Nina estava de volta. Nino tinha ido embora e agora ela era Nina novamente. Sentia-se extremamente bem, ser um garoto era cansativo. Mas sentia-se ainda melhor ao ver aqueles homens asquerosos lutando entre si. O homem hipnotizado matou seus companheiros sem hesitar um único momento, e com um sorriso no rosto. Parecia extremamente feliz ao fazer isso.

— Muito bem – elogiou Nina – Bom trabalho. Agora se mate.

Ele assim o fez, enterrando a lâmina sangrenta no próprio peito e desabando no chão, derrotado.

Os Vanolli a encaravam boquiabertos, em especial Luna, que estava ao seu lado.

Nina deu um sorriso que tendia ao histérico e disse:

— Obrigada pela ajuda, de agora em diante eu continuo sozinha.

E virou-se para caminhar, sozinha, pelo meio da floresta. Sentindo uma dor no coração por deixar Luna para trás.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Sete Ameaças" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.