As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 3
Parte I: Os Sete – A história de Yuki e Ana 2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Mais um capítulo quentinho para vocês! Espero que gostem!



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A primeira a rir foi Ananya. Ela não só riu, como gargalhou. Gunter, o então dito destruidor, a olhou franzindo as sobrancelhas e sorriu.

— Quer ser a primeira, amorzinho?

— Com toda a certeza!

Ivo sabia bem quem era Gunter Kaus. Na época em que ele era um guerreiro em campo de batalha, o homem era uma Ameaça perigosa. Ele se aproximou da aprendiz e sussurrou em seus ouvidos.

— Tenha cuidado, Ana. Não faça nada precipitado. Ele é uma Ameaça também.

— Eu sou forte!

— Nem tudo se resolve na força bruta.

A garotinha o olhou com raiva e se voltou para o oponente, dando um passo à frente.

O homem tirou sua capa vermelha e ordenou que os súditos se afastassem, mas não antes de enviar um mensageiro para chamar todos da vila para presenciar a luta.

— Está tão confiante que irá vencer? – falou Zaki na borda do círculo.

— Cale a boca, garoto! Nesse momento é só eu e você, queridinha.

Então Ana avançou, gritando a plenos pulmões. Atacou o guerreiro com um impacto em seu abdômen que o fez arfar.

Ela o derrubou no chão, ficando em cima dele, e desferiu golpes pelo seu peito, embora a armadura o protegesse, Gunter ainda parecia ser afetado.

— Chega – grunhiu ele.

De repente, uma luz muito forte foi emitida pelas mãos do homem, que estavam bem afrente do rosto de Ana. A garota gritou, com os olhos fechados e as mãozinhas esfregando-os freneticamente.

Ele a empurrou, fazendo-a cair no chão e a imobilizou com o braço ao redor de seu pescoço, apertando, enquanto ela engasgava, indefesa.

— Chega – gritou Ivo – Você já venceu Ananya.

Gunter a soltou e ela correu sem rumo, cega, até Nina a pegar pela mão e a guiar até o grupo.

— O que foi que aconteceu? – perguntou Yuki para Ivo.

— Ana foi derrotada.

— Como?

— Quem é o próximo?

— Eu! – gritou Zaki – Você não vai machucar Ana e sair por aí pensando que está tudo bem.

Gunter sorriu maliciosamente e posicionou-se de frente para Zaki.

— Você deve ser Zaki, o indomável.

O garoto sorriu, orgulhoso.

— Sou eu sim. E não sou só indomável, você vai ver que eu também sou bem quente.

E em um piscar de olhos, Zaki invocou fogo com sua mão e lançou chamas ardentes para cima de Gunter. Assustado, o homem conseguiu desviar com dificuldade e encarou o garoto.

— Quem quer um churrasquinho de destruidor? – zombou o menino lançando bolas de fogo na direção de Gunter.

O soldado conseguiu desviar com muita dificuldade e se aproximou do menino para, com um grito, soltar uma rajada de luz que o cegou completamente.

Kaus gargalhou com seu sucesso.

— Vocês crianças não podem vencer de mim.

Nina mais uma vez foi ao socorro de seu colega e o levou para perto de Ana, que ainda choramingava com os olhos ardendo e lacrimosos.

— Acho que você deveria parar – disse ela chegando perto – Por que não volta para onde você veio?

Gunter olhou bem para a garotinha e sorriu.

— Sim, eu deveria fazer isso.

— Exatamente. Seja um bom garoto e nos deixe em paz.

— Mestre! – gritou um dos cavaleiros da roda – Esta é Nina, a sedutora! Resista!

Então o feitiço foi quebrado e Gunter se viu de frente para seu cavalo, virou-se com raiva.

— Boa tentativa, mas eu estava preparado para sua ameaça de indução. Não vou perder tempo com você.

Ele deu um estalo e uma pequena bolinha apareceu na frente de Nina, explodindo em cima dela e lançando-a para trás com os olhos vermelhos de sangue e lágrimas.

— Ei! – gritou Clyde – Ninguém te ensinou a ter boas maneiras com mulheres?

— Acha que eu vou respeitar uma cobra peçonhenta como ela?

— O que está acontecendo? – perguntava Yuki desesperadamente, sem fazer ideia do que se passava à sua frente.

Ivo não conseguia responder. Via todo o treinamento de anos que dava para seus pupilos ser completamente destruído em um piscar de olhos. Apenas esperava que suas crianças ainda conseguissem ver depois de tudo aquilo. Não conseguiria treinar sete cegos de uma vez só.

Enquanto isso, Clyde, o estrategista, já tinha teorias de como vencer o homem à sua frente. Tentou lutar com os outros sentidos, fechando os olhos. Invocou ventos fazendo um ciclone ao redor da cena, então qualquer interrupção de ventos seria notada por sua audição e tato.

Porém, Gunter não quis gastar suas energias entrando no ciclone de Clyde. Ele estalou novamente seus dedos e a bomba de luz atingiu o garoto com toda a força, cessando seus ventos. O pupilo mais velho não chegou a chorar, era muito orgulhoso para isso, mas não conseguiu resistir e gemeu de dor enquanto Sophie o retirava do campo de batalha.

— Que coisa bela! Só mais três combatentes e eu terei vencido as sete mais promissoras Ameaças de todos os Três Reinos!

Sophie, a inteligente, tremia de medo. Não queria ter o mesmo destino dos colegas. Paul chorava, era pequeno demais e tudo o que via era seus amigos choramingando de dor. Yuki ainda não entendia o que estava acontecendo, mas enfureceu-se com a situação.

— Eu vou derrotar você! – disse ele.

O homem gargalhou.

— Yuki, o gentil irá me derrotar? Você é tão patético que nem consegue olhar para mim!

— Lute comigo. Eu vou vingar meus amigos caídos.

Gunter sorriu.

— Você terá o mesmo destino deles! Venha Yukiko Chô, estou ansioso para a minha quinta vitória.

Yuki deu um passo à frente, ainda com o rosto voltado para o chão, prestando atenção ao que estava ao seu redor.

Ana, a primeira combatente, já estava recuperando a visão e voltou-se para onde estava acontecendo a luta, ansiosa para ver Yuki vencer. Se alguém tinha a capacidade de fazer isso, era ele.

Enquanto isso, a multidão da vila se aglomerava cada vez mais ao redor do campo, fazendo um círculo e cochichando sobre a visão de quatro pupilos de Ivo caídos no chão ainda gemendo de dor e dois deles acuados chorando e tremendo.

Yuki transformou-se em uma onça e correu em direção de Gunter, derrubando-o no solo arenoso. Ele arranhou sua armadura, até rasga-la e atingir seu peito. Gunter gritou de dor e tocou sua mão no rosto do animal, liberando a luz incandescente sobre ele.

Contudo, não foi o suficiente para derrubar Yuki, que, percebendo o que estava acontecendo, recuou um pouco e transformou-se em um touro.

O adversário arregalou os olhos, com medo, e estalou os dedos, lançando sua bomba de luz para cima do outro. Porém, mesmo com a explosão, o touro permaneceu intacto, embora mais enfurecido.

— Vai Yuki! – gritou Ana, que agora via claramente a batalha a sua frente e estava animada, torcendo pelo colega.

Então o touro partiu com fúria para cima Gunter e o atirou a cinco metros, atingindo seus colegas cavaleiros.

O garoto voltou a forma humana, ciente da vitória, e sorriu.

Kaus voltou ao círculo, raivoso com a derrota, e ficou de frente para o garoto, que o olhou pela primeira vez, estendendo a mão.

— Foi uma boa luta, parabéns.

Gunter gargalhou, sem apertar a mão de Yuki e gritou:

— Vocês me colocaram para brigar com uma criança cega? Eu não vou aceitar essa derrota, não contra um deficiente.

Então o soldado deu um tapa no rosto de Yuki, que, desprevenino, foi atingido em cheio e caiu de costas, sendo amparado por Ana.

— Aquele... – grunhiu Ana com raiva – Está tudo bem, Yukiko?

Ela o olhou e notou algo estranho: o queixo do colega tremia e suas pupilas, mais azuis do que nunca.

— Ele machucou você?

— Não – disse ele e levantou-se tirando a poeira da roupa.

— Você pode subestimar Yukiko, Gunter Kaus, mas ele é, assim como os outros seis, uma das Sete Ameaças prodígio. Mesmo cego, ele é capaz de qualquer coisa, inclusive derrotar você – defendeu Ivo – Engula seu orgulho e admita sua derrota.

Gunter empinou o nariz e bufou.

— Eu não vou admitir nenhuma derrota para essa criança cega.

Então a multidão começou a vaiá-lo. Ele olhou ao redor e, frustrado, montou em seu cavalo e foi embora.

Todos da vila aplaudiram, enquanto os outros colegas se reuniam com Yuki e Ana para comemorar.

— Vamos fazer um banquete e celebrar! – gritou o açougueiro.

— Sim! – concordaram de um a um enquanto iam embora.

O vencedor sorriu.

— Festa!

Então todos caminharam alegremente para a vila, conversando e rindo sobre a mais nova vitória de Yukiko Chô.

Mas Ananya ficou para trás.

— Você não vem Ana?

— Mestre Ivo, acho que Yuki se machucou.

O homem assentiu.

— Eu também acho. Por que você não vê se ele está bem?

— Não. Ele pode pedir ajuda à mãe dele depois, afinal, ela é a enfermeira.

Então ela caminhou despreocupadamente para a vila junto com os outros.

— Mas eu acho que do jeito que Yukiko está, a senhora Chô não será capaz de curá-lo – murmurou Ivo para si mesmo.


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Notas finais do capítulo

E aí, mereço reviews?? :D