As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 21
Parte II: O Reencontro – A Nova Mãe.




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Margaret tossia tão forte que seu peito se afundava e pequenas gotículas de sangue saíam de sua boca. As meninas estavam revezando para ficar ao redor dela, mas todas sabiam, inclusive a própria Margaret: estava morrendo.

Sua subordinada preferida, Rosalinda, ficava com ela por muito tempo, conversando e contando como estavam as coisas na casa de damas.

Em um desses dias, Margaret tomou a mão dela e disse:

— Oh, minha querida... estou tão velha...

Rosalinda sorriu suavemente, sabendo que não era verdade. Sua mãe, como a mulher gostava de ser chamada, devia ter quarenta anos. Contudo, toda a vida de dama do sexo, a deixou fragilizada. A menina sabia que ela tinha contraído alguma doença que a deixava tremendamente fragilizada com qualquer gripe.

— Você não é velha, está com um forte resfriado, mas logo irá melhorar.

— Asneiras, não irei. Estou morrendo.

— Não pense nisso, mãe. Pense positivo.

— Não há como pensar positivo, Linda. Simplesmente não há. Por isso eu tenho que tomar minhas devidas providências, antes que eu me vá.

— Não precisa tomar providência alguma, você irá melhorar.

— Rosalinda – disse ela ignorando o que a menina falava – Você será a nova mãe.

— O que?

— Quero que tome meu lugar.

— Mas existem outras... outras mulheres que estão aqui há mais tempo que eu, que são mais experientes que eu...

— E elas não têm a metade da competência que você. Todos gostam tanto de você... deve ser sua beleza...

— Por favor, não faça isso. Não aceite a derrota.

— Rosalinda, você será a mãe. Por favor aceite.

A menina franziu o cenho e suspirou.

— Como queira, mãe.

Então a mulher sorriu e tocou o rosto da outra suavemente.

— Obrigada por tudo.

E morreu.

Rosalinda levantou-se de súbito e gritou por ajuda. Todas as cortesãs se aglomeraram perto da cama e choraram, desamparadas, pela morte de sua mãe.

— O que faremos agora?

— Quem será a nova mãe?

— Como iremos nos sustentar sem Margareth?

Rosa se levantou devagar e olhou as outras, seu instinto maternal gritando para que fizesse alguma coisa para consolá-las.

— Não temam, irmãs. Iremos sobreviver. Vamos fazer um funeral digno para nossa mãe e vamos escolher a próxima com sabedoria.

— Escolher a próxima? – perguntou uma das cortesãs mais velhas – Todas sabemos quem ela deve ter escolhido.

As mulheres da sala olharam para Rosalinda e aguardaram. Queriam que tomasse uma decisão, que dissesse o que fariam.

— Vamos enterrar Margareth, nossa mãe. Depois vamos nos reerguer.

As meninas assentiram, um pouco mais confiantes, e se prepararam para mover o corpo de sua falecida mãe.

—x-x-x-x-x-x-

— Rosalinda – disse o homem pegando a cintura da menina e aproximando seu rosto do dela – Vamos para o quarto.

— Como quiser, Solemon, mas saiba que sou a nova mãe, meus serviços são mais caros.

— Dinheiro não é problema.

Então ele a arrastou para um dos quartos fedidos e gastos, esfregando seu rosto barbado pelo pescoço da menina e sorrindo como uma hiena.

— Saia de perto de mim – mandou ela quando a porta estava fechada.

Solemon, como um cãozinho obediente se afasta dela e a encara.

— Agora gema como se estivesse lhe levando às alturas.

E ele o fez, acompanhado dela mesma.

Esse era o segredo de Rosalinda. Teve uma época em que realmente se entregava aos homens, mas após descobrir que eles, por algum estranho motivo, faziam qualquer coisa que lhes era exigida, ela não mais se deitava com nenhum. Descobrira que podia até mesmo fazê-los pensar que tinha feito tudo o que queriam, quando, na verdade, não tinham nem triscado nela.

A mulher bagunçou seu cabelo e abriu um pouco o decote, ainda gemendo de modo convincente.

— Chegue ao ápice – ordenou ela.

O homem revirou os olhos, como se estivesse sentindo muito prazer, muito embora estivesse completamente parado, em pé e vestido.

Rosalinda chegou perto dele e bagunçou seus cabelos e afrouxou um pouco também as roupas dele.

— Pronto, está acabado, pode ir embora como se eu tivesse lhe feito algo incrível e não esqueça de deixar pelo menos o dobro do que cobro.

Ele saiu do quarto com um sorriso bobo nos lábios.

Linda suspirou, odiava fazer aquilo, odiava aquele lugar. Contudo, mesmo em seus sonhos mais doidos em que desejava fugir, não tinha para onde ir.

Ela voltou à realidade e se virou para ir embora, mas um golpe invisível a tomou, derrubando-a no chão. Uma dor incrivelmente forte a atingiu na cabeça e ela a segurou com força, desesperada. Flashes de imagens apareceram em sua cabeça e tudo voltou como uma avalanche. Todas as perguntas que já tinha se feito, foram imediatamente respondidas.

O homem que acreditava ser seu pai não a tinha deixado ali como castigo, ele nem mesmo era seu pai. Não era uma desgraçada de família rica nem uma pobre tentando ganhar a vida. Não era, nem mesmo Rosalinda.

Seu nome era Nina Flamingo. Sua impressionante habilidade de ser obedecida era na verdade sua ameaça. Ela era uma das Sete Ameaças Prodígio. Ela tinha que voltar para casa.

Levantando-se decidida, Nina ajeitou seu vestido com impaciência e caminhou calmamente pelo estabelecimento até chegar à porta.

— Onde está indo, Rosalinda? – perguntou uma das meninas.

— Sim – falou um homem com um sorriso malicioso – Agora é minha vez.

— Não é – disse ela sem se virar – Pauline agora é a mãe, eu nunca estive aqui e vocês não me conhecem.

Então eles piscaram e se viraram, como se realmente não a conhecessem.

Nina sorriu. Se tinham colocado ela ali para perecer e entrar em desgraça, estavam muito enganados, ela não era tão fraca assim. A mulher, agora com vinte e três anos, tinha desenvolvido sua ameaça de um modo que nem ela mesma achava possível e estava pronta para a vingança.

Mais do que pronta, ela tinha sede de vingança.


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