Há poucos meses, Nico tinha sido padrinho do casamento de Hazel e, inocentemente, sua irmã tinha perguntado se ele e Will não pensavam em se casar. Ele não tinha sabido responder, mas passou a pensar bastante a respeito. Já fizera parte dos casamentos de vários de seus amigos e bastava lembrar dos olhares deles um para o outro naquele momento para perceber que se tratava de algo bem mais especial do que dizer “aceito” na frente de um monte de gente.

Um dia, ele resolveu se desviar de seu caminho e passar na joalheria em que tinha ido com Jason escolher um anel de noivado para Piper, dizendo para si mesmo que só queria dar uma olhada. Sua atenção foi atraída por um modelo na vitrine. Nico achou criativo e bonito o jeito como tinham feito o anel grosso parecer uma pedra jazida, com pequenos pontos brilhantes alaranjados despontando.

— Ah, bronze e pedra do sol de Oregon em uma de suas formas mais raras – disse a vendedora com um sorriso.

— Pedra do sol?

— Sim. Alguns povos antigos acreditavam se tratar de raios de sol que tinham caído na terra e que traziam saúde e felicidade.

Nico teve que abrir um sorriso ao ouvir aquilo, mas assim que chegou em seu apartamento com a caixinha escura e encarou o anel sob a luz de fim de tarde que iluminava o quarto, ele começou a achar que tinha se precipitado. Por que Will iria querer casar com ele? Certamente, se quisesse, ele já teria pedido. Será que valeria a pena arriscar tudo?

Então, o som da porta do apartamento abrindo e a conhecida voz chamando seu nome o sobressaltaram e o fizeram fechar e esconder a caixinha no esconderijo mais próximo: debaixo do travesseiro.

— Ei – Will chegou à porta do quarto. – O que está fazendo? – ele perguntou, bem humorado, até perceber que Nico não parecia muito bem. – Qual o problema?

Will se sentou ao lado dele com o olhar preocupado.

— Não tem nenhum problema. - Nico revirou os olhos. – Como foi seu dia no hospital?

Will suspirou e se jogou de costas levando Nico junto com o braço em volta do ombro dele.

— Exaustivo. Sinto que eu poderia fechar os olhos e dormir por dias.

Ele abraçou Nico, enterrando o rosto em seu peito.

— Ei, só quem tem o direito de dormir tanto tempo aqui sou eu.

Ele ouviu o riso abafado de Will contra sua camisa, depois o filho de Apolo apoiou o queixo no antebraço sobre seu peito para observá-lo.

— Você não vai mesmo me dizer o que há de errado?

Nico grunhiu, virando o rosto e depois erguendo o tronco. Ele pensou que não ia mesmo conseguir esconder isso de Will. Talvez pudesse remediar a coisa de outra forma.

— Aqui – ele tirou a caixinha de baixo do travesseiro e passou para Will como se ela estivesse quente. Pôde captar sua reação como se fosse em câmera lenta, o jeito como os olhos azuis se arregalaram e sua boca foi formando um “o” antes de abrir a caixinha com dedos meio trêmulos.

— Nico! – exclamou Will por fim. – I-isso... Isso quer dizer o que eu estou pensando?

— Você não precisa aceitar.

— Como é? – Will deu uma risada nervosa. - Que história é essa? – Ele olhou para o anel em suas mãos e depois de volta para Nico. - Você achou que eu poderia não aceitar? – Ele não precisou que Nico respondesse. – Nico, eu já tinha pensado nisso também, mas tinha medo que você pudesse surtar se eu mencionasse a palavra “casamento”. Precisei de meses só para que você concordasse em morar comigo.

— Quê? Você sabe muito bem que eu estava preocupado com sua segurança! Você não queria morar em Nova Roma e eu sendo um filho de Hades, o perigo...

Will colocou um indicador nos lábios dele para fazê-lo calar.

— Pelos deuses, não comece com isso de novo...  Por favor, Nico, faça a pergunta! - ele pediu, com a expectativa de uma criança.

— Você quer se casar comigo? – Nico soou realmente surpreso que Will parecesse estar querendo dizer sim.

— Claro! – Will mal esperou que ele terminasse. - Mas é claro!

Ele se jogou na direção de Nico, que o beijou de volta com o mesmo entusiasmo. Quando eles finalmente se afastaram, os dois exibiam enormes sorrisos e Will estendeu a caixinha de volta a Nico com uma mão, mantendo a outra mão estendida, com um olhar significativo. Nico voltou a revirar os olhos, sacudindo de leve a cabeça, mas sem perder o sorriso, sentindo-se leve como uma pena, pegou o anel e deslizou-o para o dedo anelar de Will. Parando depois para admirar o resultado. Em seguida, o sorriso de Nico murchou um pouco ao dar uma olhada em volta, no quarto mal iluminado.

— Argh, me desculpe. Eu deveria ter planejado algo mais especial. Eu ia fazer isso... É só que eu meio que entrei em pânico. Sou tão idiota...

Will levou a mão até a bochecha dele.

— Nah... Acho que nós concordamos há muito tempo que você é complicado, mas não é idiota. Eu amo você, Nico di Angelo.

Eles voltaram a se beijar com ainda mais entusiasmo e caíram de novo na cama.

— Eu também amo você, Will Solace. – Nico tomou fôlego para dizer antes que puxá-lo para continuar o beijo.