Solangelo Moments escrita por Junebug


Capítulo 30
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Notas iniciais do capítulo

Universo Alternativo. Nico chamou o pai até seu apartamento para contar algo muito importante.



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Nico entrou agitado na cozinha, onde seu namorado terminava de tirar o jantar do forno.

— Will, ele chegou. Está subindo!

— Ai, minha nossa! – Will quase deixou cair sua obra-prima da culinária no chão, mas conseguiu depositá-la no centro da pequena mesa arrumada com as melhores louças que tinham conseguido arranjar. – O... o meu cabelo está muito bagunçado?

— Claro que sim... e está perfeito como sempre.

Nico alinhava obsessivamente os talheres na mesa. Estava tão ansioso e nervoso que a sinceridade foi espontânea e ele nem se sentiu envergonhado, mesmo quando Will retrucou com um super sorriso:

— O mesmo para você, totalmente.

Os dois se sobressaltaram ao ouvir a já esperada campainha tocar.

Will soltou o ar com força.

— Certo. Uau. É agora.

— C-certo... Você... Você fica aqui enquanto eu o recebo e... e...

A campainha tocou novamente. A visita não estava gostando de esperar.

Will meio que empurrou Nico para que ele fosse logo atender, apesar do próprio nervosismo.

— Pai – Nico disse ao abrir a porta e dar de cara com o homem de sobretudo preto e cara fechada. – Entre, sente-se – ele parecia um ventríloquo. – Ah, você lembra do Will?

Will, que podia ser visto da abertura que dava para a cozinha, acenou com um sorriso hesitante.

— Seu... colega de apartamento.

— Hm... É. É sobre isso que... – Nico se sentou diante do pai, mas estava achando muito difícil encará-lo. – Ahn... Você quer café?

O pai fez um gesto vago com a mão que parecia significar “tanto faz”.

— Eu levo – adiantou-se Will, prestativo.

Por um tempo tudo que ouviram foi o barulho de Will levando o café até a mesinha de centro diante do pai de Nico, e este servindo-se de açúcar sem muita pressa. Antes de voltar para a cozinha, Will procurou lançar ao namorado um olhar significativo, mas Nico não conseguia encará-lo também.

— Então... – o pai voltou a falar depois de um gole do café. – Qual é a coisa importante que você tinha para me contar, afinal?

Nico tomou ar devagar. Depois de um breve olhar para trás, onde Will fingia estar ocupado com qualquer coisa na cozinha, ele disse:

— Will e eu... Nós... – Nico pensou: “Que se dane. É agora ou nunca” e prosseguiu, falando de uma vez: - Will não é só meu colega de apartamento. Ele é meu namorado. Nós vivemos juntos.

Ele olhava para o pai com um ar desafiador, mas o homem nem mesmo levantou os olhos da xícara, onde tinha colocado mais açúcar e agora mexia.

— E?

— Você ouviu o que eu disse?

— É claro que sim. E então? – perguntou, levando a xícara aos lábios, tranquilamente.

— Você já sabia!? – O pai levantou uma sobrancelha. Nico mexeu a boca sem emitir qualquer som por uns segundos, até conseguir formular uma hipótese: - Hazel contou?

Seu pai revirou os olhos de leve.

— Não. Sinceramente, o que você pensa que eu sou? Por acaso eu tenho cara de idiota?

Nico novamente voltou-se para Will na cozinha. Ele estava parado meio confuso, meio surpreso.

— Por que você nunca me disse nada?

— Não era eu quem precisava dizer alguma coisa – o pai encolheu os ombros tomando mais um gole antes de devolver a xícara para a mesinha. – Você me fez atravessar o pais só por isso?

Nico já estava mais do que acostumado com aquela expressão de desagrado, por isso não deixou de insistir:

— Quando você descobriu? Quero dizer, desde quando você sabe que eu... que eu sou... – Nico sentiu o rosto esquentar um pouco.

Os lábios do pai se esticaram ligeiramente no que era o mais próximo de um sorriso que ele parecia capaz de dar.

— Provavelmente desde quando você era apaixonado por aquele seu primo idiota na infância.

Will soltou uma risadinha engasgada. Ele já ouvira falar do primo em questão.

— Eu tinha, tipo, dez anos! – disse Nico, na defensiva.

— Você perguntou – o pai novamente deu de ombros, recostando-se no sofá.

Ele manteve o olhar frio e impassível sobre o filho, que o olhava de volta, meio emburrado, meio desafiador, com os braços cruzados sobre o peito.

Will decidiu que precisava intervir. Ele voltou para a sala e pigarreou, chamando a atenção dos dois.

— Que tal seguirmos para o jantar? – Tomando coragem, dirigiu-se ao pai de Nico: - Nico me disse que o senhor aprecia muito a culinária grega, então eu... eu peguei uma receita de moussaka e... bem, acho que não ficou nada mal... ehh... modéstia à parte.

Sua voz foi falhando diante do olhar do homem. Os olhos lembravam os de Nico, só que dez vezes mais sombrios e pouco amigáveis e pareciam capazes de avaliar até mesmo a alma de Will.

— Bom, vamos experimentar isso, então – o homem disse, por fim, ficando de pé, sem parecer especialmente empolgado, mas como se não tivesse encontrado nada de muito ruim na alma de Will.

Ele foi na frente como se o lugar lhe pertencesse. Will esperou Nico levantar. Seu namorado parecia ter acabado de sair de uma batalha física e estava pronto ara o próximo round. Will pegou a mão dele. Com uma olhada para aquele sorriso, Nico sentiu parte da raiva pela conversa com o pai evaporar. Suspirou, e foi em frente sem soltar a mão de Will.


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