Nico foi ver quem estava na porta e encontrou um adolescente. Cabelo castanho claro abaixo das orelhas, as mãos nos bolsos de uma jaqueta jeans.

— Quem é você?

— Ahn... Erick... Eu... Eu fiquei de encontrar Maeve no cinema às seis, mas...

— Você é o cara do balé? – Nico franziu o cenho, estreitando os olhos.

— S-Sim. – O garoto hesitou diante da desconfiança de Nico.

— Quem é? – Will tinha surgido atrás de Nico.

— Parece que esse garoto é o amigo do balé com quem Maeve vai ao cinema – Nico falou em tom de acusação.

— Eu sou Erick – ele se apresentou a Will. – Vocês são os pais de Maeve, não é? Ela fala bastante de vocês... – Erick sorriu.

— E qual é a graça? – Nico quis saber.

— N-Não. – O sorriso do garoto se tornou nervoso. Ele deu um pequeno passo para trás. – Eu só...

Will pôs uma mão no ombro de Nico e dirigiu-se ao visitante:

— Eh... Erick, por que você não entra? Eu vou dizer a Maeve que você está aqui.

Depois lançou a Nico um breve olhar de “Por favor, não vá atacar o garoto nesse meio-tempo”. Mas Will não precisou ir atrás de Maeve. Assim que ele se virou e o garoto colocou um pé no hall com um fraco “Obrigado” diante do olhar pouco amigável de Nico, eles ouviram a voz dela:

— Erick!? – Maeve se aproximava certamente pronta para sair, talvez mais arrumada do que o normal para um cinema.  – Nós tínhamos combinado... Você não vai mais poder ir?

— Não. Não é isso. Eu só... Achei que, como moro aqui perto, seria melhor irmos juntos... Quero dizer... Porque... Era praticamente caminho para mim, e...

O garoto estava corando?

Maeve sorriu e disse:

— Parece mesmo uma boa ideia. – O garoto sorriu de volta. – Acho... que podemos ir, então, não é?

Erick pareceu aliviado por poder se afastar dos olhares dos pais de Maeve, até Nico anunciar:

— Eu posso levar vocês dois.

— Ah, não precisa, papai. Eu sei que você detesta dirigir...

— Isso não é problema. Eu posso só chamar Jules-Albert...

— Não – Maeve se apressou em dizer, meio aterrorizada com a ideia. – Não precisa mesmo. – Antes que Nico voltasse a falar, ela foi até ele e beijou sua bochecha, depois fez o mesmo com Will. – Vejo vocês mais tarde - falou ela, alegre.

Depois que a porta se fechou atrás dos dois, Nico estava parado em estado de choque.

— Isso foi...

— Eu sei – Will voltou a segurar o ombro dele, em apoio.

— Quando ela disse “amigo do balé”, eu pensei...

— Eu também. O que é horrível da nossa parte. Deveríamos ser os primeiros a não nos guiar por estereótipos...

Mas Nico não parecia estar ouvindo.

— Nosso bebê foi para um encontro?

Will achou graça.

— Nosso bebê já tem quinze anos.

— Ela ainda é muito nova!

— Hmm, quantos anos mesmo nós tínhamos quando começamos a namorar? – Will fingiu pensar.

— É diferente!

— Por quê?

— Porque esse garoto é estranho! Tenho certeza que ele se mete nessa coisa de balé para seduzir garotas inocentes...

— Ah, ele me pareceu bem educado... Tenho certeza que Maeve sabe escolher seus amigos. Além do mais... Eles podem ser só amigos.

— Hmpf, você viu o jeito como eles estavam sorrindo um para o outro? – Nico parecia prestes a vomitar.

Will tinha visto. Nico continuou, num tom saudoso:

— Lembra quando ela disse que odiava todos os garotos, menos nós?

— Ela tinha dez anos... E estava zangada com o garoto que grudou chiclete no cabelo dela...

— Bons tempos! – Nico suspirou.

— Argh, pare de ser dramático. – Will fez como se quisesse sacudi-lo - Os tempos ainda são bons. – Depois, ele deu uma olhada no relógio de pulso e seu sorriso aumentou: - E por falar em tempo, eu tenho duas horas até o plantão... Você quer passar esse tempo lamentando ou... o quê?