França, Casa dos Weasley, 18h da noite.

POV - Luiza Weasley

Bem. Aos 13 anos, eu tive meu primeiro namorado. E como toda menina ficaria, eu estava completamente apaixonada e encantada. Kyle Harper era, definitivamente, um príncipe.

— Bom dia, baby. – Ele me cumprimentou com um singelo selinho enquanto sentava-se comigo à mesa do Salão Principal. – Tudo bem? Parece cansada.

— Estou um pouco, pra falar a verdade. – Respondi, me virando para beijá-lo novamente. – Mas posso melhorar se você me der outro beijo.

Como pedido, ele me beijou novamente. Kyle demonstrava carinho ao me beijar e isso me deixava completamente entorpecida. Se eu não fosse tão jovem, diria que o amo.

— Melhor? – Ele questionou. Eu assenti positivamente com a cabeça, quando vi dois amigos de Kyle se dirigirem a ele, chamando-o. – Nos vemos depois, tá bem? Vou morrer de saudade.

E me beijou uma última vez antes de virar-se com os dois amigos. Eliza, Chloe e Hellen me encararam, maliciosamente.

— E eu achando que a Eliza ia desencalhar antes de você, Lu. – Chloe comentou, fazendo com que eu e as meninas rissemos.

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Eram, exatamente, 21hrs da noite. Eu ainda estava pelos corredores da escola, de como quem eu havia estudado demais pela biblioteca, típica mania que havia pego de mamãe. Distraída demais pra pensar em algo, acabei me assustando quando esbarrei em alguém. Ou melhor, Kyle.

— Opa! Tudo bem, amor? O que faz aqui tão tarde? – Ele perguntou, e eu senti a desconfiança em sua voz. Como numa tentativa de quebrar essa desconfiança, eu respondi, prontamente.

— Eu estive estudando na biblioteca, acabei perdendo o horário. – Ele me olhou, e sua expressão de desconfiada se transformou num sorriso incomodado.

— Bem, cuidado. Algumas histórias nos contam o quanto esse castelo não é amigável a noite. Se quiser, posso lhe fazer companhia amanhã, se vier estudar.

— Adoraria. – Respondi, dando um beijo rápido em sua bochecha, pra depois seguir em direção ao dormitório.

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— Ele estava preocupado, Luiza. Dá pra parar com essa paranóia? – Hellen disse, ao eu contar às meninas o acontecido da noite passada.

— Pra mim, ele tava com ciúme. Ou desconfiado. – Eliza respondeu, e eu concordei. Chloe revirou os olhos diante a conversa e eu vi Kyle se dirigir a mesa onde estávamos.

— Bom dia, meninas. – Ele disse, antes de me beijar. – Bom dia, Lu.

— Bom dia, amor.

— Vou passar o dia treinando com o time de Quadribol hoje. Mas não se preocupe, nos vemos a noite, sim? – Ele pediu e eu apenas assenti positivamente com a cabeça.

— Viu? Apenas preocupado. – Chloe concordou com o que Hellen havia dito minutos atrás.

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— Não acha que já está bom por hoje, Lu? – John pediu mais uma vez, cansado de tanto olhar para os livros. Kyle havia perdido a hora por conta do quadribol, então não achei problema chamar John para me ajudar.

— Tá bem, John, você venceu. Vamos. – Disse, pegando a pilha de livros que havia na mesa enquanto este me ajudava. No corredor, demos de cara com Kyle, ainda com o uniforme de quadribol.

— Lu? Achei que tínhamos combinado de…

— E combinamos. Mas você se atrasou, não vi problema em chamar John.

— Não tem. Claro que não.

Mas tinha. Depois desse dia, Kyle começou a se mostrar enciumado e incomodado com a presença de John ao redor de nós. Então, começamos a discutir frequentemente.

— Pela última vez, Kyle, eu e John somos amigos. – Kyle sorriu sarcasticamente quando me ouviu dizer.

— Amigos. Garotos e garotas não podem ser amigos, Luiza. Claro que tem algo a mais aí. Devia ter algo a mais desde que eu vi vocês saindo da biblioteca, juntos. Você não passa de uma vadia, não é? – Ele disse, e eu, movida pela raiva, bati com força em seu rosto, deixando em sua bochecha uma marca dos meus dedos.

— Se não confia em mim, acho melhor terminarmos. – Foi a última coisa que disse antes de virar as costas pra ele, ouvindo ele dizer coisas como “Você não pode terminar comigo” ou “Isso não vai ficar assim, Weasley”.

Foi a última vez que o vi, antes da briga em que ele se meteu com John, resultando em sua expulsão de Hogwarts. Não o vi mais desde então. Desde aquela noite…

— Cale a boca, Weasley! – Foi a última coisa que ele disse antes de eu me encontrar desacordada naquela salinha. E a última coisa que eu vi antes de abrir meus olhos novamente.

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POV - Eliza Malfoy

Estava ali, segurando as mãos de Luiza novamente. Estava preocupada que ela não viesse a acordar mais. Ou o que aconteceria quando ela acordasse.

— Acorda, Lu. Acorda… – Pedi. Como num passe de mágica, Luiza abriu os olhos, parecendo assustada. – Lu? MÃE, PAI! A LU ACORDOU!

Prontamente, mamãe e papai se materializaram da porta do quarto, observando eu segurar as mãos de Luiza, que tentava se livrar dos aparelhos ao qual estava presa.

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— Então, Caitlin… – Pedi, enquanto a doutora examinava minha irmã ainda assustada. – Como ela está?

— Ela está bem. Luiza não teve nenhuma lesão no cérebro, o que significa dizer que ela ainda se lembra perfeitamente bem do que aconteceu a ela. Só sei que quem pode dar o perfeito acompanhamento psicológico à ela são vocês. Principalmente você, Eliza. – Ela disse, colocando todos os equipamentos de volta em sua maleta, enquanto mamãe e papai acompanhavam ela até a saída da casa.

— Liza? – Ela me chamou pela primeira vez desde que havia acordado.

— É tão bom ouvir sua voz novamente, Lu. Embora eu tenha ouvido antes de você acordar. Mas enfim… que bom que acordou. – Lu, ainda fraca, só sorriu levemente ao ouvir minha voz.

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França, Beauxbatons, 18h30 da noite.

“Olá, meninos e meninas de Hogwarts… e Beauxbatons. Me desculpem a ausência esses dias, era muito complicado estar aqui cuidando da Luiza e conseguir tempo pra escrever algo. Mas eu voltei. E com uma boa notícia…”

Londres, Hogwarts, 17h30 da tarde.

“...Luiza acordou. Sim, ela acordou! A Dra. Caitlin já esteve aqui, está tudo bem com ela então. Não se preocupem, já anunciei tanto a McGonagall quanto Olympe que queriam ver Luiza. Logo, logo poderam vir aqui. Estamos muito ansiosas pra vê-los!

Com amor,

Eliza.”

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Beauxbatons, França, 18h40 da noite.

— Gente… – Anna disse, com a carta em mãos. Mike olhou-a, confuso, assim como Brian, Kimberly e Kate. – A Lu acordou!

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POV - Eliza Malfoy

Ouvi a campainha tocar algumas horas depois de mandar a carta aos nossos amigos. Assim que abri, me deparei com sete pessoas na porta, ansiosas. Brian era o primeiro delas, na frente. A expressão de ansiedade e felicidade em seu rosto era visível. Já Anna e Kimberly vinham ao seu lado, sorrindo. Chloe, Hellen, Kate e Mike estavam mais atrás, levantando suas cabeças e tentando olhar pra dentro da casa, numa tentativa falha de ver Luiza.

— Onde ela está? – Brian perguntou de uma vez, também tentando ver dentro da casa. Anna, Kimberly e Kate interromperam-o.

— Queremos vê-la, Liza. – As três se pronunciaram ao mesmo tempo.

— Está bem. Podem entrar. Mas por favor… Tenham cuidado. Não gritem, e não a agarrem com muita força. Luiza ainda está muito abalada. – Pedi e todos assentiram positivamente, quando suas expressões de felicidade logo se mudaram para preocupadas. Todos eles se dirigiram ao quarto onde Lu estava, inclusive eu para me certificar de que nada acontecesse a ela. Todos sorriram ao vê-la. Luiza estava sentada na cama. Ainda pálida, porém sem mais nenhum aparelho. A Dra. Moore apenas recomendou que ela ficasse de repouso por alguns dias antes de voltar a escola. Ao contrário do que haviam pensado, Luiza não demonstrou nenhuma emoção ao ver seus amigos ali. Ela continuava sem expressão, e talvez até mesmo um pouco de medo em seu olhar.

— Lu? – Brian chamou-a, a ruiva continuou estática, como se estivesse em um estado de hipnose. Se aproximando aos poucos para abraçá-la, Brian tentou chamá-la novamente. – Lu, sou eu, Brian.

A próxima cena a seguir era, no mínimo, estranha. Ao tentar abraçar Luiza, ela teve a primeira reação. E não foi muito boa. A menina, assustada, colocou seus braços na frente de seu corpo para que Brian não pudesse tocá-la. Os outros, que observavam, olharam assustados. Brian sempre foi o melhor amigo de Luiza. Havia algo muito errado ali.

— Lu? O que aconteceu? – Mike se pronunciou, aproximando-se de Luiza. Tentou tocá-la, mas a garota não deixou, fazendo o mesmo gesto de antes. Por fim, Chloe, Hellen, Anna, Kate e Kimberly.

— Lu, somos nós, suas amigas. – Anna se pronunciou. Porém ela não se moveu, continuou ali. Não disse nada. – O que houve com ela, Liza?

— Eu não sei. – E sinceramente, não sabia. Me virei para a minha irmã e tentei dizer algo. – Lu?

— Eliza, posso ficar a sós com ela? – Brian pediu. Luiza arregalou os olhos diante da possibilidade, assustada. Eu acenei positivamente com a cabeça, pedindo aos outros que saíssem dali. Confiava em Brian. Ele saberia o que fazer.

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POV - Brian Zabine

Vi os outros saírem do quarto, ficando de frente para uma Luiza assustada. Olhei em seus olhos, fitando-a apenas por alguns segundos.

— O que aconteceu com você, Lu? Sabíamos que ia ficar abalada, mas… você não deixou que eu me aproximasse. Nem Mike. Suas amigas estão preocupadas. O que aconteceu com você, Lu? – Eu tentei. Luiza não apresentava nenhuma reação, ignorava completamente minha presença naquele quarto. A ruiva estava com a cabeça virada para o lado, como se evitasse olhar-me nos olhos. Lentamente, caminhei até onde ela olhava, “forçando-a” a olhar para mim.

— Lu, olhe para mim. – Pedi, quando ela abaixou a cabeça para não encontrar meu olhar e então virou a cabeça para outro lado novamente. – Lu… – Peguei sua mão levemente. Ela, por outro lado, tirou a mão de onde estava, evitando contato mais uma vez. Então eu simplesmente desisti. Fui em direção a porta do quarto, olhando mais uma vez na esperança dela voltar ao normal e me abraçar, como ela (ou a antiga Luiza) sempre fazia. Mas não o fez. Continuou estática, olhando para baixo. Então eu abri a porta, deparando-me com todos me olhando.

— E então? Ela disse alguma coisa? – Eliza foi a primeira a perguntar. Eu não respondi nada além de sair de onde todos estavam, para me esconder na varanda da casa.

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POV - Eliza Malfoy

— Gente, vocês me dão licença só um minutinho? – Pedi, entrando no quarto rapidamente. Luiza olhou, assustada, com medo de que fosse Brian ou os outros. Mas respirou aliviada quando viu que era apenas eu.

Fechei a porta atrás de mim para que os outros não a vissem nem tentassem entrar. Então sentei na cadeira ao lado de sua cama.

— O que aconteceu? – Perguntei, mas Luiza nada sabia dizer ou fazer a não ser balançar a cabeça em negação e olhar-me com súplica. Imediatamente, entendi seu recado. – Você não quer vê-los? São seus amigos, Lu. – Tentei novamente, então. – Nem a Anna? Kimberly? Não? – Ela continuou com o mesmo olhar. – Tudo bem então.

Levantei-me, indo em direção a porta do quarto, onde todos me encaravam ansiosos. Olhei-os com um olhar negativo, que quase ninguém entendeu por conta da aflição e ansiedade que se encontravam. Anna foi a primeira a se pronunciar.

— Podemos entrar?

— Gente, desculpa… a Lu tá muito abalada. Mas do que eu imaginei que ficaria. Talvez seja melhor esperarmos ela voltar pra Beauxbatons, sim? Eu mantenho vocês informados, não se preocupem. – E assim todos foram saindo, quando dei por falta de alguém. O mais preocupado com a minha irmã no momento. – Vocês viram o Brian?

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POV - Brian Zabine

— Alô? – Tentei novamente enquanto o microfone do notebook não dava respostas nem sinais. O Skype continuava ligado tentando alguma conexão com Luiza. – Lu?

— Brian! – Finalmente ela apareceu, parecia estar distraída com um livro qualquer antes de me ver do outro lado da tela. Estávamos nas férias de verão, quando Anna e Mike sempre vinham a minha casa passar algumas semanas. – Como está aí?

— Está tudo bem, e aí? – Ela disse, sorrindo abertamente para a câmera do computador. Logo, Anna e Mike juntaram-se a nós na ligação, enquanto conversávamos sobre assuntos aleatórios.

*****

— ACORDA, LU! – Joguei um travesseiro nela, enquanto esta fazia um som inaudível e se envolvia ainda mais nos lençóis da cama, procurando dormir mais um pouco. – ANDA!

       - Que que é, merda? – Ela acordou, brava, jogando o travesseiro em cima de mim novamente. – Que horas são?

             - 10h da manhã. – Respondi – Hoje a gente volta pra Beauxbatons! Bom, no caso você tem seu primeiro dia, né.

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— Você vai ficar aí parado até quando, Zabine? – Disse, brava. Eu arregalei os olhos diante do seu mau humor matinal.

       - Que mau humor, Lu. – Eu disse, sorrindo inocentemente. Ela sorriu involuntariamente com isso.

         - Você esperava que eu te recebesse no quarto com beijos e abraços depois de você ter me acordado dessa forma, Zabine? – Ela questionou, sorrindo ao jogar outro travesseiro em meu rosto. – Agora sai, vai. Preciso me arrumar.

      - Te vejo no café da manhã. Não demore, Lu. – Pedi, dando um estalado beijo em sua bochecha enquanto saía do quarto.  

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— Nervosa, Lu? – Apertei sua mão levemente. Lu olhou para mim, sorrindo um pouco nervosa.

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Dançávamos como nunca. Enlacei minha mão em sua cintura. Encostei meu rosto no seu, sorrindo.

      - Eu já disse que você tá linda? – Eu disse. Ela sorriu, corando com minhas palavras. – Não, não. Você é linda.

        - Brian...

     - Não fala nada, Lu. – Pedi. Aproximei meu rosto do seu, lentamente. – Não fala...

Encostou meus lábios nos seus, lentamente aprofundando o beijo aos poucos. O mundo parou. Eram apenas nós dois ali.

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— Onde está você, Lu?