França, Casa dos Zabine, 3h da manhã.

POV – Rose Weasley

Abri os olhos, olhando para o teto branco que cobria o quarto de hóspedes. Levantei-me com cuidado com medo de acordar alguém, embora eu achasse impossível. Olhei para o despertador na cabeceira ao lado da cama, verificando as horas. Eram 3h da manhã, e eu, ainda não havia conseguido dormir. Por motivos óbvios.

Me digiri até a varanda da casa, que, por conta da hora, fazia frio. Me cobri mais com o hobbie que usava, sentando em uma cadeira que havia ali. Observei o céu ainda escuro.

Lembrei-me de quando me descobri apaixonada por Scorpius. Éramos melhores amigos, e era estranho que tudo, do nada, se transformasse em amor. Mas havia uma coisa de que eu sempre soube desde criança: o amor vinha com o tempo. O amor é o sentimento mais puro. Para um relacionamento acontecer, devia haver confiança, lealdade. Proteger um ao outro, ter amizade e acima de tudo, saber apreciar tanto as qualidades quanto defeitos dessa pessoa. E eu e Scorpius éramos exatamente assim.

Ele sempre estava ali, me protegendo, fazendo com que eu me sentisse melhor, assim como eu. Eu seria capaz de qualquer coisa para vê-lo sorrir. Nós nos amávamos... era pra ser pra sempre, não é?

Vi Scorpius ficar ansioso diante do meu semblante. Estávamos sentados a mesa de um restaurante bastante comum em Londres, depois de levá-lo ali com intuito de dar-lhe um presente.

— O que foi, Rosie? – Ele perguntou novamente, observando com curiosidade o garçom vir até nós, com apenas uma bandeja nas mãos. Colocou-a na frente do loiro, que observava de mim para a bandeja, nervoso. – Onde está o seu prato?

— Ainda vai demorar um pouco. – Eu disse como quem não quer nada. Scorpius ainda sorria, curioso. Olhei para a bandeja a sua frente, incentivando-o a descobrir. – Vamos, Scorp. Descubra a bandeja.

Observei Scorpius descobrir a bandeja com cuidado, arregalando os olhos ao ver o que continha no prato. Surpreso, olhou da bandeja para mim.

— Rosie... – Ele começou, olhando os dois sapatinhos de lã, brancos no prato. – Isso é...

— Você vai ser papai, Scorp. – Eu continuei, sorrindo abertamente. Scorpius, não se contendo, levantou-se da cadeira onde até então estava, levantando-me em um impulso e tirando meus pés do chão. Abraçou-me pela cintura, e logo beijou-me, fazendo com que as pessoas no restaurante aplaudissem a cena romântica que nós protagonizamos.

Como fora acabar desse jeito? Scorpius e eu parecíamos feitos um pro outro. E então, do nada, tudo desmorona.

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Londres, Casa dos Malfoy, 2h10 da manhã

POV – Scorpius Malfoy

— Você tá esmagando minha mão, Rosie. – Eu disse, sorrindo enquanto Rose continuava a apertar minhas mãos. Estávamos na sala de espera, prontos para que o médico nos chamasse. Era o primeiro ultrassom de Rosie desde que ela descobrira que estava grávida e nós torcíamos para que pudéssemos ver o sexo da criança.

— Scorpius e Rose Malfoy? – Ouvi a voz do médico chamar, enquanto eu me levantava ao lado de Rosie que pressionava minhas mãos com força. Entramos na sala, que havia pouca iluminação. Sentei ao lado de Rose enquanto esta deitava-se na maca, vendo o médico levantar a blusa que usava e passando uma espécie de gel em sua barriga ainda inexistente. Começou a passar um aparelho pelo ventre de minha mulher, observando o telão enquanto fazia cada movimento.

— Achei. Aqui estão. – Ele disse, sorrindo ao olhar para nós. – Querem saber o sexo?

Olhei para a Rose, estava ansioso assim como ela. A ruiva não pensou duas vezes antes de acenar positivamente com a cabeça. O médico mexeu mais um pouco o aparelho no ventre da ruiva, virando-se para nós novamente.

— Estão vendo? – Ele apontou para dois pontinhos na tela, quase que inexistentes. Vi Rose se emocionar diante da cena. – São duas. Duas meninas.

— Duas? Gêmeas? – Ela deduziu, sorrindo enquanto colocava minha mão em cima de seu ventre. Ela sentia pequenas lágrimas descerem de seu rosto, emocionada. – É um milagre, Scorpius. Um milagre!

— Rosie... – Eu murmurei, olhando mais uma foto nossa na mesinha de centro da sala. Nela, eu e Rosie sorríamos, abraçados. Estávamos com as vestes de Hogwarts, o que fez-me lembrar que aquela foto fora tirada no quinto ano. Sorri diante da lembrança. Eu sempre fui apaixonado por ela.

Rose e eu começamos a brigar quando eu começara a adquirir uma postura obsessiva. Rose era medibruxa, de vez em quando acabava fazendo plantão. O ápice foi quando nós brigamos por eu estar bêbado.

Estava na varanda da casa, tomando o quinto ou sexto copo de firewhisky. Minha garganta parecia estar pegando fogo, assim como todo o meu corpo, como o efeito original da bebida. Ouvi passos lentos na casa, preparando-me para encontrar quem eu esperava.

Vi Rose passar da varanda sem me ver ali, indo diretamente ao quarto. Antes que pudesse chegar ao aposento, eu me coloquei a frente desta. Estava encostado a porta de nosso quarto, impedindo sua passagem. Rose me olhou, assustada.

— Scorpius! Ainda acordado? – Ela me encarou, surpresa. Eu apenas ri, sarcástico. – Scorpius, o que houve?

— Onde estava? – Fui objetivo, a ruiva me olhou como se não houvesse entendido a pergunta. Revirei os olhos diante de sua reação.

— Scorpius, como assim, eu... – Ela tentou olhar meu semblante com mais precisão, apesar da penumbra, já que era tarde da noite e todas as luzes da casa estavam apagadas. A única luz na qual era possível proporcionar que esta visse meu rosto, era a da lua, que estava na varanda e acabava refletindo minha face. – Você bebeu?

— ONDE VOCÊ ESTAVA? – Eu gritei, impulsionado pela bebida. Segurei seus braços com força, de modo que deveriam estar machucando-a devido ao semblante que esta adquiriu.

— EU ESTAVA NO HOSPITAL, DROGA! – Ela gritou de volta, nervosa pela minha reação. Soltou-se dos meus braços, abaixando o tom de voz. – Você sabe que eu faço plantão em alguns dias. Porque está duvidando tanto disso agora?

— É mentira, não é? – Eu continuei. – Quem é ele, Weasley?

— Não é ninguém, Scorpius! Você tá bêbado!

— QUEM É ELE? – Eu retruquei novamente, pegando a foto que tínhamos nossa na mesinha de centro, arremessando-a para longe. A ruiva arregalou os olhos, assustada.

— Eu não vou discutir com você, Malfoy. – Ela continuou. – Você está bêbado. Recomponha-se e talvez amanhã podemos conversar sobre isso.

No dia seguinte, eu e ela mal nos falamos. Eu estava com remorso, Rose estava com medo. Eliza e Luiza, como sempre, notava que havia algo errado com a gente. Rose fora para o hospital e eu havia ficado em casa. Andando pela sala, vi os cacos de vidro que cobriam o chão, e a nossa foto ainda grudada a moldura. Com um aceno de varinha, restaurei a foto, colocando-a no lugar de sempre.

— O que aconteceu com a gente, Rose? – Eu murmurei, girando a aliança de ouro em meu dedo. Alguma coisa me impedia de tirá-lo.

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França, Casa dos Zabine, 4h20 da manhã

POV – Rose Weasley

Voltei ao quarto, pretendendo pegar um álbum de fotos que havia na minha mala. Com ele em mãos, voltei a varanda, observando cada foto que havia ali.

A primeira delas era da época de Hogwarts, no quinto ano. Eu e Scorpius estávamos com nossos respectivos uniformes, sorrindo. Sorri ao lembrar daquele dia. Era o quinto ano, estávamos entrando no feriado do natal, e Lily havia decidido tirar aquela foto.

— Outra foto, Lily? – Eu sorri, enquanto a ruiva colocava a máquina em mãos. – O que você pretende com tantas fotos?

— Fazer um álbum de melhores momentos, talvez. – Ela concluiu, enquanto pedia para que eu e Scorpius ficassem de frente para ela. – Vamos lá. Isso!

Ela disse, ao apertar o botão, capturando o momento onde eu e Scorpius estávamos abraçados e sorríamos.

— O que aconteceu com a gente, Scorp?

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Londres, Casa dos Malfoy, 3h20 da manhã

POV – Scorpius Malfoy

Abri a porta do escritório com cuidado, mesmo que não houvesse mais ninguém além de mim em casa. Sentei no grande sofá que havia no aposento, servindo-me de um copo de firewhisky. Senti a garganta queimar ao engolir tudo de uma vez, levantando-me enquanto olhava mais algumas fotos minhas e de Rose.

Olhei para a chave de meu carro, que estava na mesa. Tomei o último gole do quarto copo de firewhisky, pegando a chave do carro e saindo de casa, com pressa. Girei a chave e pisei na embreagem, acelerando. Minhas mãos já no volante estavam trêmulas demais para sequer conduzir o veículo. Flashes meus e de Rose me vinham a mente o tempo todo, eu não conseguia mais me concentrar na estrada. Estava tomado pelo firewhisky, e pela emoção.

Vi um carro na outra pista quase na minha frente, vindo em alta velocidade. Em um flashe de consciência, desviei do carro bruscamente, perdendo o controle deste e batendo em algo. E então tudo escureceu.

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Londres, Hospital St. Mary, 10h da manhã.

POV – Scorpius Malfoy

Minhas pálpebras nunca estiveram não pesadas e eu nunca senti minha boca tão seca quanto naquele momento. Sentia cada parte do meu corpo formigar e doer, e com muito esforço tentava abrir os olhos. Parcialmente, vi duas pessoas ao meu lado que com um pouco mais de precisão reconheci.

— Roxanne? Albus? – Eu olhei para o casal, que agora se levantava para me olhar melhor. – Onde eu tô? O que aconteceu?

— O que aconteceu? – Albus retrucou, visivelmente irritado. Eu o encarei, confuso. – Que merda você tava fazendo na estrada às 4h da manhã, Scorpius? Tava tentando cometer suicídio?

E então flashes da noite passada me veio a mente. As lembranças minhas com Rose. O firewhisky. O carro, o acidente.

— Eu bebi demais... estava pensando em Rose e...

— E porque você tava pensando na Rose você realmente precisava pegar a estrada, ainda por cima bêbado? – Ele retrucou novamente, vi Roxanne pôr suas mãos no ombro do Potter, sussurrando algo em seu ouvido ao mesmo tempo que saíam dali.

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POV – Albus Potter

Saímos da sala onde Scorpius se encontrava e encarei Roxy, curioso.

— O que foi, Roxy?

— Al, não acha melhor contarmos à Eliza sobre esse acidente? Ela é filha, tem o direito. – Roxy argumentou. Eu acenei negativamente com a cabeça.

— Não, Roxy. Scorpius está bem, logo saí daqui. Não vamos preocupar Eliza com isso.

— E Rose?

— Rose?

— É, ela não deveria saber do acidente? – Ela tentou novamente.

— Isso não faz sentido, Roxy. Scorpius e Rose estão separados. O único vínculo que eles têm um com o outro são Eliza e Luiza. Esqueça isso, sim? Ninguém vai saber desse acidente.

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Londres, Hogwarts, 11h da manhã

POV – Eliza Malfoy

Eliza,

Como estão as coisas por aí? Chloe está bem? Mande um beijo à ela por mim, sim? Mas então, não é sobre a minha filha que vim falar. E sim sobre seu pai. Eliza, Albus não concordou que eu avisasse nada, mas acho que merece saber.

Scorpius sofreu um acidente. Mas não se preocupe, ele está bem. O problema é o que o levou a sofrer tal acidente.

O seu pai não consegue esquecer Rose. Ele estava pensando nela quando o acidente aconteceu.

Eliza, eu sei bastante o quanto você e Luiza são determinadas. Sei que vocês duas são unidas e ainda mantém contato. Se você está lendo isso agora, certamente Luiza saberá. Eu sei que vocês farão de tudo para que seus pais voltem, e sinceramente, eu super concordo com isso.

Com amor,

Roxy.

— ISSO! – Eu gritei ao terminar de ler a carta que Roxy havia mandado. Estávamos no dormitório, eu e Chloe.

— O que foi, Eliza? – Chloe encarou-me, confusa.

— Recebi uma carta de sua mãe. Ela disse que papai sofreu um acidente.

— E você está feliz por isso? Credo, Eliza, você é da Sonserina mas não é pra tanto.

— Não, idiota. Papai sofreu um acidente porque estava distraído pensando em mamãe. Essa é a brecha perfeita para juntar os dois!

Escrevi uma carta à Luiza, levando-a ao corujal e torcendo para que esta visse o mais rápido possível. Precisávamos de um plano.

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França, Beauxbatons, 12h

POV – Luiza Weasley

Hey, Lu!

Vou ser bem direta com você, porque não temos tempo. Roxy mandou-me uma carta avisando que papai sofreu um acidente. Era pra ser uma notícia PÉSSIMA, mas eis o que nos leva ao motivo de tal acidente: ele estava distraído pensando em mamãe. Lu, esse é o momento perfeito para juntar os dois! E aí, o que me diz? Não esqueça de nossa promessa.

Com amor,

Liza.

Sorri diante da empolgação de Liza na carta, pegando outro pedaço de pergaminho e começar a escrever.

Liza,

Acredito que seja o momento de começarmos a operação cupido. Mas como? Estou longe de mamãe, e você de papai. Quem poderia convencer aqueles dois a voltarem?

Com amor,

Lu.

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Londres, Casa dos Malfoy, 11h30

POV – Scorpius Malfoy

Entrei em casa com certa dificuldade devido às horas no hospital. Estava bem, mas tudo o que eu desejava no momento era dormir. O que não era possível, afinal Roxanne Potter estava sentada ao sofá de minha sala, esperando-me.

— Roxy? Onde está Albus, já foi?

— Minha conversa é com você, Malfoy. – Ela foi direta. – Você sofreu um acidente por estar pensando demais em Rose. Você se separou delas e separou as meninas. Por qual motivo, Scorpius? Você ainda a ama, não é?

— Roxy, agora já foi. Não estava mais dando certo...

— Casamentos tem crises o tempo todo, Scorpius. O seu problema foi achar que não estava dando certo. Você a ama, eu vejo isso. E eu sei que ela o ama também.

— Não... ela foi embora, Roxy, ela me deixou. – Eu retruquei, sentindo os olhos marejarem ao ver fotos minhas com Rose espalhadas pela sala.

— Porque vocês estavam separados, ela achou mais sensato ir embora daqui com Luiza. – Ela disse. – Scorpius, Rose ainda o ama, mas pode muito bem seguir com sua vida. Por isso, um conselho: se você a ama, o que eu tenho certeza, corra atrás dela. Não pense por muito tempo.

E saiu dali, deixando-me com meus pensamentos. Roxanne estaria certa? Eu deveria correr atrás de Rose ou deveríamos fingir que nunca nos conhecemos?