Segunda Chance escrita por Bruxa da Luz


Capítulo 6
Capítulo 6 - Apenas uma Criança


Notas iniciais do capítulo

TÔ NA SEMANA DE PROVAS
Claro que há riscos de me atrasar nas postagens, já que eu ficarei a semana inteira estudando. Mas não se preocupem! Eu estou adorando escrever essa fic, então eu não penso em deixar de fazê-la.
Eu adorei os comentários, muito obrigada pelo carinho, eu irei respondê-las, é claro.
Novos leitores, sejam bem vindos!
Boa Leitura!



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Ah! A infância... Uma fase da vida mágica onde acreditamos em tudo o que nos dizem e interpretamos na maior inocência do mundo. Somos enganados por qualquer história maravilhosa, ou não, que nos contam e as pessoas acham normal.

Ainda bem que eu não sou assim.

Não sei o porquê, mas eu não sou tão burro assim como as crianças da minha idade. Eu prefiro ser... Mais realista. É claro que eu percebi que tenho algumas características que me fazem ser tão infantil quanto qualquer outra criança, mas digamos que eu sou o mais esperto delas. Minha irmã, Eva, diz que talvez seja coisa da minha personalidade, afinal, eu não passei por traumas ou qualquer outra coisa que me fez assim.

De qualquer forma, eu não ligo se me consideram estranho. Afinal, eu me pareço com a minha amada irmã. Ela é o único parente que não me decepcionou. Meu pai quase não nos dá atenção, tanto que a Eva já dormiu fora várias vezes e eles não têm tempo nem para lhe dar uma bronca ou exigir explicações. Minha mãe vive infiltrada naquele hospital e quase não está em casa. Meu tio é um cara ambicioso que está pouco ligando para os perigos que aquela maldita pizzaria causa. E eu, como a criança da família ‘’mais próxima’’ dele, assumo a responsabilidade de lhe dizer se as novas atrações ou até mesmo a comida de lá presta. Afinal, ‘’se o querido sobrinho gosta, por que as outras crianças não gostariam, não é?’’ Patético!

Voltando ao assunto, eu acho que exagerei na parte dos meus pais que não nos dão atenção. Quer dizer, eu tenho seis anos! Sou o bebê da família! Eles gostam de me mimar! E eu odeio isso! A Eva sabe separar esses tratamentos. Claro que ela me trata como um irmão mais novo, mas as intenções dela para me tratar de maneira tão doce é diferente. Não sei como explicar, mas é diferente! Ela... É a única que me entende e eu também tento entendê-la. Eva me dá toda a atenção que eu preciso e respeita os meus pensamentos e o meu jeito de ser. Não que nós nunca nos desentendemos. É claro que já brigamos muito, só que a nossa parceria e amizade vem em primeiro lugar. E eu me preocupo com ela.

Então, apareceu aquele adolescente desprezível que maltratava o irmão mais novo. Sim, estou falando daquele tal de Marc, colega de Eva. Ele entrou na nossa vida e já está roubando a atenção dela. Eu não o odeio por causa disso e sim por todas as lágrimas que ele derramou do próprio irmãozinho. Imperdoável... E pior que aquele pirralho era muito chorão e nem tentava se defender. Se fosse eu no lugar dele, seria aquele adolescente que estaria chorando em posição fetal. Mas aquela vida não é minha, então não podia fazer nada. Como eu sei disso? Simples! As únicas coisas que eu e aquele menino temos em comum é que somos obrigados a visitar a maldita pizzaria e odiamos aquele local! Os meus motivos pra isso, já expliquei, mas não faço ideia dos motivos dele.

Então, chegou o dia da Mordida. O que? Vocês não sabem o que foi a famosa Mordida de 87, apelido dado aos que viram a tragédia? Bom, foi quando o Marc e os idiotas dos amigos dele queriam fazer o pequeno irmãozinho chorão dar um beijo no Golden Freddy, um animatronic antigo, e deu tudo errado. Claro que eu queria fazer algo, mas eram uns cinco garotos que tinham o dobro do meu tamanho. O que eu ia fazer? Então, eu nem preciso explicar o que aconteceu após colocarem a cabeça daquele pobre coitado na boca do urso dourado, não é? Se não entenderam, problema de vocês. Quem mandou não ver as notícias? Resultado: Nunca vi uma cena tão violenta em toda a minha vida! Até a Eva achou que eu ficaria traumatizado após ver aquilo, mas eu não senti nada além de raiva daqueles adolescentes que sentiram culpa pelos seus atos tarde demais.

Após isso, semanas depois, foi quando Eva conheceu o Marc, o que logo a levou a conhecer Peter, a vítima da Mordida. Fiquei sabendo que a minha irmã anda visitando o Peter também, o que me deixou desconfortável, afinal, eu sou a única criança da vida dela e não sei se eu estaria bem dividindo esse posto com outra pessoa. Após conhecer melhor o Marc na pizzaria, decidi também conhecer o Peter e convenci a Eva a me levar para o hospital. Ao chegar, ela me pediu para esperar, pois ia resolver as coisas com a nossa mãe primeiro, mas eu não estava a fim de perder mais tempo. Após descobrir qual era o quarto do Peter, fui diretamente pra lá.

Assim que abri a porta, vi o garoto inconsciente, deitado na maca. Havia alguns aparelhos nele, provavelmente para ajudar a mantê-lo vivo. Aproximei-me da maca e fiz esforço para subir e me sentar ao lado dele, com cuidado, enquanto encarava o seu rosto.

— Então... – Comecei a falar. – ...Finalmente nos conhecemos.

‘’Quem é ele?’’

Ouvi uma voz infantil ecoada. Sorri.

— Meu nome é Henry. Sou o irmão da Eva.

‘’Irmão da Eva?’’

— Exatamente.

‘’Também pode me ouvir?’’

— Posso. Digamos que eu tenho a mesma capacidade da Eva para me comunicar com você. Quero dizer, com a sua alma. Mas isso não é importante agora. Você me parece um pouco perturbado, Peter. Aconteceu alguma coisa?

‘’Pesadelos’’, eu ouvi.

— ‘’Pesadelos’’? Não se preocupe. É normal depois de uma situação traumática.

‘’Você não entende...’’

— Você deve estar desesperado. Até tentou falar com a Eva para pedir por ajuda, ontem, na pizzaria, mas a minha irmã está um pouco fraca por exagerar no uso do dom dela durante noite. – Não o ouvir dizer mais nada, então eu continuei. – Porém, eu conseguir lhe ouvir e contei para o seu irmão em forma de charada.

‘’Por quê?!’’

— Bom, ele precisa provar que está disposto a se esforçar para lhe salvar. Até agora, a Eva foi a única que trabalhou nesses últimos dias e ele só ficava reclamando e cobrando dela. Odeio quando não respeitam o tempo da minha irmã. Eu até diria a você que o Marc conseguirá lhe tirar dessa com sucesso, mas ele é tão burro que nem sabe decifrar uma simples charada.

Ouvi que a sua voz estava meio trêmula.

— Não precisa chorar. Se o Marc quer ter uma segunda chance com você, ele terá que estar disposto a tudo.

‘’Eu estou com medo...’’

— Não se preocupe. Até aquele inútil fizer algo que preste, eu vou lhe ajudar.

‘’Sério?’’

— Sim. Enquanto a Eva procura pelo assassino e o Marc decide como lhe encontrar, eu lhe ajudarei a lidar com esses pesadelos.

‘’Mas... Por quê?’’

— Olha, você pode até ser um bebê chorão, mas já que ainda está vivo, mesmo com essa batalha dentro da sua cabeça, eu acho que merece viver mais. Além disso, tudo isso será apenas um susto que traumatizará o Marc pelo resto da vida e nunca mais implique com você.

De repente, a porta se abriu.

— O que você faz aqui?!

Virei-me.

— Oi, Marc.

— Ele está aqui? – Eva entrou no quarto logo depois. – Henry! Eu falei para você esperar!

Ela se aproximou de mim.

— E desde quando eu tenho paciência de ouvir você conversando com a mamãe?

— Pelo menos, você está bem.

— Por que o trouxe pra cá, Eva? – Perguntou o idiota.

— Ele me pediu. Queria conhecer o Peter.

— Por quê?!

— Eu decidi que, se for para fazer um amigo, eu quero apenas o Peter. – Falei.

— Logo com o meu irmão?!

— É.

— Não ligue, Marc. Bem, eu irei para a pizzaria para ver os seguranças. Você quer vir comigo? – Perguntou Eva.

— Mais tarde. Ficarei um pouco com o Peter.

— Certo. Vamos, Henry?

— Você sabe que eu odeio aquele lugar.

— Ah, mas é só por alguns minutinhos. Ou prefere ficar com o tio?

— É óbvio que prefiro ficar com você.

— Ótimo. Vamos? – Ela foi até a porta.

— Espere! – Exclamei. – Eu quero fazer uma coisa antes!

— O que é?

Aproximei a minha cabeça perto da de Peter, levando a minha boca para perto de seu ouvido, sussurrando:

— Olhe para a esquerda e para a direita. Não se esqueça na frente, principalmente atrás. Mantenha a luz sempre acesa. – Me afastei. - É tudo o que eu posso dizer. Entendeu?

‘’Eu entendi, mas como você sabe?’’

— Eu apenas sei.

— Vamos, Henry. – Eva chamou.

— Já vou.

— O que você falou pra ele? – Marc perguntou, desconfiado.

— Não posso lhe contar. É um segredo só nosso.

— Ora, seu...

Na mesma hora, desci da maca e corri para fora do quarto, esperando por Eva, que ainda estava virada para Marc.

— Não se estresse com ele. É apenas uma criança.

— E acha que eu não sei?!

Ela riu. Aproximei-me e puxei de leve a sua mão, chamando a sua atenção.

— Hã? Ah é! Vamos logo. Tchau, Marc.

— Tchau, Eva.

Depois disso, saímos do hospital e fomos direto à pizzaria do Freddy, é claro, sem soltar a mão da minha irmã. O que? Posso me considerar diferente das outras crianças, mas até parece que eu irei andar por essas ruas sem garantir a minha segurança. E tem proteção melhor do que segurar a mão de sua irmã mais velha?! Não, não tem. Pelo menos, não pra mim.

Chegando à pizzaria, fomos direto ao escritório, onde encontramos todos os seguranças... Dormindo.

— Mas o que...?! Levantem-se agora! – Eva gritou, fazendo todos os homens acordarem de susto.

— JEREMY, A MÁSCARA! – Gritou o ruivo, que estava deitado no chão.

— MIKE, OLHOU AS CÂMERAS?! – Perguntou o loiro, que havia acabado de cair da cadeira.

— FECHOU AS PORTAS?! – Perguntou o cara de cabelo castanho claro.

— JÁ AMANHECEU?!

— Já, Thomas. Não acredito que dormiram em serviço! – Eva repreendia.

— Não é verdade! – O loiro se levantou. - Nós juramos que trabalhamos a noite toda. E dessa vez foi bem mais assustador.

— É. O Thomas quase enfartou umas três vezes.

— Cala a boca, Fritz.

—Cadê o Vincent? – Eva perguntou.

— Aqui. – Disse o cara que estava atrás de nós. Ele era bem alto e magro. Nunca vi um cara com um cabelo tão longo... E seus olhos eram bem frios.

— Vincent, onde você estava?

— Fui beber um café. Depois de ouvir esses idiotas se acovardarem a noite toda, acho que mereço, não?

— Não tenho dúvidas de que fez um bom trabalho. Obrigada.

— Não há de quê. – Seu olhar, que estava na Eva, foi pra mim. – Olá.

Não costumo sentir medo, mas aqueles olhos eram bem intimidadores. Segurei a mão da Eva com mais força.

— É o seu irmãozinho? – Perguntou o loiro, que sorria amigavelmente pra mim.

— É.

— Eva, podemos ir embora? – Perguntei, escondendo o meu desespero. Não quero ficar ao lado desse Vincent nem mais um segundo!

— Francamente, Henry. – Ela me colocou em seu colo, o que me fez me sentir mais protegido. Escondi o meu rosto em seu pescoço. – O que deu em você?

— Ele é bem tímido, não? – O cara assustador se aproximou.

Olha, meu amigo, há diferença entre medo e timidez! Pelo menos, pra mim, diferença!

— Nem sempre. Bem, Vincent, obrigada por ensinar aos seus colegas como é ser um verdadeiro guarda noturno. Poderá ir pra casa quando terminar o seu turno do dia.

— Obrigado.

— Quanto a vocês, tem sorte de que eu não pretendo contar essa falha para o meu tio! Ficarão uma semana inteira trabalhando de noite e só sairão daqui ás seis da manhã! Alguma pergunta?

— Pessoal, vejam isso! – O ruivo chamou, mudando de assunto.

Senti Eva se apressar, junto com os outros. Afastei o meu rosto um pouco do pescoço de Eva e vi que eles estavam encarando uma TV que mostrava uma imagem, provavelmente as filmagens da pizzaria durante a noite. Nelas, pude enxergar os animatronics, que pareciam um pouco agitados.

— O que deu neles? – Perguntou Eva.

— Eu não sei. Achei que você saberia, já que é tão próxima deles.

— Será que é por nossa causa? – Perguntou o loiro.

— Talvez, pois nunca trabalhamos todos juntos.

De repente, eu tive uma ideia. Debatendo-me de maneira fraca, fiz Eva perceber que eu queria sair de seu colo, fazendo-a me colocar no chão. Fiquei um tempinho quieto ao seu lado, escutando eles juntarem teorias sobre o que poderia ter acontecido. Quando eu garanti que todos estavam bem distraídos, saí do escritório, correndo até encontrar o palco, onde Freddy, Bonnie e Chica estavam. Sendo assim, corri até eles.

— Olá. – Sem medo, me aproximei até estar bem perto dos três. – Eu sei que estão aí. Falem comigo. É importante.

— Psiu! – Ouvi. – Aqui!

Segui a voz até encontrar a Enseada do Pirata. As cortinas roxas e estreladas estavam fechadas. Então, um gancho saiu lentamente, abrindo-a, deixando que aparecesse somente um olho brilhante que me encarava.

— Foxy. – Murmurei.

— Obrigado por ouvir o meu chamado. Você viu, não viu?

— O que?

— As filmagens.

— Ah sim! Percebi o quanto vocês estavam agitados. O que aconteceu?

— Nós o vimos de novo!

— Como é?

— Aquele... Que nos fez assim!

— O... O assassino?

— Sim. Andando pelos corredores, lá estava ele com os olhos vazios e vestindo aquela cor horrível! Quando Chica nos contou, quase não acreditamos.

— Não entendo! Por que ele voltaria?

— Não sabemos. Estamos muito irritados! Achávamos que conseguiríamos pegá-lo quando tivermos chance, mas não! Preferimos nos esconder! Estamos com medo!

— Tenho que dizer isso a Eva!

— Não! Não faça isso! Ela não pode passar pelo o que nós passamos! Eva merece viver! Se quiser, até a liberamos do acordo, mas não a deixe voltar!

— Mas, Foxy...

— Lembre-se disso, amiguinho: Purple Guy está de volta. Ele é o verdadeiro monstro que nos assombra. – Aos poucos, o raposo entrou novamente, escondendo-se atrás das cortinas.

— Foxy, espere. – Quando eu fui me aproximar do animatronic, senti o meu braço sendo puxado para trás e, num movimento rápido, fui segurado e tirado do chão. Quando olhei pra frente, vi quem me segurava.

— Hei, garoto, não pode se aproximar dos animatronics a esta hora, especialmente de um em manutenção. – Vincent me encarava profundamente nos olhos. Eu não consegui me mexer, estava congelado... De medo. – Devia estar perto de sua irmã. Pode ser perigoso andar por aí sozinho.

É, eu percebi.

— Achou ele? – Quando eu estava a prestes a ter um ataque de pânico, escutei a doce voz da Eva, que se aproximava. – Ainda bem! Meu Deus, Henry! É o segundo susto que você me dá só hoje! Por onde andou?

— Ele estava brincando com o Foxy. – Vincent me soltou. Na mesma hora, eu saí correndo até a minha irmã, abraçando-a fortemente. – Pensando bem, acho até que foi uma boa escolha. O Foxy é um personagem interessante.

— Pelo visto, gosta do raposo, não?

— Sim. – Ele sorriu e depois me encarou, fazendo uma expressão levemente séria. - Você tem que ser mais atenta quando se trata do seu irmãozinho, Eva.

— Pior que eu tenho mesmo. – Ela me colocou no colo novamente. Senti-me como se estivesse protegido de novo.

— Fique de olhos abertos. Não queremos que ele seja mais uma vítima de Purple Guy, não é?

— Se aquele assassino fizer alguma coisa contra o meu irmão, eu juro que o viro do avesso. – Disse firmemente. – Obrigada, Vincent. Eu já vou.

— Certo. Quer eu a acompanhe até a saída?

— Não é necessário. Diga ‘’tchau’’, Henry.

— Eva...

— Vamos. – Ela insistiu.

Encarei o homem, que sorria pra mim. Assustador!

— Tchau. – E virei o rosto.

Quando saímos de lá, senti como se pudesse respirar de novo. Eva até queria me colocar no chão, mas eu fingi estar cansado, convencendo-a a me manter em seu colo. Com certeza, depois dessa, eu tenho duas conclusões: Eu realmente odeio aquela pizzaria e não confio naquele Vincent. Ele é estranho e não acho que algo bom pode vir dele. Como eu sei? Bem...

Eu simplesmente sei.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi para fazê-los entender mais ou menos como é a cabeça do Henry. Percebe-se que ele é um pouco frio e muito esperto, mas também é apenas um menino de seis anos que quer a proteção da irmã mais velha.
Comentem aí o que acharam desse capítulo, principalmente desse novo personagem. (Se quiserem, é claro! Não quero obrigar ninguém)
Beijos!
Até o próximo capítulo!



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