Total Drama: Tudo ou Nada Brasil! escrita por Hikari Ouji


Capítulo 11
Uai, que trem doutro mundo, sô! [Parte 1]


Notas iniciais do capítulo

Rio Branco, Acre foi a nossa última parada na competição e nossos competidores tiveram que enfrentar as longas distâncias, búfalos, comida e monstros típicos, em complicados desafios para chegar até a terrível e enlameada Zona de Relaxamento. A mais nova vítima acabou sendo a equipe mais velha da competição que perdeu justamente para a mais nova, embaixo de uma verdadeira tempestade de fim de tarde. Hoje, a competição continua, mas a tempestade parece que continuará trazendo surpresas em mais um capítulo de Total Drama Tudo ou Nada Brasil!



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Depois de uma terrível tempestade que caiu sobre a capital acreana, a manhã pós-competição, amanhece fria e com uma leve chuva. Enquanto pelas ruas, os primeiros sinais de destruição começam a serem revelados pela claridade, nosso querido apresentador Olávio recebe os últimos retoques de maquiagem antes de começar a gravação de mais um episódio.

— Marisa, você é incrível! - agradece Olávio à maquiadora, certificando que ela tinha conseguido esconder as olheiras embaixo de seus olhos avermelhados de cansaço – Tô com mais pó na cara que Michael Jackson, hee-hee...

Estamos gravando – interrompeu o produtor em meio a risos por detrás das câmeras que já filmavam o apresentador, que disfarçou e ajeitou a gravata antes de começar a se dirigir ao público.

— Bom dia pessoal! Sejam bem vindos a mais um Total Drama: Tudo ou Nada Brasil! Como podem ver pela janela, o dia ainda está amanhecendo, faltam quinze para as seis, ou seja, é hora de acordar o pessoal! – sorriu pegando, de dentro de sua mala sobre a cama, uma buzina de ar comprimido – Adoro um prato de vingança no café da manhã!

Segurando a vontade de rir, Olávio sai pelos corredores junto com a equipe de filmagem atrás dos quartos onde os competidores estão dormindo confortavelmente:

Aqui nesse quarto estão Os Militares— sussurrou aos risos - Vamos acordá-los! Um dois e... – escancarando a porta, com uma mão no interruptor e outra na buzina, Olávio e equipe entram aos gritos, mas se decepcionam ao encontrar o quarto vazio e as camas perfeitamente arrumadas – Ugh... Esqueci que eles acordam com os galos... Vamos pro próximo.

Seguindo pelo corredor, Olávio se prepara para confirmar se Os Esquisitos levam sustos. Segurando a gargalhada, o apresentador se joga na cama de casal e aperta a buzina com vontade, mas quando as luzem se acendem, se depara com mais uma cama vazia.

— Ué? Será que encontraram alguma balada gótica aqui no Acre!?

Embora, a equipe do programa já esteja com uma pulga atrás da orelha, Olávio segue confiante para o próximo quarto ainda com a intenção de assustar alguém, mas novamente ao chegar ao quarto das Testemunhas de Jeová e encontrar tudo vazio apenas ri:

— Não acredito que eles foram bater na porta dos outros às seis horas da manhã! Tão doidos pra conhecer Jesus em pessoa...

— Olávio – interrompe o produtor preocupado – Acho que estamos com problemas...

Ao entrarem no quarto dos Melhores Amigos e perceberem que somente a bagunça havia sido deixada para trás. Preocupados, Olávio, e a equipe do programa correm para o andar de baixo e quase arrebentam as portas dos quartos onde deveriam estar os competidores, mas novamente encontram tudo vazio, deixando a equipe de produção em pânico por não saber o que poderia ter acontecido aos participantes.

— Quê-que tá acontecendo! – pergunta Olávio já sentindo palpitações no peito – Eles abandonaram o programa?!

— Não Olávio... – tenta o produtor.

— Então o que houve? Ninguém viu essas pest..., quer dizer, pessoas?

Assim que Olávio se senta na cama, um estrondo e um grito o faz dar um salto no ar. Vindo da entrada do hotel, funcionários se aglomeravam nas escadas e no mezanino olhando para seja lá o que estava acontecendo mais embaixo. Para piorar a situação, uma mulher sobe correndo as escadas com o uniforme manchado de vermelho.

— DEUS DO CÉU! AQUILO É SANGUE!? – se apavora Olávio se recusando a se aproximar do local do que parecia ter acontecido um massacre – N-nem pensando! Alguém deve ter enlouquecido e matado todo mundo pelo dinheiro! – gagueja tremendo dos pés a cabeça – Aposto que foram Os Militares... Estresse pós-traumático, mas trauma do quê? Nem foram pra guerra! Pensando bem, alguém checou se eles trouxeram armas!? Falando em armas e se foram Os Índios? Sei lá, vai que eles chamaram o povo dele e tacaram a flecha nos outros? Gente tinha crianças aqui... Pensando bem Os Melhores Amigos podem muito bem ter feito alguma coisa. Angélica não fica atrás, ela e a mãe, hmm, não sei não. Depois que ela disse que já deu “um teco” num conhecido... Vem cá, alguém fez um teste psicológico nesse povo esquisito? Falando em esquisito, e se aqueles dois góticos pegaram todo mundo pra fazer um ritual satânico!? Falando em ritual, e se As Testemunhas de Jeová deram início a uma seita! Meu Deus, logo agora que voltei pra TV!

— Olávio! – gritou o produtor trazendo-o para a realidade – Pare de falar e de apertar meu braço! Vamos ver o que está acontecendo...

— Não! Não quero ver gente morta!

— Meu! Vocês não tem noção do que aconteceu! – avisa um staff voltando de olhos arregalados após ter visto a “cena do crime”.

 

Quase chorando, Olávio é puxado à força pelo produtor e encaram a barreira de curiosos, que revela por fim o cenário da tragédia. Chocados, todos testemunham pratos e vasos quebrados, cadeiras jogadas, mesas viradas de pernas para o ar, e no meio de toda a confusão os competidores disputavam pelo café da manha que mal havia sido preparado para os hóspedes:

— QUEM PEGOU MEU BOLO! - gritou Paulo se jogando sobre a mesa para pegar o último enroladinho de queijo com presunto.

— Mano! Você acabou de comer! – responde André com a boca cheia de pão com café.

Do outro lado da mesa, a batalha é entre As Testemunhas de Jeová e Os Desempregados que disputam pelo último bule de café. Já Mãe e Filha, os LGBT e Os Militares, descobrem uma cesta de pães, bolo e biscoitos escondida.

— Devolve meu pão! – gritava Angélica saltando sobre o pescoço de Soldado Mello.

— Pobre é fogo, né non— ri Tony comendo um cachorro quente feito de salsichas que foram postas para comer com ovos, preparado especialmente para um grupo de turistas americanos e se assusta ao ver Olávio e seu produtor descendo as escadas com caras nada amigáveis – Sujou negada!

— MAS-QUE – respirou fundo antes que falasse um palavrão – ESTÁ-ACONTECENDO-AQUI! – gritou Olávio ao ver os competidores quase se estapeando por um pedaço de pão – EU QUASE TIVE UM INFARTO PENSANDO QUE TIVESSEM SE MATADO, OU MORTOS SEJA LÁ POR QUEM! VOCÊS PERDERAM A DROGA DO JUÍZO!!!

— Ô loco – sussurrou Jéssica – Ao vivo!

A crise de riso, e engasgos, entre os participantes e os curiosos só deixaram Olávio ainda mais nervoso.

— Alguém, pelo amor da minha carreira, me explica...

— A culpa é tua Otávio! – gritou Vera se sentando numa das mesas com um prato cheio de quitutes – Tu viu que horas a gente saiu daquele lamaçal ontem? Chegamo aqui morto de fome e encontramos o quê!? Um pãozinho sem vergonha com queijo e presunto!

— Né – concorda Tony se engasgando com o pão – A gente saiu como? Com lama em tudo que é buraco, molhados, cheidi fome, chegamos aqui só deu tempo de tomar um banho e comer aquele pãozinho LIGHT! Sem mentira nenhuma mona, LIGHT E SETE GRÃOS ÁS DUAS DA MATINA! Aí, cá estamos, fazendo nossa refeição justa, amém irmãos?

— Amém – respondem com a boca cheia.

— Tudo isso por comida? – pergunta Olávio se sentando numa mesa e pegando um pão e tendo a mão é estapeada por Angélica que já havia o separado para comer depois – Então espero que estejam satisfeitos, pois se acordaram cedo é sinal que estão com disposição. Vocês têm cinco minutos para entrarem na van e seguirem para o aeroporto.

— Gente, mas nem dormi! – reclama Alice com os olhos vermelhos e sem maquiagem.

— Quer dormir? - ri Olávio mordendo um croissant— Peça demissão e durma na cama da tua casa.

— Ele é debochado, ele – ri Vera pegando uma sacola de plástico para guardar os pães pra depois – ‘Bora cambada!

 

Depois de se desculparem por devorarem metade do café da manhã, as equipes embarcam na van cuja cor original havia se perdido em meio à lama e partem em direção ao Aeroporto de Rio Branco, onde diferente de todas às vezes anteriores, a van se quer estaciona para que entrem no saguão, e os leva diretamente até dois helicópteros do Exército que já os esperava na pista vazia do aeroporto.

— Ué? – estranhou Luis que já esperava ver pela enésima vez o avião da FAB – Cadê aquele trambolho?

Além deles, e da equipe de filmagem, entre os dois helicópteros, a Caixa do Olávio segurava uma carta que Zebedeu se apressou em abrir e ler seu conteúdo em voz alta.

— Queridos competidores! – começou com uma oratória que parecia a de um culto – Enquanto resolvo a confusão de vocês, antes de seguirem em frente passarão por uma seleção.

— Odeio essa história de seleção – interrompe Luis – É cada palhaçada!

— Pois é! – concorda André – Tomara que a Seleção do Brasil se dê bem na próxima copa!

Ignorando a conversa sem noção dos dois, Pastor Zebedeu continua o texto:

— As dicas que retirarão a seguir não terão o nome do local, mas sim uma das seguintes imagens: Um retângulo ou um círculo. Cada uma terá cinco unidades, e para completar onze uma dica com um ponto de interrogação foi posta para que aquele que a retirar escolha qual opção é melhor. Em seguida, os grupos deverão se dividir e entrar no helicóptero correspondente à imagem escolhida. Entendido?

— Amém! – respondem juntos Os Melhores Amigos com uma mão no peito e outra aberta no ar.

Entre risos, as duplas batem no botão da Caixa que expele ao acaso as dicas com as imagens douradas que logo formam as equipes: Os Jogadores de Futebol, Os Militares, Os Índios, Mãe e Filha, Os Youtubers recebem o retângulo. Já As Testemunhas de Jeová, Os Desempregados, Os LGBT, Os Esquisitos e Os Melhores Amigos, o círculo. Por fim, Os Sertanejos, encontram a interrogação e depois de uma breve discussão resolvem embarcar no helicóptero dos que tiraram retângulo.

— Vamos decolar na chuva e com toda essa neblina? – pergunta Capitão Guerra vendo o tempo se fechar novamente.

— Sim – responde o piloto ligando as hélices – Vamos decolar com a ajuda de aparelhos e aproveitar que o aeroporto tá fechado.

— QUÊ!? – grita Vera já pondo um pé pra fora da aeronave – Decolar ar cega?!

— Tem problema não... – responde o piloto pondo óculos escuros – Pode confiar...

Hum! Senti um deboche vindo desse mongolão – cochicha Paulo aos risos para o amigo.

 

Embora o tempo feio anunciasse o presságio de uma tragédia, os dois helicópteros do exército amazonense decolam tranquilamente em meio às volumosas nuvens de chuva e partem em direção ao desconhecido. Cansados e satisfeitos depois de um ótimo café da manhã, muitos caem no sono e só acordam horas depois com o piloto anunciando o pouso. Ao sentirem o calor do sol, agradecem por terem se livrado da chuva e se afastam das aeronaves que levantam poeira à medida que se afastam do local. Enquanto os dois grupos tentam entender onde estaria o outro helicóptero e o que estavam fazendo em um estacionamento e o outro no meio do pasto, os staffs trazem uma grande TV no qual Olávio surge sorridente como sempre, dessa vez gravando a si próprio através de uma live do próprio celular que também estava sendo transmitida ao vivo para o facebook:

— Boa tarde competidores! – saúda o apresentador – Antes que comecem a reclamar sobre o horário e onde está o outro helicóptero, vamos esclarecer suas dúvidas. Assim que os helicópteros entram no estado, ambos seguiram cada um para as cidades onde ocorrerão os desafios, que por sinal estão duas horas a frente do horário do Acre. Logo, fazendo as contas, agora são aproximadamente uma e quarenta da tarde.

— Eu nunca entendo essas coisas – cochicha Guilherme.

Mas, Otávio, onde diabos estamo?— Olávio imita a voz de Vera – Bem pessoar, sejam bem vindos a Minas Gerais!

Êta trem bão sô!!!— comemora Os Sertanejos.

Shiu! Fica queto que ‘ces são de Goiânia! – interrompe Angélica.

— Minas Gerais – repete Olávio apresentando o novo destino das equipes – O quarto maior território e o segundo mais populoso, encontra-se no Sudeste do Brasil e é um dos estados mais ricos em ouro e cultura de todo o país. Quem retirou o envelope com a imagem do retângulo, que representa a barra de ouro, está na cidade de Mariana, mais precisamente na Passagem de Mariana. E quem retirou o círculo, que representa a roda de queijo, está na cidade de São Roque de Minas, mais precisamente na Fazenda Agro-Serra.

bem, cadê as cidade grande? – pergunta Brianna – Quero BH, quero Juiz de Fora!

— A única coisa que vai ficar de fora, vai ser você se perder a competição queridinha – responde Olávio.

— AO VIVO! – gargalha Mateus – Dois à Zero!

— Enfim, os desafios são simples – continua o apresentador – Pessoal do queijo, hoje nessa fazenda ocorrerá o festival de um dos melhores queijos do mundo; o queijo canastra que é originário dessa região. Mas hoje, como é um dia especial, vocês irão trabalhar com um tipo diferente de queijo canastra. Esse é do tipo “Maxi-Real”, já que tem quase três vezes o tamanho do canastra real e só é feito em raríssimas ocasiões, então não ferrem com tudo! O desafio será transportar dez rodas de queijo, cada um pesando quinze quilos até o local do festival, que fica à cerca de um quilometro ladeira a baixo. Quem deixar cair terá que substituir por outro e ainda ganhará cinco minutos de punição. Que delicia! – riu agradecendo por não poder ver a cara dos competidores – Pessoal do ouro, quem me dera participar disso! O desafio será na Mina de Ouro da Passagem, a maior mina de ouro aberta à visitação do planeta, que está situada a mais de 120 metros de profundidade e com temperatura bem agradáveis. O desafio também é simples: Assim como os antigos bandeirantes, vocês terão que procurar por dezenove letras douradas e formar a frase “VRBS MEA CELLVLA MATER” presente na bandeira da cidade. Todas estão espalhadas e escondidas pelo labirinto de tuneis, inclusive dentro do lago. Que aventura! – riu – Ah, e mais uma coisa, quanto mais cedo terminar, mas rápido a carona será para me encontrar aqui na cidade grande! – sorriu revelando que durante todo esse tempo ele estava no topo de um estádio e agora filmava a si e a multidão que se formava ao redor do local – Boa sorte, pessoar!

Assim que a transmissão acaba, em ambos os locais, fogos de artifício anunciam o início da competição e as equipes seguem para os locais indicados. Atravessando o campo, o grupo do queijo chega a uma fazenda. Já o grupo do ouro chega a um antigo trolley, que mais parecia o resto do que antes era um bondinho:

— Que diabos é isso? – pergunta Alice desconfiada sobre a segurança do veículo.

— Todos a bordo! – anuncia o maquinista que nem sentado no bondinho estava.

— Pra onde? – pergunta Brianna tirando a poeira antes de se sentar no banco de madeira.

— ‘cês já vão ver – responde o homem acionando a alavanca e fazendo o trolley percorrer os trilhos em direção a um túnel iluminado por lâmpadas amareladas.

— Sangue de Cristo tem poder! – testemunha Raimunda – É o caminho pro inférno!

— ‘miga, agora é tarde! – riu Tony – Senta e aproveita a viagem!

— E agradeça que estamos indo de bondinho! – gargalhou Luis.

Que luxon!— debochou Tony.

 

 

Percorrendo o túnel estreito cada vez mais para o fundo, em poucos minutos, o bondinho chega ao fim da linha onde um homem vestido de arqueólogo os esperava ao lado de uma mesa com velas e um fogareiro aceso.

— Ô o satanismo, Jeová! – berrou Raimunda.

— Olá, serei o juiz aqui embaixo – diz o homem no meio da mina muito bem iluminada – Dezenove letras estão espalhadas por toda a caverna e seu interior com longos túneis. Basta encontra-las e trazerem para mim que irei conferir e dar a permissão para que subam de volta a superfície. Lembrem-se, o tempo de subida é de cinco minutos e mais cinco para descer, então sejam rápidos. Nesse kit, vocês encontrarão um mapa dos tuneis e os modelos das letras, e coletes para que possam se proteger do frio – dizia enquanto distribuía o kit para cada pessoa – Não tem mais ninguém além de vocês e eu aqui nas profundezas e tudo será gravado por câmeras 4K Ultra HD presas na caverna com microfones superpotentes. Além disso, no chão vocês poderão ver essas fitas de LED que indicam onde podem andar sem se chocar com a parede – explicou apontando para as luzes vermelhas das câmeras espalhadas ao redor e as amareladas no chão - Todos prontos? Então, boa sorte!

E num passe de mágica, toda a iluminação, com exceção das chamas, se apagam e  deixa tudo na maior escuridão e silencio.

— TÔ CEGA JESUS! – berrou Tony.

 

Longe de lá, os outros competidores atravessam o campo e chegam a uma sala repleta de queijos:

— Uh, que cheiro de chulé – Angélica disse tampando o nariz.

— Mais forte do que o teu André – riu Paulo.

— Essa prova vai ser mamão com açúcar, parceiro! Esse cheiro é natural pra mim.

Rindo, Raul é o primeiro a pegar uma das rodas de queijo e com dificuldade corre porta a fora seguindo o caminho indicado até o local do festival, porém se esquece de que para chegar lá teriam que descer com cuidado uma íngreme ladeira, e como resultado ele se torna a primeira vítima a rolar morro abaixo.

 

“- Como fui parar lá embaixo! – riu o Sertanejo com curativos nos braços e na testa ma sala de entrevistas.

— Como? – ria Rian – Parcero, domingo você vê  as vídeos cacetadas do Faustão”

 

Cientes do perigo, à medida que as equipes percorrem o caminho, tomam o máximo de cuidado para não serem as próximas vítimas do morro, mas nem todos tem a mesma sorte. Além dos Sertanejos e Os Youtubers perdem seus queijos ao escorregarem em folhas secas e tem que voltar para pegar novos queijos.

— Cuidado recruta! – se preocupa Capitão Guerra ao ver Soldado Mello quase deixar o queijo cair.

— Tô ligado... – disse antes de tropeçar, dar uma cambalhota no ar e descer o morro correndo a toda velocidade chegando à base do barranco mais branco que a camisa encardida que usava – O queijo tá bem! – disse abraçado ao queijo que partiu-se em pedaços.

 

120 metros abaixo da terra, as equipes começam a caça pelas letras de ouro com o auxílio de velas, o que não impede de aos poucos começarem a encontrá-las em lugares improváveis:

— Quem em sã consciência coloca essa perturbação pendurada no teto! – irrita-se Alice sendo ajudada pelo parceiro para alcançar a letra.

— Sorte a sua – surge Mateus molhado tremendo de frio – Encontrei uma dentro do lago! Atchoo!

— Parabéns – ri Jéssica ao ver a vela se apagar com o espirro – Tia, me dá um pouco de luz? – pede a garota a Alice.

 

Com quase uma hora de competição, as equipes da fazenda levam um susto quando três helicópteros levantam poeira e pousam em um campo mais afastado. Pensando que aquilo poderia significar a passagem para o próximo desafio, os competidores começam a se apressar.

— ‘BORA ANGÉLICAAA! – berra Vera dando um susto em Lana que deixa o queijo rolar morro abaixo.

— IIH MÃE! – berrou a garota de volta andando com dificuldades com a oitava roda de queijo do dia – Meus braços tão doendo... Pera aí...

Enquanto Vera toma cuidado descendo o morro, Angélica encontra uma forma diferente de lhe dar com a situação; Ao ver um pedaço de papelão sendo levado pelo vento, a garota se senta sobre ele e escorrega morro abaixo as gargalhadas.

— GAROTA, TÁ PENSANDO QUE TÁ NA QUINTA!?

— Mas hoje é sexta – responde Guilherme secando o suor com a camisa, aproveitando para mostrar um pouco do tanquinho propositalmente para seus fãs.

— Quinta, da Quinta da Boa Vista, criatura – responde Vera doida pra jogar o queijo morro abaixo – O quê tem de gostoso tem de burro.

 

“ – QUÊ! – berrou Vera na sala de entrevistas dando um susto até no cameraman— Era de lei a gente descer o morro e passar or fim de semana na Quinta da Boa Vista! Ar criançada pegava os papelão pra descê o gramado... ficavam toda ralada. Agora, num dá mais: Ar criança num pode pegar uma frô que já fica cum alergia, lá tá cheio de cracudo, cocô, cutia morta...

— ‘Cutia?’– pergunta o produtor vendo Angélica saindo da sala cheia de vergonha - Ah ‘Cotia’, o bicho... Mas morta?

— Isso, Seu Coisa – disse sem se lembrar do nome do produtor – Lá era cheio desses bicho que parece capivara! Era, né. Acho que os cracudo deve ter até ter feito churrasco dos bicho— gargalhou alto”

 

De volta ao fundo da terra, alguns competidores enfrentam dificuldades em lhe dar com a escuridão:

— “Jeová, meu Deus”— canta Raimunda de mãos dadas com Zebedeu cuja outra mão trêmula fazia a luz da vela vibrar nas paredes – “Escuta esta minha oração...”

— Oi?! – disse alguém na escuridão.

— SAAAI DEMONHO EM NOME DE JEOVÁ – gritou a pastora com a bíblia na mão.

— Gente isso tudo é medo – ri Tony surgindo de um túnel lateral – Sou eu ‘miga, credo.

— Achei Tony! – diz Brianna surgindo com uma letra dourada.

— Como vocês conseguem achar tão fácil – perguntou Zebedeu inconformado tentando acalmar o coração.

— São as baladas da vida, pastor – ri a garota deixando o casal para trás.

— Ainda falta muito? – pergunta Tony segurando a vela e iluminando o novo caminho.

— Só duas – responde Brianna sentindo um arrepio – Ain, tô com um mau pressentimento...

— Mona, ‘tamo no fundo da terra, tu quer o quê? Eita Jesus, que diabos é aquilo?

Em um canto da caverna uma sombra parecia estar saindo do solo ou comendo algo enquanto emitia estranhos barulhos.

V-volta— sussurra Tony tremendo dos pés a cabeça dando passos para trás – Tem algum bicho ali...

Tem o quê?— sussurra Zebedeu quase dando um ataque do coração no rapaz.

Ai cacete! SHIIUU! Tem um bicho ali pastor.

Deve ser algum competidor— responde Raimunda.

Comendo outro né— completa Brianna já de olho na bíblia da pastora.

Quer ver, deve ser nada— diz Zebedeu tomando a frente.

Pé ante pé, os quatro voltam ao local e novamente veem a sombra agachada, mas em seguida levam um susto quando do nada ele dobrou de tamanho e de sua cabeça dois longos chifres quase tocaram o teto.

— CORRE POR**! – berrou Tony deixando a vela cair e puxando Brianna pelo braço para fugirem desesperados e as cegas.

Já As Testemunhas de Jeová, petrificadas, deixaram a vela no chão para começarem a rezar com os braços apontando para a criatura em alto em bom tom:

— VADRE RETRO ESPIRITO IMUNDO! EM NOME DE JEOVÁ NOSSO SENHOR!

— BEBEREBEBEREREBERERERERELABASURIA!

Como se fosse atingido pelas palavras, do nada, o “ser” cambaleia, se curva e se divide em dois. Só não esperavam que falassem:

— Mais que droga é essa? – se levanta Lilith do chão irritada – Que susto!

— Ugh – resmunga Lucio massageando as costas e tirando a terra da roupa – Droga, a vela apagou. Tá tudo bem contigo?

 

“ – E lá eu ia saber que eram essas criaturas! – grita Raimunda irritada na sala de entrevistas dividindo o espaço com Os LGBT e Os Esquisitos.

— Eu que não ia ficar pra conferir – riu Tony recebendo um copo d’água – Ó, a mão do cd da Aline Barros tá tremendo até agora...

— Como vocês fizeram aquilo? – pergunta Brianna ainda trêmula.

— Tinha uma letra no teto. Então Lu me pôs em seus ombros e assim nos tornamos o demônio de vocês – responde Lilith – Eu não tenho culpa se vocês ficam vendo coisas onde não tem – deu de ombros olhando para Zebedeu que bebia o resto de sua água e ela podia jurar que ele estava tremendo”

 

— Ótimo! É a nossa última letra – sorri Lilith conferindo a letra e dando-a para o parceiro que encarava irritado a dupla de pastores que ainda os observava espantados.

— Bem, não deixou de serem demônios – diz Raimunda pegando a vela do chão.

— Já que conhecem tanto sobre demônios, aproveitem a escuridão – responde Lucio apagando a chama deles com um sopro assim que passam pelos pastores.

— EI! – gritou Zebedeu em desaprovação que teve como resposta a risada da dupla na escuridão.

 

De volta à fazenda, a única equipe que parecia concentrada passa a frente de todos e são os primeiros a terminar o desafio. Com a aprovação do fiscal da competição, Os Índios recebem e leem a próxima dica.

— “Relaxem” – lê Quaraçá – “Espere mais uma equipe para seguirem ao próximo destino”

— Tá de brincadeira? – irrita Aruanã – Que saco!

— Respira fundo indiozinho! – ri Olávio em uma transmissão exclusiva para os espectadores – Para chegar ao próximo destino, o pessoal do queijo deverá checar com quantos minutos foram punidos e depois terão que esperar mais uma equipe para embarcar no helicóptero. Já o pessoal do ouro não tem punição, mas em compensação só tem dois helicópteros e se perderem o primeiro, terão que esperar os demais terminarem para saírem do local. Lembrando que todos os helicópteros partirão com intervalo de vinte minutos. Acho que eles entenderão... – riu comendo pipoca e assistindo tudo de um telão dentro do estádio – Sejam rápidos!

 

— Aí patrão. ‘cabamo! – chama Paulo o fiscal que os esperava ao lado de uma televisão com o nome de todos os competidores.

— Jogadores de futebol, né – confirma o homem clicando na tela touchscreen— Punição de dez minutos.

— Tá de saca! – reclama Paulo – Por que patrão?

 - Vamos ver – responde o homem clicando novamente na tela – Cinco por cair do morro e mais cinco por fazer embaixadinha com o queijo.

— Mas o queijo ia cair no chão! – responde André irritado.

— Idiotas— resmunga Aruanã.

— Aê, fica na tua! – irrita-se Paulo – Vocês quase caíram e eu nem ri.

— Só você não riu – gargalhou André.

 

Os próximos a terminar são Os Militares que também recebem uma punição de cinco minutos pela queda do Soldado Mello.

— Cinco minutos de flexão, recruta! – ordena o capitão irritado.

Enquanto isso, debaixo da terra, Os Esquisitos surgem da escuridão para entregar as letras:

Boo...— diz Lilith monossilábica e sem expressões, que acabou deixando escapar um riso quando o fiscal da competição se assustou e deixou o celular cair no chão.

— Que susto cara! E que grito foi aquele ainda agora?

— Grito? – fingiu Lucio – Não escutamos nada. Aqui as letras...

Depois de uma breve conferida, o homem os parabeniza e envia um sinal para puxar a dupla de volta para a superfície.

 

“ – Como conseguimos? – repete Lilith ao serem perguntados sobre como andaram sem velas na escuridão.

— Se você já foi numa balada gótica na Alemanha ás três da manhã sabe como as coisas funcionam – responde Lucio – Aquilo que são trevas...

Ich vermisse meine Freunde aus Deutschland. Sinto falta dos meus amigos da Alemanha – diz e traduz Lilith em alemão”

 

Quando a dupla estava se preparando para subir no bondinho, mas uma equipe chega para entregar as letras e recebem permissão para sair do local.

— Pelo jeito mais alguém tem experiência nas baladas da vida – riu Brianna.

— Com certeza não frequentamos os mesmos lugares, darling— responde Lilith revirando os olhos.

— Nem quero! – responde Tony – ‘Miga, uma vez tocou Lana Del Rey e Lorde na boatchy, quando acenderam as luzes só via as bicha com a make borrada parecendo um panda. Eu que não gasto quinze reais em rímel pra fazer a depressiva.

— Quinze temers? É da Avon? – ri Brianna fazendo Tony gargalhar.

— HAAA! Avon? Mona, compro na farmácia! Nem tem nome!

Com os olhos se acostumando à iluminação a medida que sobem a superfície, as duas equipes dão de cara com dois helicópteros, sendo que um deles já estava com as hélices ligadas.

— Podem subir – diz um dos staffs.

— Que luxo! – ri Brianna pondo os fones no ouvido – Somos VIP.

— Nós aguentamos... – sussurra Lilith segurando Lucio antes que ele se jogue do helicóptero.

 

Longe de lá, Os Índios e Os Militares também levantam voo rumo ao desconhecido e em situação parecida:

— Nós não vamos deixar vocês vencerem! – diz Soldado Mello confiante.

— E quem disse que vão vencer? – retruca Aruanã – Caiu, bateu a cabeça e ficou maluco?

 

Com a saída do primeiro helicóptero, mais uma equipe termina o desafio e rindo confere que o tombo que Raul levou os custou cinco minutos de punição.

— Eita lasquera! Ainda bem que só caí uma vez!

 

De volta à Mina da Passagem, Os Melhores Amigos são os próximos a subir a superfície deixando As Testemunhas de Jeová e Os Desempregados na escuridão em busca das últimas letras.

— Essa já é a nossa última vela – alerta Alice preocupada vendo a cera derreter.

— Calma, faltam duas letras – tranquiliza Luis sempre positivo tomando cuidado para não apagar a chama – Olha! Tem algo ali na parede!

Sem perder o foco da peça brilhante, a dupla se depara com algo incrustado na parede de pedra.

— Por que enfiaram isso aí? – questiona Alice segurando a vela enquanto Luis se esforça para arrancar a peça na unha.

— Tá saindo! – responde o rapaz já com a unha doendo. Logo depois, a peça caiu no chão em um baque surdo – Ei! Isso não é a letra... – disse pegando o que parecia ser somente uma pedra, mas ao por perto da vela não controlou o entusiasmo – I-I-I-ISSO É OURO!

— MENTIRA! – alegrou Alice quase deixando a vela cair – Quanto isso deve valer?

— Olha como é pesada! Deve valer uns milhares de reais!

— Mas que gritaria é essa? – pergunta Raimunda surgindo com o marido com uma nova vela.

— Nada... – respondeu Lucio escondendo a pedra na mão.

— V-Vamos por aqui – disfarça Alice puxando o parceiro para outro canto.

— Hmmm, muito suspeito – desconfia Raimunda seguindo na direção oposta.

 

Assim que Os Sertanejos e Os Jogadores de Futebol recebem permissão para subirem no próximo helicóptero, Mãe e Filha terminam o desafio e quase quebram a televisão ao saber que receberam dez minutos de punição:

— ‘CARDIQUÊ!? – pergunta Vera com as mãos na cintura.

— Um dos queijos estava mordido e o outro por que a menina inventou de descer o morro sentada no papelão – explica o fiscal nervoso.

— Falando em descer o morro – debocha Lana vendo a mulher furiosa.

— Um vídeo vale mais do que mil palavras – continuou o fiscal mostrando o vídeo do momento que Vera tira um pedaço do queijo.

— Que absurdo! – ri Guilherme – Parece até um rato!

— Comi mermo! Tava cheia de fome nesse trabalho escravo!

— Falando em trabalho escravo, só acho que tinha que dar um desconto por fazer uma menina frágil de quinze aninhos pegar no pesado – fez charme Angélica.

— Ah tá... – debochou o fiscal fazendo Os Youtubers cair na gargalhada.

 

Longe da lá, Os Melhores Amigos brincam de amarelinha no estacionamento enquanto As Testemunhas de Jeová, e Os Desempregados, esses com um sorriso de orelha a orelha, chegam para completar o desafio. Após o homem conferir as letras e aprovar a subida à superfície, Luis o chama em um canto e relata sobre ter achado a pedra de ouro. Desconfiado, o homem pede para conferir e começa a rir após alguns segundos conferindo-a a luz da vela.

— Sabe quanto isso vale? – o homem alimentava o mistério.

— Quanto? – perguntam Os Desempregados juntos e esperançosos, se sentando nos últimos bancos do bondinho, logo atrás das Testemunhas de Jeová que tentavam entender o que estava acontecendo.

— NADA! – gargalhou enquanto as equipes eram puxadas para a superfície – Isso é pirita! O ouro dos tolos! – continuou gargalhando até que sumisse da vista dos (ainda mais) pobres desempregados.

“ – Segue o jogo – diz Luis forçando um sorriso tão amarelo quanto a pirita que resolveu guardar de lembrança.

— Fazer o quê, né Brasil? – riu Alice – Fiquei só na expectativa, igual quando fui numa entrevista de emprego e disseram que ia me ligar”

            

Com os cinco helicópteros a caminho do próximo desafio, a viagem de mais de uma hora termina para a primeira equipe que avista a cidade grande e o local de pouso: dentro de um estádio de futebol completamente vazio, com exceção de dois helicópteros militares que indicavam que novamente teriam que ser rápidos no próximo desafio. Não muito longe, a Caixa do Olávio, vestido com o uniforme do Cruzeiro, esperava para dar a próxima dica:

— “Quem – quer – pão, quem quer pão, quem quer pão?” – cantou Tony no ritmo – Gente, a Xuxa tá aqui!

— “Tudo em Um” – ignorou Lilith – “EmPãoturrados de Queijo” Ótimo, vamos comer...

— Exatamente boneca possuída da Xuxa – riu Olávio aparecendo de repente nos telões do estádio – Minas Gerais é mundialmente conhecido pelos famosos pães de queijo, e hoje, aqui em Belo Horizonte, está acontecendo um evento extra especial do Circuito Viva Mineirão, bem ali na Explanada do Estádio do Mineirão, trazendo diversas atrações para a felicidade do povo. O desafio é bem simples; depois de terem trabalhado tanto, nada mais justo que uma pausa para um lanche, né? Então, se for para o bem da Competição e felicidade geral dos competidores, digo que está liberada a comilança do pão de queijo! – comemorou junto com os curiosos que assistiam a filmagem - Cada equipe deverá encontrar a barraca da competição e se satisfazer com cinquenta unidades dos mais deliciosos pães de queijo. Mas atenção, alguns estão especialmente recheados – interrompe Olávio recebendo um pão de queijo de tamanho generosamente médio, e com uma mordida revela seu interior cheio de chocolate – Poxa, amanhã vou ter que malhar o dobro – riu antes de continuar comendo o pão de queijo e encerrar a filmagem.

— Malhar só se for a nossa vida – resmungou Lucio correndo para uma das saídas do estádio.

 

Minutos depois, mais um helicóptero pousa no gramado e Os Militares e Os Índios correm para saber o próximo passo:

— Até que enfim comida! – comemorou Soldado Mello.

Mas nenhuma comemoração se comparou à dos Jogadores de Futebol ao verem o estádio se aproximando.

— CARAL**U! – berrou Paulo sendo censurado na hora – É O MINEIRÃO!!!

— Se essa coisa cair, eu juro que vou te dar um soco! – se irrita Rian se segurando na poltrona da aeronave.

Assim que o helicóptero pousa no gramado, a dupla de esportistas se joga na grama e rolam como crianças no parquinho.

 

— Ainda vou jogar aqui – diz André com lágrima nos olhos acenando para uma multidão imaginária que comemorava um gol seu.

— Com certeza. Vamo jogar na Seleção Brasileira! – concorda Paulo.

— Pensa alto! Quero jogar é no Barça!

— Então não vai jogar aqui...

— Tanto faz! Eu quero jogar no Barça!”

 

            Voltando a realidade, o terceiro helicóptero com os últimos caçadores de ouro já se aproximava para fazer o pouso.

Vamo jogá futebol? – se alegra Mateus.

— Quem dera! – lamenta Luis se preparando para sair do helicóptero.

— Pelo menos vai ter boca livre! – comemorou Raimunda.

— Pelo jeito o café da manhã não foi o suficiente... – ri Alice.

 

Enquanto as equipes procuravam a saída ou se misturavam a multidão, Os LGBT e Os Sertanejos finalmente encontram a barraca de pão de queijo situada entre tantas outras parecidas. No local, cercado de curiosos que assistiam a movimentação das câmeras, havia mesas para dois, forradas com um pano xadrez vermelho e branco, e sobre ela um balde de plástico com o logo do programa estava repleto de pães de queijo e fazia par com uma jarra d’água.

— Água? – reclama Raul se se sentando à mesa mais próxima – Sacanagem!

Quando finalmente Os Índios encontram o local, o último helicóptero pousa no estádio e após lerem a dica, as duplas correm para começar a competição. Sem muita dificuldade, Mãe e Filha aproveitam que Os Youtubers sofriam na mão dos fãs que os reconheceram e se juntam ao grupo que devoravam os pães de queijo em meio a caras e bocas, porém a primeira coisa que Vera percebe é a bebida:

— ÁGUA? – berrou fazendo os competidores se engasgar com o que comiam.

Né non— concorda Tony – Num servem um refri diet, uma limonada, um suco de laranja, droga!

— Gente, até eu faço! – Alice entra no meio da conversa – Me dá dois limões que faço uma jarra de dez litros!

— Que suco é esse – gargalhou André – Isso é água doce sabor de limão.

Mais gente se engasga rindo do comentário.

— Uma cevejinha de vez em quando é bom, gente – diz Vera.

— Pronto, começou a pinguça – resmungou Raimunda fazendo bico.

— Olha só assembleiana, se você não bebe, fica quieta! – retruca.

— Beber é coisa do demonho! – repreendeu Zebedeu olhando para os Esquisitos que fazem o sinal de chifre com os dedos e o de um olho à lá Lady Gaga.

— Aposto que eles dão uma bicada de leve numa barrigudinha— riu Rian.

— Olha o respeito varão! – repreende Raimunda – Tem crianças aqui!

— Acho que só quem não bebe aqui são Os Melhores Amigos – riu Raul ignorando o sabor estranho do pão de queijo que acabara de comer.

— Já provamos, mas é ruim – revelou Jéssica com uma careta.

Ice é melhor – completou Angélica com uma piscadela.

— Tal mãe, tal filha! – alerta Raimunda – A cara não engana!

— Vai falar que nunca provou uma caninha da roça, uma 51? – perguntou alguém do público.

— ...não – respondeu Zebedeu com a voz embargada.

Hmmm... pelo soar da garganta seca, tem gente que não precisa ficar rodando que nem peão na igreja pra ficar bêbado – riu Vera junto com a maioria dos curiosos e dos competidores.

— EU EXIJO RESPEITO! – grita Raimunda – Ele não tem culpa do seu passado!

— FALA DEUS! – berrou Tony – Eita revelação, Jeová!

Em meia a gargalhadas e muita confusão, os competidores tentam se concentrar nos pães de queijo que parecem não ter fim, e para piorar os recheios estanhos aos poucos começam a surgir.

— Quem colocou essa linguiça aqui! – riu Tony – Que delician!

— Tinha que ser! – gargalhou Brianna – O meu tem goiabada.

— Gente, tem pimenta no meu! – cuspiu Alice levando um susto quando um staff põe dois pães de queijo novos dentro do balde.

— A cada cuspida, colocarei mais dois – disse o rapaz.

— Ó! O meu tem chocolate! – comemorou Lana.

— Sorte a tua – regurgitava Mateus a cada tentativa de engolir – Aqui tem couve!

— Poxa gente – reclama Angélica – Sardinha? Quem faz essas sacanagi!

Os Esquisitos, se esforçando para não enjoar depois de comerem recheios de angu, carne seca e pasta de cebola, sentem algo explodir em suas bocas e de repente veem que se tornaram o centro das atenções.

— V...Vocês estão sangrando! – aponta Aruanã surpreso para a boca de ambos.

— Meu Deus, eles são alérgicos! – berra alguém no público.

— Isso tá recheado de que? – pergunta André – Vidro?

— Deve ser água benta – riu Raimunda com o marido e meia dúzia de testemunhas de Jeová ali presentes.

Indiferentes, a dupla se olha e ri ao ver que um líquido vermelho quase beirando o preto havia tingido até seus dentes, e agora escorria pelo queixo e pescoço.

— C-calma! – grita um staff surgindo com uma seringa cheia do mesmo líquido – É só xarope comestível sabor queijo tingido de vermelho escuro, olha – disse espirrando o líquido na boca e mostrando o mesmo efeito – Viu, não tem problema algum.

— Esses estagiários... – Capitão Guerra balançou a cabeça.

— É perfeito! – dizem Os Esquisitos sorridentes em uníssono.

— Quem inventou isso é um gênio! – completa Lilith.

— F-foi eu... – diz o rapaz envergonhado por de repente ter se tornado o centro das atenções – Eles queriam uma ideia diferente e eu achei que seria divertido.

— Merece um aumento! – pede Lilith – Depois me diz como foi feito, gostaria de usá-lo.

— Usar pra quê? – pergunta Guilherme – Dia das Bruxas tá longe.

— Todo dia é dia das Bruxas – grita alguém na multidão.

— Exatamente! – responde Lucio – Agora, Youtubers, me empresta a câmera de vocês. Precisamos registrar isso.

Enquanto a dupla tirava fotos, inclusive com o rapaz do staff, as equipes começam a sentir os estômagos cheios e alguns tentavam empurrar à força goela a baixo, o que não deu certo para Soldado Mello, Angélica, Lana e Quaraçá que acabam vomitando quando vê um deles por tudo pra fora.

— E Alá! Chamaram o Raul – riram os curiosos fazendo careta vendo os competidores enchendo um balde deixado debaixo da mesa especialmente para caso aquilo ocorresse.

— Que? – desperta Raul ao ouvir seu nome – Alguém me chamou?

            

Com mais uma hora se passando, os esfomeados Jogadores de Futebol, Os Desempregados e Os Melhores Amigos são os primeiros a terminar e encontram no fundo do balde a seguinte mensagem: “Volte para o estádio, garanta seu espaço no helicóptero e decolem em direção ao desafio final”. Já aqueles que agora estão de barriga vazia, após vomitarem, voltam a comer o restante dos pães, imaginando que aquilo não tivesse consequências: Assim que se levantavam da mesa, Os Militares, Mãe e Filha, Os Youtubers e os Índios são surpreendidos com mais um balde cheio de pães de queijo trazido pelos staffs.

— Nós acabamos, olha! – mostra Guilherme o balde vazio.

— Mas vocês vomitaram, então não é justo vocês saírem sem uma punição – diz o staff com medo de por o balde na mesa da Mãe e Filha.

— QUE! – berrou Vera – É serio isso produção? ‘ta que pariu! Vai comer isso sozinha, Angélica.

— ‘CABAMO BRASIL! – comemorou Tony sendo ovacionado pelos fãs e jogando o balde para o alto – Ui, devolve se não vocês vão vender na internet! Bora Mona, nosso helicóptero tá nos esperando.

— Arraza ‘migaa! – grita alguém na multidão.

— Sempre mona! – responde Tony mandando beijos.

 

Comendo as pressas, Os Esquisitos e Os Sertanejos disputam devorando tudo o mais rápido que podem, e a dupla de cantores teria ganhado se Raul não tivesse comido um recheado de pimenta vermelha que o faz ter uma crise de tosse. Com o estomago lotado, Os Esquisitos andam apressados em direção ao estádio e garantem a última vaga no primeiro helicóptero rumo ao próximo desafio.

— Nunca mais quero comer pão de queijo – diz Raul abrindo o botão da calça e se assustando com a quantidade de flashes que começaram a fotografa-lo enquanto os fãs da dupla começam a cantar um de seus sucessos.

 - Tinha até me esquecido que essas pragas cantam – reclama Capitão Guerra terminando de comer o pão de queijo e fugindo o mais rápido possível para longe daquela cantoria, seguindo com o recruta em direção ao estádio.

Como não tinham mais o que fazer, já que o segundo helicóptero só ia decolar com todos os competidores presentes, a dupla sertaneja aproveita para tirar fotos com os fãs.

— Olha tem até fã clube! – se impressiona Lana – Cadê os nossos.

— E vocês têm? – debocha Angélica enfiando dois pães de queijo na boca.

 

Com vinte minutos de atraso, reclamações e barriga cheia, finalmente os últimos competidores terminam de comer e voltam para o estádio o mais rápido que podiam, e logo em seguida, o helicóptero do exército levanta voo em direção ao último desafio. Com o sol sumindo no horizonte de nuvens escuras, as equipes se perguntam se aquilo era um pressagio de chuva.

— Gente, nunca mais acabou esse episódio! – reclama Vera.

— Né! – concorda Soldado Mello – Já tá na hora!

— Pessoal, é impressão minha ou tem um troço brilhando ali nas nuvens – aponta Guilherme.

— Tem coisa nenhuma! Deve ser o queijo fazendo efeito nessa cabeça oca – responde Raul rindo e se preparando pra tirar uma soneca.

— Deve ser um avião – responde Zebedeu.

 - Ou Jeová voltando, Oh gloria! – comemora Raimunda.

— Então ele viu que a gente não tem jeito – riu Angélica – Olha, ele tá voando pra cima.

— Se aquilo não é avião ou Jeová, que diabos é aquilo? – se preocupa Lana.

— É O APOCALIPSE! – berrou Raimunda de repente trazendo pânico aos competidores que sem querer derrubam a câmera que os gravava e desconectam a transmissão de imagem do programa.

— Cadê minha bíblia!

 

Mapa da Competição em Minas Gerais [Parte 1]!

... Continua

(assim que reestabelecermos a transmissão)...

(^_^)/

By Hikari-Ouji


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Notas finais do capítulo

Curioso para saber por ondes nossos corajosos participantes andaram passando? Acesse o link no final desse capítulo para ver tudo o que rolou na competição em Minas Gerais. Fotos dos locais onde estiveram, dos desafios e até imagens do trolley que os levou ao fundo da mina estão lá! Acessem também meu perfil, e confira o "de Bordo ESPECIAL de OUTRO MUNDO" para mais informações e maiores explicações inclusive sobre a demora dos capítulos. Aproveitem!!!



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