Total Drama: Tudo ou Nada Brasil! escrita por Hikari Ouji


Capítulo 10
Só ACREdito vendo!


Notas iniciais do capítulo

Na etapa anterior, nossos competidores chegaram a mais uma cidade desconhecida, dessa vez na Ilha de Marajó, onde enfrentaram temíveis búfalos antes de voltar para a capital do Pará e se entupirem com uma deliciosa taça de quatro litros de açaí com diversos complementos perfeitos para matar a fome e a vontade. Só não sabiam que isso, literalmente, pesaria na próxima etapa, onde tiveram que dançar ao som da Banda Calypso para centenas de fãs, inclusive a própria cantora! Logo após o vexame, os competidores tiveram que pedalar (e muito) para chegar a Zona de Relaxamento, onde infelizmente, após uma falta de atenção, Os Funkeiros acabaram se enrolando e chegando em último lugar nessa competição que a cada dia se torna mais complicada. E hoje não será diferente, sejam bem vindos a mais dramático TOTAL-DRAMA-TUDO-OU-NADA-BRASIL!!!



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Belém do Pará amanhece e a população começa a movimentar a cidade. Menos os competidores que dormem profundamente em seus quartos em um hotel nas proximidades do Aeroporto Val-de-Cans. Desde o começo da competição, ser acordado pela produção do Total Drama era sinônimo de confusão, mas hoje o som calmo de flautas e chocalhos tocando junto com uma voz masculina em outro idioma pelos despertadores nas mesas de cabeceira, os pegam de surpresa:

— Isso tava aqui quando a gente entrou? – pergunta Paulo jogando o travesseiro contra o aparelho.

 

“- Gente, pensei que ia encontrar um daqueles camelô que adora vender peça de miçanga, aqui – ri Tony ajeitando o cabelo na sala de entrevistas.

— Perturbação! - reclama Brianna ainda de pijama - No melhor do sono...”

 

— Acorda meu velho! – cutuca Martha sonolenta – Desliga o radio relógio...

— Que diabo é isso? – pergunta Mateus sonolento  olhando para o aparelho em cima da mesa de cabeceira, sem prestar atenção no horário.

— Acho que isso é um radinho... – suspeita Jéssica com um olho aberto outro fechado – Desliga isso...

— Como assim isso não desliga!? – aumenta a voz Vera no quarto ao lado ao descobrir que mesmo puxando o aparelho da tomada a música não parava – Que agonia dessa música!

Do outro lado do corredor, outros participantes encaram a situação de bom humor:

— Essa música me lembra de quando eu era camelô – ri Luis – Eu tenho um amigo que é hippie. Teve uma vez que ele tava fumando um incenso...

— Já acordei com músicas piores – revela Lucio abrindo as cortinas e se deparando com o sol da manhã – Que horas são?

— NOVE HORAS! – se assusta Capitão Guerra saltando de sua cama e puxando Soldado Mello da cama do outro lado do quarto – Acorda recruta, estamos atrasados!

Quando a noção de tempo pegou todos de surpresa, os competidores se apressaram para chegar a tempo no refeitório para um café da manhã as pressas, e dão de cara com Olávio sorrindo pela tela de uma televisão na parede.

— Quê que tá rolando Otávio? – pergunta Vera já puxando uma cadeira e de olho nos pães com mortadela – Cancelaram o programa?

— Bom dia, competidores! – sorri o apresentador – Vira essa boca pra lá! Nossa audiência é uma das maiores da televisão! Ontem ficamos em segundo lugar no ibope!

— E tem gente que nos assiste? – se surpreende Angélica disputando um pedaço de bolo com Soldado Mello – E isso é passa aonde? Na TV Aparecida ou no Canal Rural?

Em meio a gargalhadas, Olávio pigarreia em busca de atenção, enquanto um staff vai distribuindo as dicas sem esperar os participantes terminarem o desjejum.

— Como foi acordar ao som de uma música indígena? –Olávio pergunta vendo-os ler as dicas silenciosamente.

— Tinha outra música não? – pergunta Guilherme passando sua dica para Lana.

— Pelo menos é ainda melhor que a musiquinha do seu canal do youtube— responde Aruanã fazendo os competidores arregalarem os olhos e cuspirem seus cafés com a resposta.

— YAAAAASSS!– ri Tony batendo palmas – Adoro uma briga de manhã!

— Concordo com eles – debocha Raul.

— Olha quem fala! – enfurece o youtuber— Ninguém quer saber da sua “sofrência” ou do barulho do seu chifre de boi!

— Ih, chamou de corno! – ri Vera – Eu não deixava.

— Irmãos, isso não é hora – tenta Zebedeu, que acabou sendo ignorado.

— É um berrante, seu imbecil! – retruca Raul já tirando o chapéu.

— EI, EI, EI! PAROU! – grita Olávio pela televisão – Uma hora dessas! Guardem a energia para a competição! A próxima confusão que tiver ambos os competidores, não importa quem for, irá pegar o próximo voo pra casa!

— Que babado! – sussurra Brianna.

— Poxa... Já ia jogar milho! – debocha Tony fazendo todos caírem na gargalhada.

— Enfim! Competidores – retorna Olávio ajeitando seu terno – Estou aqui no Aeroporto Val-de-Cans, onde o próximo voo em direção a algum lugar do país estará pousando nos próximos minutos, e sairá às dez e quarenta. Não se atrasem. Caso contrário, serão eliminados, Ok? Boa Sorte! – termina saindo da frente da câmera que continua exibindo a movimentação do aeroporto.

— Ih, tá cedão – relaxou André na cadeira satisfeito com o café da manhã.

— Cedão nada, mano! São dez horas! – gritou Paulo puxando o amigo pela camisa e causando um verdadeiro alvoroço, derrubando mesas e cadeiras enquanto corriam para fora do hotel, com os outros atrás.

 

No estacionamento, Os Jogadores de Futebol, As Testemunhas de Jeová e Os Youtubers conseguem os únicos taxis disponíveis. Já Os Militares e Os Esquisitos enfrentam o trânsito e correm até o outro lado da avenida para conseguir um taxi. Os LGBT e Mãe e Filha lembram-se de terem zoado com um casal que entravam a pé em um hotel não muito longe dali, e correm em busca de um taxi nas proximidades. Correndo por entre os carros, Os Melhores Amigos, observam um micro-ônibus indo em direção ao aeroporto vindo na outra pista e quase se jogam na frente do veículo.

— Aê tio – pergunta Jéssica quando a porta abriu – Esse ônibus vai pro “Vai de Cão”?

O homem suando com o calor da manhã, prefere enxugar o suor a entender o que a garota falava.

— Sobe logo pirralha – pede Raul – Não é “Vai de Cão”. É “Val de Cans”

— Ah, é tudo a mesma coisa. Nem sei inglês...

 

Enquanto cinco equipes se espremem dentro do micro-ônibus já cheio e Os Militares perturbam o motorista do taxi para alcançar Os Esquisitos, no outro lado da avenida, Mãe e Filha encontram o único taxi passando no momento e deixam Os LGBT para trás.

— Miga, nós só temos quinze minutos! – desespera Brianna.

— Respira mona. Alá! Tá vindo um taxi! MOÇO PARA!!!

Quase se jogando no capô do carro, a dupla entra no veiculo, junto com um cameraman e pede ao motorista, um senhor de meia idade, para seguir para o aeroporto. Só não esperavam que o motorista fosse na direção contrária para onde deveriam ir:

— Moço! É pro outro lado – desespera Tony olhando para todos os lados à medida que o carro se afastava mais do lugar onde deveria ir.

— Calma, só vou fazer o retorno ali – explica o senhor ajeitando a boina – Eu não conheço muito aqui.

— Só me faltava essa! Ser sequestrada no Pará! Socorro, produção!!!

 

Enquanto Os LGBT faziam o contorno em um trevo rodoviário para retornar no outro lado da rodovia e fazer todo o caminho na direção oposta em direção ao aeroporto, Os Esquisitos e Os Militares já correm pelo saguão do aeroporto e não demoram a encontrar a caixa no andar superior.

— “Competidores, sigam para o terminal três e aproveitem a viagem de três horas e meia rumo ao desconhecido” – lê Lilith desanimada – Três horas? E eu sonhando que sentir frio no sul do Brasil...

Fora do aeroporto, o micro-ônibus para no ponto mais próximo e os competidores param o trânsito enquanto para garantir seu voo, chegando ao andar superior molhados de suor e dando de cara com Mãe e Filha.

— Tomara que seja um avião confortável – sonha Antônio correndo com sua esposa para o terminal indicado e se decepcionando ao ver novamente o avião do exército os esperando.

— Por isso que nunca crio expectativas – diz Luis subindo a rampa para o interior do avião.

— Tá faltando quem? – pergunta Lana sentando-se numa das poltronas.

— Anda logo pilotou! – grita Paulo apertando o cinto.

— Ih! Falta ar ‘miga— gritou Vera percebendo que estava muito quieto ali.

Faltando cinco minutos para o prazo final, Os LGBT correm pelos corredores e quase destroem a Caixa do Olávio com um soco para conseguir a dica. Desesperados, eles encontram o avião e literalmente se penduram na porta traseira para impedir de serem eliminados. Assustado o comissário alerta o comandante da aeronave que volta a abaixar a porta e permite que a dupla suba a bordo:

— OLHA ELAAA!! – berra Tony sendo ajudado pelo comissário a se sentar  - Como assim... ia deixar... a gente... pra trás? – pergunta exausto.

— Ó! Tô toda me tremendo! – diz Brianna se jogando em uma poltrona – Essa foi por pouco!

 

Com todos a bordo, finalmente o avião levanta voo rumo ao desconhecido. Por uma das poucas janelas da aeronave, os passageiros podiam ver que a paisagem milhares de quilômetros a baixo não mudava, a não serem os tons de verde que variava à medida que o avião avançava. Sem muito que fazerem, os competidores preferem reservar energia tirando um cochilo, antes de enfrentarem mais uma maratona nas próximas horas.

Como dito na dica retirada no Pará, o voo dura quase quatro horas, mas antes do pouso todos recebem um lanche simples composto de um suco em caixinha e pão com queijo e mortadela que acaba sendo motivo de piada a bordo. Minutos depois, o avião finalmente toca a pista e pousa tranquilamente em mais um aeroporto desconhecido. Seguindo as instruções dos funcionários, e ignorando o estranho formato do ensolarado aeroporto, as equipes logo encontram a Caixa do Olávio no meio do saguão quase vazio. A primeira equipe a retirar suas dicas são Os Sertanejos, e Rian leu em voz alta:

— "Que este sol a brilhar soberano, sobre as matas que o veem com amor, encha o peito de cada acreano, de nobreza, constância e valor”.

—Amém! - responde Olávio surgindo para recebê-los - Sejam bem vindos ao Acre!

— QUÊ-QUE-EU-TÔ-FAZENO-AQUI-MEU-DEUS - desespera Vera com as mãos na cabeça.

— Acre - explica Olávio enquanto cenas da região e da população acreana são exibidas para os telespectadores - A terra dos seringueiros. Estamos na capital Rio Branco, uma das mais pouco visitadas da nação. Conhecida por ser um local longe, o Acre é um dos estados mais novos da nação, muito rico na produção de borracha, castanhas e principalmente da cultura indígena e preservação ambiental. E hoje, nossos corajosos competidores irão se aventurar no desconhecido.

 

“- Nunca que eu ia imaginar vir aqui - diz Guilherme pegando sua câmera portátil e filmando o local - Pessoal, hoje vamos passear no Jurassic Park!

—Ei! Me filma também! – pede Lana”

 

 - Povo! - interrompe Olávio - Prestem atenção. Hoje, iremos para a escola, ou melhor, universidade! Há cerca de meia hora daqui está a UFAC: Universidade Federal do Acre. O endereço do local está dentro de balões verdes na saída do aeroporto. Encontre-os, e cheguem ao local indicado para dar início ao primeiro desafio. Entendido? Ao meu sinal, já!

Assim que o apresentador dá a largada, as equipes correm pelo saguão e encontram os balões de gás flutuando pela calçada e à medida que os competidores iam estourando, descobriam um pedaço de papel enrolado com o endereço para onde deveriam seguir. Agora restava o principal: como?

Na única rua do local, as equipes disputam os poucos taxis disponíveis, deixando os que ficaram para trás à espera de novos veículos. Por sorte, alguns taxistas que descansavam nos estacionamentos aproveitam a movimentação para ganhar um dinheiro extra.

 

Seguindo pela BR-364 vazia, os carros seguem rotas diferentes nas proximidades do Distrito Industrial, onde alguns viram à esquerda e outros continuaram na rodovia até fazerem o retorno no Lago da UFAC, por onde seguiram reto em direção ao destino; Só não esperavam que o desafio fosse começar tão cedo!. Devido à chuva que caiu durante a noite passada, a estrada que é pavimentada somente até metade do caminho, faz com que os carros sigam cautelosamente para não afundem na lama. Irritados, com a demora, alguns competidores desistem do veículo e correm na lama para a entrada do que descobrem ser um Parque Zoobotânico.

 

— É esse lugar mesmo – preocupa-se Alice – Medo de sair um dinossauro desse mato.

— Dinossauro? – gargalha Guilherme – Tenho medo é de a Gretchen saltar daí.

Ain, gente, para! – Brianna seca as lágrimas de tanto rir – Sou fã da Gretchen desde quando ela trabalhou na Família Dinossauro...

 

Em meio às gargalhadas, Os Esquisitos aproveitam para os ultrapassam correndo na lama.

— Gente, eu mal consigo andar de chinelo que tropeço – ri Brianna vendo a garota correr sob os saltos de quase trinta centímetros – Imagina com um trambolho desses!

— É só pra quem tem classe! – responde Lilith vendo a Caixa do Olávio ao longe.

— Ela é afrontosa, ela! – debocha Vera tomando cuidado para não perder a sandália.

 

Adiantados, Os Jogadores de Futebol leem a dica  ao lado de uma grande poça de lama e temem sobre o que iriam enfrentar:

— “Tudo em Um: Bem vindos ao Parque dos Dinossauros” – lê Paulo – Eu sempre desconfiei que tinha dinossauro aqui.

— E tem! – responde Olávio através de uma televisão trazida por um staff— Competidores! Como não quero sujar meu terno, estarei esperando vocês na próxima etapa. Mas vamos à competição atual: O Brasil, assim como diversos outros países do mundo, também já foi habitado por centenas de dinossauros há milhões de anos. Mas foi nessa região, que um monstro pior que o Tiranossauro Rex viveu. Seu nome era Purussaurus Brasiliensis, e embora não fosse um dinossauro, o antepassado pré-histórico do jacaré, tinha mais de doze metros, viveu há mais de dez milhões de anos no período Mioceno e tinha a mordida mais poderosa e violenta já documentada. Hoje vocês se transformarão em paleontólogos e assim como João Barbosa Rodrigues, que encontrou o fóssil do Purussauro em 1892, irão mergulhar na lama, procurar no mato e escavar a terra em busca de ossos para remontar um filhote de três metros. A dica pra o próximo desafio, só será dada pelo professor de Paleontologia, se todas as peças estiverem corretas.

 

— Vai anoitecer e não acabamos isso! – Zebedeu reclama conferindo as horas no relógio – A lá, vai dar três horas!

— Na verdade, vai dar uma hora – responde o paleontólogo deixando todos confusos.

— Ué, mas nós saímos do Pará onze da manhã, voamos por quase quatro horas e levou o que? Uns quarenta minutos do aeroporto até aqui... – pensa Raul tentando fazer os cálculos, mas era visível estar tão perdido quantos os que se importavam com o horário.

— Sim, mas vocês esqueceram-se do fuso horário – insiste o paleontólogo – Estamos duas horas a menos do que o resto do país.

— Duas horas a menos e alguns bilhões de anos, né – debocha Raimunda no meio do mato retornando com alguns ossos, fazendo os competidores e a equipe de filmagem rir.

— Isso! Fala mesmo besteira – André esconde o riso – Depois leva uma fechada de algum índio escondido no meio do mato, não sabe o motivo. A lá! Já vem dois! – diz apontando para dois índios surgindo do meio da mata.

— Qual foi? – pergunta Aruanã e Quaraçá desconfiados.

 

Além da lama, os competidores enfrentam o calor e os mosquitos que aproveitam para se deliciar com o sangue do pessoal que tenta montar o esqueleto com ajuda de uma imagem posta em um pedestal com instruções de como as peças se encaixam. Mas mesmo assim, alguns começam a perceber que pegaram mais ossos do que precisavam, e até acordos entre as próprias equipes estavam sendo realizadas:

— Alguém tem uma costela extra, eu troco por uma perna – pede Guilherme vendo que seu osso não encaixava.

— Quê isso? – se assusta Raimunda – Que conversa macabra! Moço! – ela chama um dos staffs— Esse osso não quer encaixar de jeito nenhum!

— Mas esse osso não foi feito pela gente – responde o rapaz com os olhos arregalados, que em comparação com os de Raimunda ao perceber que segurava um osso de verdade, eram muito menores.

— CREIINDEUSPAISTODOPODEROSO! – berrou ela arremessando o osso o mais longe que podia – Isso é trabalho do demo! Tá reprendido em nome do senhô Jesus, amém! – testemunhava batendo o pé no chão e com a mão estendida para céu.

— Hoje o culto começou cedo – diz Martha entrando na poça de lama.

— Quem que jogou isso em mim? – Lilith reclama massageando a cabeça ao ser atingida pelo osso no meio do mato.

— Viu! Num disse que é trabalho demonho! Tudo que vai volta LARABAXURIA XERELEBA!

— Jogo tuas pragas pra outro! – responde Lilith dando o osso para o paleontólogo – E olha por onde tu anda.

Cantarolando algum hino com os olhos fechados e um braço levantado para o alto, Raimunda ignora a garota e não percebe quando pisa em falso, perde o equilíbrio e antes que pudesse se agarrar no marido acaba caindo no meio da lama, causando uma explosão de gargalhadas dos expectadores.

 

“- Sei lá, eu acredito que eles são bruxos – diz Jéssica observando os Esquisitos de longe.

— É! – concorda Mateus – Tipo Voldemort. Ih disfarça, eles tão nos olhando!”

 

Enquanto Raimunda corre para se limpar e trocar de roupa, os demais competidores começam a concluir o quebra-cabeça que se tornou a montagem dos esqueletos. A Velha Guarda termina em primeiro lugar e consegue a dica para o próximo desafio.

— Assim é fácil! – protesta Angélica – Viveram junto com os dinossauros!

Enquanto os competidores riam, Martha retrucou.

— Olha quem fala! A menina das cavernas! – responde fazendo a garota se envergonhar e passar a mão nos cabelos desgrenhados.

— Tem que respeitar os mais velhos – pede Vera – Múmia ou não, tem que respeitar!

 

Em seguida, Os Índios são os próximos a concluir a tarefa e espera A Velha Guarda terminar de usar a torneira para tirar o barro do corpo:·.

— É pra onde mesmo, meu velho? – pergunta Martha correndo para o taxi.

— Parque Chico Mendes – responde Antônio entrando em um dos diversos taxis que acabaram ficando a espera dos competidores, já que era provável faturarem mais do que um dia normal no aeroporto.

— Pensei que tivessem indo embora - Martha diz ao motorista.

— Que nada. Tava no aeroporto desde cedo. Vocês do pograma foram os primeiros clientes – sorriu o taxista de meia idade dando partida no carro e seguindo pela estrada de barro, quase seco, em direção ao destino escrito na dica.

A dupla é seguida pelos Os Índios, mas em menos de dez minutos tornam a se separar em caminhos diferentes; Os Índios seguem reto, e A Velha Guarda, confiando no taxista, dobram a esquerda e seguem por outra estrada.

 

De volta à competição, que já passa de uma hora, Os Desempregados, acostumados com dinâmica de grupo em entrevista de emprego, Os Sertanejos acostumados com os animais da fazenda, e Os Militares acostumados a montarem armas em poucos minutos, são os próximos a seguirem para o próximo desafio. Correndo atrás do prejuízo, Mãe e Filha já cansadas de serem picadas por mosquitos e estressadas com o calor, conseguem terminar o esqueleto e correm para o táxi:

— Poxa dona, nem pra se limpar... - reclama o taxista.

— DIRIGE!

 

"- Ah, eu hein! - resmunga Vera se coçando - Um calor dos infernos no meio daquela selva, sendo toda picada por essas praga de mosquito, e ainda quer que eu me limpe? Quer saber, vou até ficar quieta...

— Mãe coça minhas costas... Aí, isso... Ai! Calma vai arrancar minha pele!"

 

Enquanto Mãe e Filha se coçam, depois de uma hora e meia, as últimas equipes aos poucos vão terminando de montar os esqueletos e correndo para os táxis. Adiantados, A Velha Guarda chega ao parque e atravessam a rodovia em direção à entrada principal, onde encontram a Caixa brilhando contra o sol.

— “Siga em direção a Casa do Seringueiro” – lê Martha de olho nos Índios que se preparavam para atravessar a rodovia.

Apostando corrida pela trilha, as duplas encontram Olávio ao lado de um ser muito estranho:

— Ughhh! Odeio esse monstro! – reclama Aruanã.

— Boa tarde competidores! – saúda o apresentador – Estamos no Parque Ambiental Chico Mendes, onde o ativista e líder seringueiro Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, é homenageado pela incansável luta durante os anos 80 pela preservação da Floresta Amazônica. Mas com isso, acabou despertando o ódio de grandes fazendeiros que queriam desmatar a floresta para criar gado, e acabou sendo assassinado. O parque homenageia também diversos pontos da cultura acreana, e são vocês que irão decidir em qual participarão! – termina distribuindo as dicas aos participantes.

— “Desafio Duplo: Ou/Ou + Tudo em Um” – lê Quaraçá – “Folclore Ou Agricultura + Peikrãn”... Hm, tanto faz, nós vamos ganhar mesmo.

— Humildade mandou lembranças, Quaraçá – debocha Olávio – O desafio é simples. Estamos ao lado de uma das figuras mais lembradas no Acre. Esse monstrão aqui – diz se referindo ao ser de quase três metros entalhado em madeira – Se chama Mapinguari e era, ou é, uma criatura lendária que vivia nas florestas do Acre e da Bolívia, causando grande destruição por onde passava e matando qualquer um que cruzasse seu caminho. Quem escolher “Folclore” terá que acertar o único olho do Mapinguari localizado na testa, usando como arma um estilingue feito com látex das seringueiras e como arma uma castanha, fruta muito comum no estado; Isso é fácil! Quem escolher “Agricultura” também usará o estilingue com castanha, mas o alvo serão três balões com hélio com as cores do Acre que estão flutuando ao sabor do vento, para “facilitar” as coisas. A segunda parte é fácil também: Da boca do Mapinguari e de dentro de um dos balões irá cair uma peteca feita pelos índios do Xingu; em seguida, irão percorrer o caminho de volta até a saída do parque praticando o peikrãn, um jogo indígena cuja principal regra é “não deixar a peteca cair” – riu o apresentador – Que comecem o desafio!

 

“- Cara, eu ODEIO esse bicho – revela Aruanã na sala de entrevistas.

— Vê se cresce! –Quaraçá riu o cutucando – Sabe que isso é maior mentira! É lenda...

— Mentira? Se lembra do Cacique Aíguê? O velho sumiu na mata e nunca mais voltou.

— Ainda se lembra disso? Eles sempre contam isso na tribo...

— E aqueles gritos na floresta? Eu sei que tu tem medo também – riu Aruanã – Teve uma vez que caiu uma árvore de noite na mata, e ele não dormiu a noite toda...

— Cala a boca!

— E ainda ficou com o arco e flecha na rede!”

 

Com as primeiras equipes escolhendo desafios diferentes, Os Desempregados e Os Sertanejos chegam para receber as instruções de Olávio. Enquanto as demais equipes começam a chegar ao novo loca e se reúnem na tentativa desesperada de acertar seus alvos: Para cada equipe um Mapinguari foi construído e posto lado a lado, formando um exército de monstros. Do lado oposto, os balões flutuavam a cinco metros de altura.

 

— Ué pensei que íamos nos atrasar, mas parece que tá todo mundo aqui – estranha Lana ao escutar os xingamentos dos participantes.

— Grrr. Não posso usar a flecha não? – pergunta Aruanã irritado por não acertar o olho do Mapinguari.

— E quem tá fazendo aniversário? – pergunta Guilherme ao ver o tanto de balão no ar.

 

Separados em dois grupos, cinco equipes escolheram o desafio do Mapinguari da qual Lana é a única mulher a participar.

 

“ – Tenho medo sim! –revela Jéssica disputando espaço na sala de entrevistas com as outras participantes.

— Eu hein, bicho estranho – comenta Vera – Já basta os neguin lá do bairro.

— Em nome de Jesus, que tudo dê certo hoje – testemunha Raimunda – Hoje não Satã! Hoje não!

— Mas não é que ela sabe dar gíria gay— ri Tony com Brianna - Bianca Del Rio, yaaasss, I love you! – diz fazendo um coração com os dedos para a câmera ignorando a cara dos outros participantes que não tinham noção do que ele falava”

 

Em meio à confusão de castanhas voando em todas as direções, os balões começam a estourar, e Os Desempregados lideram o desafio ficando de olho nos Sertanejos que melhoram a mira no olho do Mapinguari e pegam a peteca de dentro da boca na barriga do monstro. Além das duas equipes, Os Jogadores de Futebol e Os Melhores Amigos também se juntam a disputa da peteca, e logo na largada o índio que supervisionava a tarefa, pede para que a dupla mais jovem do programa recomece a etapa.

— Mas não é assim que se joga peteca? – pergunta Jéssica irritada.

— Não é pra jogar longe – responde o índio ignorando a cara de dúvida da dupla.

— Ah, não pode dar tapão? – pergunta Mateus ainda confuso.

— Isso.

— Que sem graça... – lamenta Jéssica obedecendo o índio e recomeçando a partida com o parceiro.

 

Ainda na primeira etapa, com muita raiva e a fim de se livrar do medo de infância, Aruanã finalmente acerta o olho do Mapinguari e corre para pegar a peteca. Já Vera surpreende a todos ao estourar os três balões ao mesmo tempo.

— Meu bem, eu sou da favela! – gargalhou Vera.

 

“- QUÊ! – gritou assustando a filha na sala de entrevistas – Teve uma vez que tava subindo o morro lá na comunidade falano no celulá, aí vei um neguin do nada e colocou a arma na minha cara.

— Meu Deus! – assustou-se o produtor por trás das câmeras - E o quê que você fez?

— Ráh! Eu conheço aquela praga! Ele é filho da vizinha da amiga da minha cabelerera— riu ignorando a cara da equipe de filmagem - Dei uma porrada nele! Aí ele deixou a arma caí e PÁ! Dei logo um teco.

— Você... – engoliu em seco o produtor.

— SE EU MATEI? – berrou assustando as pessoas na sala - ‘sas praga num morre não! Tá até hoje andando de muleta com aqueles ferro que parece antena. Se ligar aquilo na TV, pega até o canal da Síria – gargalhou ainda mais alto fazendo a filha, morta de vergonha, abandonar a sala.”

 

— Se eu tivesse com minha arma aqui já tinha acertado... – reclama Capitão Guerra, vendo as equipes passarem a sua frente, mas logo se surpreende ao ver seu pupilo acertar os balões – Parabéns Recruta! vendo que meu treinamento está dando resultados!

 

Em seguida, Os Esquisitos não demoram a acertar os alvos e junto com Os LGBT correm para entrar no esporte indígena.

 

“ – Odeio esporte – suspira Lilith dividindo o espaço da sala de entrevistas com os LGBT – Tivemos que fazer teatro para passar de ano.

— Ah Hamlet... – Lembra Lucio – Fizemos a versão da Família Addams. A plateia ficou aterrorizada – disse com um leve sorriso”

 

Ao mesmo tempo em que as últimas três equipes se apressavam a acertar seus alvos, Os Índios dão uma verdadeira aula de como se joga peteca, terminam a etapa sobre forte aplausos e recebem a dica do índio, que por coincidência os conhecia.

— Como vocês cresceram!

— O Senhor nos conhece? – pergunta Aruanã.

— Acho que metade dos índios já ouviu falar de vocês! – riu o índio entregando-os a dica – Seu pai levou vocês uma vez numa reunião da FUNAI.

— Levou? – Quaraçá pergunta sem graça.

— Sim! Vocês arrumaram uma confusão tão grande que cancelaram a reunião – gargalhou – O povo indígena está torcendo por vocês! Takurrãm, rontêrru konrrêrru, tuke tukerê! (boa sorte, meus filhos. Boa sorte!)

Auêry, katonêtur! (Obrigado, amigo)— responderam os irmãos em uníssono na mesma língua indígena.

— Diga a seus pais que Yawainuani da tribo Iauanauá mandou lembranças!

 

Com um aperto de mãos, Os Índios se despedem e seguem de táxi, rumo ao próximo destino. Os Desempregados concluem a etapa da peteca e recebem a dica para o próximo destino:

— Peixes da Amazônia? – leu Alice – Peixe de novo?

 

Os próximos a seguirem na competição são Os Jogadores de Futebol que aproveitam até para fazerem embaixadinhas com a peteca. Logo atrás, Os Sertanejos e Os Militares terminam sem muita dificuldade, assim como Os Esquisitos, Os LGBT e Os Melhores Amigos, deixando os últimos competidores começarem a última etapa.

 - Nossa faz tempo que não jogava isso! – ri Antônio.

— Querido, jogamos badminton semana passada lá no clube! – lembra Martha.

— Não me lembro de ter brincado disso na infância... – reclama Alice.

— Nessa época eu jogava vídeo game! – responde Guilherme se concentrando para não perder a peteca.

— Esse povo rico – se intromete Raimunda – Não merece ganhar nada!

 

Enquanto As Testemunhas de Jeová avança, mais da metade dos competidores se espalham entre as duas rotas disponíveis até o próximo destino:

— Boca do Acre – lê Jéssica ao passar por uma placa.

— Se essa é a boca, então onde nós estávamos era o c...

— MÃE! – interrompe a garota olhando para o taxista de traços indígenas – Tá doida pra ser largada no meio do nada, né.

 

A tarde avançava enquanto todos os taxis já seguiam rumo ao último desafio. Alguns seguem pelo norte, pensando na vantagem de percorrerem em pouco mais de meia hora, vinte minutos a menos de quem escolhesse ir pelo sul. Só não contavam com obras em um trecho da rodovia, que ajuda as equipes a chegarem ao destino com poucos minutos de diferença.

 

Quando as rodovias se encontram na BR-364, os primeiros competidores começaram a ver uma construção branca surgir através do mato que cerca a estrada. Ao se aproximarem, além de verem drones sobrevoando o local, um tapete azulado os convidava a entrar na propriedade  cujo nome era indicado em grandes letras na parede do prédio branco:

— “Peixes da Amazônia S.A.” – leu Quaraçá – Ah! Minha barriga até roncou!

— A nossa! – respondeu Otávio os observando através das câmeras do drone— Estamos no Complexo Industrial de Piscicultura Peixes da Amazônia S/A, que além de ser a maior fábrica de peixes da Amazônia, também é a mais moderna fábrica de ração do Brasil, a segunda da América Latina com clientes até no exterior, e é uma das mais qualificadas com o maior projeto de cultivo de peixes de água doce do Brasil, graças às dezenas de piscinas artificiais que formam o maior complexo de Piscicultura da região norte do país. E é aqui, que o último desafio será feito – diz agora sendo filmado em um bote no meio de uma das piscinas, enquanto as primeiras equipes corriam por uma estradinha de terra e chegavam a uma ilhota para saberem qual o próximo desafio.

 

— “Tudo em Um” – lê Luis já suspeitando que teriam algum trabalho sujo pra fazer – “Um peixe pulou do décimo andar, qual o nome dele?”

— Qual? – pergunta Alice se lambuzando de filtro solar e já rindo antes mesmo de saber o final da piada.

— “Aaaaaaaaaa-tum” – responde em meio às gargalhadas de Alice - Péssimo...

Longe dali, Olávio reaparece com os olhos cheios d’água e antes que começasse a falar cai na gargalhada de novo:

— Melhor piada que já escutei! – continua rindo – Filmem lá eles, não consigo parar de rir!

Enquanto Olávio e Alice não controlam a crise de riso, Luis e Aruanã continuam lendo a dica:

— “Devido à manutenção nos tanques danificados, alguns peixes ainda resistem a serem resgatados e serem colocados no aquário provisório. O objetivo final é resgatar dois peixes de cada espécie, COM AS MÃOS, e entregar ao supervisor das piscinas que indicará onde fica a Zona de Relaxamento” - termina Luis recebendo um macacão de pesca e se preparando para entrar na piscina - Vou começar a cobrar por esses trabalhos.

— “A fabrica tem como foco três tipos de peixes: Pirarucu, Tambaqui e Pintado.      – lê Aruanã – “Para ajudar na diferença entre os peixes, placas foram fincadas no meio da piscina para facilitar a captura. Resgate-os e corra para a vitória” E depois? Posso comer?

Os próximos a chegar são Os Sertanejos e Os Jogadores de Futebol que rejeitam o macacão e só retiram as chuteiras e as botas para começar a tarefa. Momentos depois, Os Melhores Amigos e Os Militares chegam para a disputa, e assim que terminam de ler a dica, saltam sobre as águas turvas da piscina.

Com o passar dos minutos e nenhuma captura, os competidores começam a temer as nuvens negras e trovões distantes que começam a surgir no céu. Acostumados com o assunto, Os Índios são os primeiros a conseguir um tambaqui e Alice a primeira a gritar ao sentir algo passar entre suas pernas. Na sequencia, Os LGBT chegam à competição e se jogam na água, diferente dos Esquisitos que preferem retirar os sapatos.

Com quase uma hora de jogo, e cada equipe com um peixe, Os Melhores Amigos dão um passo a frente ao travarem uma briga com um pirarucu quase do tamanho de Jéssica. Mesmo recusando ajuda, a dupla comemora ao conseguir com muito esforço capturá-lo. Logo em seguida, Brianna e Tony, mas afastados dos demais conseguem outro exemplar centímetros maior que o capturado pelos mais jovens.

— Gente! – Tony grita ofegante e com dor nos braços – Que PIRARUCUZÃO!

 

Quase chegando ao mesmo tempo, As Testemunhas de Jeová retiram os sapatos para começar o desafio. Já Vera se surpreende ao ver o local do desafio:

— Quê isso? Piscinão de Ramos! – riu arrancando gargalhadas daqueles que entenderam a piada – E esses boy magia sem camisa? Só faltou o churrasquinho de gato!

 

No céu, as nuvens aumentam e para piorar e relâmpagos começam a rasgar o céu, não tardando para que as primeiras gotas de chuvas começassem a atingir o local. Temendo um temporal, os competidores se esforçam ainda mais na busca pelos peixes, e vendo que eles preferiam ficar o mais longe possível da movimentação dos participantes, Os Militares se afastam e conseguem pegar dois peixes de uma só vez e até mergulham a procura dos últimos alvos, assim como a maioria dos participantes desesperados para se livrarem da temível eliminação.

— Aqui minha velha! – gritou Antônio pegando um peixe de longos bigodes.

— Que lindo esse pintado! Um cozido dele na janta cairia muito bem!

 

Com a chegada de Guilherme, os competidores tiveram que se perguntar por qual motivo o youtuber estava usando cueca de praia e Lana se despia em um biquíni florido em plena chuva.

 - Ain, me salva! me afogano! – gritou Tony para Guilherme do outro lado da piscina.

— É só ficar de pé! – berrou Mateus.

— Cala a boca moleque! – gritou de volta o rapaz, sentindo que estava sendo sugado para dentro da barreira de terra – GENTE! É SÉRIO! – Berrou – TEM ALGUMA COISA ME CHUPANDO!

Em meio às gargalhadas, os competidores ignoram o rapaz e voltam à procura dos peixes, mas ao repararem que o nível da água havia abaixado alguns centímetros, percebem que algo poderia estar errado:

— Quê que tá acontecendo? – pergunta Mateus ao sentir a água abaixar no nível das costelas – Abriram o ralo?

Os competidores mais próximos dos LGBT logo correm para ajudar Tony e Brianna que o segurava pelo braço, mas antes que pudessem salvá-los ambos desaparecem na água barrenta.

— Chama os bombeiros! – grita Lana tremendo dos pés a cabeça, não sabendo se era de medo ou de frio.

Desesperados com o sumiço, todos se assustam quando a dupla reaparece do outro lado da piscina.

— Ali! – aponta Soldado Mello correndo para ajudá-los.

Com o jogo interrompido e a chuva começando a aumentar, Os Militares sobem na divisa entre as piscinas e sentem que a terra sob seus pés estava começando a afundar. Antes que a dupla pudesse correr, eles e os participantes mais próximos são surpreendidos quando a barreira se rompe e são puxados para dentro de outra piscina, em meio a barro, peixes e pedras. Com o pânico instalado, os bombeiros chegam para ajudá-los e por sorte concluem que ninguém se feriu gravemente. Somente Os LGBT precisaram de uns minutos para recuperar do susto.

— Ó! – Tony e Brianna mostram as mãos tremendo – Toda me tremendo! Que chupão foi aquele?! Não sei como não fiquei nu!

— Eu sei comequié! – intromete-se Vera na história - Teve uma vez que fui arrastada na enchente lá na Praça da Bandeira...

— Então não foi chuva, foi tsunami né – debocha o rapaz.

— Tá doido pra ser afogado aqui, né! – ameaça Vera dando um grito ao sentir algo morder seu traseiro.

— Ai, algum bicho me mordeu!

— Deve ter sentido o cheiro de bacalhau!

— Vem cá que te mat... Ali filha pega o bicho! – aponta Vera ao ver seu passaporte para a próxima etapa passando atrás da garota.

Assustada, Angélica tenta espantar o peixe, mas o animal começa a segui-la à medida que a garota começa a correr na piscina, o que não dura muito, pois acaba tropeçando e mergulhando na água turva. Ao voltar pra superfície, sente que algo entrou em seu macacão e aos berros começa a se contorcer pedindo socorro para retirar o peixe de dentro da vestimenta.

— Quê aquilo? – pergunta Lucio ao ver a cena do outro lado da piscina – Sessão do descarrego?

— Se As Testemunhas de Jeová estão lá, deve ser - responde Lilith capturando o último peixe para saírem do local.

— Calma, minha filha – pede Zebedeu e Vera tentando ajudá-la já que parecia que o animal a estava devorando – Pronto! É um pintado filhote.

— Esse a gente já pegou! – irrita Vera vendo Os Sertanejos e Os Índios entregando o que parecia ser seus últimos peixes.

— Aleluia! – exclama Raimunda – Pois era o que nos faltava! Simbora varão!

Correndo pela água como se fosse Jesus, a dupla mais religiosa do programa entrega o filhote peixe ao supervisor, que aceita em troca da localização de onde da Zona de Relaxamento que pelo o que puderam ver, era em um local afastado das piscinas, e para chegar lá o único jeito era disputar uma corrida com Os Sertanejos, Os Índios, Os Esquisitos, e afora com Os Militares e Os LGBT que se jogaram sobre um pintado, e conseguem a dica final junto com Os Jogadores de Futebol.

Com as duplas disputando uma corrida embaixo da tempestade, Olávio protegido das grossas gotas de chuva sob um guarda-sol usando galochas e capa de chuva aproveita para explicar qual o destino final do dia:

— Para chegar à Zona de Relaxamento é fácil, porém requer cuidado. As piscinas são separadas por barreiras de terra batida, cimento e pedra, chamadas taludes, que impedem que as piscinas colapsem. Para chegar ao destino final, as duplas devem percorrer por esses caminhos, passando pelo Centro Tecnológico de Produção de Alevinos. A Zona de Relaxamento se encontra após a construção, nas proximidades da mata onde uma tenda foi montada para que todos possam ter o merecido descanso. Bem, o problema será enxergar direito debaixo do verdadeiro pé d’água que começou a cair! Essa tenda é segura né?

 

Sob um forte temporal, Os Índios disparam na liderança, mas perdem a posição para Os Sertanejos, após errar o caminho e caírem dentro de uma piscina. O mesmo fazem Os Esquisitos, mas de propósito, já que se nadasse reto não precisariam correr o risco de escorregar na lama.

 

De volta à busca pelos peixes, mais equipes concluem o desafio: Os Desempregados disparam com cuidado pela lama, Os Youtubers recolhem as roupas, mas seguem com roupa de praia mesmo, já Mãe e Filha prestam atenção no caminho para não cair dentro de outra piscina, deixando para trás as equipes mais velhas e mais novas do programa:

— Anda Mateus! Tô com frio! – reclama Jéssica já socando a água em busca do pintado que lhes restava.

— Meu velho, peguei! – comemora Martha – Esquece, é um galho...

Na corrida pela sobrevivência, as equipes conseguem ver ao longe o contorno da tenda, mas o caminho até lá se tornou um verdadeiro lamaçal; Apressadas, As Testemunhas de Jeová são novamente as primeiras vítimas da lama ao tropeçarem e rolarem no lamaçal, quase sendo atropelados pelas demais equipes que correm em direção à tenda em busca do primeiro lugar. Já na piscina, os últimos competidores finalmente capturam os últimos peixes e enfrentam o temporal para não serem eliminados.

Além da chuva, o vento também começa a complicar a vida dos competidores; Os Índios quase são atingidos por uma tampa de caixa d’água e mergulham na lama para escapar do objeto, sendo ultrapassados pelos Sertanejos e Os Militares que também vão ao chão quando do nada, um trovão explode no ar, e são ultrapassados pelos Os Esquisitos que pareciam se divertir na tempestade. Enquanto, Os LGBT e Os Desempregados avançam a passos largos, As Testemunhas de Jeová perdem mais uma posição, agora para Os Youtubers e temem serem ultrapassados pela Mãe e Filha que já se aproximavam.

A poucos metros da final, Os Sertanejos esforçam-se ao máximo para cruzar a linha de chegada, e quando pensavam que iam pegar o primeiro lugar, são surpreendidos pelos Jogadores de Futebol que levam a melhor na corrida e marcam um golaço aos 45 do segundo tempo.

— Parabéns André e Paulo! – congratula Olávio – Vocês são os vencedores do Acre! Sertanejos, parabéns, medalha de prata!

Felizes por terem conquistado o primeiro lugar no programa, a dupla comemora dando saltos e mergulhos na lama como se tivessem ganhado a copa do mundo:

— Eu quero... agradecer aos fãs... e amigos por... essa vitória... – tenta dizer André ofegante e emocionado – Obrigado a todos... pela força!

— RUMO Á VITÓRIA!!! – gritou Paulo saltando sobre Rian e espirrando lama em Olávio.

— Que eu saiba, nós não vamos para o Espírito Santo amanhã – Olávio riu sozinho com uma piadinha que ninguém escutou, e volta a dar atenção para mais uma equipe que chegava irreconhecível junto com um relâmpago que fez Olávio dar um salto no ar – Quê isso!? Um anão? Ah é a esquisita! Esquisitos, medalha de bronze!

— Que tempestade terrível! – Lilith sorri – É perfeito!

Em seguida, sujos dos pés a cabeça, Os Militares garantem o quarto lugar, e Os Índios, segurando os saiotes que se arrebentaram pelo caminho, garantem o quinto lugar; em sexto, Os LGBT conseguem ultrapassar Os Desempregados após Alice perder um sapato no caminho:

— Engraçado que quando fui fazer a prova pra gari aconteceu à mesma coisa – ri a jovem.

Em oitavo, Os Youtubers chegam como se estivessem fugindo de uma chuva de verão repentina na praia. Logo atrás, As Testemunhas de Jeová pareciam ter feito a romaria pelo Brasil a pé.

— Cadê a arca? – ri Olávio – O nono lugar é de vocês, amém?

— Glória a Deus! – exclama a dupla se ajoelhando no tapete antes amarelo, agora imundo.

 

Em décimo, Mãe e Filha chegam irreconhecíveis a final:

— Pelo menos o cabelo abaixou – ri Olávio antes de receber um chute na perna dado por Angélica.

— Otáviô! Me arranja um secador que meu cabelo tá parecendo um esfregão – pede Vera secando a cabeleira com uma toalha dada por um staff do programa.

— Tá senta lá Vera – dispensa Olávio tentando enxergar quatro borrões vindo em sua direção.

 

Correndo pelo terreno irregular e lamacento, as duas últimas equipes, torcem para que não sejam atingidos por algum raio ou objeto carregado pelo vento. A Velha Guarda acostumada a correr quando ouve o carro da pamonha, toma a liderança, mas são ultrapassados quando Mateus e Jéssica são carregados por uma rajada de vento; a mesma que faz Martha perder o equilíbrio e perder os óculos.

— Tô cega!

Antônio, como sempre cuidadoso, na tentativa de ajudar a esposa a se levantar, sem querer pisa sobre os óculos e os afunda na lama. Os Melhores Amigos mesmo com machucados nas pernas e braços, tentam não serem carregados novamente pelo vento e continuam seguindo de mãos dadas, e ao verem Olávio, usa as últimas forças para garantir a permanência no jogo.

— Vocês tem que comer mais! – diz Olávio os segurando pelas camisas para não fossem carregados pelo vento – Parabéns, vocês garantiram o último lugar!

Atchoo! — espirra Jéssica sugando a meleca que escorria pela narina.

— Eca! Vão! Entrem logo! – expulsa Olávio a dupla para dentro da tenda – Pessoal, ajudem os idosos antes que eles peguem uma pneumonia!

 

A pedido do apresentador, o pessoal da produção ajuda a dupla a chegar a Zona de Relaxamento antes que encontrassem a gripe:

— Martha, Antônio, foi por pouco, mas infelizmente vocês estão eliminados da competição...

— Ah, que pena – lamenta Martha olhando para uma palmeira que enfeitava o interior da tenda.

— Querida, ele tá aqui – ri Antônio pondo-a de frente para a câmera e Olávio.

— Ah – riu a senhora – Perdi meus óculos e não estou enxergando direito.

— Gente, exame de glaucoma agora! – cochicha Tony vendo a cena.

— Foi um prazer participar de mais uma competição – diz Martha se lembrando das aventuras que teve nas dez cidades em que visitou, como a descida de tirolesa em Brasília e o samba do Rio de Janeiro – Quem diria que uma velhota de 62 anos ia chegar em décimo!

— Pois é – concorda Antônio – Espero que nós tenhamos despertado os idosos a fazerem mais exercícios físicos, claro, não tão extremos como os do Total Drama, mas que possam pelo menos dar uma volta no quarteirão de vez em quando. Nós vencemos oito equipes, com idades de nossos netos! – riu - Falando nisso, pessoal, vovô e vovó estão voltando! – terminou acenando para a câmera e pegando uma toalha para ele a esposa.

— É... E mais uma etapa chega ao fim – diz Olávio sendo interrompido por um relâmpago que rasga o céu e faz o chão tremer com seu trovão, enquanto que a chuva continua a bater nas paredes da tenda que são balançadas pelo vento forte – Nos vemos em algum canto do país em um próximo episódio do Total-Drama-Tudo-ou-Nada-Brasil!

Assim que Olávio se despede, mais um relâmpago cai e dessa vez leva a luz da tenda junto.

— Se nem pagaram a conta de luz, quero ver como vão pagar dois milhões na final – diz Luis no escuro.

— Alguém liga o gerador! – pede o apresentador.

— Que gerador? – pergunta um dos staffs mergulhando a tenda em um silêncio mortal.

‘ta que pariu!— cochicha Vera na escuridão do começo da noite – Só falta um dinossauro aparecer por aqui...

No mesmo instante um rugido alto encheu a tenda que voltou a ficar silenciosa.

— Ih, foi minha barriga! – responde Soldado Mello envergonhado.

 

Mapa da Competição no Acre!

...continua...

(^_^)/

by Hikari-Ouji


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Notas finais do capítulo

Curioso para saber por ondes nossos corajosos participantes andaram passando? Acesse o link no final da fanfic para ver tudo o que rolou na competição no Acre. Fotos dos locais onde estiveram, dos desafios e até imagens do mapinguari, dos peixes e da fábrica de piscicultura estão lá! Acessem também meu perfil, e confira o "Diário de Bordo Total Drama: Especial" para mais informações e maiores explicações inclusive sobre a demora dos capítulos. Aproveitem!!!



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