Enchanted - Taylor Swift ♪

Emma parecia segurar a respiração mais do que era humanamente possível. Ela deixou a sala de Zelena o quão rápido pode, bateu com força nos botões do elevador e ele não se movia, era desesperador. Num impulso imediato ela desceu correndo tantos lances de escada que mal poderia contar, só queria sair daquele lugar e estar sozinha com seus próprios pensamentos.

Avistou o fusca amarelo no estacionamento e num instante uma sensação de paz invadiu sua mente. Ela estava segura, agora estava em casa.

POV Emma.

Dirigi com calma, me concentrando apenas na paisagem pelo caminho, memorizando cada detalhe da vista. Eu não podia ceder aos meus medos, precisava enfrentá-los e eventualmente eu agradeceria à Regina Mills por isso. Chegando ao apartamento encontrei um bilhete na porta:

I’m sorry.

                  - Killian.

A sensação de paz se foi, agora a raiva tomava conta daquele ambiente. A memória de Killian e todas as suas palavras agressivas me enojavam, aquele bilhete me enojava. Não havia perdão.

Descartei o pedaço de papel, joguei as roupas pelo chão do banheiro e entrei no chuveiro deixando o jato de água quente descer vagarosamente pelo meu corpo. Esqueci todas as minhas aflições, ao menos por aquele momento.

Não consegui deitar na cama, ela me trazia lembranças do que acontecera pela manhã. Me joguei, ainda de roupão, no sofá e liguei a televisão num filme preto e branco muito antigo. Deixando-me envolver pela história, adormeci e logo imagens confusas surgiram. Lábios vermelhos, louboutins caminhando, rodinhas de malas e o som de embarque. Acordei num salto.

Eu suava frio, tudo parecia real demais, mais uma premonição do que um pesadelo. Me levantei e corri até a pia do banheiro, lavando meu rosto com água gelada e em seguida encarando-me no espelho.

— Emma Swan como você é patética. — repetia num monólogo tentando calar o medo dentro de minha cabeça.

Eu estava com medo, era isso, lidar com o medo era uma tarefa árdua para alguém que raramente admitia uma fraqueza, além de tudo ainda havia Regina, uma mulher que provavelmente usaria de qualquer ato falho contra mim. Estava chegando a hora, era inevitável. Entre um tremor e outro eu arrumava uma pequena mala sem saber ao certo o que levar, num instante acabei, comecei a me arrumar com uma calça jeans, blusa social e sapatos de salto que não usava há séculos.

Estava a caminho do aeroporto tentando ignorar o fato de que entraria num trambolho daqueles, ao me aproximar do local comecei a tremer novamente. Com pesar deixei meu fusca no estacionamento e liguei para Ruby buscá-lo mais tarde naquele mesmo dia.

Agora o pesadelo era real, o som das rodinhas de minha mala, os avisos de embarque, pessoas apressadas andando de um lado para o outro, chegadas e partidas. Tudo parecia confuso até que avistei uma mulher admirando os aviões através de um enorme vidro, parecia serena e muito íntima daquele universo, me permiti observar a tranquilidade dela e me envolver pela paz que ela trazia até notar seus lábios vermelhos e louboutins associando imediatamente aquele instante à estranha premonição da noite anterior.

Estava tensa, sentada em cima da mala até que a mulher veio arrastando sua própria em minha direção, repetindo meu gesto sentando-se ao meu lado.

— Primeira vez num avião? — perguntou despretensiosamente.

— É sim. ­­— respondi meio tímida. De alguma forma a presença daquela mulher me deixou intimidada e interessada ao mesmo tempo. Precisava descobrir quem ela era mas Regina estava à minha espera em Nova York e eu não poderia me distrair com nada naquele momento.

— Não precisa se preocupar, aviões são um meio muito seguro para viajar, mais do que os carros inclusive. — ela disse tranquila, apenas dei um sorrisinho amarelo e assenti mas minhas pernas e mãos tremiam incontrolavelmente.

Logo ecoou o chamado de embarque para Nova York e em desespero me levantei, a mulher ao meu lado também se levantou.

— Meu voo. — disse sorrindo.

— É o meu também. — minha voz quase não saiu. Ela estendeu a mão e se apresentou, congelei por dentro.

— Prazer, sou Regina Mills.

— Prazer, Emma Swan e, a propósito, sou sua nova secretária. — que diabos ela fazia ali?

Aquela era Regina Mills, uma imagem imponente mas não deixava de ser doce. Ela vestia um terninho preto e tinha uma sensualidade discreta. Minha nova chefe me respondeu aos risos.

— Ora, então você é a nova babá que minha irmã contratou?

— Sou sua nova secretária não a babá, senhora. — respondi sem entender e mais uma vez ela riu.

— Eu entendi Miss Swan, fiz uma brincadeira.

— Aaah sim. — disse sem graça por ser incapaz de entender uma piadinha. Boa Emma, excelente, já começamos com a mulher pensando que sou lenta ou não tenho senso de humor.

Depois da breve vergonha segui Regina até o portão de embarque e caminhamos em silêncio por um longo corredor, rapidamente estávamos lado a lado em poltronas mais confortáveis do que imaginava mas eu estava um tanto catatônica com a ideia de viajar em um avião.

Era a primeira classe, as pessoas eram elegantes e bem vestidas, apostaria que mais da metade eram executivos de grandes multinacionais. Minha chefe se sentou e deu dois tapinhas na poltrona ao lado dela indicando que eu sentasse, em seguida ela pediu uma água mineral.

O comissário chegou com a água e ela me entregou enquanto segurou minha mão e pediu que eu não me preocupasse.

— Emma, eu entendo o pânico, meu noivo também sofria com o medo de voar. Beba um pouco de água ou algo mais forte se você quiser e quando o avião decolar você pode apertar minha mão, isso vai ajudar um pouco.

Um gesto inesperado de gentileza. Regina Mills já conseguira me surpreender duas vezes em apenas uma hora. O que mais eu poderia esperar?