We Are All (Looking For Home) - Leona Lewis ♪

7:30 AM.

 O velho despertador começa a tocar insistentemente num ruído de agredir os ouvidos. Com um único soco, sem nem mesmo abrir os olhos, Killian parou a musiquinha irritante que ecoava pelo quarto.

Ao seu lado, Emma dormia calmamente, como um anjo, delicadamente envolvida em um fino lençol de linho que deslizava por sua pele. Ela parecia em paz, até o maldito despertador cor de rosa desbotado dos Ursinhos Carinhosos começar novamente. Killian bateu no objeto detestável perguntando-se o porquê de Emma ainda usar aquilo, não era de fato algo que fosse a cara dela.

Emma acordou num salto desta vez, o som da música tema dos Ursinhos Carinhosos remetia momentos felizes da época em que viveu com uma família acolhedora. A pequena Emma amava se sentar no tapete da sala, aos seis anos de idade, com uma caneca de chocolate quente (sempre com canela) enquanto assistia seu desenho favorito. Ela queria sentir todas as manhãs a segurança que aquela garotinha sentia, por isso manteve o relógio que ganhara de presente em seu sétimo aniversário, pouco antes de sua mãe adotiva falecer, o pai quebrar emocionalmente, e devolver todas as crianças ao serviço social.

Killian certamente não conhecia a história por trás do despertador que tanto detestava, não sabia muito sobre Emma além do que conversavam sobre o trabalho e os casos que investigavam. Ele era seu parceiro na Gold Investigation S.A, trabalhavam juntos há anos. Secretamente dividiam a cama, mas nunca confidências.

Emma sacudiu Killian e ele levantou meio grogue, estava especialmente afetado pelo vinho barato que eles beberam na noite anterior.

 — Killian! O que fez com o despertador seu cretino? — Emma despertou esbravejando. 

 — Ele é chato. Faz essa musiquinha parar, ela está tocando dentro da minha cabeça. — Killian disse quase inaudível, com a cara amassada sobre o travesseiro.

 Ela ficou sentada na cama por dois segundos, olhou o relógio e OITO DA MANHÃ! Entrou em pânico ao se dar conta que em quarenta minutos deveria estar na Mills Corp para uma entrevista de emprego com a CEO e uma das herdeiras da empresa mais rentável do Maine, Zelena Mills.

A entrevista era parte de um plano meticulosamente elaborado por Emma e seu chefe, Mr. Gold, mais conhecido por seu codinome "Dark One". Gold era dono da melhor Companhia de prestação de serviços de investigação particular e empresarial do estado, contratado para desvendar os podres de pessoas poderosas e o alvo da vez era Regina Mills, diretora de marketing e recursos humanos da Mills Corp, suspeita de fraude e desvio de milhares de dólares da empresa do próprio pai.

1 SEMANA ANTES┃ POV Emma.

 Era uma manhã deliciosamente preguiçosa. Depois de sete meses infiltrada como Leia Brown em Boston, eu estava de volta ao Maine, finalmente poderia ser apenas Emma Swan outra vez.

Após muito tempo assumindo um personagem e levando uma vida que não era minha, eu me sentia um tanto deslocada em meu próprio mundo. Precisava me reencontrar e Gold compreendeu minha necessidade de passar ao menos alguns dias afastada de tudo.

Acordei ás 9:00 e fiquei de pijama esparramada no sofá, a sensação era boa e o que mais desejava era passar horas a fio assistindo Netflix na companhia de um baldão de pipoca e talvez alguns burritos para o almoço.

Estava entretida num episódio de Sherlock quando o telefone tocou. Eu não queria atender mas sabia que Ruby sempre ligava para checar como eu estava, ela sabia que eu havia voltado de Boston e se não atendesse em vinte minutos estaria batendo em minha porta. Eu não tinha muitas pessoas nas quais confiar, mas Ruby era alguém que realmente se importava comigo, era minha única amiga e não poderia preocupá-la. Atendi.

 — Alô?

— Miss Swan? — hm Miss Swan, droga deve ser cobrança, melhor eu não responder.

— Miss Swan, sou Mary Margaret Blanchard da Mills Corp. — Mills Corp? A empresa que fabrica a torta de maçã que mais amo no mundo?

 — Eeeh... Sim, sou eu. Em que posso ajudá-la?

 — Miss Swan, primeiramente perdoe-me por atrapalhar sua folga, estive com seu chefe, ele me contou sobre dar-lhe espaço por um tempo e compreendo mas tenho um assunto de gravidade extrema, preciso do melhor detetive da Gold trabalhando em meu caso. Não peço que assuma a investigação por hora, apenas aceite meu convite para um jantar, Mr. Gold também estará lá. — Disparou a falar sem parar. Em que merda eu me meteria se aceitasse a proposta? Recusar não era uma opção já que Gold havia aceitado o convite, deveria ser um caso grande.

 — Bem... Está tudo bem Miss Blanchard. Sei que não ligaria se não fosse um assunto importante. Além do mais, sou uma admiradora de sua empresa, principalmente das tortas de maçã orgânicas. — Ela riu suavemente do outro lado.

— Então teremos torta de maçã para a sobremesa! Um carro da empresa irá buscá-la ás 20:00 para um jantar no Arturito. 

 POV Emma OFF.

Durante o jantar Emma escutou atentamente cada informação sobre a Mills Corp. Mary Margaret entregou-lhe uma pasta com todos os detalhes mais importantes para que a detetive e Gold criassem um plano de ação.

Miss Blanchard era jovem, polida em sua fala e de aparência extremamente delicada. A primeira impressão era de que ela saíra diretamente de uma animação da Disney para o mundo real. Lídimo engano, Mary era uma das maiores acionistas da Mills Corp, seu pai Leopold fundara a empresa, anos atrás, ao lado de Henry e Cora. Com  o tempo Leopold adoeceu e vendeu grande parte de suas ações, deixando apenas o que cabia a sua filha.

Mary tinha 25% das ações, estava à frente dos pequenos acionistas mas não alcançava o poder das irmãs Mills. Ela ocupava uma posição importante como COO, Diretora de Operações, era o braço direito de Zelena, porém era ambiciosa e almejava o posto de CEO, como Diretora Executiva e maior autoridade na hierarquia operacional da empresa. Ela e Zelena eram amigas mas isso não era relevante quando o sucesso na Mills Corp estava em jogo.

 Mary Margaret precisava encontrar podres de Zelena e Regina para expor aos acionistas e conseguir, assim, uma quantidade de votos suficiente para assumir o cargo ao qual tanto desejava. 

 Por hora, Mary sabia que manter Zelena como sua aliada era o melhor a fazer. Zelena era dissimulada, sorrateira e detestava a irmã. Regina inocentemente confiava nela, e isso era um ponto positivo para derrubá-la.

Mary ouvira pelos corredores da empresa que a secretária de Regina havia entrado em licença, prontamente sondou Zelena para que convencesse a irmã a contratar uma nova assistente. 

 Zelena garantiu à Regina que se certificaria de que a moça fosse de confiança e faria pessoalmente a entrevista para selecionar a nova ocupante do cargo, no caso Emma, uma "amiga" de Mary Margaret. Zelena não sabia que Emma era detetive, muito menos que era, também, alvo de Mary Margaret.

 Agora Emma estava no meio de uma trama familiar cheia de interesses e a caminho de seu primeiro encontro com a poderosa herdeira mais velha da Mills Corp.