PRÓLOGO

Os guerreiros iniciaram uma luta contra um guerreiro praticamente indestrutível. A noite era de céu alaranjado com ventos cortantes, rápidos como facas de mesa arremessadas. O som de trovões trazia junto consigo mesmo um clima sombrio, enquanto gritos de guerreiros sendo abatidos complementava aquela noite de caos.

—É inútil continuarem com essa luta patética. –O inimigo disse a si mesmo, imobilizando mais um guerreiro e o jogando com força sobre o chão de tijolos escuros em que estava. O mesmo pisoteou o corpo desmaiado –ou morto- dos guerreiros no chão, enquanto atravessava a destruição. Ventos sopraram contra o jovem, que aparentava ter dezesseis anos, os cabelos púrpuros e claros estavam descidos, cobrindo metade do rosto e escondendo um pouco do sorriso maligno estampado na face. O cenário era uma cidade com casas medievais, maiorias feitas de tijolos de pedra com tetos que lembravam torres de um tabuleiro de xadrez. As ruas estavam com gotas de um sereno leve que chegou quase três horas antes que o garoto tivesse destruído metade dos guerreiros restantes da Grand Chase. Ao encontrar mais três guerreiros, ele os cercou com uma esfera de água, e antes que eles pudessem se mover, o corpo tombou duro no chão como uma jaca. A noite se destacava por caos e destruição, ambos vindos do mesmo ser, conhecido apenas por um nome e um sobrenome.

Azin Mujin.

O jovem continuou caminhando, um sereno mais grosso do que o habitual se iniciou no meio da caminhada, e pouco tempo depois, ele começou a sentir uma energia diferente das que ele estava sentindo até então. As pernas pararam, o ar entrou nos pulmões e os encheu rapidamente, e as cordas vocais se ligaram.

—Jin Kaien. Finalmente encontrei você. –Declarou o garoto, com os olhos fechados, tentando sentir de onde a energia se localizava, o que mostraria onde ele estava. Antes que Azin dissesse algo, o ataque veio mais rápido; Um chute foi projetado em si mesmo pela esquerda, numa velocidade fascinante, enquanto uma áurea feita de chamas altamente fortes envolvia o dono do ataque. Azin sentiu o corpo ser arremessado com força nos tijolos de uma construção em reforma, e antes que pudesse reagir ao ataque, o garoto em chamas afundou um soco em seu rosto.

Bloqueado pelo punho, o próprio punho.

—Azin Mujin. –Ele conhecia o guerreiro; Sabia quem ele era, pelo contrário do exército que fracassava consequentemente no ataque. –Há quanto tempo.

—Eu poderia dizer o mesmo de você. –Deu uma pausa, continuando em seguida. –Eu vigio você desde o dia que me deixou nas mãos de Cazeaje, colega.

—Não sou seu colega, e não te deixei nas mãos de Cazeaje, seu...

—Seu o quê? –Azin o cortou antes que algo ruim viesse do de cabelos de fogo. O garoto a sua frente tinha uma pele clara, os olhos amarelados e os cabelos de fogo se destacavam na aparência, enquanto as chamas atraíam bastante atenção para quem às visse. Ele era um ano mais velho que Azin, mas a força de ambos parecia igual. –Você não passa de um miserável, desgraçado.

Jin se exasperou, investiu um soco no estômago de Azin, defendido pelos pés. O corpo de Azin girou com velocidade e os pés acertaram o queixo, jogando o corpo do adversário ao solo. Azin correu para ataca-lo antes que ele se levantasse, e Jin carregou energia nas palmas das mãos. –ONDA ENERGÉTICA! –Uma esfera laranja-avermelhada foi com velocidade em direção ao de cabelos púrpura, que o acertou em cheio. Tendo o adversário desnorteado temporariamente, Jin correu para cima do mesmo e começou a soca-lo com velocidade, os socos eram fortes, e um murro acertou o nariz, dando um ataque explosivo no tórax que arremessou Azin dezenas de metros longe numa praça.

O guerreiro tentou se levantar, com o corpo pouco imobilizado e com o rosto marcado por golpes em chamas, que deixaram marcas escuras. Azin estava sendo derrotado, humilhado e massacrado, e ele era orgulhoso demais para permitir aquilo. Moveu-se lentamente, até ficar de pé e na posição de combate.

 -É melhor desistir e se entregar para a Grand Chase, Azin, ou eu vou ter que acabar com você de uma vez por todas, aqui, e agora! –A voz grossa e firme do garoto a sua frente deixou Azin irritado. Exasperado, Azin focalizou o olhar nele, e então sorriu.

—Ninguém liga. –Azin foi mais rápido que um raio para frente de Jin, ele se espantou e antes que reagisse ao ataque, Mujin atingiu todos os pontos vitais numa velocidade espantosa, como se o tempo tivesse sido parado, e quando voltou, Jin soltou um grito.

—Grr... Aaaaa! –O corpo se ajoelhou e Jin começou a cuspir montes de sangue no chão, enquanto Azin ria alto.

—Está surpreso, Jin? Eu te disse que você era um miserável, certo? Ah é... Esqueci-me de informar que você ainda é muito fraco, Kaien... Seu poder nunca vai ser tão forte quanto o meu! Eu sou um Deus, sou o Deus dos deuses, o mais forte de todos!

—Cala... A... Boca... –Jin forçou em protestar, enquanto tossia sangue puro.

Azin projetou uma joelhada no rosto de Jin, fazendo-o ser arremessado com força no solo. O vento ficou mais forte, enquanto Azin sorria mais largo.

—Fraco... Fraco! –Azin exclamou. As palavras ecoavam na mente de Jin, e aquilo se repetia em frenesi para ele.

Fraco...

Fraco!

—Para... Com... Isso...! –Jin usou todas as forças sobrando e se jogou por cima de Azin, ambos giraram no solo, enquanto murros se chocavam contra o rosto dos dois. Azin carregou energia no punho esquerdo no peito de Jin, que saiu de cima de si rapidamente. Azin correu até ele e o acertou diversas vezes em frenesi, socos vieram na face, no estômago, no maxilar, e finalmente um chute de esquerda que jogou o corpo fraco no solo, e antes que ele caísse...

—Dança Da Sintonia! –Azin saltou para frente com velocidade e acertou o corpo de Jin de diversas formas no ar, fez linhas inclinadas apenas com velocidade, finalizando com um chute na costela direita que fez o corpo de Jin cair diversas vezes, girou, e enfim parou, com a face afundada no solo e os braços jogados. –Eu disse que você era fraco, Jin.

O jovem caminhou lentamente até o corpo jogado de Jin, que agora tentava rastejar para fugir. Azin riu da cena, e chutou o corpo jogado duas, três quatro vezes, e quando parou, Jin estava gemendo. Levantou-o pelos cabelos grandes e sorriu, observando o rosto com sangue na face.

—É patético você ter se arriscado em me enfrentar sozinho, com esperanças falsas de que me mataria com facilidade. Sabe o que eu digo? Que você fracassou Kaien. –O guerreiro abriu a mão e mirou o rosto de Jin, agora com o rosto limpo. Uma pequena onda de energia começou a ser carregada, e se expandiu pouco a pouco.

—Pode me matar então, Azin. Mostre ao nosso mestre que você é mais forte do que eu. –Jin se rendeu, forçando um sorriso de canto. –Se é isso o que você tanto quer, faça logo.

Azin suspirou.

—Pois muito bem, eu vou fazer uma morte rápida pra você, Ji... –Antes que Azin atirasse a esfera, uma lâmina grossa o perfurou com força, e o atravessou. A risada do jovem parou no mesmo instante, e ele começou a gaguejar, sentindo como se a morte estivesse perto de si naquele instante. Porém o que estava era uma garota de cabelos vermelhos clareados, sorrindo para Jin quando o viu arregalar os olhos com o ataque.

—M-M-Mas... Q-que... D-Droga... –Azin começou a se lamentar, enquanto montes de lágrimas desciam dos globos oculares.

—AZIN! –Jin gritou em desespero, vendo o ex-amigo chorar e morrer aos poucos. –Elesis, por que você o matou? POR QUÊ?!

—Ele iria te matar, Jin! O que esperava que eu fizesse?! –Elesis removeu a lâmina com a mesma força que usou para penetrá-la, fazendo o corpo de Azin cair no chão. Ficou de joelhos, e então o rosto se afundou no solo.

—Droga, Azin! –Kaien estava desesperado, os gritos eram tão altos que poderiam quebrar a barreira do som. Jin virou o corpo de Azin para cima, vendo-o cuspir sangue e observando o ferimento no centro do corpo.

—C-Calma, Jin... Eu vou ficar bem, no outro mundo... –A voz vaga de Azin demonstrava que ele estava bem perto do fim.

—Não, você não pode morrer!

—Eu mereço a morte, amigo... –Azin admitiu. –Eu mereço sofrer pelos meus pecados, preciso ser julgado no tribunal infernal por meus atos e crimes e... –Pausou, enquanto tossia. –assassinatos... Eu vou me lembrar de você, irmão, e vou te esperar no outro mundo, amigo...

A respiração de Azin enfim parou.

Antes mesmo que ele pudesse dizer o resto.

—NÃO! –Jin gritou. –Não, AZIN!

—Jin, pare... Ele merecia a morte, ele queria isso, mas estava dominado pelas trevas... –Elesis continuou tentando acalmar a situação, enquanto Jin chorava. Ele colocou as mãos na cabeça, e então começou a gritar. E gritar, e gritar, e gritar. Os gritos se misturaram contra o vento, e finalmente, Jin urrou o nome de Azin, quando energia explodiu dentro de si. Algo se soltou, algo despertou, uma força sobrenatural se ativou dentro de Jin, enquanto a alma de Azin ia embora. Jin explodiu de energia, e continuou a gritar, enquanto a terra tremeu por um minuto inteiro. Elesis se espantou com aquilo, e aquela cena continuou numa noite de trevas e morte, em que pessoas morriam e estrelas sumiam.

Tudo numa noite sombria.