Harmony Blanks escrita por Miranda, Marie Ann


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Hoje é quarta, dia de capítulo novo!!
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/704146/chapter/2

Harmony Blanks

Dois anos se passaram e minha família continuava pensando que eu estava cursando a faculdade de Direito em Harvard. Porque eu não tive a coragem de assumir pra eles que eu fracassei nos meus planos e que eu era tão perdedora quanto eles. Nunca mais tive notícias do Adam e duvidava que ele soubesse algo sobre mim, cuidei pra que eu fosse esquecida o mais rápido possível.

As vezes sentia saudades dos meus planos... Desde o colegial eu repetia para mim mesma que concluiria minha graduação e me casaria com o Adam. Eu nunca imaginei ser mãe aos vinte e um anos, trabalhar como garçonete em uma cafetaria, dividir um apartamento em New York com uma cantora fracassada e não comparecer nas festas da minha família. Perdi Ação de Graças, Halloween, Natal, Ano Novo e tantas outras datas festivas sempre colocando a culpa nos estudos.

E se alguém está se questionando como está o psicológico da minha filha de quase dois anos que não conhece o pai e os avós, eu respondo: “Ela está muito bem, obrigada.”

Uma das coisas que aprendi sendo mãe - se eu citasse todas aqui, isso viraria um manual de sobrevivência para mães de primeira viagem - foi que qualquer pessoa ao seu redor sentia o direito de opinar.

Quando fui a cafetaria a procura de trabalho já estava com cinco meses e uma barriga monstruosa de enorme. Eu nunca fui magra, mas era estranho a sensação de não conseguir enxergar meus pés, ver que o casaco não fecha e ficar apaixonada por roupas do setor masculino. Me lembro que vi a senhora Picker na bancada, quando questionei se tinha vagas para garçonete, e ela me respondeu com aquela voz típica de fumante: “Você está fazendo pré natal?”. Esse foi o meu primeiro contato com os famosos “intrometidos”. Tive que insistir para conseguir a vaga na Picker’s Coffe, jurando por Deus e o mundo que meus quinze quilos extras não me impediriam de exercer a função. E não impediram, pois trabalhei duro até o dia em que a bolsa estourou.

Mas nem tudo na minha vida era cinza e ruim, tive a chance de conhecer pessoas maravilhosas na cafetaria como o senhor e senhora Picker, que são os avós que eu nunca tive, Thomas, o cozinheiro, é o amigo mais sentimental de todos, Leah que também é garçonete e tenta ser cantora  nas horas vagas, me ofereceu um lugar em seu apartamento e estamos lá até hoje, e o Jeffrey, da limpeza, que é o amigo mais filósofo, conselheiro e “eu te disse” do mundo.

Leah me acompanhou até a sala de parto, insistiu em ficar comigo e segurar minha mão, mas desmaiou no primeiro grito que dei ao sentir uma contração… De certa forma, valeu a intenção. Quem ficou ao meu lado o tempo todo foi Jeffrey, já que Sr. e Sra. Picker não poderiam fechar a cafetaria e nem liberar o cozinheiro. Seria legal dizer que as dores do parto foram minimizadas só de ter a presença de um amigo comigo, mas parto normal é muito intenso, para não dizer infernal. Porém, não me arrependi e desde o começo da gestação conversei com profissionais e decidi que faria o melhor para a minha filha. Eu só me preocupava com a saúde dela e, lendo sobre riscos de uma cesariana, decidi que suportaria essa dor - imaginem uma dor enorme - em troca do choro mais gostoso que ouvi na minha vida. E pra ser sincera, foi melhor do que eu esperava. Consegui alta hospitalar no dia seguinte, minha filha estava saudável e eu já podia andar e me mover perfeitamente.

Leah e eu preparamos com antecedência o apartamento para a chegada de Omaha Kimi. Ela precisava estar num lugar seguro e limpo, por isso fomos cautelosas nos detalhes e arrumamos tudo para quando ela chegasse. Isso incluía guardar toda a bagunça da Leah que se resumia em: fios, instrumentos e peças pequenas que minha pequena poderia engolir. Eu não tinha dinheiro o suficiente mas consegui adaptar meu quarto para mim e minha filha da melhor maneira: não comprei berço e nem brinquedos desnecessários, me inspirei no método Montessori e montei um ambiente simples, seguro e que estimulasse a capacidade de pensar da Omaha.

E é aqui que ela deu seus primeiros choros, que eu aprendi que colocar fralda não é tão simples quanto parece e que pode vazar cocô a qualquer momento, que eu me dediquei a amamentar Omaha na hora que ela quisesse, que ela deu seus primeiros risos, primeiras palavras… esse lugar é recheado de lembranças.

Sr. Picker me deu seis meses de licença maternidade e depois que esse prazo se esgotou, eu passei a levar Omaha para a cafetaria. Foi complicado atender os clientes com uma bebê escandalosa por perto, mas nós da cafetaria não nos importávamos, ela fazia parte da “família”.

E quando minha filha completou um ano e meio a coloquei em uma escola porque ela precisava começar a interagir com outras crianças, e aprender a ter uma rotina saudável.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que achou desse capítulo?
Ah... se você quiser manter contato ou ficar sabendo de outras histórias, nos acompanhe e fale conosco:
https://www.facebook.com/clubeficoff/
Deixa seu recadinho aqui e até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harmony Blanks" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.