Pedro não demorou mais de 10 minutos para aparecer na porta.

— Belo pijama! – Falou ele me olhando de cima a baixo quando abri a porta.

— Obrigada! – Agradeci sorrindo timidamente. – Entre por favor. – Falei.

Pedro entrou, eu fechei a porta e fiquei encostada nela.

— Eu já estava indo embora quando você ligou. – Falou ele.

— Me desculpe! – Falei.

— Tudo bem, somos amigos né?! – Falou Pedro.

— Sim, foi exatamente por isso que te chamei precisava falar com um amigo. – Falei sincera. – O que vai fazer quando sair daqui? – Perguntei.

— Vou para casa descansar, fazer maratona de séries ou qualquer outra coisa, amanhã é minha folga. – Respondeu ele sorrindo.

— Entendi, fico feliz por você poder descansar, mas triste porque não irei te ver. – Falei.

Pedro me olhou com um olhar questionador e senti que ele estava com medo de dizer o que queria, houve alguns segundos de um silêncio constrangedor.

— Quer sair? – Perguntou ele por fim.

— Sim! – Respondi sem pensar duas vezes.

— Nossa, que alívio! – Exclamou ele feliz. – Pensei que levaria um não, já estava preparado para o pior. – Falou ele rindo.

— Bobo! – Falei.

— Só preciso bater meu ponto. – Falou Pedro.

— Eu tenho que me arrumar, porque assim não da para sair. – Apontei para o pijama. – Você me espera 30 minutos? – Perguntei.

— Te espero sim. Preciso descer, mas estarei no estacionamento. – Respondeu ele.

— Ok. – Falei abrindo a porta.

Pedro se foi, eu peguei um sanduíche e comecei a comer, fui até o guarda roupas e peguei uma calça jeans skinny preta, blusa regata branca, minha jaqueta de couro preto e meu coturno.

Terminei o sanduíche, escovei os dentes, passei uma maquiagem leve, vesti a roupa, arrumei o cabelo, peguei minha bolsa e saí.

***

Desci até o estacionamento do subsolo e avistei Pedro ao longe, encostado em uma moto preta. Não estava mais usando seu habitual uniforme branco e azul, agora seu corpo definido estava coberto por uma calça jeans preta, blusa de manga comprida cinza e jaqueta de couro preta.

— Nossa, você está lindo! – Falei ao me aproximar.

Pedro abriu um sorriso lindo de orelha a orelha e arrumou a postura.

— Você também está muito linda! – Falou ele. – E agora posso elogiar à vontade que não será assédio, pois não estou mais em trabalho. – Falou ele sorrindo.

— Relaxa, não vou te processar. – Falei.

— Ótimo! Para aonde quer ir? – Perguntou ele.

— Você que manda hoje. Não quero escolher, quero surpresa! – Respondi.

— Tudo bem, então você vai conhecer o meu mundo! – Falou Pedro.

— Ótimo. – Falei.

Pedro tirou a chave da moto do bolso.

— Esqueci meu capacete no armário! – Disse ele batendo a mão que não estava segurando as chaves na testa.

— Vamos de moto? – Perguntei.

— Sim. Tem medo? – Perguntou ele.

— Não... – Falei pensativa.

O problema não é ter medo de moto até porque não tenho, mas isso é quando eu estou no comando. Quando outra pessoa está envolvida e ainda mais se essa pessoa é quem estará na direção é totalmente diferente.

— Muito bom. Vou buscar o capacete, já volto. – Falou Pedro e saiu correndo em direção ao elevador de serviços.

Alguns minutos depois Pedro apareceu com um capacete preto na mão.

— Pronto, agora vamos! – Falou ele.

Pedro pegou um capacete extra igual o dele no compartimento da moto. Subimos na moto e eu segurei em sua cintura.

Assim que saímos na rua fiquei com um pouquinho de medo e acabei apertando ele mais do que deveria. Com o passar do tempo, o vento no rosto, as luzes da cidade e tudo em volta foi me deixando mais confortável e fui afrouxando as mãos.

30 minutos depois estávamos na região do Butantã, paramos em frente a um fliperama, a fachada do lugar era bem colorida.

Descemos da moto.

— Espero que esteja disposta a apostar. – Falou Pedro tirando o capacete.

Sorri questionadora.

— Vamos ver! – Falei.

Fomos em direção a entrada. Ao longe já conseguia ouvir uma música animada da Sia.

— Duas. – Falou Pedro para a moça da bilheteria.

— Liberação para todas as atrações? – Perguntou a moça.

— Sim. – Respondeu Pedro.

— R$80,00 reais. – Falou ela.

Pedro deu o dinheiro e pegou o bilhete de entrada.

— Bom divertimento ao casal. – Falou a moça acenando.

— Casal! – Falou Pedro rindo assim que se afastamos dela.

— Deixa ela achar isso. – Falei rindo.

Passamos pela entrada e vi que o local estava lotado, a maioria das pessoas eram crianças e adolescentes e alguns pais. Talvez eu e Pedro fôssemos os únicos mais novos sem filhos ou qualquer outra criança por perto.

— É aqui que você passa sua folga? – Perguntei.

— Não, é aqui que venho quando quero ser criança e fugir dos problemas. – Respondeu ele.

Encarei Pedro e olhei nos seus olhos, mas não conseguia enxergar nenhum problema de adulto através deles, pelo contrário, Pedro estava sorrindo e seus olhos brilhavam realmente como de uma criança.

— Vem muito aqui? – Perguntei.

— Não, fazia tempo que não vinha, era meu lugar favorito quando criança. – Respondeu ele pegando minha mão. – Vamos começar pela corrida! – Falou ele me puxando para o lado dos carrinhos.

O lugar era um galpão enorme dividido em dois andares, onde estávamos ficava a parte de jogos de corridas com simuladores de carros, jogos de dança, máquinas de jogos estilo Las Vegas entre outros. A parte de cima Pedro disse ser dividida em duas partes, um lado com boliche e a outra com mesas de sinuca e cartas.

— Fica com o carro vermelho que ficarei no azul. Vamos ver quem ganha! – Falou Pedro.

— Bem competitivo você! – Falei.

— Talvez eu seja um pouco. – Falou ele com um sorriso torto.

— Só para avisar: eu jogo vídeo game! – Falei.

— Melhor ainda! – Falou Pedro.

Sentamos cada um em seu carro e programamos para disputar a partida.

O sinal ficou verde e começamos a correr, Pedro ganhou vantagem logo de primeira e por 3 voltas ficou bem distante de mim. Na quarta volta já acostumada com o volante e conhecendo a pista acelerei e consegui alcançar, na quinta e última volta passei Pedro logo no começo e segurei a colocação chegando em primeiro lugar.

— Não vale! – Falou ele.

— Claro que vale, eu ganhei! – Falei saindo do carro e pulando de alegria.

— Tá bom, mas me aguarde. – Disse Pedro enigmático. – Escolhe o próximo. – Falou ele.

— Just Dance? – Perguntei.

— Bora! Vou te mostrar o meu gingado. – Respondeu ele.

Fomos até o jogo de dança.

— Primeiro você. – Falei.

— Mas primeiro são as damas. – Falou ele.

— Só que hoje vamos mudar isso, primeiro você! – Falei sorrindo.

— Nossa, depois desse sorriso eu vou pulando de alegria. – Falou Pedro.

Mostrei a língua para Pedro que piscou em resposta.

Ele escolheu um remix da música What Do You Mean do Justin Bieber.

Pedro sorriu, suspirou e a música começou. Ele começou tímido mas foi se soltando, aos poucos foi ficando cada vez melhor e as pessoas em volta o olhavam.

A música acabou e Pedro parou em uma posição estilo rock star, todos em volta aplaudiram e eu também.

A máquina anunciou sua pontuação 5 estrelas e 12.568 pontos.

— Muito bom! Acho que você venceu. – Falei.

— Que nada, sua vez! – Falou ele.

— Acho que não tem necessidade. – Falei.

— Tem sim! – Falou ele se aproximando. – Quer que eu faça a galera se animar para sua apresentação? – Perguntou ele no meu ouvido.

— Eu vou, pode ficar quietinho aí. – Respondi.

Fui até o brinquedo e escolhi a música 7/11 da Beyoncé. Comecei a dançar como se não houvesse amanhã, já conhecia a coreografia então foi fácil.

Quando terminei Pedro e alguns admiradores aplaudiram.

A máquina anunciou minha pontuação 5 estrelas e 12.579 pontos.

— Nossa, adorei! – Falou Pedro me puxando para perto. –Parabéns! Ganhou de novo. – Disse ele.

— Obrigada! Fiquei com sede. – Falei.

— Vamos beber algo. – Falou ele.

Fomos em direção a lanchonete.

— Nossa, bem legal isso aqui. – Falei.

— Você ainda não viu nada. – Disse ele.