Será? escrita por Brubs Romualdo


Capítulo 16
Chorona


Notas iniciais do capítulo

Na data certa!

Espero que gostem e boa leitura!



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— Você acha isso certo? – Perguntou Eduardo me olhando nos olhos.

Estávamos deitados na minha cama, um de frente para o outro.

Eu usava um pijama velho e confortável,  Edu estava sem camisa e usava um shorts de pijama masculino.

— Isso o quê? – Respondi com outra pergunta.

— Eu deitado na tua cama. – Respondeu ele.

— Eu dormi na sua hoje cedo, o que há de errado nisso? – Perguntei.

— Para nós nada e para os outros? –Perguntou ele colocando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.

— Você se importa com os que os outros pensam? Porque eu não. – Falei.

— É, eu sei rebeldizinha! – Falou ele apertando a ponta do meu nariz.

— Vou sentir sua falta! – Falei encostando a cabeça em seu peito.

— Também vou sentir a sua! – Falou Edu me abraçando.

***

— Dá para vocês se largarem e acordarem logo?! Já são 06:30 e você nem arrumou sua mala Betina! –Falou Raí estressada.

Abri os olhos e percebi que estava agarrada em Eduardo que ainda dormia. Me soltei dele com cuidado e levantei.

— Quanto estresse! Não grita, deixa ele dormir. – Falei tranquilamente.

— Não consigo entender essa sua calma. – Falou ela saindo do quarto.

Fui até o banheiro, lavei o rosto, escovei os dentes, amarrei o cabelo num coque e fui para a cozinha.

A mesa já estava posta e Clari estava sentada tomando café.

— Bom dia! Cadê seu amor? – Perguntou ela.

— Bom dia! Que amor? – Perguntei.

— Eduardo Delícia! – Respondeu ela zombando.

— O nome dele não é esse e ele não é meu amor. – Falei revirando os olhos.

— Ok, ok. Rolou algo? – Perguntou ela curiosa. – Porque a Rai falou que vocês dormiram agarrados. –Completou ela sorrindo.

Sentei no meu lugar de sempre e coloquei leite na minha xícara.

— SOMOS AMIGOS! Não rolou e nem vai rolar nada! – Falei.

— Aham, vamos fingir que acreditamos. – Disse Rai entrando na cozinha.

— Não começa vocês, por favor! – Falei colocando o café na xícara.

— Pode deixar que vamos te atualizar com tudo que acontecerá aqui, ainda mais se for com Edu. – Falou Clari.

— Vocês não prestam! – Falei fuzilando elas com o olhar.

Tomamos o café e eu fui arrumar minha mala.

Peguei uma mala maior do que a que levei para a casa de meus pais e comecei a colocar minhas melhores roupas de trabalho e algumas para sair quando tivesse tempo.

— Está pensando em usar esse vestido aonde? – Perguntou Edu com voz de sono.

Eu segurava um vestido de festa preto e curto, na dúvida se levaria ou não.

— Bom dia para você também! – Falei.

— Bom dia, mas você ainda não respondeu minha pergunta. – Falou ele.

— Primeiro você levanta, toma café e depois discutimos sobre minhas roupas. – Falei sorrindo.

— Você não vai levar esse vestido! Não combina com seu trabalho. – Falou ele parecendo bravo.

— Quero saber que bicho mordeu o povo dessa casa hoje?! – Falei colocando o vestido na cama. – É, não vou levar. Qualquer coisa compro um novo, esse já está velho. – Completei.

— Não quero você saindo com caras que você não conhece. – Falou Edu.

— Edu, por favor! Eu vou à trabalho! – Falei.

— Tá bom, desculpa! – Falou ele levantando-se.

Me deu um beijo na testa e foi para o banheiro.

Não o culpo por ser protetor, mas às vezes ele exagera.

***

Eu usava uma calça jeans skinny preta, blusa de seda preta,  jaqueta de couro e coturno preto.

— Está indo para algum velório? – Perguntou Clari.

— Não, mas preto emagrece. – Falei olhando para o espelho e arrumando o cabelo.

— Ela está de luto porque não deixei ela levar um vestido curto. – Falou Edu.

Estávamos no meu quarto, Clarice e Eduardo mexiam nas minhas coisas e me observavam.

— Nada a ver. Pega esse batom vermelho aí para mim. – Falei apontando para minha necessaire que estava na cama.

— Quer que eu passe? – Perguntou Edu.

— Não, só pega e me dá. – Respondi.

— Vai demorar para terminar? Eu e Raí vamos entrar mais tarde no trabalho por sua culpa, mas não precisa passar o dia todo aqui. – Falou Clarice.

— Vocês adoraram isso que eu sei, para de reclamar! – Falei.

— Foi até bom, mas não podemos chegar tão tarde assim né?! – Falou Raissa aparecendo na porta segurando seu relatório.

— Beh, você tem 10 minutos para terminar. – Falou Eduardo levantando da cama.

Ele já estava pronto a mais de uma hora.

— Só vou fechar a mala e arrumar o quarto. – Falei.

— Ok. – Disse ele.

Raissa e Clarice foram nos esperar na sala, Edu me ajudou a fechar a mala e levou para a sala. Arrumei minha cama, coloquei algumas roupas no cesto de roupas sujas e verifiquei se não tinha esquecido nada.

— Hora de se despedir? – Perguntei chegando na sala.

— Acho que sim né?! – Falou Raí vindo me abraçar.

— Vou sentir saudades de vocês, das brigas, das bagunças, dos puxões de orelhas, do mal humor, de tudo! – Falei querendo chorar.

— Logo você volta! – Falou Clari.

Demos um abraços triplo de quase 5 minutos.

— Não quero que vocês desçam comigo, melhor não borrar o rímel. – Falei.

— Você que sabe! – Falou Rai.

— Vai ser melhor. Qualquer coisa me liguem, manda beijo para a Maria e o Orlando, não esqueçam de mandar minhas roupas para lavar e abram a janela do meu quarto todo dia. – Dei as últimas instruções.

— Tá bom mãe! – Falou Clari.

— Ah, amo vocês! – Falei parando na porta.

— Também te amamos! – Disse as duas ao mesmo tempo.

Edu levou minha mala para o carro e eu segui ele levando minha bolsa e uma malinha de mão.

Descemos de elevador até a garagem num silêncio que me assustou, mas decidi que não quebraria ele.

***

Eu realmente não sei em que momento da vida comecei a ficar emotiva. Lembro que quando era pequena eu escondia ao máximo meus sentimentos. Não que eu não faça mais isso, mas quando se trata de uma pessoa que já tenho intimidade e gosto muito eu viro uma manteiga derretida.

Desde ontem eu venho chorando o que não chorei minha adolescência inteira. Há quem diga que ainda sou uma adolescente, meu pai mesmo de chama de “criança crescida, que só tem idade e tamanho” e eu e as meninas algumas vezes parecemos adolescentes, enfim, voltando ao choro.

Sempre gostei de chorar sozinha no escuro para ninguém saber, mas confesso que ter um ombro para chorar é ótimo.

Aqui estou eu, chorando mais uma vez essa manhã e talvez por um motivo muito banal que é a distância de algumas horas entre algumas das pessoas mais importantes da minha vida.

— Para de chorar, você não está indo para o Japão. – Falou Edu me abraçando.

Estávamos dentro do carro no estacionamento da editora.

— Eu sei... – Falei tentando parar de chorar.

— Se você quiser, sexta depois da aula eu subo a serra e passo o fim de semana com você. – Sugeriu Eduardo.

— Você faria isso? – Perguntei.

— Claro, ainda te ajudaria com a matéria. – Respondeu ele.

— Tá bom! – Falei secando os olhos.

Me soltei de seus braços e arrumei a maquiagem no espelho.

— Você está linda! – Falou Edu.

— Obrigada! – Falei, mas sabia que estava com o rosto inchado.

Saímos do carro e ele pegou minhas coisas.

— Vou sentir sua falta! – Falou Edu colocando minha mala no elevador ao meu lado e segurando a porta para não fechar.

Ele saiu de dentro do elevador e tirou a mão da porta, antes de fechar por completo coloquei a minha e as portas se abriram novamente.

— Também vou sentir sua falta! – Falei olhando para ele.


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Notas finais do capítulo

Cadê aquele comentário maroto dizendo se está gostando ou não?

Aproveita e me conta se você chora muito também.

Beijos, até mais!



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