Weasleys Shots escrita por Tyke


Capítulo 7
Um tipo de princesa.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem dessa. Lucy é o tipo de pessoa difícil de gostar; é grossa, inconveniente e sem educação, mas ela também se fere com a vida.



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Os lábios macios se encontraram causando arrepios. As línguas se entrelaçaram fazendo Lucy pensar que beijar Patty era a melhor sensação do mundo. Pousar a mão na cintura da outra garota e sentir a mão dela em seus cabelos ruivos causavam brisas estonteantes.

 A pele cor de avelã, os lábios fofos como nuvens e os olhos semelhante a duas ágatas laranja. Patty Elsie era a garota mais bonita que vivia em Ottery st. Catchpole, na opinião de Lucy. A algum tempo Patty havia invadido seus sonhos e fantasias e senti-la tão perto pela primeira vez fazia a nuca da Weasley arder em arrepios.

Do outro lada da rua a Sra.Nerys enfrentava o frio daquela tarde de inverno para realizar sua rotineira visita ao filho e à nora do outro lado da vila. Ela atravessava a rua quando avistou um casal aos beijos na praça em frente a capela. "Que lindo!" Ela suspirou pensando em seus dias de adolescente que a muito ficaram para trás. Será o filho do padeiro e a Srta. Carlotte? Seus olhos já não eram os mesmo, então decidiu se aproximar um pouco.

Com horror ela percebeu que se trava de duas garotas. Imediatamente reconheceu os cabelos ruivos de uma delas. Sem duvida uma das filha do estranho homem que morava próximo à estrada norte, eram os únicos com os cabelos daquela cor em toda vila. A outra garota com certeza era a sem vergonha da filha dos Elsies. "Que absurdo! Que absurdo!..." A mulher praguejava aos céus e os pés a levaram em direção ao norte.

Quando se deu conta estava de frente para a porta da casa que não pertencia ao seu filho. Bateu. Aguardou.

— Pois não? - Uma mulher em um longo vestido azul bordado atendeu a senhora.

~~~

Patty e Lucy conversaram sob uma árvore sem folhagem por um longo tempo após o beijo, a garota de pele avelã não parecia muito consciente do mundo a sua volta, "Na verdade ela nunca está" pensou Lucy. No momento em que Patty repetiu pela sexta vez que borboletas pareciam enfeites de Natal, a garota ruiva decidiu que era hora de ir para casa.

Assim que chegou em casa a mesa já estava posta. Ela tirou as luvas, as botas, o casacão e o cachecol no hall de entrada. Foi em direção à sala de jantar, tentando conter o máximo possível sua alegria. Molly já estava à mesa esperando o pai e mãe para iniciar a refeição. O pai depois de um tempo adentrou o cômodo e tomou a cadeira esquerda na ponta da mesa. Logo em seguida a mãe sentou-se na direita.

— A Sra. Nerys passou aqui em casa hoje. - Audrey disse para o garfo em sua mão. Lucy observou que aconteceria uma trama, obviamente o pai sabia do que a mãe estava falando. - Ela disse que viu você na praça, Lucy.

A garota engoliu a comida em sua boca. "Velha desgraçada fofoqueira!" pensou. Seu dia estava perfeito até aquele momento.

— Hum... Legal, mãe. - A menina encarava seu prato e tentava fingir desinteresse, provocando um suspirou profundo na mulher.

— Com a Patty Elsie. - A mãe enfatizou o nome da menina. Todos conheciam Patty em Ottery st. Catchpole, ela não tinha boa fama. A mulher olhou o marido que a muito largara os talheres e apoiava o rosto em uma das mãos observando Lucy.

— E daí?! - Lucy estrondou encarando a mãe. Até Molly que estava ignorando todos como sempre fazia, levantou o olhar assustada com a repentina agressividade da irmã. Olhou da mãe para a irmã mais nova, ela estava em seu quarto quando a senhora baixinha bateu na porta portanto não sabia sobre o ocorrido. - Qual a porra do problema?

— Lucy! - Percy ralhou, sua voz sendo ouvida pela primeira vez à mesa. - Isso não são modos de falar com a sua mãe! E eu não quero ouvir esse tipo de palavreado, entendeu?

— Por favor, Lucy. - Audrey pegou uma das mãos da menina e a olhava quase desesperada. - Me diz que... O que a Sra. Nerys viu não foi exatamente o que aconteceu.

O sangue de Lucy ferveu como brasa, ela desvencilhou das mãos materna e se levantou agressivamente fazendo a cadeira cair causando um baque surdo. A Sra.Weasley fez menção de levantar, mas Percy foi mais rápido, erguendo a palma da mão para a esposa "Deixa, eu falo com ela" e seguiu em direção ao quarto da filha mais nova.

O quarto da menina não era tão diferente do quarto de qualquer adolescente de catorze anos. As paredes eram lilás bem clarinhas, na prateleira e sobre a cama ainda encontrava-se ursinhos de pelúcia da infância e haviam posters de filmes trouxas recentes e antigos decorando a parede sob a escrivaninha. Lucy estava sentada sobre a cama no centro do quarto, abraçava uma criatura de pelúcia roxa, quando o pai abriu a porta do quarto.

Ele encostou-se no arco da porta e ficou por um tempo pensando no que deveria  dizer para a filha. Em nenhum momento ela o olhou, parecia haver lágrimas nos cantos dos olhos. Ele observou as duas mexas azuis desbotadas, uma de cada lado, nos cabelos em chamas de Lucy e se lembrou de como havia gritado com ela quando a viu daquele jeito. Ela tinha se encantado pelo visual em algum desses filmes trouxas que tanto amava. Como ela não conseguiu fazer as mechas com transfiguração, arrumou tinta de cabelo trouxa sabe-se lá onde para fazer aquilo.

— Mas que diferença faz a cor do cabelo?Disse o pequeno Louis quando Percy demonstrou, em um jantar com toda a família, o desgosto pela aparência da filha. Hugo se juntou à defesa de Lucy, argumentando que Teddy estava sempre com os cabelos em cores diferentes e ninguém julgava sua aparência.

— Mas isso é uma habilidade mágica, é natural! O que Lucy fez não é natural.-  Percy ajustou os óculos no rosto e olhou para as duas crianças ao falar.

Mas para a surpresa de Percy, quem o rebateu e acabou por encerrar a discussão naquele dia foi sua mãe.

Mas isso não responde a pergunta de Louis. Que diferença faz a cor do cabelo ser natural ou não, meu filho?-  A sra. Weasley ainda acrescentou para a neta; "Está lindo, querida".

Ele acabou tendo que aceitar os fios azuis no meio dos laranjas,  acreditando ser apenas fase da adolescência. Não fazia real diferença a cor do cabelo da menina, mas tudo que seguia contra o padrão que Percy Weasley considerava o correto na vida, para ele não era aceitável, como por exemplo o comportamento estranho de Louis.

— Então... Você é como o Louis? - Era nítido o quê o filho de seu irmão mais velho era. Todos sabiam instintivamente.

— É claro que não! - Lucy tirou o olhar do chão e o transferiu para o pai. - Eu não sou criança! - Ela se indignou pelo pai compara-la com o priminho de onze anos.

— Sim, você ainda é criança. - Ele cruzou o quarto e sentou-se ao lado da filha. - Mas não foi isso que eu quis dizer, foi se... - Dizer aquelas palavras em voz alta era mais difícil do que Percy pensou que seria.

— Já entendi. -  Lucy sabia muito bem como o pai gostaria de ter terminado a ultima frase. A algum tempo ela achava que aquela mania, principalmente dos adultos, de ficar tentando rotular as pessoas de acordo com comportamentos era completamente errônea. Na verdade a garota não se sentia nenhum pouco igual ao pequeno Louis, cada pessoa sente coisas diferentes em relação ao mundo. - Pode-se dizer que... talvez eu seja semelhante ao Louis.

Percy ficou em silêncio ao lado da menina, queria sinceramente gritar com ela até fazê-la ser normal. Mas "Por quê?" a voz do sobrinho soou em sua cabeça, "Por que Lucy beijar outra garota não a faz normal?" com certeza era isso que o menino diria se estivesse no momento. Percy respirou fundo decidindo que gritar não resolve nada.

— Eu só não entendo. - O pai observou o quarto da filha. - Você nunca demonstrou ser assim... Até pouco tempo atrás você gostava daquela banda trouxa formada por garotos, brincava com os brinquedos certos e tem aquele garoto de Hogwarts. Vocês estavam namorando!

— Reelf? Argh! — Eles nunca namoraram foi apenas um beijo, o seu primeiro e aparentemente o pior depois de Patty. Molly quem espalhou para a família toda que Lucy tinha um namorado, "Vaca" — Eu detesto ele, pai!

Em algum momento Lucy até gostou de Reelf, mais como amigo do que qualquer outra coisa, ele quem pediu para "ficarem" e ela aceitou curiosa. Depois disso o menino pensou que podia andar sempre ao lado dela, o que causou a fofoca da irmã, e mesmo depois de Lucy dizer claramente a ele que aquilo não aconteceria novamente ele não saiu do seu pé. Por esse motivo a garota o detestava agora e não se importava em ter o mínimo de educação com ele.

Percy travava uma batalha violenta em sua mente, era difícil para seu princípios sociais aceitarem o que estava ocorrendo. Ele olhou uma ultima vez para a filha antes de decidir o que faria, ela ainda abraçava a criatura roxa com uma estrela na testa.

Grande parte de seus sobrinhos tinha um brinquedo daquele, eles diziam que aquilo era uma princesa... Percy não entendia muito bem, mas também não se importava. Era apenas coisas de trouxas, que as crianças gostavam. Se lembrou de como a menina ficou feliz no dia que ganhou aquele brinquedo. Olhando para a menina naquele estado, Percy simplesmente não suportou mais e a abraçou. Ela retribuiu o abraço calorosamente e soltou as lagrimas que segurava.

— Tudo bem! Tudo bem! - Ele decidiu por respeita-la e quem sabe tentar aceitar. Percebeu que não importaria o quanto brigasse com ela e discorda-se da escolha que ela estava fazendo, Lucy era teimosa, o resultado seria apenas raiva e ódio. Ele amava as duas filhas demasiadamente para deixar sua relação com elas caminhar para esses sentimentos. - Essa Patty, ela é boa pessoa pelo menos?

— Não. - Lucy riu sem graça.

—Não? Por que, não? - Eles se afastaram e Lucy limpou as lagrimas que ainda estavam em seu rosto.

— Sabe a fama dela? Pois é... - Patty era conhecida na vila por estar sempre drogada, ela gerava as melhores fofocas para as velhas desocupadas: "Você viu? A garota dormiu no meio da rua...", "A garota tirou a roupa na praça..." , "Os Elsies estão loucos atrás da menina, ela sumiu de novo...". Patty sumia uma vez por mês, apesar de todos suspeitarem Lucy era a única que sabia que ela sumia para buscar seus alucinógenos, mas nunca perguntou aonde. Não tinha interesse em drogas.

— Mas não vai acontecer de novo. - Lucy disse rapidamente vendo que o pai parecia estar a beira de um surto psicótico. - Não com ela. - Acrescentou em voz baixa. Por mais que Patty era linda Lucy sentiu naquela tarde que não aconteceria mais nada entre elas. Mas a Elsie não era a única garota que a menina de mechas azuis sentia atração no mundo.

— Certo. - Percy suspirou fundo e sorriu. - Sabe... Todas as vezes que critiquei o filho de Bill?- Ele olhou para o pé da escrivaninha e entrelaçou os dedos. - Parece que de um jeito ou de outro vou ter que aceitar essas coisas. É como um castigo de Deus.

— Castigo?! - Ele olhou para Lucy, ela estava horrorizada. Ela levantou da cama de um pulo com o brinquedo roxo ainda nas mãos. - Isso que pensa que sou?

— Não foi isso... - Era tarde a garota já saira do quarto, correndo, em direção a porta da frente da casa.

Lucy correu sem rumo, ou pelo menos parecia ser. Ela queria alguém que a entende-se de verdade naquele momento. Patty não era uma opção, ela com certeza estaria completamente chapada para compreender qualquer coisa que a menina dissesse. Louis, mesmo ainda sendo criança Lucy tinha certeza que ele a entenderia, mas o primo havia ficado em Hogwarts nas férias de inverno. Seus tios Bill e Fleur seriam uma boa opção, mas moravam longe de mais para a menina chegar lá correndo.

Seus pés afundavam na neve, o vento era tão gelado que Lucy podia sentir as lagrimas de seu rosto congelarem e o bicho de pelúcia em suas mãos gelava. No impulso ela esqueceu de vestir roupas apropriadas para sair, os braços expostos encontravam-se dormentes. Depois de um tempo ela finalmente avistou a Toca, o desespero já havia passado deixando no lugar tristeza e solidão. Caminhou para a casa alta e toda torta encolhendo-se diante o vento gelado.

— Meu Merlin! Lucy, o que esta fazendo? Vamos, vamos entre, menina! - Vovozinha! Ve-lá aliviou um pouco o coração da menina. Assim que entrou na Toca, ela abraçou a avó e não queria soltá-la nunca mais.

— Está tudo bem, Lucy? - O Sr. Weasley estava sentado no sofá tentando entender como um liquidificador funcionava, quando a neta adentrou a casa com a pele quase a azul e os lábios roxos.

— O que houve, querida? - Perguntou a Sra. Weasley preocupada - Você está parecendo uma pedra de gelo.

— Tem biscoitos? Eu gostaria de biscoitos e um pouco de chá. - Lucy disse tremendo os lábios.

O Sr. e a Sra. Weasley deram à neta o biscoito, o chá, um cobertor e a levou para próximo da lareira. Depois de um tempo a Sra. Weasley começou insistir para Lucy contar o porquê de ter chegado naquele estado na Toca. Por fim, a garota decidiu contar sem se importar se os avós aprovariam ou não, o abismo dentro de si era tão grande que não se importava em cair mais um pouco.

Ambos os idosos não disseram nenhuma desaprovação sobre Patty, muito menos sobre o beijo. Molly apenas abraçou a neta compartilhando seu sofrimento e Arthur segurou as mãos da menina e a olhando nos olhos disse: "Seu pai as vezes não sabe o que diz, querida."

Após uma hora ou mais Lucy sorria da histórias bobas do avô, não se sentia mais sozinha e o abismo dentro dela começava a ser aterrado. Alguém bateu na porta e a Sra. Weasley foi atender.

— Lucy. - Era Percy acompanhado por Audrey. Eles estavam parados no meio da sala e olhavam para a filha. - Me perdoe por favor. Você não é um castigo de maneira alguma. - O homem se ajoelhou na frente da menina sentada no sofá. Ela segurava uma xícara de chá e olhava para ele atentamente.

— Meu amor, nós te amamos. - Audrey disse, ela era uma mulher sempre séria e elegante, mas naquele momento parecia realmente desesperada.

— Eu aceito... Nós aceitamos. - Percy levantou e permaneceu na frente da menina. - Eu juro, não importa quem você quiser namorar ou casar ou não sei... Não tem problema, contanto que seja uma boa pessoa. - Lucy esboçava um fraco sorriso para o pai.

— Mesmo? - Ela olhou para mãe e depois para o pai.

— É Claro. - Percy estendeu os braços a convidando para um abraço de desculpas, Lucy levantou e aceitou o convite, afinal ela queria isso mais que tudo. - Por favor, nunca mais nos assuste dessa maneira.

Molly chorava de emoção no canto da sala, o Sr. Weasley sorria para a cena e Audrey se aproximou para participar do abraço. Lucy sentiu todo o calor de seus pais e derramou uma ultima lágrima, porém essa era de alegria.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Na próxima voltamos pro James



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