Júpiter escrita por sofi weber


Capítulo 6
CAPÍTulo 6


Notas iniciais do capítulo

gente do céu socorro as coisa ta tudo errado nesse índice desse capítulo



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Sagitário não estava nos seus melhores humores ultimamente. Desde a confusão com Virgem, ele passava a maior parte do seu tempo cantando baixinho no jardim, diferentemente do que fazia usualmente. Agora quase não contava mais piadas, apenas se mantinha quieto e soltava uma risada vez ou outra. Além disso, havia reparado em mudanças quase superficiais nas atitudes do moreno. Ele havia passado algum tempo com uma feição tensa e a limpeza da casa estava bem menos rigorosa, tanto que Câncer teve um ataque alérgico com a poeira na sala. O equino não tinha ideia do que havia causado aquilo no seu paquera e estava morrendo para perguntar, mas não ia. Desde a cena no seu quarto, apenas engoliu os gritos dele, abaixou a cabeça e se distanciou. Podia ser um bobo apaixonado, podia querer Virgem para si, mas não era otário. Até porque, se corresse atrás do mercuriano, provavelmente ouviria poucas e boas de Leão sobre não aceitar ser feito de trouxa por ninguém.

Esse dia, aliás, ainda o assombrava. Antes de dormir, costumava ouvir novamente os berros. Alguns dias ainda conseguia se convencer de que era Virgem realmente gritando por algum motivo, mesmo que seus quartos tivessem uma grande distância. Entenda distância como dois quartos no meio, sendo que um deles era de Escorpião, que frequentemente gritava para aliviar a raiva e escutava música alta.

Sagi estava tão absorto nos seus pensamentos que mal notou a figura pequena se aproximando, apenas continuou dedilhando o ritmo de “Can’t Help Falling In Love” novamente. Ultimamente aquela música não saía de sua cabeça e, quando a tocava, sentia algo bom. Peixes, por sua vez, quando reconheceu a melodia, não pôde fazer muito. Ele apenas se escondeu atrás de uma moita e ficou assistindo, mal notando o sorriso bobo que apareceu nos seus lábios.

Cada palavra que saía da boca do sagitariano faziam seu coração dar um pulinho diferente. Já tinha ouvido várias versões dessa canção, até mesmo o cover do Twenty One Pilots, banda que ele venerava, mas nenhuma delas fora capaz de causar-lhe tal reação. Voz alguma conseguia deixar seu peito quente e agitado como a de Sagi conseguia. O pequeno manteve-se focado durante a cantoria inteira, para no final, bater palmas animadas, agora de pé para que o outro jupiteriano o notasse. Ao ver o pisciano ali, Sagi deu um pequeno gritinho mas depois sorriu.

―Ah, oi, Peixinho!

―Oi, Sagi! ― o menor exclamou sem notar as bochechas coradas enquanto se aproximava ― Sua voz é tão bonita!

―Ah, o que é isso... ― ele respondeu, sem jeito ― Você estava ouvindo desde quando?

―Desde o começo! Eu adorei, mal conseguia desviar o olhar.

―Mas música é melhor escutar de ouvidos fechados... Pra se concentrar melhor, sabe?

―Sei, mas... ― Peixes corou do nada, sem tirar os olhos do moreno. Olhava os fios negros macios, a pele bronzeada e convidativa. Tinha vontade de deixar um beijinho na bochecha do maior e mostrar o quanto o admirava ― Mas você é tão bonito! Não deu para não olhar...  

Sagitário sentiu o rosto esquentar e agradeceu por ter a pele bronzeada e seu rubor não aparecer. Normalmente, não se sentiria assim com meros elogios, afinal, os escutava com uma certa frequência, não tanto quanto Leão, mas ainda assim (principalmente depois de ser obrigado pelo amigo a seguir as dicas de beleza do próprio). Entretanto, ele sabia que algumas pessoas elogiavam por pura simpatia. Mas vindo de Peixes, que sorria tão vividamente e tinha tanto brilho no olhar, sabia que era sincero.

―Obrigado! ― o moreno agradeceu com um sorriso quase lhe rasgando a face ― É bondade sua.

―Não é bondade, é verdade!

Peixes sentia, além do movimento no peito, as borboletas no pé do estômago, voando e fazendo cócegas em tudo. Seu rosto estava avermelhado, contrastando as orbes azuis que, por conta disso, pareciam brilhar ainda mais. Ambos os garotos admiravam a beleza alheia e o ambiente apenas contribuía. A chegada da primavera deixou tudo muito mais colorido e havia muito mais pétalas de flores pelo chão e também pelos cabelos azulados. Sagi se lembrou de Virgem ao notá-las, mas de repente, pensou que elas ficavam muito melhores no pisciano.

O sagitariano não era do tipo teimoso. Era determinado e corria atrás dos seus sonhos, seus desejos ardiam em fogo brando no peito. Entretanto, sua energia era mutável e fazia com que não se prendesse a coisas que não valiam a pena. E naquele momento, ele percebia que o virginiano já não era tudo isso. Já não era digno da corrida. Foi bom enquanto durou, mas de que valia continuar correndo pelo que não valia a pena? Por alguém que não sabia agir de maneira que não fosse indiferente? Virgem era belo. Era inteligente, organizado e ainda por cima exalava cheiro de flores, mas para o equino, tudo aquilo já era suficiente.

Enquanto isso, Leão estava trancado no seu banheiro há horas. Ele cantava em alto e bom tom para que não pudesse escutar nem mesmo as reclamações na sua cabeça. Virgem, por sua vez, quando ouviu a voz dele, do corredor, sentou-se no chão sem dar importância para sujeira alguma e apoiou a cabeça na porta, ouvindo a voz do leonino. Seu tom era grave, forte e bonito. Era aquele tipo de sonoridade que te prende e te faz querer escutar cada vez mais, como se você fosse seduzido por completo. O mercuriano, apesar de todas as suas barreiras, foi incapaz de resistir e ficou por longos minutos ali, apenas desfrutando da cantoria alheia. Todavia, quando a música chegou ao fim, ele enfim saiu do transe. Levantou-se, pensando em arrumar a casa e, da janela, a primeira coisa que viu foi Peixes e Sagitário juntos, com uma atmosfera tão romântica ao redor dos dois que mesmo de longe, Virgem podia notar.

O moreno não entendeu novamente. Ultimamente, ele que era tão racional, não tinha a capacidade de compreender mais nada. Eram tantos sentimentos distintos, todos vindos à tona contra si. E lá se foi mais um dia em que ele se trancou do quarto e dali não saiu, deixando a limpeza da casa de lado novamente.


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