Confissões Adolescentes escrita por Talyssa


Capítulo 15
Surpresas desagradáveis


Notas iniciais do capítulo

Aí vai o 15 com coisinhas que vocês querem, eu sei muito bem *-*



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Janeiro passou voando, fevereiro chegou trazendo toda a esperança do feriado quase no fim do mês. Toda a turma fazia planos para a viagem, preferiam ficar na praia, curtindo um sol e uma micareta amiga a tarde, do que ficar em plena a cheia São Paulo.

Mônica apenas prestava atenção às conversas, tentara convencer seus pais a deixá-la ir, mas desde o começo nem criou expectativas, sabia que era uma causa perdida antes mesmo de tentar. Quando argumentou que até Carmen iria, Dona Luiza ligou para os Frufrus tentando convencê-los o quanto era perigoso deixarem a filha viajar sozinha, a baixinha ficou de queixo caído quando ouviu e ainda teve que escutar bronca da amiga dizendo que ela queria estragar seu feriado.

A moça estava conformada, acostumara-se a momentos como aquele onde via de longe seus amigos divertirem-se enquanto passava seus dias em casa estudando para matar o tempo.

Fora a história do Carnaval, estava satisfeita com o rumo que as coisas estavam tomando. O Colégio do Limoeiro era tão bom quanto o antigo, ela tinha certeza que a estavam preparando muito bem para o vestibular que prestaria, seja lá qual fosse. As aulas que estava dando para o Cascão também vinham surtindo efeito, era com grande orgulho do amigo que via o tanto que ele evoluíra nos estudos.

Os amigos que fez na escola e os que conheceu fora faziam dos seus dias mais felizes, com exceção do seu futuro professor particular que desaparecera para o resto do mundo, fez amizade com a turma inteira do Limoeiro, não ia com a cara de alguns, mais precisamente de Amanda, por exemplo, mas aturava por educação.

Além de tudo isso, ainda havia Do Contra. Mônica não sabia com exatidão o que eles estavam tendo, parece que toda vez que estavam entrando no assunto, o menino dava um jeito de desconversar. Entretanto, isso não era relevante, estava satisfeita mesmo com aquele jeito de levar as coisas.

— Mô, quer dizer que você não vai poder ir mesmo? – Magali perguntou manhosa, as meninas haviam recriado o laço de amizade da infância e aquilo sim estava sendo incrível.

— Não, Maga... Meus pais estão irredutíveis! – Respondeu tentando esconder a insatisfação da voz.

— E se a gente fosse lá pedir pra eles? Eu posso levar meus pais se você quiser.

— Então aí eles tentariam convencer seus pais a não te deixarem ir. – Foi o que Carminha respondeu antes de Mônica agradecer pela disposição da amiga.

Do Contra que também estava na conversa, ouvia tudo calado, estava distraído mexendo no celular, mas deu um beijo no rosto da morena quando sentiu que haviam voltado à conversa sobre o Carnaval, sentia que ela ficava tristinha todas as vezes que falavam a respeito daquilo e um beijo deveria animá-la.

A aula havia chegado ao fim e eles só estavam de bate-papo na frente do colégio, prolongavam a hora de despedirem-se já que era uma sexta-feira. Do Contra foi o primeiro a ir para casa, pois o irmão, Nimbus, estava passando de moto por ali e decidiu dar uma carona para ele.

— Caramba! O DC deixou o livro comigo e segunda a gente tem o teste do Licurgo! – Magali avisou quando percebeu o livro do amigo em suas mãos.

— Fica tranquila, Maga. Eu dou uma passadinha na casa dele e entrego por você. – Mônica respondeu com alguns planos em mente. Nunca havia ido onde DC morava, mas sabia o lugar porque ele havia apontado algumas vezes para ela.

Despediu-se das amigas e saiu caminhando para encontrar DC, aquele gesto não seria sacrifício nenhum, pois os dois sempre que tinham oportunidade estavam grudados. O menino já havia ido várias vezes em sua casa, porém, teria uma grande surpresa quando a visse tocando a campainha da dele. Será que a convidaria para almoçar? Ela riu com o pensamento de confraternizar com sua família.

Assim que chegou, arrumou-se, respirou e tocou a campainha um pouco nervosa, conheceria os pais dele e estava ansiosa. Ouviu os passos apressados e antes mesmo de abrir, ela já sabia quem estava ali, afinal, o perfume era seu conhecido de longos dias, tardes e noites.

— Oi. – Cumprimentou sorrindo quando DC finalmente encontrou-lhe no batente.

— O-oi. O que faz aqui? – Ele perguntou surpreso. Certo, aquela era a perguntava que esperava, porém, não preparara-se para a expressão você-não-deveria-estar-aqui que viu em seu rosto, aquilo desmontou toda a fantasia que preparou na cabeça.

— Er... Eu só vim devolver o livro que você esqueceu com a Maga. – Respondeu sem graça empurrando o material nas mãos do garoto.

— Valeu. – Respondeu seco. Definitivamente ela não esperava por aquilo.

— Bem, vou indo... – Virou-se para sair dali o mais rápido possível, mas antes que conseguisse ir em frente, algo a fez voltar. – Eu fiz algo de errado pra você? – Perguntou séria.

O menino coçou a cabeça, parece que ficou em dúvida sobre o que responder, mas não precisou gastar saliva, uma mulher colocou o rosto para fora, provavelmente curiosa para saber com quem o garoto falava.

— Olá! – Ela cumprimentou alegre. Mônica percebeu pelos traços que aquela só poderia ser uma pessoa. – Sou Keiko, mãe do Maurício. – Estendeu a mão para cumprimentar a moça.

— E-eu sou Mônica, er... Sou...

— Uma colega da escola. – Do Contra completou rapidamente.

— Sim, sou a colega. Muito prazer, Dona Keiko. – A baixinha falou tentando, e falhando miseravelmente, esconder a frustração.

— Você não quer entrar e almoçar conosco? – A mulher perguntou com educação, estava realmente envergonhada pela forma fria com que o filho estava tratando aquela amiga.

— Na verdade, ela já estava de saída. Só veio me entregar esse livro. – Ele respondeu por ela novamente.

— Sim, é verdade. Meus pais estão me esperando em casa. Obrigada pelo convite. – E fez o que deveria ter feito há alguns minutos atrás, saiu quase correndo para casa, o rosto em chamas de uma mistura de vergonha e raiva, jamais havia sido tratada daquela maneira, ainda mais por algo que nem sabia o que era.

Mônica chegou em casa ainda em transe pela cena bizarra que acabara de passar, avisou aos pais que comera algo no colégio e que não queria ser incomodada por ninguém, foi direto para o quarto sem esperar mais perguntas. Pouco tempo depois ouviu a campainha e correu até a escada para espiar quem estava ali, ainda conseguiu perceber um relance de sua mãe dispensando Do Contra com um sorriso.

Sentiu alívio e voltou a trancar-se no quarto, pegou o celular, deitou na cama, escolheu uma playlist e colocou o volume mais alto que pôde nos fones. Assustou-se ao sentir uma mão tocar seu ombro, virando-se rapidamente para gritar com qualquer um dos pais que estivesse ali interrompendo seu momento, mas travou assim que percebeu quem era.

— Como conseguiu entrar aqui? – Perguntou a um DC totalmente suado que a fitava em pé do lado da cama.

— Eu escalei sua casa. – Respondeu dando de ombros como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

— E você não poderia ter entrado como qualquer pessoa normal? Pela porta? – Ela alarmou-se pensando na possibilidade do garoto despencar de toda aquela altura durante a estripulia.

— Poderia se você tivesse dito pra sua mãe me deixar entrar. – Completou avisando-a que dois mais dois era igual a quatro, e de fato, realmente era.

— O que quer? Fala rápido, porque se meus pais sonharem que estou sozinha com você aqui no quarto... – Mônica falou baixo correndo até à porta para verificar que a chave estivesse virada.

— Olha só, eu não sei o que deu em mim mais cedo... Eu só... Travei. Não sabia o que falar e me assustei quando percebi o que minha mãe ou outra pessoa poderia pensar...

— Pelo que percebi você sabia muito bem o que falar sim, afinal, me cortava toda hora.

— Desculpa, é só que... Tive medo. – DC confessou de cabeça baixa.

— Medo de que?

— De descobrir que pela primeira vez alguém se tornou mais do que minha amiga. – Completou falando num tom quase inaudível.

Mônica ficou andando de um lado para o outro, não sabia muito bem o que dizer e aquele gesto a fazia pensar melhor e mais rápido.

— Então o que eu sou, Do Contra? – Perguntou finalmente.

— Mô, e-eu não tenho certeza! Ficante, namorada, amiga... Quem se importa? Rotular as pessoas é algo tão... Clichê.

— Eu me importo. A gente tá junto há quase um mês e a única coisa que sei é que somos um pouco mais do que amigos, não acha?

— Eu não sei.

— É, você não sabe nada mesmo. E se a gente não pode definir o que tem, então não podemos nem terminar, afinal, isso tudo foi um grande nada. – A menina determinou fazendo força para que uma lágrima não escapasse dos seus olhos.

— Mônica, você mesma disse que não queria compromisso nenhum... Eu também falei! E se você almoçasse na minha casa, conhecesse meus pais, seria a comprovação de que temos algo sério. Desculpa, mas não tô preparado pra isso...

— Acontece que a gente não pode mandar nos sentimentos, quer dizer, pelo menos eu sei que não posso. Nunca quis ficar mais de duas ou três vezes contigo, mas aconteceu. E, pelo que me lembro, você também não fez nada para pararmos.

— Porque eu também queria...

— Então... Pra quê complicar tanto? Pra quê fingir que não quer algo que nós dois queremos?

Do Contra não respondeu mais nada, apenas tirou um pedaço de papel do bolso e o amassou nas mãos delicadas da garota que naquele momento tremiam.

— Eu preciso ir. – Avisou e adiantou-se em direção a janela. A baixinha seguiu-o até lá e viu que ele realmente era bom com escaladas.

A moça ficou o vendo se afastar até sumir de vista, então, abriu o pedaço de papel que dizia: “Não é algo que nós dois queremos. Acho que você passou a querer algo mais sozinha. Então não dá pra continuar.”.

Então era isso? Acabaria assim? Mônica pegou sua caixa de lembranças que guardara no decorrer daquele início de ano, viu as embalagens dos bombons compartilhados, os ingressos do cinema, a flor, já murcha do dia em que foram ao parque, várias bugigangas que ela nem havia reparado que colocara ali. Ela não se apaixonava com frequência, por isso não notara quando começara a acontecer. Levantou a caixa com fúria e atirou-a pela janela.

Alguém que caminhava pela rua por pouco não foi acertado. Olhou na direção em que haviam arremessado, mas não identificou ninguém. Recolheu a caixa quebrada e ficou observando quieto.


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Notas finais do capítulo

Estão mortos com esse capítulo? HAHAHA'
Sei que todo mundo pensou que era um início cebonico, mas era a outra coisa que vocês queriam mesmo sem perceber rsrs'
Sim, gente, a Mônica estava totalmente apegada ao DC! Mas é o que acontece quando a gente passa um tempo com alguém que nos faz bem, não podemos mandar nisso. Porém, era o que eu precisava para seguir com a história e vocês compreenderem os passos dela daqui para frente, afinal, ela se magoou sim.
Enfim, desculpem outra vez pelo atraso. Um pouquinho mais pra frente vai ter cebonica SIM, um pouco diferente do que estão acostumados a ler, justamente por causa do passado dos dois, mas sei que vão curtir.
Beijinhos e até quinta ♥



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