Naquela noite, eles dormiram na mesma cama, como faziam quando eram crianças. Depois de todo o tempo que haviam passado sem se ver, e considerando tudo que acontecera depois de se reencontrarem, ambos concordaram que haviam passado do ponto em que isso seria desconfortável. No fundo, eles sentiam falta daquilo.

Sendo assim, Emma jantou no pequeno apartamento que os Blackthorn mais velhos dividiam. Mark e Helen ficaram mais do que satisfeitos em tê-la ali, e ainda mais ao vê-la segurando a mão de Julian.

— Eu sempre soube que isso ia dar namoro – brincou Helen.

Demorara alguns dias para eles conseguirem decidir exatamente em que pé estavam. Julian não sabia se o relacionamento entre os dois era exclusivo, e Emma, por sua vez, não tinha a menor ideia de que ele tinha dúvidas com relação àquilo. Por fim, os dois se resolveram em uma conversa no horário do almoço, que sempre passavam juntos. No mesmo dia, Julian contara aos Blackthorn que estava namorando Emma Carstairs.

— Sinceramente? – Emma abriu um sorriso. – Eu também.

Ela parecia à vontade no apartamento, o que era um alívio para Julian. Usava uma regata que deixava à vista parte de suas tatuagens, e seu cabelo estava preso em uma trança, caindo por sobre um dos ombros. Julian pensou que talvez devesse desenhá-la assim depois do jantar.

— Todo mundo sabia – interveio Mark, com um sorriso. – E, falando sério, a família toda torcia por isso.

Depois do jantar, Emma seguiu Julian até seu quarto. Ela analisou as manchas de tinta nos móveis, o cavalete com um quadro inacabado coberto por um pano e o desenho em uma das paredes, e pareceu satisfeita.

  - É – disse ela. – Parece que pouca coisa mudou.

Eles trocaram de roupa – ambos no quarto, agora – e se deitaram lado a lado. Emma se aninhou junto a Julian, invadindo completamente o espaço dele. Quando eles eram crianças, ele sempre reclamava por ela estar perto demais. Agora, isso fazia com que ele se sentisse bem.

Por fim, Julian quebrou o silêncio.

— Você realmente sabia... Quer dizer, você realmente pensou que íamos terminar assim um dia?

Emma se afastou um pouco para olhar para ele, curiosa.

— Você mesmo disse isso quando nos beijamos. Não é nenhuma surpresa.

Julian lembrou de uma noite muito parecida com aquela, quatro anos atrás. E nas palavras que havia murmurado, com Emma quase adormecida ao seu lado.

— Você não acha que nos tornamos pessoas diferentes?

Ela bocejou e ficou em silêncio por alguns instantes, ponderando.

— Talvez. Mas isso não importa, importa?

 - Não sei – Ele hesitou. – Importa?

— Que bobagem, Jules – Emma se aproximou mais, entrelaçando os dedos aos dele. – Eu e você, nós somos para sempre.  

Quando Julian acordou na manhã seguinte, Emma ainda estava lá. Ela havia despertado antes, e sorriu para ele.

— Bom dia.

Julian sorriu de volta.

— Bom dia.

Agora, ele realmente podia acreditar que era para sempre.