Sonhos
Leão teve um pesadelo. Ele acordou num sobressalto, suando frio. Repassou os momentos da horrível experiência que tivera naqueles últimos e tremeu. Jogou o edredom para o lado e pôs os pés no chão frio, pronto para sair dali o mais rápido possível. Caminhou em passos rápidos até o interruptor e acendeu a luz, iluminando o quarto. Foi até o criado-mudo ao lado de sua cama e procurou pela chave que guardava com tanto carinho.
Desligou a luz, saiu de seu quarto e caminhou até o quarto vizinho. Ele tinha roubado a chave do quarto de Virgem da primeira vez que tivera um pesadelo, pois assim poderia dormir com alguém ao invés de morrer de medo como sempre. Ele contou ao amigo que ele era o único que o aceitava em seu quarto, mas na verdade ele foi sua primeira opção, pois não sabia em quem mais confiar.
"Leão, o poderoso e maravilhoso rei, assustado?", eles certamente pensariam "Impossível!"
Era por isso que corria para os braços de Virgem quando algo acontecia com ele. O amigo era o único que o entendia e sabia que ele também tinha medos e preocupações como qualquer outro e não deixara de olhar pra ele do modo que sempre olhou, o que tirou um peso do peito do leonino.
Girou a chave na fechadura e adentrou o cômodo escuro, tentando absorver cada detalhe que conseguisse. Finalmente pôde enxergar o amigo deitado em sua cama graças a um feixo de luz que adentrava o quarto. Fechou a porta e caminhou até a cama do virginiano, que dormia tranquilamente.
Mas Virgem tinha sono leve. O moreno esticou uma mão até o abajur posicionado ao lado de sua cama e o acendeu.
—  Leão? —  perguntou, a voz sonolenta.
—  O próprio. —  ele respondeu, observando o virginiano se remexer em seu lugar até virar de frente para o acobreado.
—  Teve outro pesadelo? —  ele esfregou os olhos e depois bocejou.
—  Sim.
—  Quer ficar aqui?
—  Quero —  Leão respondeu, ronronando.
—  Então boa noite —  Virgem virou-se de costas e fechou os olhos.
Leão apenas o observou, pensando na habilidade do amigo de dormir tão rápido. Na verdade, ele não queria dormir, queria conversar e só ir dormir uma hora depois. Por isso cutucou o amigo no ombro, que resmungou.
—  Que foi? —  murmurou, ainda de olhos fechados.
—  Eu não consigo dormir —  ele disse, enquanto brincava com os cabelos negros do virginiano.
Virgem suspirou e se virou para olhar o leonino com seus lindos olhos verdes. Seus lábios formavam um biquinho lindo e totalmente beijável, e Leão se perdeu ali por alguns instantes.
—  E o que quer que eu faça? —  questionou, irritado.
—  Me faça dormir —  pediu, ronronando - era seu charme.
—  É só cheirar clorofórmio. —  Virgem respondeu, fechando os olhos em seguida.
—  Virgem... —  ronronou ao pé de seu ouvido e sentiu a pele do virginiano arrepiar-se —  É sério!
—  Okay! —  ele bufou e abriu os olhos, encarando o leonino profundamente —  O que quer que eu faça?
Leão sorriu e abriu os braços, convidando-o para um abraço. O virginiano o analisou de cima a baixo, tentando interpretar o gesto.
—  Se eu te abraçar você cala a boca?
Leão assentiu.
—  Então ótimo. —  ele se aproximou de Leão e passou seus braços pela cintura do mesmo, enlaçando-o, e o leonino repetiu o gesto.
Virgem se aconchegou em Leão, sua cabeça repousada no peitoral deste. Seu cabelo cheirava a lavandas, aroma que agradava o leonino, Ele apoiou seu queixo no topo da cabeça do virginiano.
— Eu sabia que você estava louco para me abraçar. — ele disse, debochado, e depois franziu o cenho — Por que você está só de cueca?
— Cale a boca — Virgem ordenou, e ele assim o fez, rindo.
E eles se aconchegaram um no outro, prontos para cair no sono  na companhia um do outro.
***
— Virgem — Leão chamou, passando os dedos pela pele de sua bochecha.
Ele abriu os olhos e encarou o leonino, que estava apoiado na cama em seu cotovelo na cama.
— O que foi? — ele perguntou, sentando-se ao seu lado e esfregando os olhos.
— Eu não aguento mais, preciso te contar uma coisa. — ele disse, o encarando profundamente. Havia algo diferente nele.
— O quê? — perguntou, curioso. Agora estava se interessando na conversa.
— Eu... eu te amo, Virgem! — ele exclamou, e então tomou seu rosto com as mãos e beijou seus lábios.
Suas bocas se encaixavam tão bem, e os lábios de Leão eram tão macios que o deixavam no céu. Suas bocas se moviam e suas línguas exploravam as bocas um do outro, percorrendo cada canto do outro.
Virgem subiu no colo do leonino, dando uma leve rebolada ali. O acobreado rosnou e o puxou pela cintura para mais perto, colando ainda mais seus corpos. Ele soltou um leve gemido entre os beijos, e foi à loucura quando o leonino mordeu seu lábio inferior.
Leão o enlaçou pela cintura e o deitou na cama. Apoiado em sua mão na cama, ele lançou ao virginiano um olhar selvagem e foi se aproximando aos poucos...
***
— Virgem? — escutou uma voz chamá-lo — Ei!
Ele abriu os olhos, confuso. Leão estava acima dele, na mesma posição que estava antes, mas tinha um olhar diferente nele.
— Acorda, o Câncer acabou de vir aqui chamar você para jantar e eu vou ter que dar uma boa explicação para estar aqui — ele disse, o chachoalhando levemente.
— O que... acordar? — Virgem murmurou, confuso.
— É, vai logo. — ele disse, e depois deu um sorriso malicioso — E coloque alguma roupa, a menos que queira que o Sagitário fique te secando com essa cueca.
Virgem olhou para si mesmo, confuso, e então olhou para o acobreado à sua frente. Tinha sido tudo um sonho?
— Tudo bem? — o leonino perguntou, confuso.
— Sim, eu só... nada, vou me trocar. — ele se levantou de sua cama e caminhou até o armário para pegar algumas roupas.
— Okay — Leão disse, saindo do quarto — Te vejo lá embaixo, assim que eu me embelezar ainda mais.
Ele piscou e fechou a porta, e Virgem se viu sozinho novamente. Ele estava decepcionado com o que acontecera.
Era só um sonho... mas o que isso significava?
Ele suspirou e passou uma mão pelos cabelos, pensando no quão ruim estava sua situação.