“Isso é meio estranho.

 

Eu e Ian éramos da mesma sala das aulas de Inglês no ensino médio. Eu não falava com ele, porque ele era bonito, nada muito forçado mas acho que ele passou algumas vezes na fila da beleza, porque além de bonito, era muito esperto e descolado, então eu subentendi que ele era muito popular. A gente começou a se ver muito. E eventualmente, eu decidi que era hora de parar de ter medo dele e tentar uma amizade. 

Depois de um longo ano, eu comecei a sair com ele, e teve um momento no qual eu percebi que Ian era o meu melhor amigo. Eu sabia disso o tempo todo e eu sabia que ele tinha uma tonelada de amigos que ele não falava sobre. 

Eu estive errado em relação ao que eu pensava sobre ele. Sim, ele era quieto, mas era porque ele não sabia falar sobre si mesmo. Depois eu percebi que o “descolado” dele não passava de um disfarce. Ele assistiu todos os episódios de Pokémon, Digimon e até Yu—Gi—Oh. A gente costuma ir para a casa do um do outro depois de estudar bastante para assistir a essas séries. 

Nos tempos atuais.

 

A puberdade tem sido ótimo para mim. Eu não estou no nível de atração do Ian, mas eu estou bem confiante nesses últimos dias. Eu também me peguei pensando se eu e ele somos apenas bons amigos, e aqui vão algumas razões: 

Iam odeia que o toquem. Quando eu percebi isso eu notei que ele ficava desconfortável, então eu não o tocava mais. Depois de um tempo, ELE começou a fazer isso. Quando estávamos sozinhos, ele se aproximava e deitava sua cabeça em meu ombro. Eu achava isso fofo. Agora que a gente não pensa mais em sexo o tempo todo, ele sempre deita em alguma posição sobre mim para que eu abra meus braços fazendo com que assim fiquemos ainda mais perto um do outro. 

Na primeira vez, a gente dormiu um no chão e outro no sofá. Agora, a gente divide a cama. Eu acordei uma vez com seus braços em mim, e não vou mentir; meu coração parou porque essa foi a primeira vez que isso aconteceu. Eu acordei antes dele e me dei conta como aquele momento era legal e o quão sortudo eu era. Ele acordou alguns minutos depois e a gente se olhou enquanto esboçávamos sorrisos, e então eu disse, “Gay”. E então a gente caiu na risada. 

Nós vamos para a casa da família um do outro nas férias. 

Nenhum de nós namoramos ninguém nos últimos anos. Pela a minha parte, eu nunca havia gostado tanto de alguém. Eu acho que talvez seja porque agora eu tenho o Ian. Eu não tenho padrões para com quem eu deva ficar, e Ian sempre foi bem vago em relação a sua orientação. 

A gente vai para muitos lugares sozinhos, tipo a praia. Uma vez eu estava bem triste e ele me surpreendeu aparecendo na minha porta e batendo na minha janela. Ele me levou para um alto de uma montanha, que por lá ficamos, só nós dois, por horas. Enquanto estávamos na faculdade, ele me enviava mensagens fofas. Do tipo, “sinto sua falta”, “isso me lembrou você”. Eu descobri através de seus amigos que ele falava muito de mim, o que é muito bom saber já que eu fazia o mesmo com os meus amigos. A gente mandava presentes um para o outro. 

Eu penso muito no Ian. Ele é atraente, esperto e muito engraçado, ele é provavelmente a pessoa que eu mais gosto. É embaraçoso o tanto que eu gosto dele. Ele pode fazer meu dia valer a pena só de mandar uma mensagem. 

Como você pode ver, existem vários motivos que provam que a gente faz muita coisa que bons amigos fazem… outras não. (O que, amigos héteros não dormem de conchinha?). 

Eu e meu melhor amigo não temos um comportamento normal. Como que eu chego nele e pergunto se somos namorados, ou se ele quer ser?”. 

 

—Usuário ProbablyGay1.

Eu respirei fundo, limpando a lágrima que caia tímida pela minha bochecha, o meu sorriso estampado na cara, meus pensamentos com Ian.

E naquele instante, ao terminar de digitar e clicar em enter eu levantei, decidido que faria alguma coisa.