The Good, the Bad and the Egg escrita por Lady Nymphetamine


Capítulo 2
Capítulo 02




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A noite parecia que jamais teria fim. Depois que Malévola e Regina haviam deixado a sala de estar, restava uma sombra, uma treva que passara habitar aquele cômodo, pairando sobre as cabeças de Lilith e Emma. Elas se olharam por algo menos que segundos, ao que a morena se levantou, incomodada demais para continuar ali. Mary ergueu-se também, porém, ao tentar se aproximar da jovem, esta se desvencilhou de forma agressiva:

— Não me toque!

Seus olhos grandes, muito abertos, revelavam mais do que apenas raiva, havia rancor, angústia, medo. A verdade era que Lily estava apavorada, pois, mais do que nunca, sua existência não fazia qualquer sentido. Forma totalmente diferente de se expressar do que Emma sentia. A loira estava confusa, conseguia ser muito pior do que quando caíra em si que o livro de contos de fada do seu filho era real, este era um nível totalmente novo de absurdo. Sua família estava aumentando mais uma vez, de uma forma que jamais pudera esperar. Então ela e Lily, sua grande amiga de infância eram irmãs, não poderia ser tão ruim assim.

— Lil, acho que temos que conversar.

Mas a outra não parecia tão interessada assim. Quando Emma se aproximou, a morena a empurrou de forma brusca, os olhos acendendo em amarelo intenso.

— Saia de perto de mim! Eu não quero saber! - Ela levava as duas mãos à cabeça, como se estivesse confusa. - Não quero saber! Não quero!

Não havia nada que pudesse ser dito naquele momento sobre o que estava se passando, apenas permitiram que a garota deixasse a casa de Regina e seguisse pela rua. Mary e David ficaram olhando, os dois pareciam estar de coração partido, ou pior, a culpa os estava corroendo por dentro. Emma sentia os olhos arderem ao observá-los, mas ela também não queria conversar, não com eles, não agora. 

— Eu preciso… - Ela começou com a voz fraca, hesitante. - Eu preciso ficar longe.

Foi sua vez de deixar a casa e ir para a sua residência. Henry estava acordado na sala, assistindo algum seriado sobre zumbis que havia prometido ver apenas com a mãe. Ele desligou a televisão imediatamente, achando que assim talvez a enganasse, mas o gesto não passou despercebido pela loira. Ela estava apenas cansada demais para reclamar, para brincar ou se importar. Seguiu para a cozinha.

— Mãe! - Ele notou algo de estranho e foi atrás dela. - Tudo bem? O que minha mãe queria com você e meus avós na casa dela?

Ele soubera da reunião, não poderia ser diferente para que Regina o convencesse a não ir. Emma pegou uma garrafa de cerveja e abriu usando a própria camisa. Estava sendo difícil lidar com aquela nova realidade. Apenas quando sentiu a mão do filho sobre o seu ombro, de uma forma tão carinhosa, é que se viu capaz de falar com os olhos e o nariz ficando muito vermelhos:

— Eu preciso que você sente. Tenho que te contar uma coisa.

O dia seguinte amanheceu belo, ensolarado, o céu azul e os pássaros cantando na janela. Por um instante, quando o despertador tocou e Emma abriu os olhos, até achou que conseguiria se esquecer do que havia acontecido. Só achou. As lembranças vinham à tona, aquela mulher, o monstro que ela havia matado anos atrás, parecia tão frágil e tão humana. Devia isto a ela, colocar as coisas em ordem, se acertar com Lily. Com este pensamento, se arrumou para o trabalho na delegacia, pegou o fusca amarelo e seguiu para a Granny’s, não apenas para tomar o seu café da manhã, mas porque sabia que era onde encontraria Lilith.

A jovem dragoa tomava café lá todos os dias, não apenas pela bebida, nem de longe, pois sempre a estava comparando com as que tomava em Boston ou Nova York, ou em qualquer lugar onde havia morado, mas para ver uma determinada garçonete. Acabou se aproximando de Ruby e atualmente as duas sustentavam um relacinamento que, cada dia mais, seguia para o compromisso que as duas sabiam ser o rumo inevitável e natural. Granny as pegara uma vez se beijando na dispensa. 

Quando Emma passou da porta da lanchonete, achou estranho não ver Lilith. Aproximou-se do balcão, Ruby estava ali, enxugando copos.

— Oi - a loira falou um pouco apreensiva. - Você viu Lily hoje?

O olhar que recebera de volta da loba já era, por si só, uma resposta. Havia uma certa tristeza, receio e cansaço de quem havia passado a noite em claro conversando sobre aquele mesmo assunto. Ela balançou a cabeça, guardou o copo seco e pousou as mãos sobre a superfície da bancada:

— Ela está descansando. Olha, Emma, eu sei que não é de minha conta e eu sinto muito, muito mesmo por tudo isto estar acontecendo com vocês, mas Lily, neste momento, precisa mesmo é de um tempo e se nos eixos. Ontem ela queria incendiar a cidade, hoje… Eu espero que ela esteja melhor hoje.

— Eu queria conversar com ela - a xerife se explicou. - Nada disso é culpa dela, ou minha, ou de ninguém além do Autor…

— Ela culpa seus pais - Ruby a cortou, mas logo se corrigiu. - Pais de vocês duas… Mary e David. Não é fácil para ela aceitar que isto esteja acontecendo.

— Eu sei e eu quero ajudar. Também não é fácil para mim. Minha vida… Você consegue imaginar como eu me sinto sabendo como teria sido a minha vida se nada disto tivesse acontecido? Minha mãe… - Era difícil admitir. - Ela sempre me pintou como sendo uma princesa e eu fiz a minha paz com isso, mesmo discordando. Mas eu não seria a princesa! Eu seria o dragão! Você faz alguma ideia do que é isso?

— Faço - a voz da garçonete era dura. - Faço, pois foi como eu me senti quando descobri que eu era o lobo que matava pessoas em minha vila, que matou o meu próprio namorado.

Emma fora pega de surpresa por tais palavras, piscando algumas vezes. Ela sabia, conhecia a história de Red, como pudera se esquecer? Se sentiu mal com isso, havia sido insensível. Quando o pedido de desculpas pensou em sair de seus lábios, Lily surgiu do corredor que levava ao andar de cima. A morena não parecia apenas cansada, havia uma sombra em seu olhar, trevas tão densas e frias como a Salvadora nunca havia observado em nenhum dos vilões que enfrentara.

— Saia - a voz da dragoa soava profunda, resoluta e sem qualquer margem para argumento.

— Lily, eu entendo… - Emma tentou conversar, mas a outra não permitira.

— Saia! - Tornando-se agressiva, a Lilith dava um murro tão forte no balcão que o fazia estremecer.

— Lil! - Até Ruby ficava assustada com aquele comportamento.

Percebendo que não teria o seu desejo atendido, que a loira não deixaria aquele lugar, a dragoa agarrou o braço dela, fechando os seus dedos como as poderosas garras de dragão, ao que puxou-a para fora da lanchonete, jogando com uma força sobre-humana contra a calçada da varanda.

— Mas que diabos?! - Emma perguntou se levantando, ainda meio atordoada. Não sabia que a outra poderia ser tão forte. - Eu vim aqui para conversar! E nós precisamos conversar!

Porém a morena não parecia tão aberta ao diálogo. Lilith avançou contra a xerife e esta revidou automaticamente, usando magia, ao que lançou a primeira para longe. Neste ponto, várias pessoas haviam corrido para a rua, inclusive Ruby e Granny. A loba mais velha ligava para a polícia, tudo para evitar que o problema se agravasse. 

— Vadia! 

A voz de Lily ecoou furiosa e os seus olhos se acenderam. Ela correu para a pista e logo era envolta pela fumaça negra da transformação. O imenso dragão surgia, rosnando e exibindo os dentes com agressividade. As patas subiam e as garras estavam a mostra, aquela seria uma briga violenta e nada de bom poderia advir.

— Pare com isso! Eu sou sua irmã! - Emma gritou.

A tentativa era vã, pois logo voavam chamas em sua direção, repelidas através de um escudo de magia. O carro do xerife chegava, sua sirene tocando, o que deixou Lily ainda mais furiosa e fez com que atacasse David assim que viu a espada, a mesma que havia utilizado para matar a sua mãe. Não era fácil lidar com um dragão, pior ainda um que não estava disposto a escutar e assumia apenas a forma escamosa. A Salvadora tentava pensar o que poderia fazer, estava fora de cogitação para ela e para David machucar a moça. Foi quando uma fumaça roxa surgiu e Regina acertou a jovem com um frasco de poção. Era como se fosse perdendo as forças até cair, deitando sobre o asfalto e recobrando sua aparência humana. Lilith continuava enfraquecida, mas muito consciente. Regina parou bem ao lado dela:

— Eu não vou deixar que você destrua a minha cidade.

— Você vai ajudar eles? - A jovem não deixava de se irritar. - Achei que estava do lado de minha mãe.

— Eu estou, diferente de você. Quando você quiser estar ao lado dela, venha a minha casa.

Depois de falar isso, a prefeita se aproximou de Emma e David, enquanto Ruby ia cuidar da namorada. 

— Vocês estão bem? - Regina perguntou.

Antes que viesse a resposta, Lilith gritou de longe, já recuperando mais de seus movimentos e conseguindo se levantar com ajuda:

— Ela não é um dragão! Nunca será! Ela é uma porra de uma princesinha de vida perfeita! Eu sou um dragão! Eu! Não ela!

Emma chegou a abrir a boca para responder, mas David tocou-a gentilmente no braço, ao que seus olhos pediam que a deixasse em paz. O gesto não foi interpretado de forma tão tranquila pela Salvadora, que se desvencilhou. Não estava com muita vontade de ter contato com ele. Desta forma, para acabar com o momento estranho, respondeu a Regina, mantendo algo de sua compostura:

— Obrigada.

— O convite é pra você também.

Com esta resposta, a prefeita olhou para trás mais uma vez, tendo certeza de que nenhum dano maior havia sido causado e que Lily se encontrava segura com Ruby. Seus serviços não eram mais necessários e deixou o local seguindo para a sua casa. Emma não estava feliz ou satisfeita, mas precisaria reconhecer que sua irmã recém-descoberta não estava pronta e que não era o momento de forçar. Seguiu então para o seu trabalho, era melhor do que continuar ali, com pessoas curiosas que a observavam depois de todas as coisas que haviam sido atiradas ao vento.

Dentro da mansão, no número cento e oito, a Rainha estava trabalhando em casa, pois não queria ter de sair e deixar sua hóspede sozinha. Ela tentou, se sentando inutilmente diante de pilhas de documentos e um notebook aberto, mas não conseguia se concentrar depois do incidente naquela manhã. Foi então para a cozinha e preparou um chá que levasse camélia e artemísia de dragão. Depois, seguiu para o andar superior, mas não para um dos quartos de visita, ela foi para o próprio quarto. Ela abriu a porta devagar e olhou para dentro, mas não enxergava ninguém ali, não de imediato.

— Mal?

Foi caminhando, trazendo consigo a xícara da infusão. O fogo da lareira era intenso e, quando chegou mais perto, notou que havia algo sobre o tapete, defronte às chamas. Não fez barulho, sentou-se ali e tocou-a com bastante carinho. Malévola estava deitada no chão, os olhos fixos nas brasas. Era gostoso ficar ali, o calor sempre a deixara confortável em situações ruins. 

— Fiz chá.

A voz de Regina era também aconchegante, ao que a dragoa sentou-se e pegou a caneca. Sem mais uma palavra durante vários instantes, ficou ali, lado a lado, bebericando o líquido que queimaria os lábios de um humano comum, mas que, para ela, era uma temperatura agradável.

— Obrigada - disse finalmente.

As duas miravam a lareira, mãos aos lados do corpo, pontas dos dedos que se tocavam, se arrastavam e, por fim, entrelaçavam. O silêncio era total, exceto pelo crepitar das chamas. Malévola precisava se curar do que havia acontecido, precisava de forças, para o que contava com a ajuda de Regina. Já a Rainha, esta não sentia apenas obrigação em ajudar, era um prazer, pela amiga, pela antiga amante.

Dias se passaram, não muitos, apenas o suficiente. Foi isso que levou Emma finalmente a aceitar o convite de Regina e bater em sua porta naquela noite.

— Estava imaginando quando viria - a prefeita falou de imediato, não deixando que a xerife se sentisse constrangida.

Realmente, havia levado tempo, mais do que gostaria, para começar a se ver capaz de aceitar toda aquela história. Não fora tão diferente quanto da primeira vez, porém Mary e David não haviam lhe dado espaço para aceitar, sempre um problema atrás do outro, sendo levada por um portal para a Floresta Encantada, sua mãe forçara a aproximação e ela acabou cedendo. Desta vez conseguia ser ainda mais delicado, havia uma irmã, a violência, um homicídio, se matar um dragão fosse homicídio. Regina ao menos entendia e tentava deixá-la mais confortável com a situação. Andando pela casa, em direção a sala de jantar, lá estava Lily, uma garrafa de cerveja na mão. Não haveria como negar que eram parecidas. As duas se olharam por instantes, mas não disseram nada.

— Onde está… Malévola? - Emma perguntou para a anfitriã, ainda um pouco perdida em como deveria chamar a dragoa.

— Saiu ontem para caçar, não vai voltar por uns dois dias - Lilith respondeu antes que a outra pudesse. Era uma questão de desafiar, de mostrar que ela a conhecia melhor.

Por sua vez, Regina, que estava na biblioteca da casa, voltava com um grande livro em mãos. Aquele não era o momento para ficar prestando atenção nas brigas das duas irmãs, mas sim de cumprir com a sua promessa de ajudar. A peça era coberta com o que pareciam ser escamas, devendo ser manuseada com cuidado para não cortar um dedo. Colocou-o sobre a mesa, diante das visitas:

— Malévola não está e isto vai ser bom para que vocês duas possam conversar um pouco e ler. Diz respeito a ambas.

Sobre a capa escura, mas sem uma cor muito definida, era possível ver as letras bordadas em fios de ouro que formavam as palavras “Enciclopédia dos Dragões”. Emma era mais curiosa e, enquanto Lily apenas observava, ela foi quem abriu o livro para ver a primeira página. Uma caligrafia excessivamente rebuscada e cursiva, fina e de uma leveza que só achou ser possível com máquinas, trazia as seguintes palavras “Para a minha querida Rainha. M.”. Aquele havia sido um presente de Malévola para Regina.

— A leitura será bastante elucidativa, eu acho - a prefeita falou. - Eu o li há anos e este livro me ajudou a tirar muitas dúvidas sobre dragões. Sobre vocês.

A forma de falar demonstrava a certeza da mulher de que as duas ali eram da mesma espécie, filhas de uma dragoa, e que deveriam conhecer suas origens. Isto não agradou muito Lilith, que fez um ruído de desdém e disse:

— Ela não é um dragão.

— Ela é - a Rainha rebateu. - Tanto quanto você. Vocês duas têm a mesma mãe, a mesma família, então parem com esta competição e aceitem, pelo bem de cada uma. Não acham que Malévola já sofreu o bastante? Ou estão achando que só vocês têm problemas?

— Eu nunca… - Lily começou, mas a outra continuou a falar e a interrompeu.

— Você acha mesmo que foi fácil para ela contar o que contou? Admitir tudo aquilo? Ela fez isso não por ela, mas por vocês! Então o mínimo que vocês podem fazer é dar algo em retorno.

Com essas palavras tão duras, Regina apontou para o livro e então deixou a sala, abrindo espaço para que as irmãs pudessem ter sua privacidade e liberdade de estudar sozinhas. Emma olhou para Lily, que ainda não parecia contente, embora o sermão tivesse efeito para fazê-la ficar calada e não discutir. A loira disse:

— Ela está certa. Nós deveríamos ler - em sua mente, não iria diferir em nada de quando leu o Once Upon a Time de Henry.

— Leia você. Eu estou fora.

Até o tom agressivo havia se tornado mais brando, mas não acompanhara os gestos. Lilith deixou a casa, saindo antes que qualquer pessoa pudesse impedi-la, não que alguém fosse tentar. Emma, por sua vez, suspirou, pegando o livro com delicadeza e indo para a cozinha, onde Regina estava fazendo lasanha.

— Eu vou indo. Vou levar o livro - mas logo acrescentou. - Eu vou fazer com que ela leia.

— Espero que sim - a prefeita respondeu colocando a travessa no forno.

A verdade era que até para a Rainha estava sendo difícil, Malévola era fácil de agradar, contudo, devido a todos estes problemas, a prefeita se sujeitava a mais do que gostaria, inclusive estripar os animais que a dragoa trazia para o jantar.

Emma balançou a cabeça e deixou a casa, seguindo para a sua própria residência. Poderia jurar que vira uma sombra negra passando pelo céu, mas, como era muito tarde, não teria certeza do que se tratava ou se era apenas uma nuvem carregada.

Enquanto isso, na casa de Regina, um imenso dragão pousava no jardim. A morena foi correndo para receber a outra, ao que se deparou com um veado morto aos pés da besta. Pelo visto a caçada havia sido proveitosa, por isso retornara mais cedo do que o previsto. Sendo envolvida em fumaça negra, Malévola aparecia em sua forma humana, sangue escorrendo de seus lábios, tingindo a blusa social branca de vermelho vivo. Era o que se esperaria da visão de uma vampira.

— Você tem uma mancha - a prefeita comentou sorrindo e indicando o canto da própria boca.

— E você é adorável.

A voz de Malévola era leve, agradável e divertida. Voar e caçar lhe faziam muito bem, não somente por poder esticar as asas, como lhe fazia bem a alma. Era a sua forma de poder superar o que havia passado. Da penúltima vez, quando perdera Briar Rose, se entupira de entorpecentes, da última, quando seu ovo foi sequestrado, tivera décadas para passar sob a Torre do Relógio e refletir. Agora era hora de aplicar uma nova técnica e nada como sangue quente de veado.

Em sua casa, Emma rumou para a sala de estar e colocou o livro sobre a mesa de centro. Henry saía da cozinha trazendo consigo uma tigela de cereais, ao que parou em seu caminho e mirou a mãe de forma intrigada. Acabou mudando de curso e, ficando ao lado dela, olhava a capa do livro.

— Minha avó que te deu? - Ele perguntou. 

Por um instante, Emma ficou confusa, até que entendeu que ele não estava se referindo a Mary Margaret. Era estranho pensar que agora o rapaz tinha mais uma avó e que, pelo visto, para ele não era nem de longe tão difícil quanto para ela. Pelo contrário, ele parecia estar aceitando de uma forma que ela sentisse ser tudo muito natural. Sorriu para o filho e respondeu:

— Não, foi Regina, o livro é dela. Acho que ela quer que eu e Lily tenhamos um momento juntas, sei lá, algo para nos conectar e obrigar a interagir.

— Talvez funcione. 

Henry abriu o livro e começou a passar as páginas. Havia diversos desenhos bastante detalhados de anatomia e ciências, ele sabia que precisaria ler com cuidado para entender direito do que se tratava. Fechou e tocou no ombro da mãe com carinho.

— Não se preocupe, vai dar tudo certo. Você é a Salvadora, no final das contas - ele disse.

— Não, eu não acho que eu seja - ela duvidava de si própria. - Lily deveria ser a Salvadora, ela é a filha de Snow White e Prince Charming, ela é que deveria ter quebrado a Maldição das Trevas.

— Mas foi você quem quebrou.

— Porque todas as minhas trevas foram passadas para ela.

— Acha que não pode ser a Salvadora apenas porque é a filha de Malévola? Você também é resultado de Amor Verdadeiro - Henry a lembrava.

— Eu não sei, garoto… - Emma comentou sentando no sofá e colocando a  cabeça nas mãos. - Isso é muito bagunçado.

— Hey! - Tentava animá-la. - Eu sou filho da Rainha Má e estou muito bem! Como alguém que tem conhecimento de causa e que teve duas mães, eu te digo.

Aquele sorriso, a confiança de Henry era tanta que chegava a ser contagiante e a deixava feliz. Emma então o puxou e o abraçou apertado. Queria muito acreditar naquelas palavras, que tudo daria certo, mas, primeiro, precisava perdoar David e Mary, perdoar a si mesma, para depois poder estar livre para conquistar de volta Lily e, quem mais havia se ferido em toda esta história, Malévola.


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