The Good, the Bad and the Egg escrita por Lady Nymphetamine


Capítulo 1
Capítulo 01




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THE GOOD, THE BAD AND THE EGG

 

 

Era algo que precisava ser feito. Malévola sentia cada fibra do seu ser tremendo em medo, em raiva, em ódio e tudo o mais que um único coração cheio de trevas poderia sentir. Não sabia como faria para falar isto, mas o tempo estava passando e quanto mais Lily permanecia em Storybrook, mais a dragoa sentia a necessidade de ser sincera, pois não poderia desejar este tipo de conduta da filha se ela própria não praticasse. Então ela recorreu a única pessoa que sabia que poderia contar para tal ocasião, sua melhor amiga, seu apoio, seu antigo amor, pois apenas Regina poderia lhe dar as forças que precisava para o que estava por fazer. Assim, a Rainha Má organizou uma pequena reunião em sua casa, o único lugar com espaço suficiente, trazendo Emma, Mary Margaret, David, além da própria Malévola e de Lilith.

Todos estavam reunidos na sala de estar, diante de uma imensa lareira branca, em sofás igualmente brancos. Emma, no entanto, parecia nervosa.

— Estamos todos aqui, por que nos chamou? - A Salvadora perguntou.

— Na verdade, eu só fiz o convite, mas a ideia não foi minha - Regina respondeu, ao que olhou para Malévola.

A dragoa sabia que esta era a sua deixa, mas sentindo todos os olhos diante de si, nem os seus mais de mil anos de vida a teriam preparado devidamente para este momento. Ela inspirou fundo, tentando de todas as formas manter a pose absoluta, forte, aquela que sempre sustentava quando se tratava de uma necessidade, os seus altos muros de gelo que a tornavam inalcançável para toda a humanidade, mas apenas Lily e Regina eram capazes de transpor. Estava na hora de se mostrar frágil, na frente daquelas pessoas que tanto detestava. A Rainha pousou uma mão no ombro da amiga e a olhou de forma tão terna que, em instantes de troca de olhares, Malévola teve certeza que aquele era um ambiente seguro e que, se não o fosse, a morena a protegeria. Ela poderia finalmente falar:

— Quando eu estive com Gold, antes de encontrar Lily, ele me contou algumas coisas, coisas que nem eu mesma sabia sobre mim mesma e sobre vocês - olhou para Mary e David -, bem como sobre as nossas filhas. Já se perguntaram porque o destino sempre tentou uni-las durante o tempo em que estiveram fora de Storybrook?

— Porque eu sou a Salvadora - Emma respondeu como se fosse óbvio. - Todos que eu conheci até hoje foi por eu ser a Salvadora: Ingrid, August, Neal e Lily.

— Não Lily - Malévola a interrompeu. - Lily tem um motivo próprio.

— O que?

Lilith interveio indignada e confusa, olhando para sua mãe, sem conseguir compreender o que estaria acontecendo. Seu olhar deixava claro estar desconfiada de algo, já em um início de irritação, mas Emma a olhou  e balançou a cabeça de modo negativo. Isso doía muito em Malévola, toda esta desconfiança, sempre ser tratada como a vilã, como quem estava fazendo tudo errado, mesmo quando era o certo. Tomou coragem e continuou, olhando para a filha:

— Você me perguntou quem era o seu pai.

Os olhos da garota foram da mãe para David, gesto que foi reproduzido por todas as mulheres naquele ambiente. Claro, ele era o único homem, era a escolha mais óbvia, dadas as palavras de Malévola. Emma era quem parecia mais chocada, mais até do que Mary, porém as reações destoavam da de Regina, pois esta parecia inflamada e capaz de atacar o rapaz a qualquer instante.

— O que eu fiz?! - David se via perdido.

Ele tinha motivo para se sentir desta forma. Jamais traíra sua esposa, nunca dormira com a dragoa e certamente lembraria se o tivesse feito. O único momento em que ficara a sós com a mulher fora breve, na Floresta Encantada, quando invadira a Fortaleza Proibida a mando de Gold para esconder a Poção de Amor Verdadeiro no estômago do dragão. Agora as coisas pareciam fazer sentido, pois ele disse, iluminado pelo entendimento:

— Foi a poção de Gold.

Malévola fechou os olhos e pesadas lágrimas rolaram pela sua face. Esse era um momento em sua vida que simplesmente não conseguia, nem juntando toda a sua experiência, toda sua maturidade, jamais conseguiria descrever a forma como se sentia, exceto por uma única frase que latejava em sua cabeça como uma enxaqueca constante, como um tumor que crescia e desejava sair de forma destruidora:

— Você me violentou.

O peso em tais palavras, a angústia e o desespero as marcavam, porém nada mais descreveria tão bem o que havia acontecido. Regina imediatamente deslizou uma mão sobre as de Malévola, entrelaçando os dedos com bastante carinho, quase como se pudesse transferir a energia necessária para continuar através daquele toque. Porém, esta explicação não era clara o suficiente para todos os presentes, ainda restavam algumas dúvidas, especialmente para os que não compreendiam tão bem sobre magia.

— Espera… - Emma precisava de um tempo. - Você está dizendo…

Regina não deixou que a pergunta se concretizasse, então interpelou pela dragoa:

— Sim, é isso que ela está dizendo. Lilith foi concebida devido à Poção de Amor Verdadeiro que ficou alojada dentro do corpo de Malévola.

Então ela parou e seus olhos foram para Lily, quase em um pedido de desculpas, depois para Malévola, como se perguntasse se poderia continuar, ao que aqueles olhos azuis a respondiam sem precisar de nenhuma palavra. Regina continuou:

— Lily é filha de Mary e David tanto quanto você, Emma, porém também é filha de Mal. Isso explica porque ela não tem nada a ver com a mãe, exceto por ser um meio-dragão.

Agora era Lilith quem ficava muito, muito irritada. Ela se levantava do sofá e começava a gritar e apontar para o casal Charming de uma forma bastante agressiva:

— Caralho nenhum! Eu não sou filha desses dois filhos da puta que me sequestraram!

— Sim, você é e tem mais!

Malévola falou mais uma vez, elevando sua voz da única maneira que sabia que calaria a boca da filha e se faria ouvir. Ela então olhou para Mary e continuou, ao mesmo tempo em que David tocava no braço da esposa e esta se desvencilhava de forma bruta, sem esta desviar nem por um instante o olhar do da dragoa:

— Os bebês… Quando o Aprendiz transferiu as trevas do seu bebê para o ovo, ele não apenas “transferiu" as trevas. Ele trocou os bebês.

Lilith abriu muito os olhos, ao que fitou Emma. A loira, por sua vez, parecia que iria vomitar, tão pálida estava. Malévola então se voltou para ela:

— Nunca se perguntou porque você tem magia e Mary e David não têm? Você foi a filha que eu gestei. Tanto você quanto Lily são minhas filhas, têm três pais, devido à bagunça que os dois aqui fizeram em trocar os bebês dentro do ovo, porém, se eles nunca tivessem levado o meu ovo, eu teria te criado como minha filha e ninguém jamais precisaria estar passando por isso.

Emma sentiu-se sem chão. Ela foi abaixando e abaixando até sentar no sofá, a boca semi-aberta, sendo muito complicado assimilar tudo que lhe era dito. Aprender que magia existia era fácil comparado com a complexidade de sua própria origem.

— Eu sou capaz de lidar com muitas coisas - Malévola começou -, mas honestamente não sei como lidar com isso.

Ela parecia que começaria a chorar mais uma vez, parecia estar a ponto de desmoronar e perder a mínima compostura que conseguira reunir, uma vez que já havia começado a falar seus segredos destruidores. Regina então a puxou para um abraço e lançou um olhar para Emma, daquele tipo de olhar que dizia para não fazer nenhuma besteira, e por besteira entendia qualquer coisa bem capaz da loira fazer, quando a Rainha acenou com uma mão e fez com que ela e a dragoa sumissem, indo as duas para o andar de cima da mansão, dentro da suíte principal, sobre a cama.

Malévola chorava de soluçar, algo como nem Regina jamais vira na vida. Ela então consolava a amiga, afagando-a nas costas, nos cabelos, enquanto esta ficava com a cabeça em seu ombro. Não havia nada que pudesse dizer que fosse capaz de apaziguar o sentimento, mas apenas a  presença já era alguma coisa para aquecer o seu coração.

A Rainha não parou nem por um instante até que Malévola estivesse mais calma, quando aquela conseguiu perceber uma respiração mais tranquila. Então a apertou contra o seu peito, um gesto que não repetia para muitas pessoas, apenas para as que tinham um lugar especial reservado em seu coração.

— Você vai ficar aqui esta noite. Eu vou ficar com você. Tudo vai ficar bem - ela disse.

Poderia ser uma mentira ou apenas palavras agradáveis para deixar a dragoa feliz, ao menos confortável, porém, vindas de Regina, tinham um efeito tão confortável quanto seu antigo vício, a gota de Maldição do Sono misturada com água do mar e cogumelos. Ela poderia relaxar ali, se entregar e se sentir protegida, pois a Rainha repetia:

— Tudo vai ficar bem.

E tudo ficaria bem nos braços dela.

 


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