The Good, the Bad and the Egg escrita por Lady Nymphetamine
THE GOOD, THE BAD AND THE EGG
Era algo que precisava ser feito. Malévola sentia cada fibra do seu ser tremendo em medo, em raiva, em ódio e tudo o mais que um único coração cheio de trevas poderia sentir. Não sabia como faria para falar isto, mas o tempo estava passando e quanto mais Lily permanecia em Storybrook, mais a dragoa sentia a necessidade de ser sincera, pois não poderia desejar este tipo de conduta da filha se ela própria não praticasse. Então ela recorreu a única pessoa que sabia que poderia contar para tal ocasião, sua melhor amiga, seu apoio, seu antigo amor, pois apenas Regina poderia lhe dar as forças que precisava para o que estava por fazer. Assim, a Rainha Má organizou uma pequena reunião em sua casa, o único lugar com espaço suficiente, trazendo Emma, Mary Margaret, David, além da própria Malévola e de Lilith.
Todos estavam reunidos na sala de estar, diante de uma imensa lareira branca, em sofás igualmente brancos. Emma, no entanto, parecia nervosa.
— Estamos todos aqui, por que nos chamou? - A Salvadora perguntou.
— Na verdade, eu só fiz o convite, mas a ideia não foi minha - Regina respondeu, ao que olhou para Malévola.
A dragoa sabia que esta era a sua deixa, mas sentindo todos os olhos diante de si, nem os seus mais de mil anos de vida a teriam preparado devidamente para este momento. Ela inspirou fundo, tentando de todas as formas manter a pose absoluta, forte, aquela que sempre sustentava quando se tratava de uma necessidade, os seus altos muros de gelo que a tornavam inalcançável para toda a humanidade, mas apenas Lily e Regina eram capazes de transpor. Estava na hora de se mostrar frágil, na frente daquelas pessoas que tanto detestava. A Rainha pousou uma mão no ombro da amiga e a olhou de forma tão terna que, em instantes de troca de olhares, Malévola teve certeza que aquele era um ambiente seguro e que, se não o fosse, a morena a protegeria. Ela poderia finalmente falar:
— Quando eu estive com Gold, antes de encontrar Lily, ele me contou algumas coisas, coisas que nem eu mesma sabia sobre mim mesma e sobre vocês - olhou para Mary e David -, bem como sobre as nossas filhas. Já se perguntaram porque o destino sempre tentou uni-las durante o tempo em que estiveram fora de Storybrook?
— Porque eu sou a Salvadora - Emma respondeu como se fosse óbvio. - Todos que eu conheci até hoje foi por eu ser a Salvadora: Ingrid, August, Neal e Lily.
— Não Lily - Malévola a interrompeu. - Lily tem um motivo próprio.
— O que?
Lilith interveio indignada e confusa, olhando para sua mãe, sem conseguir compreender o que estaria acontecendo. Seu olhar deixava claro estar desconfiada de algo, já em um início de irritação, mas Emma a olhou e balançou a cabeça de modo negativo. Isso doía muito em Malévola, toda esta desconfiança, sempre ser tratada como a vilã, como quem estava fazendo tudo errado, mesmo quando era o certo. Tomou coragem e continuou, olhando para a filha:
— Você me perguntou quem era o seu pai.
Os olhos da garota foram da mãe para David, gesto que foi reproduzido por todas as mulheres naquele ambiente. Claro, ele era o único homem, era a escolha mais óbvia, dadas as palavras de Malévola. Emma era quem parecia mais chocada, mais até do que Mary, porém as reações destoavam da de Regina, pois esta parecia inflamada e capaz de atacar o rapaz a qualquer instante.
— O que eu fiz?! - David se via perdido.
Ele tinha motivo para se sentir desta forma. Jamais traíra sua esposa, nunca dormira com a dragoa e certamente lembraria se o tivesse feito. O único momento em que ficara a sós com a mulher fora breve, na Floresta Encantada, quando invadira a Fortaleza Proibida a mando de Gold para esconder a Poção de Amor Verdadeiro no estômago do dragão. Agora as coisas pareciam fazer sentido, pois ele disse, iluminado pelo entendimento:
— Foi a poção de Gold.
Malévola fechou os olhos e pesadas lágrimas rolaram pela sua face. Esse era um momento em sua vida que simplesmente não conseguia, nem juntando toda a sua experiência, toda sua maturidade, jamais conseguiria descrever a forma como se sentia, exceto por uma única frase que latejava em sua cabeça como uma enxaqueca constante, como um tumor que crescia e desejava sair de forma destruidora:
— Você me violentou.
O peso em tais palavras, a angústia e o desespero as marcavam, porém nada mais descreveria tão bem o que havia acontecido. Regina imediatamente deslizou uma mão sobre as de Malévola, entrelaçando os dedos com bastante carinho, quase como se pudesse transferir a energia necessária para continuar através daquele toque. Porém, esta explicação não era clara o suficiente para todos os presentes, ainda restavam algumas dúvidas, especialmente para os que não compreendiam tão bem sobre magia.
— Espera… - Emma precisava de um tempo. - Você está dizendo…
Regina não deixou que a pergunta se concretizasse, então interpelou pela dragoa:
— Sim, é isso que ela está dizendo. Lilith foi concebida devido à Poção de Amor Verdadeiro que ficou alojada dentro do corpo de Malévola.
Então ela parou e seus olhos foram para Lily, quase em um pedido de desculpas, depois para Malévola, como se perguntasse se poderia continuar, ao que aqueles olhos azuis a respondiam sem precisar de nenhuma palavra. Regina continuou:
— Lily é filha de Mary e David tanto quanto você, Emma, porém também é filha de Mal. Isso explica porque ela não tem nada a ver com a mãe, exceto por ser um meio-dragão.
Agora era Lilith quem ficava muito, muito irritada. Ela se levantava do sofá e começava a gritar e apontar para o casal Charming de uma forma bastante agressiva:
— Caralho nenhum! Eu não sou filha desses dois filhos da puta que me sequestraram!
— Sim, você é e tem mais!
Malévola falou mais uma vez, elevando sua voz da única maneira que sabia que calaria a boca da filha e se faria ouvir. Ela então olhou para Mary e continuou, ao mesmo tempo em que David tocava no braço da esposa e esta se desvencilhava de forma bruta, sem esta desviar nem por um instante o olhar do da dragoa:
— Os bebês… Quando o Aprendiz transferiu as trevas do seu bebê para o ovo, ele não apenas “transferiu" as trevas. Ele trocou os bebês.
Lilith abriu muito os olhos, ao que fitou Emma. A loira, por sua vez, parecia que iria vomitar, tão pálida estava. Malévola então se voltou para ela:
— Nunca se perguntou porque você tem magia e Mary e David não têm? Você foi a filha que eu gestei. Tanto você quanto Lily são minhas filhas, têm três pais, devido à bagunça que os dois aqui fizeram em trocar os bebês dentro do ovo, porém, se eles nunca tivessem levado o meu ovo, eu teria te criado como minha filha e ninguém jamais precisaria estar passando por isso.
Emma sentiu-se sem chão. Ela foi abaixando e abaixando até sentar no sofá, a boca semi-aberta, sendo muito complicado assimilar tudo que lhe era dito. Aprender que magia existia era fácil comparado com a complexidade de sua própria origem.
— Eu sou capaz de lidar com muitas coisas - Malévola começou -, mas honestamente não sei como lidar com isso.
Ela parecia que começaria a chorar mais uma vez, parecia estar a ponto de desmoronar e perder a mínima compostura que conseguira reunir, uma vez que já havia começado a falar seus segredos destruidores. Regina então a puxou para um abraço e lançou um olhar para Emma, daquele tipo de olhar que dizia para não fazer nenhuma besteira, e por besteira entendia qualquer coisa bem capaz da loira fazer, quando a Rainha acenou com uma mão e fez com que ela e a dragoa sumissem, indo as duas para o andar de cima da mansão, dentro da suíte principal, sobre a cama.
Malévola chorava de soluçar, algo como nem Regina jamais vira na vida. Ela então consolava a amiga, afagando-a nas costas, nos cabelos, enquanto esta ficava com a cabeça em seu ombro. Não havia nada que pudesse dizer que fosse capaz de apaziguar o sentimento, mas apenas a presença já era alguma coisa para aquecer o seu coração.
A Rainha não parou nem por um instante até que Malévola estivesse mais calma, quando aquela conseguiu perceber uma respiração mais tranquila. Então a apertou contra o seu peito, um gesto que não repetia para muitas pessoas, apenas para as que tinham um lugar especial reservado em seu coração.
— Você vai ficar aqui esta noite. Eu vou ficar com você. Tudo vai ficar bem - ela disse.
Poderia ser uma mentira ou apenas palavras agradáveis para deixar a dragoa feliz, ao menos confortável, porém, vindas de Regina, tinham um efeito tão confortável quanto seu antigo vício, a gota de Maldição do Sono misturada com água do mar e cogumelos. Ela poderia relaxar ali, se entregar e se sentir protegida, pois a Rainha repetia:
— Tudo vai ficar bem.
E tudo ficaria bem nos braços dela.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!