Leal a seu senhor escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 15
teste de lealdade - Parte 2




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O Kamikui tentava morder Bishamon, ao mesmo tempo que também tentava jogá-lo no chão. Ambos continuavam a subir, mas as coleiras de Tenon estavam tornando o voo cada vez mais difícil, Amaterasu via tudo por entre as nuvens negras do local e fazia questão de apertar as amarras feitas por ela.

Bishamon tinha que derrubá-lo logo, se não sabe se onde Tenon o levaria. Ele estava demorando demais a se decidir, Tōdai-ji por outro lado já havia visto um modo saírem daquela situação e transformou-se em um conjunto de correntes de ferro junto a uma enorme Kunai de prata.

Por mais estranho que seja, Shinki e Kami não se falavam a séculos, mas o laço dos dois era tão forte que não era necessário tal coisa, um entendia a intenção do outro e o modo como viam as coisas. Por esse motivo, se Tōdai-ji se transformava sozinho, Bishamon logo sentia e já se adequava a nova arma forjada pelo seu único receptáculo.

O deus subiu até um dos focinhos de Tenon e logo em seguida se jogou no ar, Bishamon ajustou seu corpo para descer mais rapidamente e por muita sorte o deus não foi abocanhado por Tenon. Com uma mira quase perfeita, Bishamon lançou a Kunai na asa direita do Kamikui, a perfurando com perfeição, Tenon perdeu um pouco de sua estabilidade, mas não parou hora nenhuma de voar.

A lâmina de Tōdai-ji retornou as mãos de seu mestre, assim Tamonten pôde se puxar com auxílio das correntes até a asa do monstro. Com as correntes presas na asa esquerda, Bishamon pretendia lançar a Kunai na direita, mas Tenon pôs-se a voar em espiral e a julgar por seus movimentos, não iria parar de fazer isso tão cedo.

Bishamon enrolou a corrente de seu shinki em seus braços e soltou-se no ar, se não fosse Tōdai-ji segurando o deus, provavelmente ele cairia em meio aquele vórtice. O deus parecia uma formiga comparado ao kamikui, seu peso sob o efeito da gravidade não era insignificante, Tenon não tinha nenhum arranhão, continuava a voar normalmente.

Tamonten estava sendo jogado de um lado para o outro, conforme o dragão batia as asas. Ele estava esperando o momento certo para segurar-se em uma das caldas de Tenon, que no movimento de fechar as asas jogava o deus para perto de sua parte traseira.

Não demorou muito para Bishamon conseguir se segurar adequadamente, assim que tocou a pele do dragão novamente ele fincou a Kunai em Tenon com uma mão e com a que sobrava ele puxou bruscamente a asa do Kamikui para baixo. Mesmo sendo pequeno, a força de Bishamon era monstruosa e foi o suficiente para deslocar o membro do animal.

Mesmo ferido Tenon continuava a voar, o Kamikui iria mudar seu curso para baixo, a queda com certeza afastaria Bishamon de suas asas e o jogaria para trás. Mas o deus estava determinado a derrubar Tenon; com as pernas enlaçadas na calda do animal, segurando as correntes com a direita e a Kunai com a esquerda, Bishamon estava pronto para finalmente domar a fera.

Um golpe certeiro e uma conexão inabalável foi mais que o suficiente para Tōdai-ji perfurar a outra asa de Tenon e ainda retornar as mãos de seu mestre em segurança. Novamente usando sua força, o deus puxou as correntes, fechando bruscamente as asas do animal.

Tenon tentou abri-las logo em seguida, quase conseguindo por conta de seu tamanho, mas o deus não iria deixa-lo escapar, ao ver a situação, ele soltou a calda do dragão e lançou-se para frente, mergulhando no ar, deixando a gravidade então o ajudar.

O movimento de ir para frente e para trás fez os ossos das asas do Kamikui se deslocarem de vez, comprometendo suas articulações. Kami e Kamikui caiam, quebrando as nuvens ao descerem e dissipando parte da energia negra com a luz do sol, que seguia logo atrás dos dois.

O deus saltou do lombo do animal metros antes de Tenon tocar o chão, evitando ser esmagado e sendo jogado a uma distância segura do Kamikui.

—Bishamon! — Gritou Tenon, assim que conseguiu se levantar—Seu maldito, você me paga pelas minhas asas.

—E você por minhas costas —Disse o deus se esticando, estralando o corpo inteiro.

—Ah seu insolente, você me paga... —Tenon iria atacar, mas antes que pudesse Yon apareceu e envolveu o kamikui, o imobilizando com seu próprio corpo.

—Sentiu minha falta? —Disse Yon rindo.

Tenon se mexeu e conseguiu facilmente se livrar do servo de Izanami, que o enrolava como uma cobra estrangulando sua presa.

—Senti, estava doido para te dar uma surra também.

O Kamikui mordeu o ex-shinigami, o prensando contra o chão, Yon apenas riu debochadamente, e se esgueirou magicamente por entre os dentes de Tenon. Depois o imobilizou novamente, dessa vez prendendo apenas as gargantas e as caldas do animal, o virando de costas para o chão, não deixando ele usar seus braços e pernas como apoio para escapar novamente.

— Bishamon, podemos conversar?

— O que precisa que eu faça?

— Nada, eu cuido de tudo daqui em diante. Mas quero que você me escute com atenção, Sua Miko é muito poderosa, mas você terá que treinar Emi, ela corre muito perigo estando despreparada.

—Chega, eu disse para não falar mais em Emi.

—Não, você vai me escutar, ela corre risco de vida agora mesmo. Creio que Ryuka já tenha chegado ao pântano a essa hora.

— O que, você deixou ela escapar?  E o nosso trato, por que não a deteve?

— Bem, caro amigo me deixe te lembrar do combinado, eu iria levar embora e conter Tenon, aqui estou, prontinho para partir. E VOCÊ tinha que controlar sua filha, por isso não encostei um dedo nela. Mas não se preocupe, eu voltarei para busca-la, além do mais, mestra Emi não deve demorar mais que cinco minutos para limpar o lodo da alma dela.

— Você está enlouquecendo, uma criança não pode salvar uma alma amaldiçoada... Ninguém pode.

—Não estou, na verdade eu diria que estou um passo à frente de todos. Ah, antes que eu me esqueça, diga a verdade a Mestra Emi, ela saberá o que fazer.

Um vórtice abriu-se bem abaixo dos dois dragões, um brilho vermelho, uma areia movediça os puxava para o submundo.

—Espera, o que isso significa?

— Significa que você tem que partir agora e não se esquecer das minhas palavras. Bishamon, eu prometo, tudo dará certo.

kamikui e shinki rapidamente desceram ao Yomi, deixando Bishamon sozinho com uma missão secreta a cumprir, controlar as chamas de Emi.

No pântano uma verdadeira batalha estava sendo travada, os monstros que lá habitavam estavam sendo massacrados pela guarda de Kodama, a própria deusa estava matando sem dó nem piedade os corrompidos. Emi não entendia aquilo, Kodama havia a chamado para curar os yokais, mas tudo que via era sangue e morte naquele vale. Matar era algo que criança não era capaz de fazer, então isso também a deixava mais perdida ainda.

—Kodama-sama—Disse Emi chamando a atenção da deusa.

—Diga meu anjinho —A deusa sorriu como se nada daquilo estivesse acontecendo.

—Por que estão matando esses Yokais?

—Não são mais yokais, ficaram tempo demais expostos a energia do submundo, sendo assim, a corrupção neles não tem mais cura, isso os torna amaldiçoados.

—E não tem como quebrar a maldição sem matá-los?

—Infelizmente a morte é a salvação para eles, estarão livres, poderão reencarnar em ciclos futuros.

—Mas isso não é certo... —Disse a criança, inconsolável.

—Eu concordo, devia ter outro jeito —Um yokai a atacou, ela esquivou e com um só golpe o matou —Mas é meu dever como deusa Yokai, não deixar essas almas sofrerem. Porém, tem um aqui que eu preciso que você salve, ele é imortal, então não posso fazer nada além de prendê-lo, por favor ajude o Emi.

A expressão "é só falar no demônio que ele aparece” quase podia ser aceita naquele momento, Kodama havia acabado de mencionar seu Hogosha e logo em seguida o animal apareceu. O javali derrubou dois Inugamis em sequência, mas outros dois que estavam sobre as árvores saltaram e imobilizaram o animal no chão, amarrando seu focinho aos galhos controlados por Kodama, o prensando contra o chão.

—Emi, você sabe o que é um Hogosha? —Disse a deusa caminhando de encontro ao Javali

—Um Yokai? —Perguntou a criança admirada com Kodama e sua rápida mudança de feição.

—Não um simples yokai, é um ser que esteve a muito tempo nas trevas, mas por vontade do criador ele se apaixonou por um deus. A paixão tornou-se um amor, e isso o libertou e o tornou um servo fiel da divindade designada por Kamui, sua lealdade era tanta que ele se dispôs a dar sua vida para proteger o deus, como recompensa o grande Kamui deu a imortalidade de presente ao Yokai, o consagrando assim um Hogosha.

—Hatsui—Disse Emi olhando fixamente nos olhos do Javali.

—Como assim?

—Não é o nome dele? Ele foi seu primeiro servo, seu primeiro filho, seu primogênito.

—Como sabe disso? —Disse Kodama, segurando uma lágrima— Nunca contei isso para Bishamon.

—Eu vi—Disse a criança séria, quase catatônica —Não me pergunte como, eu não sei responder isso, apenas vi você o abraçando e o chamando de Hatsui.

—Você é mesmo uma garota de ouro—Disse Kodama rindo meigamente—Você pode curá-lo? —A criança acenou negativamente, fazendo uma lágrima escorrer no rosto de Kodama— Por que essa certeza?

—Você mesma já respondeu, só você pode curá-lo.

— Queria saber como—Em meio a lágrimas Kodama sorriu— Mas fala com tanta firmeza que só pode estar certa.

Ryuka observava tudo escondida por entre as árvores, ela sabia que nenhuma criança poderia saber tanto sobre um Hogosha, nem nenhuma Ichiko (médium criança) poderia ter tamanha clarividência. Visto tamanho potencial ela decidiu ver até onde Emi poderia ir, ela sussurrou à terra e fez com que dois bonecos de barro erguessem se, junto a dois arcos de lodo misturado a pedras e outras impurezas encontradas naquele pântano.

Foi tudo muito rápido, cada arqueiro imobilizou um Inugami diferente, jogando-os no chão, fazendo com que o próprio pântano se encarregasse de segurá-los. Hatsui assim que se soltou correu em direção a Kodama, mas Tsutsuji pulou na frente, o puxando pelos chifres e o jogando longe. Kodama e Tstsusji se olharam brevemente, aquilo foi comunicação suficiente para ambos saberem o que fazer.

—Emi, fique atrás de mim—Kodama segurou Emi pelo braço, mas misteriosamente a garota caiu inconsciente logo em seguida. Ela não tinha tempo para cuidar da garota, então entregou a para um de seus inugamis.

Os arqueiros atiraram novamente, delatando a posição de Ryuka para a deusa. Kodama segurou Emi e se esquivou a tempo, depois usando seus poderes a deusa sentiu Ryuka, ela estava sobre cipós secos, foi fácil controlá-los, e com apenas um puxão a ergueu Ryuka no ar.

—Eu vou sentir o maior prazer em lhe aplicar a lei—Disse Kodama apertando com força seu cetro.

—Kodamagami, a quase inútil deusa Yokai...Quanto tempo?!

—Ryuka... Eu fui como uma mãe para você, cuidei de você, te ensinei a controlar seu potencial... E mesmo assim, você traiu a todos...

Kodama pegou seu cetro e tirou a parte de cima dele, mostrando a enorme lamina escondida, a transformando em uma lança, depois mirou em Ryuka. Mas antes de jogar a lança, um galho prendeu seu braço e a puxou para trás, Ryuka deu uma risada sínica e se livrou das amarras feitas pela deusa.

—Pobre Yokai, não percebe que essa floresta é minha Ko-chan? — Kodama cortou os galhos e logo em seguida bateu o cetro no chão, fazendo as outras plantas, que também se mexiam congelarem seus movimentos —Impressionante, achei que fosse mais fraca.

—Eu não sou fraca e essa floresta não é sua, só esse lodo asqueroso, e já aviso que vou acabar com ele.

—Ham..Boa sorte, estime pelo menos um século para você limpar isso tudo.

Ryuka a atacou com sua adaga, mas a deusa esquivou batendo com as costas do cetro debaixo de seu braço, depois bateu com a cabeça da arma em sua cabeça, a fazendo recuar.

—Eu não sou seu pai, não sinto dó de você—Disse a deusa.

—Nem ele... —Ryuka unhou a deusa, deixando um rastro de sangue em seu rosto— Qual é Kodama, não vai me dizer que não sente raiva dele? Ele matou Yuka, sei que vocês eram como irmãs, não sente nada por isso?

Enquanto ambas brigavam em meio a lama daquele pântano, outra batalha era travada em um buraco muito mais escuro e sombrio que o reino de Ashihara, o Inconsciente de Emi. Ryuka havia lhe infectado com seu veneno, e estava tentando controlar sua mente, ela não tinha tempo para brincadeiras, então planejava matar a criança o mais rápido possível, sem dúvida isso abalaria o Tamonten.

Mas ela não contava com a força da garota, que lutava com todas suas forças, sem ceder ao veneno da Semi-deusa. Emi escutava tudo, e presa em sua própria mente a menina assustou-se ao ouvir tal frase “Ele matou Yuka”, como Bishamon poderia ter matado Yuka, se ele é literalmente ela. Sem intenção acabou queimando o Inugami que a segurava do lado de fora.

Em sua mente, Emi estava sentada em uma sala branca, sentada de frente para uma lagoa com água turva e escura, a criança olhava fixamente para a água como se tentasse ver além.

—O que você está vendo? —Perguntou Ryuka sentando-se do lado da criança, ela não moveu um músculo para responder a semideusa— Pode ser sincera.

—Se parece muito com ela —Disse a criança, de forma séria.

—Com Yuka? —Emi acenou positivamente sem olhar para Ryuka—Ela era minha mãe se é isso que quer dizer —Respondeu Ryuka no mesmo tom que Emi

—Então por que tem raiva de Bishamon?

—Ele matou todos que eu amava, incluindo minha mãe.

—Isso não é verdade—Contestou Emi.

—Ah é, o que te garante isso? Você não viveu o que eu vivi para poder se quer dar opinião sobre o assunto.

—Mas eu a conheço.

—É mentira —Ryuka riu, mas a criança acenou negativamente. A semideusa não tinha paciência para aquilo, então abaixou-se ao nível de Emi e disse olhando de forma séria para a criança —Escuta aqui, você é apenas uma criança, por que deveria escutá-la?

—Sei lá, e você é pecadora demais.... Por que deveria te responder?

—Ora sua menininha metida a... —Ryuka a levantou pelo pescoço —Yon me disse que você era alguém especial, mas não tenho paciência para descobrir isso.

Seu coração era puro e não sentia medo da morte, talvez por esse motivo, momentos antes de Ryuka tomar o controle sobre seu corpo suas chamas acordaram de vez, mostrando a verdadeira face de Emi. Primeiramente, o fogo tomou conta de seus braços e como reflexo involuntário colocou a mão sobre o rosto de Ryuka, isso fez com que a semideusa perdesse o controle sobre a criança, que acordou logo em seguida.

As marcas foram recebidas em seu inconsciente, mas as marcas foram deixadas no mundo exterior, inexplicavelmente Ryuka queimou-se do mesmo modo, a palma da mão da criança ficou marcada na pele da semideusa, e ainda continuava queimando. Emi por sua vez estava no chão e estava engasgando, não com o lodo de Ryuka, mas com a chama que lhe queimava por dentro, a limpando enquanto tossia.

Ryuka ainda brigava com Kodama, a deusa por sua vez aproveitou a situação para atacar a semideusa, usando a lamina do cetro ela acertou seu coração e a empurrou para frente, Ryuka se quebrou novamente e se refez detrás dela, mas a marca de Emi ainda permanecia em sua testa. A deusa se defendeu da facada de Ryuka e bateu com o cetro em seu pé, depois girou e bateu com o mesmo em sua cara, a fazendo cair de joelhos

A deusa não perdia tempo, nem podia se dar a esse luxo, o tempo de bater em Ryuka foi quase o mesmo dela tirar a proteção da lamina e seria quase o mesmo de matar a semideusa... Doce ilusão, um pouco antes dela chegar a lamina em Ryuka, a mesma se reconstruiu atrás da deusa e assim que ela atingiu o cascão deixado pela semideusa, foi simultaneamente esfaqueada por sua rival.

—Você não desiste mesmo, não Ko-chan? Agora se me dá licença... —Ryuka virou-se o olhar para trás e percebeu que a criança não estava mais lá —Não adianta se esconder garota, eu vou te achar —O que você é garota? —Perguntou Ryuka colocando a mão sobre a ferida que Emi havia lhe causado.

—Não chega perto de mim—Gritou a garota com as mãos em sua garganta—Isso dói? Parece tão perturbador—Perguntou Emi, escondida por entre as arvores.

—Se você diz, deve ser.…Mas não se preocupe, eu acabarei rapidamente com sua dor.

—Não é minha dor — Disse Emi se levantando, a garota tinha um brilho diferente no olhar —Digo, como consegue dormir sabendo todas as atrocidades que já fez?

—Ah, você é vidente né? —Disse Ryuka em tom de descaso.

—Já entendei—Disse Emi virando a cabeça para o lado, olhando de forma meiga para Ryuka —Você mente para você mesma dizendo que nunca teve culpa de nada, que tudo é culpa do Bishamon, e ele merece sofrer por isso... Mas você sabe, bem lá no fundo, que quem está sofrendo é você.

—Ora sua... —Ryuka a segurou pelo kimono, mas Emi a queimou assim que a semideusa encostou em sua pele— Vou perguntar pela última vez, quem é você?

Os olhos de Emi brilharam e ela pôs a falar uma língua desconhecida, uma língua muda que apenas o vento podia escutar e como um amante perfeito ele veio ao seu encontro, juntar-se a ela, aquece-la. Seu corpo então foi envolto delicadamente por chamas azuis, que queimaram lhe as vestimentas sem ferir sua delicada pele.

Emi levantou a mão e uma rajada de fogo fez com que Ryuka caísse no chão e se quebrasse, sem perder tempo a semideusa se recompôs, toda malformada ela tentou fugir, mas não conseguiu. Pela primeira vez desde que voltou à Terra, Ryuka sentia medo, isso não só a deixou mais fraca como deu brecha para Emi entrar em sua mente.

—Queime! —Disse Emi de forma rouca e quase inaudível.

Ryuka caiu de joelhos, lágrimas escorriam face abaixo, as chamas de Emi não só eram puras como eram capazes de mostrar a verdade, libertando assim a semideusa a tanto tempo atormentada por sua própria culpa e pesar. O corpo da semideusa foi pouco a pouco mudando de forma, e uma camada de vidro recobriu seu corpo, a deixando com a aparência de uma boneca de porcelana em tamanho real.

Assim que acabou seu serviço, a garota olhou ao redor e estranhamente não conseguia ver ninguém ou se quer reconhecer o lugar onde estava, ela estava se perdendo para suas próprias chamas. Kodama gritava incansavelmente seu nome, mas a Emi se quer o olhava para ela, todos mantiveram distância e esperaram o pior, era apenas uma questão de segundos para Emi incendiar tudo em um raio de dez quilômetros,  ou  até mais.

A garota sentou no chão e abraçou seus joelhos, tudo estava confuso em sua pequena cabecinha, antes de perder completamente o controle sobre si ela ouviu um último apelo por sua atenção.

—Emi! — Era Bishamon que a chamava, mas sua voz estava distante demais para a criança se quer dizer de que direção vinha.


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