Ousadia escrita por Ahava


Capítulo 2
Noivado


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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O jardim do palácio havia sido construído pela mãe de Hideki. Era um ambiente calmo, agradável, que transmitia a sensação de paz e quietude. Flores de várias espécies e cores exalavam um delicioso perfume, e plantas verdes e altas estavam espalhadas por todo o espaço. O jardim contava com uma grande piscina de uso exclusivo da rainha. A mobília era constituída por poltronas belas e confortáveis e pequenas tendas que serviam de proteção contra o forte sol de Galik.

 

De todos os ambientes do palácio, o jardim era o favorito de Sakura.

 

Era uma tarde quente e ensolarada. Com os cabelos molhados pelo recente banho e sob os cuidados de Ino, Sakura relaxava no seu precioso jardim. Sentada em uma confortável poltrona branca, a rainha desfrutava de uma agradável massagem nos ombros, e saboreava algumas frutas frescas. Enquanto Ino massageava a pele delicada de sua senhora, aproveitava para deixá-la a par das fofocas e boatos do palácio. Era um raro momento de paz, onde a rainha deixava de ser uma soberana para se tornar uma mulher como tantas outras.

 

— Está querendo me dizer que a pequena Bessie enfrentou a família para ficar com o homem que ama? - Sakura tinha uma expressão de surpresa no rosto bonito. Ino falava sobre um clã poderoso, descendente de um homem viking. Apesar de falarem a língua de Galik, eles tinham hábitos e costumes diferentes, uma cultura diferente.

 

— Sim, senhora. Lembra-se quando Bessie veio para a corte acompanhada do governador da fronteira? - Sakura assentiu. - A pobre moça estava totalmente perdida, e o homem considerado traidor de sua família foi quem a ajudou a se encaixar no nosso mundo. Como resultado, eles se apaixonaram e se casaram, mesmo contra o clã de Bessie.

 

— Deus, que história linda. Parece-se com histórias de livros de amor, não acha?

— Eu também fiquei encantada quando soube. Quem diria que Bessie, sempre tão reservada, seria capaz de uma atitude dessas? Estou orgulhosa da moça. - A frase de Ino tirou uma risada baixinha de Sakura.

 

— Ino, mande uma mensagem para a fronteira, endereçada a Bessie. Quero cumprimentá-la pela coragem e desejar felicidades no casamento. E diga que quando quiser, venha passar uns dias na corte novamente.

 

— Farei isso o mais breve possível, senhora.

 

Ino admirava a compaixão e o amor que a rainha tinha pelo povo. Sakura, apesar do poder, nunca deixou de ajudar os necessitados da população mais pobre de Galik. A soberana era dona de uma humildade espantosa. Sakura não tinha medo ou vergonha de se abaixar para olhar um mendigo ou uma prostituta nos olhos e lhes estender a mão. O luxo e a riqueza do palácio nunca a deixaram esquecer que ainda existiam pessoas sofridas, que necessitavam de uma mão protetora.

 

Sakura era a rainha do povo.

 

— Aonde está Hinata, Ino?

 

— Está na ala das mulheres, descansando e tentando ficar calma. Coitadinha, está muito ansiosa.

 

— Pobrezinha. - Sakura riu, mesmo com pena da dama. - Hoje ela conhecerá o noivo. Ou melhor, nós conheceremos o seu noivo. Eu ainda não o vi.

 

Ino parou a massagem e olhou para o rosto de Sakura.

 

— Não? A senhora não conhece o príncipe Uchiha? - Ante a negativa de Sakura, Ino ficou surpresa. - Lembra-se de um homem com a pele bem clara, olhos e cabelos escuros? Que ontem, na festa, estava ao lado de um cavaleiro de cabelos loiros?

 

Seria o homem cujos olhos a encantaram?

 

— Se for quem eu penso, Hinata casará com um homem muito belo.

 

— Belo é pouco, minha senhora. Sasuke Uchiha é um dos homens mais lindos que meus olhos já tiveram o prazer de ver. É uma pena que antes mesmo do noivado, Hinata já tenha sido traída. Ontem, Sasuke passou a noite com Tenten Hyuuga.

 

Supreendida, Sakura arregalou os olhos verdes.

 

— A esposa do governador de Zur? Tem certeza? Que safado!

 

— Absoluta. E não para por aí: ouvi dizer que eles eram amantes há muito tempo.

 

— Por Deus. Estou em choque. E o marido dela?

 

— Pelo o que eu ouvi, dormiu com Kim, filha do governador da província de Ami.

 

— Que péssimo gosto. Sem dúvidas, estava morto de bêbado, como o rei. Acredita que esperei tanto o meu marido que acabei adormecendo? Quando acordei pela manhã, Hideki estava jogado na cama, ainda com as roupas da festa. Senti-me indignada!

 

Ino riu alto, sendo acompanhada por Sakura.

 

— Sinto muito pela senhora, mas eu tive uma noite extremamente agradável. - Ino olhou para um lado e outro, se certificando que estavam sozinhas no jardim. Aproximou-se do ouvido da soberana e sussurrou:

 

— O rei de Suna me procurou durante a noite.

 

A rainha quase caiu da cadeira, tamanha a surpresa e empolgação.

 

— Está falando sério, Ino? - A dama assentiu com um sorriso malicioso nos lábios. - E como foi?

 

Brincando, Ino abanou-se com a mão e suspirou.

 

— Perfeito, senhora. Perfeito. Gaara é um grande homem, em todos os sentidos.

 

Dessa vez, Sakura não conseguiu prender uma gargalhada alta. Às vezes, até mesmo as soberanas precisam perder a elegância...

 

. . . . . . .

 

No quarto que lhe fora designado, Sasuke refletia. Essa noite, ele conheceria a sua noiva, a mulher com quem passaria o resto de seus dias. Casamento... Essa palavra lhe era difícil de digerir. Ele era um guerreiro, um homem que nasceu para a luta. Nunca pensou em se casar ou em ter uma família, filhos, netos. A Cobra de Taka não se prendia a mulher alguma. E agora, por ironia do destino, Sasuke se casaria para ajudar o seu irmão.

 

Mesmo com o título, Sasuke não se sentia um príncipe. Ele não nascera príncipe; tornara-se um por direito quando Itachi tomou o trono de Taka. A sua alma de guerreiro não poderia morrer, ele jamais permitiria. Seu plano era noivar e casar em pouco tempo e levar sua esposa para Taka.

 

Aos trinta anos, Sasuke já não se imaginava ao lado de uma única mulher. Ele nunca amara ninguém, nunca sentira o que os homens diziam sentir por suas esposas. Amor? Amor era o que ele sentia por Itachi, seu irmão. Casamentos eram contratos, arranjos de conveniência para que as pessoas tivessem mais poder. Esse era seu próprio exemplo: casaria para firmar um acordo entre Taka e Galik, garantindo a proteção ao reino do seu irmão. Um sacrifício que valia a pena, segundo sua própria opinião.

 

Foi uma decisão difícil de ser tomada, mas pelo irmão, ele aceitou. Itachi já havia feito inúmeros sacrifícios por Sasuke: era chegada a hora de retribuir.

 

Antes de vir para Galik, Sasuke procurou se informar sobre as cerimônias de noivado e casamento nessa cultura, para que não cometesse gafes. Ele havia treinado cada palavra que deveria proferir, tendo o cuidado de decorar as frases, ditando-as repetidamente.

 

Provavelmente, deixaria as amantes para trás, já que juraria fidelidade à esposa. Sasuke não era homem de quebrar promessas, mesmo as mais fúteis. Ontem foi a sua despedida.

 

A noite estava chegando.

 

Hinata se preparava para o grande momento. Como presente pelo noivado, a rainha lhe deu um belo vestido azul, de mangas compridas e bordado com flores douradas. De seu irmão Neji, recebeu um anel de ouro com uma pedra de turquesa em cima. Sua cunhada Tenten a presenteou com uma fina tiara de ouro, que passava pela sua cabeça, envolvendo sua testa e os cabelos.

 

O seu coração batia acelerado, tamanha a ansiedade que a envolvia. Aos vinte anos, Hinata sonhava em se casar com alguém que a amasse, protegesse e cuidasse. Queria entregar o seu corpo a um homem por quem tivesse amor, e não um marido por conveniência. Mas se ela aceitou se casar com aquele homem, foi por amor a sua família. Seus falecidos pais deveriam estar orgulhosos.

 

Olhando o seu reflexo no espelho de prata polida, Hinata respirou fundo. Estava tão bonita... O vestido lhe realçava os seios e as curvas da cintura, tendo uma saia fluida e leve, que balançava delicadamente quando ela andava. O tecido era finíssimo, digno de uma rainha. Uma pena que toda essa beleza seria entregue a um homem que ela mal conhecia.

 

Sendo órfã de pai e mãe, Hinata foi criada pelo irmão, na província de Zur. Aos dezesseis anos, foi enviada por Neji para ser a dama da nova rainha, quando Hideki se casou com Sakura. Desde então, morava no palácio, desfrutando dos luxos e regalias de uma nobre.

 

Agora, seria noiva de um príncipe, o que tornava a sua ansiedade muito maior.

 

Decidida, se levantou e foi ter com a rainha, que a chamara há alguns minutos.

 

Sakura estava deslumbrante. O vestido de cor marfim era justo ao corpo, realçando as suas belas e perigosas curvas. O decote era aberto, de um ombro ao outro, mas sem revelar muito do colo. O cabelo estava solto, adornado com um véu da cor do vestido. Hinata entrou na câmara da rainha no momento em que Sakura colocava a coroa real em sua cabeça.

 

— Ah, você está aí. Sente-se, por favor. - Sakura apontou uma cadeira. Hinata a obedeceu, se perguntando o que a rainha queria falar-lhe. - Preciso conversar com você por alguns instantes, antes que venham nos chamar.

 

Sakura se sentou em sua cama, de frente para Hinata, que mantinha as mãos no colo.

 

— Minha querida, eu sei o que você deve estar sentindo agora. Eu também passei por isso, e eu era apenas uma menina na época. Sabe a idade que tinha quando me casei?

 

— Sim, senhora. Quinze anos.

 

— Exatamente. Ainda uma criança... - Sakura suspirou. Ela tinha um olhar cheio de nostalgia. - Vou te fazer uma pergunta e quero que me responda com toda a sinceridade possível.

 

Hinata experimentou uma rápida sensação de nervosismo, que tratou logo de suprimir.

 

— É de livre e espontânea vontade que se casa com Sasuke, Hinata? Seu irmão não a forçou a nada? Está se casando por que realmente quer?

 

A dama de companhia sentiu o estômago gelar. Aonde Sakura queria chegar? Obviamente, estava se casando por sua própria escolha. Ela se lembrava perfeitamente do que Neji havia lhe dito: a família estava em dificuldades financeiras, quase indo à falência. Com a rebelião do ano passado, a província de Zur ficou abalada. Um casamento com um príncipe seria a salvação de sua família e do seu povo. Hinata daria sua vida por isso.

 

— Sim, minha senhora. É de minha própria vontade. Eu quero me casar. - A jovem dama fez questão de enfatizar o seu desejo, mas Sakura notou o medo em seus olhos claros. Ela compreendia perfeitamente o que se passava na cabeça de Hinata.

 

— Compreendo. - Sakura sorriu levemente. - Quando eu me casei, também foi por minha própria vontade, mas eu estava muito assustada. Era um país novo, um idioma novo... Um mundo novo. Veja bem: eu deixei tudo para trás e enfrentei uma mudança assustadora. Hinata, eu entendo o que você pode estar sentido. Sei que está ansiosa e temerosa, mas não se preocupe. Tudo vai dar certo.

 

— Eu lhe sou grata, minha senhora. Mas... É tudo tão difícil! - Os olhos claros da dama lacrimejaram. Era a primeira vez que ela falava com alguém sobre esse assunto. - Eu estou tão acostumada a Galik, a vida no palácio, e tudo mudará em poucos dias. Sempre sonhei em ter um casamento por amor, mas enfrentarei uma união de conveniência. Tento manter a calma, mas a verdade é que eu estou apavorada! A ideia de casar com um homem totalmente estranho me deixa em pânico, senhora. Se eu pudesse fazer diferente, achar um modo de ajudar a província sem precisar passar por isso...

 

Sakura deixou que Hinata desabafasse e chorasse. A rainha segurou as mãos trêmulas de sua dama, enquanto a moça tentava segurar as lágrimas há muito tempo presas.

 

— Chore, minha querida. Pode chorar. Sei que tudo isso estava preso dentro de você. Solte-o, libere a dor e a angústa. Não precisa segurar as lágrimas, Hinata. - Sakura a consolava com ternura na voz.

 

A rainha entregou uma taça de água para Hinata, que bebeu lentamente, respirando fundo.

 

— Está mais calma, querida? - Hinata assentiu com a cabeça e enxugou as lágrimas que escorriam pela face alva. - Ótimo. Agora, falarei não como sua rainha, mas como sua amiga. Quando me casei, minha mãe me deu alguns conselhos e agora eu os repasso a você. Quero que me escute bem.

 

— Sim, senhora. Estou ouvindo.

 

— Hinata, sei que está temerosa, mas não é tão difícil ou ruim quanto parece. As primeiras semanas de casada serão difíceis, mas você irá se acostumar. Ouça, um casamento é feito por duas pessoas, e as duas lutam pelo mesmo objetivo: fazer dar certo. Você pode se apaixonar pelo seu marido ou não, mas com o tempo, desenvolverão cumplicidade e afeição. Basta querer fazer dar certo.

 

Atenta, a dama absorvia cada palavra dita pela sua rainha. Ao final, não se conteve.

 

— Posso fazer-lhe uma pergunta, senhora? - Ao consentimento da rainha, Hinata perguntou: A senhora ama ao rei Hideki?

 

Mesmo surpresa com a pergunta, Sakura riu. Hinata mordeu a língua, se sentindo envergonhada pela pergunta indiscreta.

 

— Não o amo, mas tenho muita afeição por ele. Estamos juntos há cinco anos e eu gosto da sua companhia. Além disso, ele é o pai do meu filho. Isso faz tudo valer a pena.

 

Hinata suspirou aliviada. Sakura realmente era muito boa por não repreendê-la pela pergunta indecorosa. A dama ainda tinha muitas dúvidas, mas decidiu deixá-las para depois, quando tivessem mais tempo de conversar.

 

Uma batida na porta interrompeu a conversa das mulheres. Era Kakashi, o conselheiro real e tio de Sakura, que viera buscar a rainha para comparecerem ao salão nobre. Hinata sentiu a ansiedade tomar conta novamente.

 

Era chegada a hora.

 

Sakura se levantou e alisou a saia do vestido, para tirar qualquer rusga que houvesse. Olhou para Hinata e lhe enviou um sorriso tranquilizador.

— Tudo dará certo, minha querida. Ah, já ia me esquecendo: você está maravilhosa.

 

Hinata sorriu, agradecida.

 

De braços dados com o tio, Sakura entrou deslumbrante na sala do trono. Todos os olhares estavam voltados para a consorte real, que caminhava com a graça de uma flor. A rainha não pôde evitar um olhar ao príncipe Uchiha, que estava em pé, no primeiro degrau da escada que levava ao trono.

 

Como ele estava lindo, vestido em uma túnica preta, com detalhes em vermelho e preto. A calça preta realçava os músculos das pernas perfeitas. Os cabelos negros estavam penteados para trás, mas alguns fios caíam sobre o seu rosto perfeitamente delineado.

 

Que homem encantador.

 

Em seu lugar, Sasuke admirava a beleza da rainha. Magnífica, ela subiu ao trono ao lado do marido, que beijou a sua delicada mão. Ele queria ser o homem a beijar aquela mão...

 

Sasuke estava incrivelmente calmo. Nem mesmo a tagarelice de Naruto conseguia tirá-lo dos seus pensamentos. Em breve, sua vida mudaria por completo. Ele experimentou um frio no estômago quando viu o conselheiro se postar ao centro do salão.

 

Kakashi anunciou a entrada da noiva.

 

Sakura, Hideki e Naruto sorriram, ansiosos.

 

Sasuke quis sair dali.

 

As portas se abriram e por ela passou Hinata, explêndida em seu vestido azul. Acompanhada pelo irmão, era graciosa e com um ar de doçura. Apesar de belíssima, a moça não conseguia chamar-lhe a atenção ou despertar-lhe o desejo. Para manter as aparências, Sasuke manteve o olhar fixo na noiva, que aparentava estar muito tensa.

 

Neji deixou a irmã frente a frente com Sasuke. Os dois estavam no centro, em frente ao trono, à vista de todos. No meio dos convidados, Sasuke reconheceu alguns príncipes e reis amigos, que estavam no palácio desde o dia anterior. Hinata mal conseguia disfarçar a tensão. Sasuke era um homem muito imponente, que lhe deixava amedrontada e insegura. Aquele ar de poder que o futuro noivo emanava, dava-lhe vontade de correr para bem longe.

 

Hideki desceu do trono e ficou em frente aos noivos, dando início a cerimônia. Naruto se postou ao lado de Sasuke, enquanto Neji fazia o mesmo com a irmã.

 

— A união entre duas pessoas não deve ser apenas algo carnal – o rei começou a falar, e todos se silenciaram. - mas sim, uma união entre corpos, almas e espíritos.

 

Do seu trono, Sakura refletia. Será que sua união com Hideki envolvia suas almas e espíritos? Ela temia que não.

 

— Hoje – Hideki continuou. - celebramos o início de um compromisso entre Sasuke e Hinata, dois jovens que decidem iniciar uma vida juntos a partir de agora, unindo suas almas e espíritos.

 

Essa era uma persperctiva assustadora para os dois.

 

— Os noivos devem lavar suas mãos, simbolizando a limpeza e purificação de suas almas.

 

Dois sacerdotes estavam atrás dos noivos, cada um segurando uma bacia de água. Os noivos lavaram as mãos e as secaram com um pano de linho fino. Hinata tentava disfarçar o quanto suas mãos tremiam.

 

— Agora, ouviremos a vontade dos noivos de firmar um compromisso de casamento.

 

Sasuke pigarreou, temendo que sua voz falhasse ou que ele esquecesse alguma palavra.

 

— Eu, Sasuke, filho de Fugaku e príncipe de Taka, declaro que esse compromisso é de minha vontade. Diante do soberano, eu confirmo a promessa de casamento. - Se Sakura não estivesse sentada, ela cairia. Que voz era aquela? Parecia penetrar ao fundo do seu coração, arrepiando cada pelo do seu corpo.

 

— Eu, Hinata, filha de Hiashi, declaro que esse compromisso é de minha vontade. Diante do meu soberano, eu confirmo a promessa de casamento. - Hinata se surpreendeu, pois sua voz foi mais firme do que esperava.

 

Hideki dirigiu o olhar para Naruto e Neji, as testemunhas oficiais do noivado.

 

— As testemunhas confirmam essas declarações?

 

— Sim, confirmamos. - Os dois responderam juntos. Naruto mantinha um semblante sério, mas mal podia conter a euforia.

 

— Que os noivos compartilhem do vinho sagrado, representando a vida que partilharão juntos.

 

Sakura desceu com duas taças de vinho nas mãos, e as entregou aos noivos, que beberam em uma sincronia quase perfeita.

 

“Quantas simbologias desnecessárias.” pensava Sasuke em seu íntimo.

 

Depois disso, os noivos deram-se as mãos. Sasuke notou o quanto Hinata tremia. Que decepção. Ele queria uma esposa segura, decidida, e não um gatinho medroso.

 

— Assim sendo, que os deuses favoreçam essa união. - Hideki declarou, e um sacerdote começou a proferir bençãos sobre o casal.

 

Hinata tinha vontade de chorar, mas ela devia se manter forte. Estava quase acabando, só faltava... O beijo. Droga, ela não havia se lembrado disso! Seu coração disparou no peito. Seria seu primeiro beijo em anos.

 

Sakura, como consorte real, declarou, com um sorriso discreto nos lábios:

 

— Que os noivos confirmem a sua decisão e selem seu compromisso com um beijo.

 

Sasuke engoliu em seco. Pelos deuses, era apenas um beijo, e não uma guerra. Inclinando a cabeça, encostou os lábios na boca de sua noiva. Estavam frios como as mãos dela.

 

Hinata segurou as lágrimas que tentaram sair por seus olhos fechados. Por que era tão difícil? Ela queria que tudo fosse diferente, queria poder ajudar sua província sem precisar passar por um casamento arranjado. A sensação de beijar Sasuke era estranha. Não havia sentimento, não havia carinho, não havia desejo naquele beijo. Ela não queria uma união assim, fria como o beijo que trocava com o noivo.

 

Quando Sasuke segurou o rosto de Hinata, aprofundando o beijo, os convidados aplaudiram o casal. Gaara ergueu sua taça em direção a Ino, que o olhava de forma maliciosa. Neji respirou fundo, tendo a sensação de dever cumprido. Naruto, ao lado de Sasuke, teve vontade de dar um tapa nas costas do amigo e rir bem alto.

 

O sorriso de Sakura se desvaneceu e ela sentiu um pontada no coração, como sentia quando era criança e a irmã lhe tomava um de seus brinquedos, ou quando a mãe não lhe dava atenção, ou quando o seu irmão mais velho se casou.

Ciúmes.

 

Sakura estava sentindo ciúmes de Sasuke Uchiha. Maldição!

 

Praguejando mentalmente, a rainha tentou se convencer que estava feliz por sua dama, mas não. O seu coração ardia em ciúmes. Ela queria aquele beijo que Hinata estava recebendo; ela queria os lábios de Sasuke sobre os dela.

 

Quando suas bocas se separaram, Hinata baixou o olhar, sentindo o rosto queimar e os olhos arderem por lágrimas não derramadas. O casal foi ovacionado. Acabou. Estavam realmente noivos, e em breve, estariam casados. Sakura engoliu o seu ciúme idiota e abraçou a amiga. Fez uma rápida reverência a Sasuke, sorriu e lhe desejou felicidades. Sasuke retribuiu com um aceno de cabeça, encantado por aquele sorriso.

 

. . . . . . .

 

Gaara abriu os olhos, meio tonto. Havia bebido de forma exagerada mais uma vez, pois a festa de noivado de Sasuke fora magnífica. Sentou-se na cama e apoiou as costas na cabeceira e, baixando o olhar, observou a bela criatura que dormia tranquilamente ao seu lado com um leve sorriso nos lábios.

 

Aquela mulher mexia com ele de uma forma que nenhuma outra foi capaz. Ela conseguia tocar o seu coração apenas com o sorriso que exibia sempre que se encontravam. Aquele corpo lindo, que se encaixava perfeitamente ao seu, era capaz de despertar os seus mais profundos desejos. Os olhos azuis, agora fechados, pareciam o profundo oceano. E seus cabelos... Ah, os seus cabelos. Desde que a viu na festa de Hideki, Gaara teve vontade de passar as mãos e cheirar os cabelos de Ino. Agora, os fios estavam espalhados pelo travesseiro.

 

Sonolenta, Ino abriu os olhos e piscou, acostumando-se com a luz. Ao ver o esplêndido homem que a olhava, a dama sorriu, sendo retribuída. Ela sabia que Gaara não costumava sorrir tão espontaneamente, portanto, ela guardou em seu coração aquele momento.

 

— Bom dia, Gaara. - Na intimidade, eles desprezavam as formalidades. O rei de Suna beijou a mão de sua acompanhante, desejando-lhe um bom dia.

 

— Dormiu bem? - Gaara perguntou. Ino esticou os braços, se espreguiçando, e gemeu preguiçosamente. Aquele gemido trouxe lembranças da noite passada a Gaara, que quis estar nos braços da loira mais uma vez.

 

— Maravilhosamente bem. - Ino sentou-se e se aninhou nos braços fortes, recebendo um beijo na testa. Gaara era um homem frio, distante e reservado, mas sabia ser carinhoso quando queria. A dama, então, suspirou. Em breve, seu amante voltaria para Suna e a deixaria. - Quando você voltará para seu reino? - Ela perguntou.

 

— Após o casamento de Sasuke.

 

— Então, ainda temos duas semanas. - Ino sorriu de forma provocativa. - Por que não aproveitamos, meu rei?

 

— Acho uma boa ideia. Mas quero que saiba que não quero um envolvimento sentimental, Ino. Eu sou um rei, e quando voltar para meu reino, tudo acabará.

 

— Eu concordo e entendo perfeitamente. Não se preocupe, Gaara. Eu não me apego a ninguém; homens são todos iguais. - Ino fez uma expressão de desdém.

Gaara levantou uma sobrancelha.

 

— Iguais? Tenho certeza de que eu não sou igual a nenhum homem que você possa ter conhecido, loira.

 

Ino, achando que aquilo fora uma indireta, respondeu:

 

— Prove-me, se for capaz.

 

Em resposta, Gaara a jogou na cama, e, ficando por cima dela, começou a beijar o seu pescoço alvo.

 

— Veremos o que vai achar de mim agora, minha querida.

 

E em uma perfeita sintonia de corpos, entregaram-se um ao outro novamente.

 

. . . . . . .

Sasuke tomava o seu desjejum, composto de frutas frescas, pão e suco de tâmara. Pensando nos eventos da noite anterior, ele sentia certa tranquilidade, embora às vezes também sentisse ansiedade. Era uma mudança meio brusca, e Sasuke não lidava bem com mudanças.

 

Sozinho em seu quarto, ouviu uma batida na porta. Ao atender, um servo entregou-lhe um bilhete. Intrigado, Sasuke o abriu e deparou-se com uma letra bem desenhada.

 

“Encontre-me no jardim do palácio após o meio-dia.” Era a mensagem escrita, assinada pela rainha Sakura.

 

Então, a rainha marcava um encontro com o cavaleiro? Interessante. Sasuke, com um meio sorriso, dispensou o servo. Ele estava curioso para saber por que Sakura exigia sua presença no jardim real.

 

Mal podia esperar o meio-dia, afinal, tinha um encontro com a mais bela das rainhas.

 


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Notas finais do capítulo

Casamentos arranjados devem ser muito difíceis, especialmente para alguém como Hinata.
O que será que Sakura quer com Sasuke, haha?



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