- Passagem, por favor! – Pediu a aeromoça

Estiquei o braço entregando a minha.

- Senhor a passagem é para 1º classe! – Eu não entendi a princípio o que ela quis dizer com isso, até que li o “cartaz”: Classe econômica. – Siga por aqui. Envergonhado e me sentindo um idiota segui a aeromoça. Atravessamos a classe econômica e algumas coisas e chegamos a 1º classe.

- Com licença – disse ela.

- Toda! – Respondi tentando achar um pouco de orgulho.

Sentei-me na poltrona indicada na passagem. O avião entrou em movimento, senti um friozinho na barriga só de pensar em meu destino. Sabe Annabeth, eu mal consigo acreditar que eu consegui.

- O senhor gostaria de alguma bebida?  - Perguntou outra aeromoça, seu nome era Christine. Ela empurrava um carrinho onde havia refrigerantes, champagne, vinho tinto e branco.

Annabeth querida, o que você escolheria?

Christine me olhava com uma expressão de “esse cara é doido”, o que devia ser por causa de ao invés de responder eu estava escrevendo esse livro de anotações.

- Er...Champagne, por favor!

- Aqui está!  - Disse ela entregando-me uma taça. A bebida era de ótima qualidade, bebi alguns goles e depois me concentrei a lista:

Lista de desejos:

1º Mudar de empresa.

2º Visitar a torre Eiffel bem acompanhado.

3º Conhecer a America do sul.

4º Andar pela Muralha da China

5º Comprar um apartamento na Inglaterra.

6º Fazer aulas de paisagismo.

7º Comer coisas exóticas.

8º Conhecer o museu do Louvre

- Senhor, gostaria de comer algo?

- Não obrigado, talvez mais tarde. Poderia me trazer outra taça de champagne?

- Mas é claro! – A mulher sorriu educadamente e se retirou.

9º Conhecer Luke Castellan.

10º Escrever um livro.

11º SER FELIZ!

- Aqui está! – Ela encheu minha taça.

- Obrigado. 

Meu amor, eu acrescentei o décimo primeiro desejo. Após a sua morte eu não podia pensar outra coisa a não ser em querer morrer. Mas então eu vi o vídeo, e você me pediu para que eu fosse feliz, e é exatamente o que vou fazer.

Eu outro dia estava na internet procurando poemas, você adorava poemas. De qualquer forma, eu achei um soneto de um poeta brasileiro, Vinicius de Morais, e como você era fluente em português e eu estou dedicando esse caderno a você, o escreverei em português:

  Soneto de fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais o meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar o meu canto

E rir meu sorriso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou ao seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor que tive:

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

                                                                                                                                                  Vinicius de Morais

“Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure” , Annabeth ao ler isso sinto lágrimas a voltar. Quando li eu não compreendi, mas depois percebi que o autor falava que o amor não era imortal, pois era como chama que pode se apagar, mas que seja infinito enquanto dure. Nosso amor será infinito, pois eu jamais deixarei de te amar.

 “São belas palavras, que me tocam o coração.” Você sem pré dizia. Agora entendo o porquê, só lamento por não ter compartilhado isto antes. Amor gostaria que me ajudasse a compreender. A Hermes Company é uma empresa de advocacia, porém me mandaram supervisionar um museu, que não sofre com nenhum processo ou coisa parecida, sinceramente não entendo o que farei lá. Fiz faculdade de advocacia não de artes ou administração, ao menos cumprirei um de nossos desejos.

Há uma televisão aqui na 1º classe e o filme que está passando é bem chato, quer dizer,  é um documentário sobre a colonização americana. Podia ser um documentário sobre a vida marinha, isso sim seria melhor, porém não escolho a programação. Sinto-me deslocada, queria que estivesse aqui comigo. As pessoas daqui são ricas, não que nós sejamos pobres, mas somos classe média alta, não há muito que dizer.

- Senhores passageiros coloquem os cintos de segurança. Estamos nós preparando para pousar.

Uhul! Logo estarei em solo francês. Continuo escrevendo mais tarde, até logo amor.