A Filha Da Lua escrita por AC Espadeiro


Capítulo 36
Capitulo 36




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Skyler e minha mãe entram no quarto apreensivas correndo para me acudir.

—Você está bem?- Minha mãe procura sinais de ferimentos em mim mas apenas concordo com a cabeça dizendo que não me feri.

—Irina está tudo bem!? Eu soube do veneno... Mieko ficou por lá vigiando as coisas. -Diz skyler observando tudo nervosa. 

—Quem faria uma coisa dessas?- Pergunta Eddy. 

—Será que foi algum dos espadeiros?- Sugere Lauren. 

—As vezes é alguém de fora com inveja de Irina!- Fala minha mãe. - Muitos reis e rainhas ja passaram por tentativas de assassinatos de alguém do povo! 

—Teria alguma forma de ter sido Lizzie?- Pergunto. 

—Se ela estivesse acordada, não teria duvidas, ela poderia muito bem mandar alguém fazer seu serviço, mas ela ainda está em coma, totalmente desacordada. - Diz minha mãe. 

—Meus tios?- Sugiro.

—Eles saíram para caçar, mas pode até ser...

Um clima pesado cai sobre nós deixando tudo silencioso e nós apenas trocamos olhares pensando nas várias teorias possíveis. Mas meus olhos caem para o lado e vejo que uma pessoa se manteve calada enquanto todos tentávamos descobrir quem foi. Uma pessoa que sempre sabe o que faz pela primeira vez não dizia uma palavra, apenas ficava de costas para todos encarando pela janela os raios caírem do lado de fora do castelo enquanto roia as unhas da boca como um rato rói um queijo.

—Arya? -Chamo. -Tudo bem...?

Ela ignora meu chamado e continua sussurrando sozinha, falando pra si mesma, com uma expressão de concentração enquanto ela mexe na unha e anota coisas no vento. Eu poderia dizer que ela estava ficando maluca, mas dessa vez, não era esse o motivo. Ela se vira bruscamente olhando para nós com um sorriso doentio no rosto, ela comemora dando pulos e falando: "ISSO. ISSO. É ISSO!!!"

"Será que ela está bêbada?" —Penso quieta.

—Arya...? O que foi? -Indago. 

—Pensem comigo!- Ela fala andando de um lado para o outro no quarto -Elizabeth, me diga em ordem os sucessores ao trono depois de Edward. Todos, sem falta! - Minha mãe respira fundo confusa e começa: 

—Lauren, Mary, Irina...-Ela para e olha pra Arya confusa. 

—Continue, Elizabeth! -Ela pede. 

—Isabel, Anne, Eleanor...

—PARA!- Arya grita e eu me estremeço toda. -É ai que não pensamos. Eleanor é a sexta na linha de sucessão, quero dizer, quais as chances que ela tinha de se tornar rainha? Praticamente nenhuma! São 5 pessoas na sua frente, isso torna a ideia dela ser rainha impossível!

Ela respira fundo como se tudo fosse óbvio e finalmente se esclarecesse em sua memória, então ela continua:

—Mas, então, há 2 anos atrás tudo começou. Lauren abdicou, Mary faleceu, Isabel está em coma correndo grave risco de vida, um dia sem água é o suficiente para ela morrer, e Anne faleceu também! O único obstáculo entre Eleanor e a coroa, é a Irina!

Uma luz acende em minha cabeça e é como se finalmente tivéssemos completado aquele quebra cabeça de 5000 peças. De todas as teorias de Arya, nenhuma nunca fez tanto sentido quanto esta. Para Eleanor, que já não ia com a minha cara, saber que eu era o empecilho entre ela e sua vida de luxo, só fez com que seu ódio por mim aumentasse. Basta ela se livrar de mim que estará tudo feito.

Na verdade nem tudo... Ainda há mais um obstáculo antes dela vir com tudo pra cima de mim. AI MEU DEUS!

—Esperem...- Fico eufórica e preocupada, todos começam a me olhar nervosos sem saber porque não estou comemorando. - Se isso tudo for verdade, e Eleanor realmente envenenou a espada na tentativa de me matar - Minha respiração fica ofegante, meu sangue ferve e meu coração acelera enquanto suo frio, eu estou nervosa e preciso agir rápido. -, e se a não conseguiu, então é sua deixa para se livrar de mais uma pessoa, antes de voltar pra mim...

Lauren me olha surpresa e assustada, ela suga o ar pela boca sem acreditar e as palavras emergem de sua boca como se ela finalmente entendesse o que queria dizer:

—LIZZIE!! - Todos nos olhamos desesperados. De repente eu levanto e todos saem correndo em direção a porta. A correria começa, tropeço em meus próprios pés agarrando-me as paredes para que eu não caia, eu corro o mais rápido que aguento. E de repente como um ato de desespero eu grito involuntariamente: 
LIIIIZZIEEEEE!!! -Não era um grito apenas para chama-la, notava-se o quão amedrontada e desesperada eu estou.

O castelo está completamente deserto. Estão todos concentrados em Calabar, todos os guardas, todos os criados, esse é o momento perfeito para dar um ultimato em Lizzie e garantir que ela jamais tome a coroa. Por mais que isso não seja uma má ideia, com Lizzie morrendo eu me torno o alvo principal.

Chegamos na enfermaria, e eu pulo na porta puxando a maçaneta mas a porta está trancada coisa que nunca acontece. Meu sangue ferve mais ainda, dou alguns passos para trás e corro dando um pulo com os pés esticados para frente e então quebrando aquela porta que cai sobre o piso.

Todos entram correndo e vemos um homem com o rosto escondido por uma máscara preta de lã, pressionando um travesseiro sobre o rosto indefeso de Lizzie. Ele nos olha surpreso mas continua pressionando seu rosto enquanto vejo seu corpo de Lizzie se contorcer sem oxigênio.

A segurança dela, e a vida dela são a única forma de eu continuar viva. Não posso mata-lo preciso que confesse. Um odio surge em mim e eu saio do meio do grupo tomando a frente de novo erguendo minha mão o mais rápido que posso, fecho meus olhos com força concentrando-me no gelo e então berro:

DURATUS!

Abro os olhos de novo e só vejo seu corpo grudado na parede totalmente envolto por gelo, que o prende e o segura ali. Ele faz força para sair mas não consegue. Corro na direção de Lizzie que parece fraca e dou minha mão à ela. Fecho os olhos tentando pensar num jeito de salva-la, ela está frágil demais e essa falta de ar pode fazer com que ela morra.

Peço em minha cabeça para que a lua me dê uma luz para que eu possa salva-la. Aperto minha mão com a dela e me concentro na lua. Até que mais uma palavra foge de minha boca:

Sana...

E como num passo de mágica, os sinais vitais dela voltam. Seu coração bate de novo e seu sangue circula.

A olho feliz pelo que fiz, mas sinto um cansaço enorme. Me apoio em sua cama caindo cansada de tudo aquilo, e aliviada por temos achado-a a tempo. Até que avisto algo vermelho ao meu lado, uma mancha de sangue no lençol, está fresca, é o meu sangue, passo a mão abaixo de meu nariz e vejo que ele está sangrando, sem motivo algum, como no dia do Expertus Verus, após congelar o Wyrm. Deve ser por causa do desespero e de toda a agitação, não seria improvável.

Fico surpresa com o que aconteceu e olho para todos com medo. Arya pega um lenço e me ajuda a limpar aquele sangue em meu rosto.

—Como fez isso? Bateu com a cara na porta quando se chocou contra ela na primeira vez? 

—Não... Acho que foi eu quem... Quem... -Penso no que dizer até que acabo falando: - Fez Lizzie voltar a respirar! 

—Como assim?- Ela pergunta baixo para que os outros não escutem.

—Acho que meus poderes a salvaram...

—Está me dizendo que acha que pode trazer os mortos de volta?

—Não sei...

—Aqui estão vocês!- Uma voz me chama a atenção. Mieko. - O que está acontecendo aqui?!- Ela pergunta encarando o homem grudado na parede sem entender absolutamente nada. 

—Te explico no caminho. Agora me ajude a levar ele para o calabouço subterrâneo! Rápido! -Diz Eddy.

Passo a mão em sentido contrário e o gelo some. Eddy, Sky e Mieko o agarram pelos braços, ele tenta relutar mas eles o imobilizam.

—Vá com eles...- Falo. 

—Não, eu vou ficar com você! 

—Por favor, vá e se certifique de que ele não escapará. -Ela está relutante, mas concorda e segue com eles para o calabouço.

Na sala estão eu, minha mãe e Lauren. Nós ficamos quietas por um período apenas observando o corpo chamuscado de Lizzie, até que o silêncio é quebrado.

—O que faremos agora?- Pergunta Lauren. 

—Não tenho ideia... Se realmente foi Eleanor a fazer isso, precisamos da confissão daquele homem. 

—Eu irei falar com ele.- Diz minha mãe. 

—Não. Ele não irá falar, estão o pagando.- Digo.

—Ta mas não custa tentar.

—Eu irei interroga-lo. Eu sou a rainha, mãe, esse cargo não é mais seu! - Falo com raiva. 

—E como vamos arrancar isso dele?- Pergunta minha mãe. 

—Iremos tortura-lo se preciso!

—O quê?!- Minha mãe me olha perplexa com minhas palavras.- Irina...

—Mãe eu cansei de ser boa! Se pra obter uma confissão e descobrir quem quer me matar, eu precisar arrancar cada membro do corpo daquele homem com a faca mais cega que tiver nesse castelo, eu farei sem o mínimo de culpa ou remorso. 

—Vocês podem ir, eu mesma tomarei conta de Lizzie, não confio em ninguém para ficar aqui.- Digo.

Elas me olham como se não me reconhecessem, mas acabam cedendo, dão meia volta e saem do cômodo. Chamo um de meus guardas e mando que tome conta do prisioneiro e que não deixe ninguém interroga-lo além de mim.

Fico sentada ao lado de Lizzie apenas a observando. Minha espada está comigo e eu não sairei daqui por motivo algum.

                      ~5 horas depois

Mandei que suspendessem o jantar em família. Recuso-me a comer, beber ou tocar em algo enquanto Eleanor estiver aqui, minha vontade é de manda-la embora agora. Já são 10 da noite, já jantei aqui mesmo, sozinha, não quero que ninguém passe por aquela porta, pedi para que dois seguranças a barrassem não deixando mais ninguém entrar. Quero ficar sozinha com Lizzie.

A TEPCK continua lá embaixo no calabouço, pedi para que ficassem lá, protegessem e vigiassem Calabar, qualquer outro segurança pode ser subornado para liberta-lo portanto prefiro que Arya cuide disso por si própria. O segurança que mandei não é para Calabar e sim para que minha mãe não resolva o interrogar.

A chuva já parou, mas o vento frio continua. Queria poder sair por ai e pular nas poças de lama com meu pai e meus irmãos, como fazia quando era mais nova, escondida de minha mãe, é claro. Sinto falta da época que eu era livre, livre de preocupações, tarefas e obrigações. Ter que acordar sempre me perguntando se o reino está seguro e se principalmente, minha família está segura, é algo cansativo.

Fico sentada ao lado de Lizzie, que por mais que tenha voltado a vida, ainda não abriu seus olhos. Meu pescoço dói e meus braços também, ficar aqui cansa. Observo Lizzie reparo em suas roupas, um traje branco leve, que não aperte seu corpo, apenas para cobri-lo, devido às circunstâncias, a visão de seu corpo, é algo que atormenta meus pensamentos. Ela não estava só com metade do corpo queimado, sua orelha havia derretido com o calor e seus olhos também. Sua mão perdera um dos dedos e metade de seu rosto estava totalmente rasgado. Era uma visão que me agredia, que me causava incômodo. Por que ela fez isso consigo mesma?

Lizzie sempre foi bonita, com sua pele clara, seu cabelo ondulado castanho claro, os olhos grandes levemente puxados, uma boca fina, na maioria das vezes com seu cabelo preso em uma trança envolvida por uma fita verde junto a seus vestidos que sempre foram dos mais caros. Ela sempre andava envolta por jóias e coisas de luxo, fazia questão de exibir sua riqueza por ai. Nunca gostou de mim, ela é mais velha que eu mas nunca foi com a minha cara, diferente de Anne, que até era minha amiga, mas tudo acabou quando meu pai anunciou que a herdeira do trono não seria mais Mary e sim eu.

Distraio-me olhando para Lizzie, recordando-me de como ela era, dos momentos em que a vi feliz andando e correndo pelo castelo, mas uma batida me faz acordar. Olho para a porta esperando e o guarda a abre.

—Majestade?- Ele se curva.

—O que foi, senhor? 

—Tem uma pessoa querendo lhe ver!

—Pensei ter dito que não queria a presença de absolutamente ninguém aqui. Ainda mais que meus amigos, minha irmã e minha mãe estão lá embaixo! Não há ninguém que eu queira ver! 

—Desculpe-me vossa graça, mas ele me disse que a senhorita estava a seu aguardo!

—Quem é? - Pergunto frustrada querendo logo mandar que ele saia e leve quem for embora. 

—Senhor Luke Johansson! -Meus olhos se arregalam olhando sem acreditar. 

—Man-Mande-o entrar...- Luke entra e o guarda fecha a porta.

Corro em sua direção jogando-me em seus braços abraçando com força.

—Você voltou! Fiquei preocupada!- Falo apertando meu rosto contra seu peito quente.

—Eu estava voltando quando vi os portões fechados, não acreditei no que via, por pouco não consigo entrar! O que está havendo, Irina? Você está bem? Foi ferida?! Ta machucada!?

—Calma, calma! Está tudo bem, eu juro! 

—Certeza? 

—Sim! Agora me conte, o que descobriu!

Ele hesita olhando pra os lados. Ele tenta falar uma, duas, três vezes, mas em todas a sua voz acaba engasgando na própria garganta sem querer sair, como se ele tivesse medo de falar. Ele bufa e esfrega a testa irritado por não saber o que fazer e então simplesmente fala:

—Irina... Seu pai realmente foi envenenado.

Sinto como se não houvesse mais chão, como se a gravidade tivesse aumentando sua força em um milhão de vezes. Meus joelhos fraquejam mas eu não me permito cair, não agora, não neste momento. Chorei muito por meu pai, esta na hora de saber o que foi que aconteceu para finalmente acabar com tudo isso. Engulo o choro em seco, e seco as lagrimas em meus olhos antes que elas pensem em escorrer por meu rosto. Limpo a garganta com uma tosse e ele me olha perplexo, ajeito a saia de meu vestido e peço que ele prossiga.

—Bem, eu não sei o nome do veneno, mas algo foi posto em sua comida diariamente, em todas as refeições, pra que fosse o matando aos poucos, como uma doença. 

—Quem fez isso?!- Pergunto o olhando nos olhos.

—O homem com quem falei, não me disse para quem vendeu, mas me deu o nome da mulher que botava a comida de seu pai e que foi encarregada disso, pelo que ele sabe, essa criada era paga pela pessoa que resolveu usar o veneno. 

—E quem é?

Ele faz uma cara pensativa tentando se lembrar do nome e então, junto a um estalo de dedos e um "Ah", às palavras saem:

—Seu nome é... Rosa. Isso! Rosa! 

—Rosa...? Não pode ser...- Sussurro perplexa, atordoada com o que ouço. -Ela é uma das minhas damas de companhia... Minha criada desde pequena... Não posso acreditar!

Ponho a mão à boca abafando um grito então mais uma vez eu o prendo na garganta me mantendo firme e estável. Não vou ser uma pessoa emocional em uma situação tão racional.

Saio da sala as pressa, Luke grita meu nome mas eu o ignoro e apenas ordeno que me siga. Mando que os guardas recuem e lentamente, transformo minha fúria em poder, congelo toda a porta impedindo a entrada de qualquer um além de mim.

—Não quero que deixem ninguém passar por essa porta, entenderam? Ninguém, nem mesmo se usar a frase "ordens da rainha". Não abram ou irão pagar caro pela decisão, entenderam!?

Os olho de cima a baixo como se meus olhos pegassem fogo, e estivessem a ponto de causar o mais incêndio já visto na Inglaterra. Eles concordam com medo e eu saio correndo. Aquele era um lado meu que eu nunca tinha conhecido, e que pela primeira vez se manifestara.

—FECHEM OS PORTÕES! FECHEM OS
PORTÕES! FECHEM OS PORTÕES!- Grito descendo as escadas com velocidade e raiva. Todos no caminho me encaram e correm para fora. -NINGUÉM ENTRA OU SAI DESTE CASTELO ENQUANTO EU NÃO DESCOBRIR QUEM ESTÁ POR TRÁS DE TUDO ISSO!

Respiro fundo e começo a contar para Luke tudo que aconteceu neste palácio desde que ele foi embora em busca de algo que provasse o assassinato de meu pai.

—Está me dizendo que tentaram te envenenar?

—Sim. Isso todos aqui sabem, o que não sabem é que a ameaça está aqui dentro. Não falei pois só pioraria as coisas e deixaria Eleanor alerta. Precisamos agir com cautela. 

—E porque estava com Lizzie? E cadê Arya e os outros, não os vi. 

—Se Eleanor me matasse, ela teria que se certificar de que Lizzie não acordaria, pois caso contrário o cargo iria pra ela. Quando pensamos nisso, corremos para cá e encontramos um homem sufocando-a com o travesseiro.

—Por isso os flocos de neve na parede?- Ele pergunta rindo. 

—Exatamente. Conseguimos prender o homem, ele está no andar subterrâneo, no calabouço, vigiado pela TEPCK e por minha família e um dos guardas. 

—Nossa... 

—Pois é! ALFRED!- Grito-o. 

—Sim? 

—Vá agora chamar o general Birk!! 

—Majestade, a senhorita...

—AGORA ALFRED!- Ele se estremece e sai correndo. Não gosto de ser grossa com as pessoas mas, não preciso de ninguém me contestando agora. Cada segundo é precioso. Percebo agora que estou segurando minha espada ainda. Aguardo no hall de entrada do castelo enquanto ouço o alto ranger dos portões sendo fechados. 

—Vossa graça, é uma honra! Diga-me para que mandou me chamar?- Um homem alto, de cabelos grisalhos, um queixo longo, barba bem feita e trajes de general. 

—Reuna seus guardas imediatamente! Quero que vigiem o castelo inteiro! E quero 5 guardas comigo me acompanhando, agora! O resto quero que vigiem. Ninguém entra ou sai sem passar por mim, quero que garantam isso! 

—Iremos para fora agora e eu irei chama-los,  majestade!

—Não! -Interrompo-o. - Quero que vigiem aqui dentro. Ah e mais uma coisa!

Me aproximo dele e sussurro:

—Sei que o senhor é um fiel amigo de minha família, e já salvou a vida de meu pai inúmeras vezes, portanto lhe peço que tome conta especialmente de Lady Eleanor! Mas não a deixe perceber...

—Pode deixar, vossa graça!

Logo ele volta com seu exército reunido, eles se estabelecem em cada canto, parados, com as mãos segurando o cabo da espada, e os olhos fixos, retos apenas aguardando a primeira tentativa de ataque.

—Atenção!- Falo. -Vocês serão meus olhos, quero que vigiem cada canto desse castelo, suas famílias dependem disto, portanto sugiro que façam o que eu mandar, e nem sequer pensem em me trair, entenderam? Não quero que aceitem ordens de ninguém, por mais que esse alguém diga que: "A rainha mandou" ou que tenha um título, ou seja o que for! Se não for a minha pessoa, vocês manterão seus pés fixos onde estão e não farão absolutamente nada, qualquer um que se mova sem minha permissão, será considerado traidor e terá sua cabeça arrancada na guilhotina! Estamos entendidos!? 

—SIM, MAJESTADE!- Todos os mais de 100 gritam em coro ecoando por todo o castelo e eu sinto o poder na palma de minha mão. 

—PERFEITO!

Os 5 guardas aparecem e eu saio o mais rápido para a cozinha, os soldados me olhavam com medo e era isso que eu queria, medo, pois é a única coisa que os manterá me seguindo. A lealdade é algo frágil demais, seria fácil oferecer umas moedas de ouro, um cavalo ou uma prostituta em troca do silêncio deles, mas se a vida de seus filhos e principalmente, a deles, estiver em perigo, eu duvido que ousem me trair, e nesse momento, eu preciso de toda a lealdade possível.

Os quartos ao lado da cozinha eram os das empregadas, e Rosa dormia em um deles. Entro esbarrando e empurrando todas que estão em minha frente, algumas se reverenciam, outras se desculpam por esbarrar em mim, mas eu as ignoro seguindo reto meu caminho para o último quarto daquele corredor branco e extenso.

Os 5 soldados seguiam calados, com suas espadas e adagas. Ao chegar no último quarto bato na porta, mas ninguém abre. Grito o nome de Rosa, ordenando que ela abra a porta mas nada acontece. Jogo meu peso sobre a porta quebrando as dobradiças, e deixando um arranhão sobre a porta de madeira.

O quarto estava vazio, sua janela aberta. Corro para os armários e os vejo vazios e escancarados. Ela saiu a pouco tempo.

—GUARDAS!

Grito para uns 20 vão atrás dela. Minha mãe surge desesperada junto a Arya, sem saber o que está acontecendo.

—TRAGAM MEU CAVALO!

Saio do castelo e elas correm atrás de mim. A chuva havia voltado, e os relâmpagos caiam com mais força. Eu ja estava encharcada de novo.

—IRINA! -Grita Arya. 

—ELA SABE QUEM MATOU MEU PAI! -Grito com todo o ar que tenho para que ela possa me escutar. 

—Isso pode ser uma armadilha de Eleanor pra te tirar do castelo, você ficar vulnerável!!!

—ARYA EU NÃO POSSO MORRER! EU NÃO VOU DEIXA-LA ESCAPAR!- Meu cavalo chega, e eu subo nele rapidamente. -Se quer me proteger, não me impeça, só venha comigo!

Ela me olha nervosa mas quase que de imediato, sobe em meu cavalo e então começamos a cavalgar o mais rápido possível. O vento corria embaçando minha vista, eu preciso alcançar Rosa.

—MAJESTADE! OS SOLDADOS A VIRAM CORRENDO PARA O LESTE!  -Grita o general.  

—VAMOS!

Mudo meu percurso para o leste, cavalgo o mais rápido possível. Em minha cabeça eu rezo para os Deuses para que me ajudem a encontrar Rosa. Ao longe vejo uma carruagem se deslocar com rapidez. Grito pra que a sigam e todos a fazem.

—ARYA! MINHA ESPADA!- Berro pra que ela me ouça em meio a essa tempestade sem fim. 

—O que vai fazer, Irina?!- Ela grita.

—MINHA ESPADA!- Estou cansada de todo mundo se preocupando com o que faço. É o meu reino e a minha vida, eu sei tomar minhas próprias decisões.

Arya me entrega a espada no meio daquele breu total, enquanto o cavalo corre sem saber para onde. Não consigo usar meus poderes, estou apreensiva demais para isso e não consigo enxergar nada com clareza. Seguro minha espada com força e faço um movimento tentando me aproximar da carroça.

Fico a alguns metros dela, e então me arrisco, jogando minha espada na roda com medo de perde-la e disso ser inútil. Mas então, a carroça pobre e velha, perde sua roda esquerda traseira, e a carroça cambaleia para o lado caindo de lado fazendo um estrondo.

Salto de meu cavalo e abro a carroça com um chute. Lá vejo uma mulher de aparência velha, cabelos grisalhos e uma cara frustrada segurando sua bolsa com um ferimento acima da sobrancelha. É ela. A agarro pelo braço e grito:

—GUARDAS! Levem-na de volta para o castelo, direto para o calabouço, ela passará pelo meu interrogatório. 
        -Sim, vossa graça!

Então eles a prendem pelos braços a pondo sobre o cavalo e a levando de volta ao palácio sobre essa chuva enquanto eu me mantenho ali parada apenas observando os guardas se afastarem e por fim sumirem na escuridão da calada da noite.


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Notas finais do capítulo

Oiee povo!!

Então, eu não tenho nada a comentar sobre essa capítulo tão misterioso. O que vocês acham que virá? Ela obterá uma confissão ou será que há muito mais envolvido nisso?

Bem, acho que só descobrirão no próximo capítulo, não é msm?

Bjsss da autora



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