A Filha Da Lua escrita por AC Espadeiro


Capítulo 35
Capitulo 35


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO 
Meus amores, tenho tanta curiosidade de saber mais sobre vcs, então se quiserem ter algum contato comigo basta ir na minha ultima foto no instagram, ac_espadeiro, e comentar na minha última foto: #LeitoraAFL para que eu os identifique!!

Boa leitura, meu povo



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A manhã passou lentamente, pelo menos para mim, acho que foi pela ansiedade em batalhar com Eleanor. Não a vi ainda, presumo que esteja treinando em seu quarto.

Estou assinando alguns papéis que me entregaram, renovações de acordos mantidos por meu pai que eu como nova rainha devo dizer se estão ou não dentro de meus termos. Mergulho a pena no tinteiro pronta para mais uma assinatura quando alguém bate na porta.

—Quem é?- Pergunto largando a pena.
—Arya. 
—Entra!

Logo Arya entra usando, pela primeira vez na vida, um vestido, e principalmente, ele não é preto. Fico espantada com a mudança. Seus cabelos curtos estão presos em um coque alto com uma pequena mecha solta na frente. Seu vestido é de alça, branco em cima e laranja com rosa claro em baixo. É uma graça e a cor se sobressai, em sua pele quase tão branca quanto o gelo.

—Arya, você está linda! -Ela ri revirando os olhos. -Mas porque disto? Está tentando chamar a atenção de alguém? - A olho maliciosamente  e ela ri.
—Não... - Ela hesita. - Talvez...
—Meu Deus! Quem é? 
—Não é ninguém, Irina!
—Por acaso é aquele cara que você ficou conversando durante a minha coroação?
—Quem? O André? 
—Hmm já sabe até o nome dele.
—Claro, eu falei com ele por uns 30 minutos, óbvio que eu vou saber o nome dele, idiota! Mas, o quê? Não! Não é ele, eu não sinto absolutamente nada pelo André! 
—Então quem?
—Desista!
—Ta brincando? Você me diz que está a fim de alguém e não vai me contar?
—Eu não estou a fim de alguém...- Ela da uma pausa analisando a situação. -Estou mais pra apaixonada! 
—O QUÊ? - Saio correndo atrás dela e ela sai dando voltas em meu quarto enquanto ri. A diferença é que eu estou acostumada a andar de vestido e salto, já ela, não.

Me jogo em suas costas fazendo com que ela caia em cima da cama e eu fique jogada por cima dela. Ela se vira ficando de frente comigo e nós morremos de rir. Suas mãos seguram minha cintura e me passam para o lado, tirando-me de cima dela.

—Você ainda por cima bagunçou meu coque! - Ela diz.
—Prefiro você sem coque, é menos princesinha.

Ela sorri para mim soltando o cabelo de uma vez e se levantando da cama.

—Então Majestade, já escolhemos seus planos para hoje!- Ela diz andando de um lado para o outro me encarando. 
—Pensei que eu escolhesse o que fazer... - Digo.
—Você deveria, mas hoje quem decide sou eu! Você irá se levantar, irei te arrumar para o almoço e logo após iremos para sua luta com Eleanor. Depois, direto para a cidade. - Havia me esquecido desse detalhe.- Mas...
—Mas o quê?
—Iremos em segredo! 
—Por quê? 
—Porque não podem de forma alguma saber dessa mulher! Se ela realment estiver falando a verdade, isso chegará aos ouvidos de Lizzie, sabemos disto! Ninguém aqui é confiável! Basta umas poucas moedas e pronto, portanto iremos em segredo! 
—Se você diz... -Dou uma pausa. -Arya?
—Sim?
—Teve notícias do Luke?- Ela parece desapontada.
—Não... 
—Por que ficou pra baixo de repente? 
—Não é nada... Só preocupação com ele mesmo... Ignora... Vem! Você tem que se arrumar!

Ela segura minha mão e me leva até a sala dos Reis. Lá, ponho minha armadura, a qual ela a aperta com os fios me dando uma leve falta de ar. Logo ela prende o cinto com a bainha e me entrega a espada totalmente afiada. Ela faz um sinal para que eu me sente e assim o faço. Seus dedos envolvem todo o meu cabelo, encostando de leve, sem querer, em minha nuca fazendo com que eu me arrepie. Ela percebe e solta um riso. Alguns minutos se passam e por fim meu cabelo já está totalmente preso em um coque muito bem feito e armado.

—Pronta? 
—Prontíssima!

Vamos para o jardim de trás, onde será o almoço já que minha mãe insistiu que já que a família toda está aqui, incluindo os parentes distantes, devemos fazer algo novo. Ao chegar lá observo aquele ambiente festivo e animado. O chão é tomado pela grama verde que brilhava com a luz do sol, havia pétalas de rosas espalhadas brancas por todo o solo dando graça ao local. Uma melodia animada e dançante toca convidando qualquer um a querer participar da festa. As mesas de piquenique estão envoltas por toalhas de seda branca e vermelha, e sobre elas estão os vários pratos de comida. As pessoas conversam e interagem entre si parecendo felizes por estar ali. Até mesmo um velho carrancudo e rancoroso que fica apoiado na parede do castelo fumando seu charuto. Ah! É o Salazar, que surpresa magnífica!

—Irina?! -Minha mãe anda até mim com o cabelo solto, algo que não vejo a séculos. Nunca a vi tão bonita desde minha partida pra Winterfell. Reparo pela primeira em cada detalhe, em seu cabelo loiro misturado com as pequenas mechas brancas que ela tanto tenta esconder; em seus olhos verdes escuros nas bordas e claros no centro que me fitavam com raiva; nas pequenas marcas de riso perto de sua bochecha junto a uma pequena pinta próxima a sua orelha. Seu rosto fino, modelado, esculpido à mão, que sempre que ela ria, realçava suas maçãs do rosto, a dando um charme invejável. Ela está usando um vestido lilás e branco, outra coisa que não vejo a séculos, ela usando cores claras. Ela nunca achou que ficasse bom nela por ser muito branca, mas papai sempre gostou.

Ela me olha com raiva, fuzilando-me com o olhar, mas não só a mim, Arya também.

—Posso saber que roupas são essas?
—Ué! Eu vou lutar com Eleanor, quer que eu use um vestido de renda?!- Pergunto debochada. 
—Primeiro que eu ainda tinha alguma esperança de você ter desistido dessa palhaçada toda de luta. Segundo que será que você pode usar só um pouco o bom senso? Estamos em uma festa, uma reunião, e você já me inventou de dar um jeito de botar 1 quarto da família contra nós, e ainda por cima, num evento que exala paz, você me aparece de armadura preta e uma espada? - Ela pergunta como se a resposta fosse a coisa mais óbvia do mundo e ela tivesse 30 anos e eu 3. 
—Eu já vim preparada! 
—Ah mas não veio mesmo! Trate de entrar o mais rápido possível e trocar de roupa! 
—Mas mãe...
—"Mas" nada! Anda! Janu! - Ela chama a criada que serve as empadas. 
—Sim, alteza?! - Ela se reverencia vindo rapidamente. 
—Acompanhe Irina até o quarto dela e a faça vestir algo mais apropriado para a ocasião!
—Sabe que ela trabalha pra mim, não é?- Pergunto. 
—Sei, mas quem toma as decisões ainda sou eu! Vai!

Rio de sua atitude e sigo Janu pra meu quarto. Ponho algo simples, e discreto volta do rapidamente pra a festa. Desço as escadas de meu quarto já desacompanhada até que uma sombra no outro canto me chama a atenção. A olho confusa, e saio correndo atras dela. Todos estão lá fora, quem é?

Saio correndo, na ponta dos pés tentando não fazer barulho. Sinto calafrios, e um pequeno nervosismo. Faço a curva indo mais para o canto, mais para longe, se for alguma armadilha, duvido que alguém possa ouvir meus gritos daqui.

Consigo avistar alguém, além da própria sombra, não consigo identificar, apenas uma pessoa encurvada usando uma capa vermelha com detalhes dourados que a escondem. Corro e a chamo em busca de respostas.

—EI! Você! Pare! - A pessoa continua andando me ignorando. - Eu ordenei que pare! 
—Eu preciso falar com a rainha, e eu falarei! Por bem ou por mal! -O indivíduo mostra uma adaga de prata ameaçando-me. 
—Se quer falar com a rainha, largue a arma! - Ela não o faz. -DÊ-ME O AGORA!

Estendo a mão de imediato com brutalidade, e na mesma hora, a faca voa em direção a mim parando na palma da minha mão. A seguro orgulhosa do que fiz. Adoro ser telecinética.

—Agora se mantenha aonde está!- Ela faz menção a se mover, é claro, mas uso meus dons para fazê-la ficar parada. Aponto a palma de minha mão esquerda para ela. - Agora vamos descobrir quem você é!

A palma de minha mão direita se estica concentrando em seu capuz e fazendo um círculo em sentido horário, assim, o capuz sai de sua cabeça, revelando seu rosto.

Um rosto moreno naturalmente, os cabelos negros e ondulados, os olhos levemente puxados.

—Chen... -O nome foge pela minha boca num sussurro.
—Irina! Ai meu Deus! É você! -Largo minhas mãos a libertando e ela corre me abraçando. Ela segura em meu rosto sorrindo, me analisando por completo vendo se estou bem. - Você está bem? Algum corte? Algum machucado? Qualquer coisa?
—Chen, eu to ótima! Calma! P-por que está aqui? Como chegou aqui? Meu Deus, tenho tantas perguntas! 
—E eu queria muito poder responde-las agora, minha flor! Juro que eu queria! Mas não posso, não agora, não aqui! É caso de vida ou morte, é um risco enorme, para mim e minha sobrinha, eu estar aqui falando com você!
—Por que, Chen? Bella está bem? Tem alguém as ameaçando? Se for o caso podem vir pra cá ou eu arranjo alguns guardar para vigiarem a casa de vocês!
—Não quero fazer desfeita, minha querida, mas nós duas sabemos que se tem um lugar sem segurança alguma, é esse castelo! -Ela fala entre os dentes me olhando com a sobrancelha arqueada. Ela está certa. - O perigo Irina, é alguém descobrir de... - De repente um berro a interrompe nos assustando. 
—IRINA!- Uma voz me chama, a voz suave e alta é de minha irmã Lauren, que está me procurando. Olho em volta a procurando, mas do nada as mãos de Chen seguram em cada lado de meu rosto, puxando meu pescoço e me obrigando a olhar e me concentrar . A olho assustada e com medo, sussurrando de forma aterrorizante, ela fala: 
—Preste atenção pois só direi uma vez. Haja o que houver, Irina, não deixe... Que a lâmina... Encoste em você! 
—O quê? Por quê?
—Apenas faça o que eu mandei! -Ela ordena.
—Chen, espera! - A chamo preocupada.
—IRINA!- Mais uma vez a voz me chama. As mãos frias e ásperas de Chen soltam meu rosto,  e ela sobe o capuz novamente, ocultando sua identidade. Ela pega minha mão, beijando as costas dela, e então sussurra me olhando no olhos com uma cara de quem sente pena. 
—Cuidado, minha flor! Corre grande perigo aqui! Que as almas lhe protejam!

Ela solta minha mão e se vira do de costas  seguindo pelo corredor como se sequer tivesse parado para falar comigo.

—Irina! Ah aqui está você! Vem! Tem gente querendo te ver! Vamos!
—Eu... Eu...
—Irina? Está tudo bem? Você ta mais branca que o normal, e... Você ta gelada! - Ela fica nervosa. - O que está acontecendo irmã? Parece que viu um fantasma!
—Pra falar a verdade, acho que vi...

Olho por cima do ombro para o corredor e Chen não está mais lá. Ela desapareceu e foi embora, de volta para casa, enquanto eu me mantenho nesse castelo, onde ninguém está seguro, onde nada é certo, enquanto suas palavras ecoam em minha cabeça não deixando que eu me concentre em mais nenhuma fala de Lauren.

                                     ***
Voltei para a festa, mas mesmo assim não conseguia me controlar. Era difícil desviar meus pensamentos de Chen. Ela não se arriscaria vindo até aqui se não estivesse falando a verdade.

Não vi Eleanor a manhã toda, será que ela comparecerá a batalha?

Logo ouço o gongo tocar tão mas tão alto que chego a me estremecer. Alfred aparece ao lado segurando o bastão e por fim anuncia:

—Atenção! Hoje, vossa graça Khaleesi Irina, entrará em uma luta com Lady Eleanor, ou como ela prefere ser chamada, futura duquesa! As duas participantes têm 10 minutos para se aprontarem. Ao meio dia e meia, ambas devem estar em seus postos!

Me distraio olhando para Alfred mas o braço de Arya segura o meu e sai me puxando para dentro do castelo e em seguida para meu quarto, onde fica minha armadura.

Entramos as duas e ela sai correndo pegando a armadura enquanto eu tiro aquele vestido enorme com a ajuda de apenas uma empregada.

—Ta bom, lembra dos golpes que treinamos, né? Tente um corte duplo ou triplo, um tornado pode ser bom para faze-la recuar e você ganhar tempo!- Ela fala enquanto puxa os fios da armadura fazendo com que ela acentue-se em minha cintura com força, sinto uma breve falta de ar mas passa. Assim que ela termina, minha criada sobe no banco para fazer meu cabelo enquanto Arya prende em meus pés as botas de  metal.

A mulher puxa meu cabelo com força para fazer um coque perfeito, sem fio algum para fora. Ela acaba pega a bainha e faz exatamente como fez no dia do Expertus Verus, estende sua mão para mim segurando a bainha com a espada e eu a seguro.

—Está pronta? 
—Mais do que nunca! - Ela sorri feliz por eu ter me lembrado de nosso bordão, então saímos correndo de volta para o jardim.

Lá o gongo toca, 12:30, então ele anuncia:

—Com vocês, vinda da Indonésia, a futura duquesa, Lady Eleanor de Lannister!

De repente Eleanor entra com sua armadura que é simplesmente idêntica a minha, só que a dela é verde musgo, bizarro. Sinto a raiva me consumir e Arya segura em meu pulso impedindo que eu avance.

—E com vocês, vossa graça, Khaleesi Irina! - Arya me solta e eu vou para o jardim. 
—Antes um aperto de mão das duas. 
—Alfred não precisa! -Se eu segurar a mão dela eu quebro. 
—Concordo, vamos logo para o que interessa!- Ela diz com aquele cabelo dela preso num coque tão estranho que me assusta. 
—Ai senhor...- Alfred sussurra.- Então... Que os jogos comecem! - E com uma martelada no gongo, ele anuncia o início de tudo.

Corro para cima dela e ela rebate o que me surpreende. Vou para a direita, para a esquerda e ela se mantém. Até que sua espada passa raspando pela minha armadura quase me cortando.

"Não deixe que a lâmina encoste em você!"

Era como se uma mulher estivesse do meu lado sussurrando isso no meu ouvido o que me faz recuar e sua espada quase cortar meu peito. Chen sussurrou aquilo para mim por algum motivo, que outra lâmina ela estaria se referindo se não a da espada de Eleanor, faz todo sentido, mas por quê?

"A espada... O menor dos cortes pode lhe "matar". Cuidado!"

Estaria eu maluca ou realmente alguém falou comigo? Essa voz doce e soporosa, a última vez que a ouvi foi após a valsa com Richard na festa da coroação. Seria a lua se comunicando comigo de novo?

Me distraio levando um corte porém na armadura, por sorte não chegou à minha pele. Desperto-me contra-atacando Eleanor. Libero a força de dentro de mim, resolvo acabar com isso de uma vez.

A chuto bem no estômago lançando-a para longe, sangue jorra de sua boca e eu rodopio no chão fazendo um corte com a espada em seu braço esquerdo. Ela fica zonza sem notar o que está acontecendo de tão rápido. Golpeio sua mandíbula esquerda com meu cotovelo e então lanço um soco em seu queixo fazendo-a bater os dentes e para finalizar, agacho-me dando uma rasteira em seus pés e assim ela cai de costas largando a espada.

Penso que acabou mas ela agarra a espada rolando para o lado. Eu já estava de costas a essa altura, achando que tinha acabado, passo perto dos outros convidados até que sinto um vento gelado passar por mim bagunçando meus cabelos e minha pernas fraquejam como se eu não tivesse mais controle sobre elas, então eu desabo no chão.

"Abaixe" - A voz sussurra.

Apenas vejo a lamina de metal da espada de Eleanor passar direto na altura onde estava meu pescoço, mas ela não corta apenas o ar, e sim o peito de um homem que trabalha no reino. O tempo fecha e aquele lindo sol é tapado pelas nuvens, o dia fica cinzento quase que instantaneamente, ouço raios e relâmpagos mas não consigo ver direito por estar deitada.

A única coisa que consigo ver, é uma minúscula gota de sangue, cair direto do peito daquele homem sobre meu rosto, escorrendo lentamente, sujando meu rosto com aquela cor vermelha. O homem gordo, barbudo e careca, esbugalha seus olhos castanhos e tosse inúmeras vezes. Sua mão passa pelo corte em seu peito, e ele o olha sem entender o porquê. De repente ele cambaleia para trás e seus amigos o seguram achando que ele está assim graças a tanto vinho tomara.

Mas então, ele tenta respirar mais uma vez e não consegue, ele fica vermelho e por fim, desmaia, caindo direto no chão, com os olhos abertos e a boca e o nariz sangrando.

—CHAMEM OS MÉDICOS!- Minha mãe grita.

O corpo deitado daquele homem morto, estava de frente para o meu, seu olhar vago e desesperado, pairava com os meus olhos, assustando-me o suficiente para que eu não conseguisse gritar ou recuar para trás. Tudo que vejo além daquele pobre homem, é a sombra de Eleanor sobre mim, exalando ódio por seus olhos por não ter acertado seu alvo.

—IRINA!- Ouço a voz preocupada de Arya que corre para me acudir. Vejo Eddy se aproximar de Eleanor e arrancar a espada de sua mão, ele grita o nome de Lauren que estava parada ao seu lado e os dois saem correndo.

Arya me puxa pelos ombros e me abraça. Eu mantenho meus olhos fixos com os de Calabar, esse era seu nome. Lorde Calabar.

—Você está bem? Foi arranhada?!- Pergunta Arya me encarando preocupada. Skyler surge acima de mim e eu vejo ela me encarando de cima preocupada.

Os olhos de Calabar são desviados dos meus, Athena se aproxima tentando uma técnica para ressuscita-lo, mas de nada adianta.

—Me tira daqui... Por favor... -Sussurro.

Arya diz algo mas não entendo. Sua mão agarra a minha cintura e eu envolvo meu braço em seu ombro e então ela me arrasta para dentro do castelo enquanto ouço os gritos desesperados das pessoas tentando salvar a vida de Calabar.

~No quarto~

Fico em posição fetal na cama ouvindo os pingos furiosos de chuva caírem sem piedade do lado de fora inundando tudo. Meus olhos não se pregam, e minha mente não desvia da morte daquele homem.

Arya tenta acender a lareira já que o quarto está tão frio quanto o possível corpo morto de Calabar. Ela se aproxima aos poucos olhando-me nos olhos.

—Está tudo bem? -Ela pergunta de forma doce.
—Está?- Devolvo a pergunta.
—Irina, não foi sua culpa...
—Eu podia ter evitado a morte daquele homem...- Digo. Ela me olha confusa então a porta de meu quarto se abre. Uma das criadas aparece com uma bandeja com 2 xícaras de porcelana rosa claro com um chá maravilhoso dentro. Ela nos oferece e eu aceito, sentando-me na cama para beber.

Agradeço e ela sorri para nós se retirando do quarto. Aprecio o calor da xícara em meus dedos e a forma como aquele chá faz minha língua formigar com o calor.

—Irina, o que quis dizer com "Podia ter evitado"? 
—Arya... -Um trovão alto ecoa me assustando.- Lembra da mulher que lhe falei?! Que me disse que meu pai fora envenenado?
—É, sim! Claro que eu lembro, Irina. Por quê? O que ela tem a ver com isso?
—Hoje... Mais cedo, umas horas antes da batalha... Ela, apareceu aqui escondida... 
—O quê? Como?!- Ela pergunta surpresa.
—Não sei, mas ela veio até aqui, parecia preocupada, ela me olhava com dó. Então perguntei o que ela veio fazer aqui... 
—E...?
—Ela me disse para tomar cuidado, na verdade, não foram exatamente essas palavras que ela usou! 
—E quais foram?- Ela pergunta curiosa e nervosa.
—Ela me disse para não ser atingida pela espada...

Na mesma hora que Arya abre a boca para falar algo, a porta de meu quarto se abre bruscamente fazendo um estrondo junto aos trovões do lado de fora. Por ela passam Eddy e Lauren, molhados pela chuva e com uma expressão que me assusta. Eles correm para a minha cama e ficam em pé, de frente pra mim.

—Irina! A, a gente descobriu uma coisa!- Lauren fala ofegante. 
—E o que foi?!- Pergunto. 
—A espada foi envenenada...- Diz Eddy. 
—O quê?- Arya pergunta se levantando imediatamente. 
—Exatamente o que você ouviu! Alguém passou uma espécie de veneno chamado batracotoxina, ele vem da pele de um sapo. Um veneno desses pode matar umas 20 pessoas, e acredite, aqui tem veneno de pelo menos uns 10 deles. Foi isso que matou Calabar. O corte em seu peito foi superficial demais para que ele morresse assim. - Explica Lauren. 
—Mas nós 4 sabemos que o veneno não foi feito para Calabar! -Fala Arya. O silêncio paira no local, sinto os olhares se voltarem para mim e meu coração acelerar, então involuntariamente as palavras saem de minha boca: 
—Tem alguém tentando me matar...

Os relâmpagos acendem do lado de fora e o clima fica tenso enquanto nos entreolhamos esperando que alguém quebre aquele maldito silêncio...


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