Linhas Cruzadas escrita por Cinara Machado


Capítulo 3
Capítulo 3.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.


Capítulo 3 - Colégio novo.



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O despertador do meu quarto ecoou pelo quarto me forçando a lagar meu livro em cima da cadeira para desligá-lo. Havia uma semana que eu estava ali e ainda não havia conseguido dormir por mais de duas horas. O meu quarto só tinha minha cama, um ar-condicionado - era impossível ficar sem, devido ao calor infernal do Rio - e duas cadeiras. Eu já estava matriculada em um colégio, que por sinal era tão chato quanto aquele bairro. Era tudo tão insuportável. Eu já discutido com três meninas da minha sala e dois professores. Sempre fui boa em arrumar confusão.

— Bom dia! - minha mãe sorriu ao me ver entrando na cozinha.

— Não para mim. - peguei uma maçã em cima da mesa. - Bye!

Desde que havíamos chegado ao Brasil meu diálogo com a minha mãe havia se tornado monossilábico, o que era estranho já que nós sempre tivemos uma relação incrível.

— Bom dia! - o porteiro do prédio do prédio ao lado me cumprimentou.

— Bom dia! - respondi educada.

Ele era a única pessoa com quem eu falava ali. Não havia feito nenhuma amizade no colégio e não tinha interesse algum em fazer. Meu único interesse era voltar para Londres.

ל

O sinal do intervalo tocou e eu saí da sala para comprar algo para comer, quando estava voltando para sala tropecei em algo, o que quase me fez cair.

— Ops, foi mal! - uma das meninas com quem eu já havia discutido na aula sorriu, debochando de mim. Ela tirou a perna do caminho. - Foi sem querer.

— Eu acho que não.
— É, não foi mesmo.

Antes que eu pudesse pensar em qualquer razão para não fazer aquilo eu havia jogado a garota no chão e estava por cima dela desferindo tapas e socos em seu rosto e em todas as partes possíveis do seu corpo. Só parei de bater nela quando senti dois braços fortes me puxando.

— Me solta! - gritei, enquanto me debatia para me soltar, eu consegui, mas voltaram a me segurar, com mais força dessa vez. - Solte-me! - gritei novamente, em vão.

— Não, você já bateu o suficiente nela.

Pela voz eu reconheci que era um menino, vi pela forma que ele segurava meu braço - sem me machucar, mas sem me dar chance de me soltar, também - que seria inútil tentar me soltar, então deixei que ele me levasse até um banco.

— Quem é você? - perguntei.

— O cara que te ajudou, sua mal agradecida.

— Não pedi ajuda.

Respirei fundo, pensando em como aquilo podia ter acabado se não separassem. Autocontrole não era algo que fizesse parte da minha personalidade.

— Sorry, - disse. - obrigada.

— Tudo bem. Você é de Londres, né?

— Yeah, como sabe?

— As notícias correm por aqui. Então... todas as meninas lá são como você?

— What? - arqueei a sobrancelha, confusa com o que ele queria dizer.

— Não foi uma ofensa. - ele riu. - É que, cara... você bate como homem.

Desde o Kauã no avião aquela era a primeira vez que eu falava com alguém pessoalmente, eu só falava com o pessoal de Londres por internet e celular.

— Dizem que sou meio estranha.

— Eu concordo. - ele riu, o sinal tocou. - Vamos pra sala?

— Você é da minha sala?

Ele riu da minha surpresa.

— Sou. E a propósito, eu sou o Danilo.

Nós voltamos para sala e nos sentamos juntos, ele era bem divertido. As pessoas começaram a nos encarar e eu comecei a ficar sem graça, não por ser tímida e sim por detestar ser o centro das atenções. Respirei fundo e tentei ignorar os olhares, voltando minha atenção a conversa com o Danilo.

De repente todos que estavam conversando pararam de falar, Danilo me cutucou e eu olhei pra frente, dando de cara com o a figura séria do diretor acompanhando a menina com quem eu havia brigado. Me assustei ao ver o estado em que ela se encontrava. A blusa do uniforme dela estava rasgada no ombro e na parte da barriga, os braços estavam ralados, sem contar as marcas de unha e uma parte do seu rosto estava meio roxo.

— Quem fez isso? - a voz do diretor ecoou pela sala.

— Por que ela não contou a ele? - sussurrei pro Danilo.

— As pessoas aqui não deduram ninguém. - ele respondeu no mesmo tom.

Exatamente como no meu antigo colégio. Quando você dedurava alguém as coisas pioravam pra você. Eu sabia bem como isso funcionava.

Aquela menina não tinha nada a ver com meus problemas, embora ela tivesse me irritado, eu sabia que não havia lhe agredido por conta de um pé que ela colocou na minha frente. Eu só havia usado-a para descontar o quão triste e irritada eu estava por estar no Brasil. Eu podia não ser santa, mas sabia assumir meus erros.

— Fui eu! - disse. Danilo me olhou, me chamando de louca apenas com o olhar.

— O que disse?

— Que fui eu quem fez isso com ela.

— Minha sala. Agora!

Depois de quase dez tentativas desistiram de entrar em contato com a minha mãe. O diretor exigiu que eu pedisse desculpas à menina e eu não o fiz apenas pela forma como ele falou comigo. Depois de mais meia hora ali dentro ele me deu uma carta que devia ser entregue à minha mãe, comunicando à ela que eu havia sido expulsa e que ela precisava comparecer ao colégio. Voltei à sala para pegar minhas coisas.

— E aí? - Danilo perguntou.

— Fui expulsa.

— Sério?

— Yeah, até qualquer hora.

— Até qualquer hora.

Quando cheguei no corredor encontrei a menina com quem eu havia brigado, ela me olhou com medo quando me aproximei.

— Calma, eu não vou fazer nada. Eu não queria deixá-la nesse estado. I'm sorry.

Me afastei rapidamente e só quando cheguei ao portão é que percebi que eu estava prendendo a respiração.

"Belo jeito de sair de um colégio."

ל

Entrei em casa indo direto pro banheiro e tomei um banho gelado. Coloquei uma roupa simples e fiquei na sala esperando pela minha mãe. Meu celular vibrou com uma mensagem e eu achei que fosse de alguém de Londres, mas me surpreendi ao ver o nome do Rafael.

"Hum... então você quer dizer que você está MORANDO no Brasil e ainda não veio nos visitar? Que feio, achei que merecêssemos um pouco mais de consideração da sua parte."

"Deus, finalmente algo bom nesse inferno."

Com toda a confusão da viagem eu havia me esquecido totalmente de procurar pelos meus amigos.

"I'm sorry, cheguei a poucos dias e ainda não me acostumei. As coisas estão confusas ainda. Estou com saudades!"

"Nós a perdoamos se sair conosco."

"Quando?"

"HOJE!"

"Sorry dear, acabei de ser expulsa da escola, acho que não poderei sair hoje."

"Expulsa?"

Minha mãe entrou com várias bolsas, mal conseguia segurá-las direito.

"Yeah, me meti em ma briga. Preciso contar isso a mom. Kiss, prometo que ligo depois."

"Se mudar de ideia avisa. Boa sorte aí!"

Peguei o envelope da carta em cima da mesinha de centro e entreguei a minha mãe.

— O que é isso?

— For you. Eu fui expulsa por causa de uma briga.

No momento seguinte minha mãe gritava como se aquilo fosse o fim da humanidade. Eu sabia que o que havia feito não era certo, por isso fiquei quieta enquanto ela gritava. Permaneci em silêncio até o momento em que ela ameaçou entrar em contato com meu pai. Ele não era a pior pessoa do mundo ou um terrorista, mas havia cortado relações com ele há dois anos quando brigamos por conta de sua nova esposa.

— No. Ele não! Não é preciso todo esse exagero!

— Não é exagero! Ele é seu pai e tem que me ajudar a controlar você!

— Não sou seu carrinho de controle remoto!

— É claro que não é. Se fosse estava bom, eu poderia devolver para a loja e trocar por outra coisa mais fácil.

Eu a encarei incrédula por alguns segundos, então subi rapidamente pro meu quarto ignorando a voz dela atrás de mim. Troquei de roupa colocando o primeiro short jeans que eu vi no armário e um casaco preto por cima da camiseta que eu estava. Peguei uma bolsa e coloquei dinheiro, celular, juntos com três ou quatro peças de roupa. Eu não ia fugir de casa, só não pretendia passar a noite ali. Desci com cautela e saí rápido ao me certificar de que minha mãe não estava na sala. Me sentei em uma mesa na pracinha e mandei uma mensagem pro Rafa.

"Posso ir pra sua casa?"

"Sempre."

Olhei em volta e vi o porteiro simpático que sempre me cumprimentava, com certeza ele saberia o número de algum táxi. Atravessei a rua indo até lá e quando olhei pro lado tudo que eu vi foi uma luz muito forte no meu rosto... no momento seguinte meu corpo estava batendo contra o chão.


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Notas finais do capítulo

Façam suas apostas. Kat vai ser atropleada ou algum bom moço vai aparecer p salvá-la?

Volto na quarta, gente!



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