Havia apenas um único feixe de luz naquela sala escura, e esse único feixe recaia sobre o homem de joelhos. Por entre a escuridão que o cercava, algo se mexia e sussurrava palavras que pareciam pior do que gritos e xingamentos.

— O seu tempo acabou. Você foi incapaz de conseguir de volta aquilo que amava.

O homem ajoelhado se contorceu, mas não levantou os olhos para a grande figura que se ergueu a sua frente.

— Por favor, dei-me mais algum tempo- Implorava o homem.

—Tempo?- falou friamente o ser a sua frente- O que eu mais lhe dei foi tempo. Sinto em lhe dizer, mas você falhou miseravelmente. Agora não vejo outra solução, há não ser fazer as coisas do meu jeito.

Os olhos do homem se arregalaram em sinal ao pavor que se instalava em seu peito. As palavras gritavam em sua garganta, mas seria pior se as deixassem sair, tudo seria pior.

—Não a machuque... Muito menos ele... Por favor.

As sombras riram debochadamente.

— Você se torna incrivelmente vulnerável quando pensa naqueles que ama. E essa vulnerabilidade com certeza ira um dia lhe destruir. Dou-lhe apenas três dias e nada mais.

O alivio e o desespero brigava no coração do homem. Como tudo havia chegado a aquele ponto?

Três dias, tudo o que tinha eram três dias.

— Desta vez eu não falharei.

Seus punhos se cerraram enquanto a luz era consumida pelas sombras.