Sans estava mexendo em uma estante com poções e experimentos, enquanto Papyrus tentava arrumar sua parte do laboratório, mas ele mais falava do que limpava. Vendo o não desenvolvimento do irmão na tarefa, Sans resolveu ajudar. 

— hey Bro, acho melhor a gente terminar isso antes do Gaster voltar, você sabe como ele está reagindo esses dias.

Realmente Gaster era um pai e tanto para os dois, era brincalhão e afetuoso, mas foi só durante um tempo. Depois de algumas experiências falharem, ele começou a beber e testar alguns experimentos nele mesmo, deixando de ser o pai perfeito para um muito agressivo com os meninos, brigando por qualquer coisa e falando palavras baixas para os mesmos, chegando a insulta-los. 

Naquele dia Gaster chegou mais cedo do Grillby’s, dando um susto nos dois, que não esperavam por isso.

— OI PAI, O SENHOR CHEGOU MAIS CED..

— Seus inúteis! – Gaster cortou Papyrus que de animado obteve uma expressão reprimida. – vocês nem terminaram as tarefas até agora. – ele disse olhando furiosamente para Papyrus, pois a parte de Sans estava terminada. -  lixos! Não sei nem como são meus filhos.

Gaster disse adentrando no laboratório sobre o poder da bebida e ignorando Papyrus que tentava segurar o choro enquanto Sans tentava o reconfortar com batidinhas no ombro.

Sans não gostava desse novo jeito que Gaster passou a ter, mas discutir por isso não adiantaria de nada pois da última vez que tentou, Gaster ficou muito irritado e até o atacou. Depois daquilo, Gaster não se passava de um maníaco para Sans, mesmo ainda sentido algo por ele ser seu pai.

Gaster seguiu para a sua nova invenção, a máquina que controlava as linhas do tempo. Ele passou os últimos meses dentro do laboratório com a ajuda dos dois para tentar faze-la funcionar, certo dia ela até ligou, porém algo deu errado e Gaster estava dando os últimos retoques para tentar liga-la de novo. Os esqueletos menores não sabiam porque Gaster queria tanto mexer nas linhas do tempo, formaram várias teorias mas nada muito certo, perguntar para o mesmo não adiantaria nada além de alguma irritação extra, então resolveram não tocar no assunto com o maior.

Papyrus mesmo um pouco sentido,  voltou a sua tarefa e Sans continuou ajudando-o. Nisso o maior dos irmãos esqueletos  estava perto de onde o mais velho trabalhava e por descuido deixou um frasco cair no chão, quebrando-o. Sans o olhou apreensivo e Gaster se virou para Papyrus.

— Seu inútil, você é o mais imprestável daqui.– disse se aproximando – você tem noção de quanto tempo demorou pra eu fazer essa poção? Demorou muito pra eu achar um monstro gelecomoeba por essas regiões e agora você vem e quebra ela?! Ora seu..

Gaster estava se aproximando com a mão aberta para acerta-lo, Sans tentou chegar antes mas não conseguiu. Antes do tapa chegar em Papyrus, Gaster escorregou na poção que tinha se esparramado pelo chão e caiu dentro da máquina que retocava a poucos segundos, ligando-a.

Os dois menores foram tentar ajuda-lo a levantar, enquanto o maior reclamava com a mão na cabeça. Sans conseguiu segurar a mão do mais velho, porém a maquina se carregou completamente antes que pudesse fazer alguma coisa, fazendo uma luz muito forte ao ponto dos menores terem que tampar sua visão com as mãos.

— Garotos, não se esqueçam, eu amo vocês. 

Foi a última coisa que ouviram antes do clarão, Sans sentiu sua mão livre e o clarão se apagar totalmente enquanto a máquina soltava uma fumaça, porém Gaster já não estava mais ali.

Os dois se olharam atordoados e assustados, sem saber o que fazer. Tentaram reconstruir a máquina várias vezes por semanas, meses e não obtiveram sucesso.

Papyrus não conseguia parar de dizer que a culpa era dele e sempre chorava quando pensava no assunto, enquanto Sans tentava acalma-lo.

Eles não sabiam como iriam continuar sem Gaster que apesar de mudado, por dentro ele ainda era o que eles conheciam e adoravam, pelo menos era isso que eles acreditavam.

Depois de algum tempo, Sans descobriu que tinha nova habilidade de teletransporte, talvez pelo contato que obtera com Gaster enquanto a máquina agia.

Então alguns anos se passaram, fazendo Sans trabalhar em “vários” lugares para manter a casa, enquanto Papyrus queria entrar para guarda real, não era má ideia considerando o fato de ajudar ele a não se lembrar tanto do passado.

Logo eles fizeram amizades com todos da Underground e o projeto da máquina estava sendo deixado para trás pois cada vez mais perdiam as esperanças. De vez em quando passava um ou outro humano que havia caído do monte Ebott, distraindo todos da vida rotineira.

Alguns humanos optavam por lutar, outros por agir, acontece que alguns matavam os monstros e outros apenas morreram para eles. Mas era triste saber que nem todos iam pelo modo pacifista.

 Então em um dia normalmente tedioso para Sans, que estava fazendo sua rotina diária, dando uma fugida do trabalho. Normalmente ao Grillby’s, porém hoje resolveu ir conversar com Toriel, a monstra que também gostava de piadas ruins. Quando estava quase lá, viu o portão se abrindo e se teletransportou para atrás de algumas árvores. 

 Viu uma jovem garotinha de curtos cabelos castanhos e os olhos pequenos, segurava um graveto com firmeza na destra, andanda em passadas determinadas, mas um pouco hesitantes e até mesmo ansiosas pelo desconhecido à sua frente. 

Naquela hora Sans não sabia, entretanto, a mocinha poderia mudar o destino, desde um simples ‘poupar’ até confundir os sentimentos de certo esqueleto.