Perdidos escrita por Sohma


Capítulo 2
A Viagem




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O avião desceu vôo, pousando sobre o aeroporto internacional de Campo Grande. Os alunos andavam até a área de desembarque, alguns conversavam animadamente, enquanto outros respirando aliviados por finalmente estarem no chão.

— Como tem gente que gosta de viajar de avião? Eu passei mal a viagem toda. — Henrique comentou com seus amigos, pressionando os braços diante do estômago, como num abraço.

— Por favor, nem me lembre! Eu estava sentada ao seu lado. Vi toda aquela cena nojenta e quase vomitei também! — Amanda tocou na boca, como se estivesse contendo qualquer tipo de coisa que poderia sair da mesma.

— Você já vive "vomitando" esses seus papos, então não seria novidade nenhuma. — Deise alfinetou a loura, que desta vez não respondeu nada, se limitando a cruzar os braços e fechar a cara.

— É a primeira vez que eu ando de avião, então achei divertido. — Thiago comentou animado, andando ao lado de Guilherme, que lia algum folheto, muito interessado.

— Pessoal, foco! — Wesley bateu palmas, chamando a atenção do grupo. Nathália estava parada ao lado dele, observando tudo. — Vamos pegar nossas bagagens, aí encontraremos o professor e o resto da turma na entrada do aeroporto. — falou. Wesley sempre fora reconhecido por seu estilo de liderança, sempre educado e com um fala calma e tranquila, mas ao mesmo tempo, autoritária.

Os alunos assim fizeram. Foram até a área de retirada de bagagens, pegando suas respectivas malas. E claro, Amanda pegou um carrinho para ajudar a levar todas as suas malas e bolsas com maior praticidade. Assim, todos os calouros da UFGRS estavam na entrada do aeroporto, onde professor Octávio estava acompanhado de uma moça morena, que não aparentava ter mais de 25 anos.

— Alunos, está é senhora Raquel Aguiar. Atualmente ela é a proprietária da fazenda "Bastos de Mello", e será nossa guia durante toda nossa estadia. — o professor explicou, vendo que todos os estudantes prestavam atenção em suas palavras.

— Olá a todos, é um grande prazer conhecê-los. E bem vindos ao Mato Grosso! — Raquel falou educadamente, recebendo de volta um coro, que dizia "olá". — Por favor, me sigam. Vamos até os ônibus, e assim chegaremos até a fazenda. E de lá, explicaremos como proceder com a visita. — a morena começou a andar para uma região afastada do aeroporto, onde vários ônibus aguardavam os alunos.

Depois de guardarem suas malas, todos se acomodaram e seguiram caminho até a fazenda. Os olhos brilhantes de Guilherme não perdiam nada do cenário, se encantando e fazendo comentários sobre cada coisa que conseguia observar. Todos riram, ele parecia uma criança passeando por um parque de diversões. Henrique ainda sentia um desconforto, algo dentro dele dizia que algo daria errado. Era uma sensação estranha, e completamente nova para ele.

Quando todos os ônibus chegaram numa fazenda à beira-rio, onde já era possível ver alguns funcionários cuidando dos jacarés. Quando os olhos de Henrique viram, mesmo distante, um daqueles bichos, ele sentiu um arrepio na espinha, e mexeu a cabeça, tentando esquecer aquela cena.

— Sejam bem-vindos! — a voz de Raquel soou alta, e todos desviarem seus olhares para ela. — Bom, primeiro vocês vão deixar suas malas nos dormitórios. O masculino fica à direita, o feminino à esquerda. — ela apontou para algumas cabanas que ficavam numa área afastada da fazenda, próxima de algum alojamento, onde era possível concluir que seria o refeitório.

— Vocês tem meia hora para arrumarem suas coisas e descansarem um pouco, e todos nos encontraremos no refeitório! — professor Octávio explicou, recebendo um "sim" alto de todos.

E assim foi feito, os meninos e as meninas se separam, cada qual seguindo para as respectivas cabanas, arrumando as bolsas e malas.

Os minutos se passaram rapidamente, e logo, todos estavam na grande cantina. Que apesar da aparência rústica, era bem aconchegante. Raquel apareceu, acompanha de Octávio e de um outro senhor, que aparenta ser mais velho que o próprio professor.

— Olá turma! — o senhor falou, recebendo um outro cumprimento em retorno. — Sejam bem vindos ao Pantanal! Uma das maiores regiões tropicais alagadas do mundo. — os olhos de alguns alunos reviraram, obviamente o senhor viria com um papo sobre a região e seu patrimônio nacional. — Considerado patrimônio natural mundial, a fauna aqui é muito rica e sem igual em todo o planeta! Apesar do nome lembrar mato, boa parte do território é formada por grandes pastos naturais, que por sinal, abrigam os maiores rebanhos de gados do Brasil. Apesar de que nossa especialidade aqui serem os jacarés. — Guilherme, Thiago e Wesley pareciam bem animados com a explicação, afinal, eles eram os mais entusiasmados com aquela viagem. Já os outros estavam com uma expressão de tédio. — Mas ainda assim, aqui é um local de lendas e muitos mitos, onde coisas estranhas podem acontecer. — o tom de voz do senhor mudou. E a última frase despertou a curiosidade de muitos alunos.

— Senhor Marques, por favor. — Raquel comentou, tocando levemente no ombro do senhor, fazendo-o ficar quieto.

Mas o comentário já foi feito, e muitos alunos comentavam entre si sobre as últimas palavras do senhor Marques.

— Mistérios, mitos e lendas. — Deise comentou animada, desviando o olhar para seus amigos. — Eu achei que a viagem seria sem nada interessante, mas parece que me enganei.

— Você realmente vai acreditar nisso? — Guilherme falou, arrumado as lentes dos óculos. — Todo mundo sabe que mitos e lendas são coisas do folclore, é cientificamente impossível.

— Você é cético demais, Gui. — Nathália comentou num tom meigo. — Mas tenho que admitir que é bem divertido imaginar lendas nesse lugar, a viagem pode ser além de um passeio educativo.

— Concordo com você Nath! — Thiago falou simpático, e as bochechas de Nathália tomaram uma coloração vermelha.

— Ficou corada! — Amanda falou sarcástica, recebendo na cara uma bolinha de guardanapo, que obviamente veio de Nathália.

— Mistérios... — Henrique repetiu consigo mesmo, sentindo novamente aquela sensação desconfortável. Ele abraçou o próprio corpo, como se estivesse se protegendo de algo invisível.


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