P.O.V Peeta

— Katniss! – gritei seu nome ao vê-la completamente imóvel no chão.

Senti as mãos de Finnick tentarem me segurar, mas foi em vão. Eu já estava correndo até ela.

— Você não pode morrer. – ajoelhei-me ao seu lado, segurando seu corpo em meus braços. – Você está meu ouvindo? – as lágrimas saltaram de meus olhos em um ritmo incontrolável.

— Eu estou aqui. – sua voz fraca fez meu coração parar algumas batidas. – Isso não me parece justo. – Katniss abriu um sorriso fraco.

— O que, meu anjo? – passei a mão em sua bochecha.

— Eu voltaria pra você. Como prometemos que sempre faríamos. – ela tossiu, soltando um resmungo de dor. – Mas parece que não dá mais tempo. – algumas lágrimas caíram de seus olhos cinzentos que eu tanto amava.

— Não, Kat. Eles já chamaram socorro. Você vai ficar bem. – coloquei uma mecha de seu cabelo para trás, afastando-o de seu rosto. – Você não pode me deixar agora.

Katniss estendeu a mão, alcançando meus cabelos, e o acariciou, abrindo um pequeno sorriso.

— Eu te amo. – sussurrou.

— Eu também te amo. – selei nossos lábios com cuidado.

Seu corpo amoleceu em meus braços.

— Katniss. – chamei, acariciando seu rosto. Seus olhos ainda estavam abertos. Aproximei o ouvido de seu nariz. Ela não respirava mais. – Katniss! – gritei, sentindo o desespero tomar conta do meu corpo novamente.

~||~

— Peeta. – uma voz me chamou ao longe. – Peeta! Acorda. – insistiu. – Droga, Mellark! Abra a merda dos olhos! – a pessoa gritou.

Acordei assustado, me movimentando excessivamente, e caindo, não sei de onde, mas sabia que estava no chão.

Uma risada melodiosa que há muito tempo eu não ouvia invadiu meus ouvidos, fazendo-me virar de barriga pra cima para tentar achar a pessoa.

Praticamente de cabeça pra baixo pude enxergar Katniss com cara de deboche pra mim.

Levantei-me em um salto, quase escorregando no piso frio.

— Você andou bebendo? – questionou. – Você estava dormindo e gritando meu nome. – comentou.

Claro que havia tido outro pesadelo.

Fazia quase dois dias que Katniss estava desacordada, e a cada vez que eu cochilava na cadeira desconfortável de seu quarto de hospital, o mesmo pesadelo invadia minha cabeça.

Naquele momento, quando houve o tiro na floresta, eu achei que a tinha perdido. Por alguns segundos acreditei que meu mundo estava realmente desmoronando. Mas então, a alguns metros longe de toda a cena, Delly Cartwright levantava do chão, trazendo seu rifle junto consigo. Sua pequena equipe de apoio, que era Gale e Madge, arrastava Marvel até os outros policiais, junto de Glimmer. Foi ai que notei que Snow quem havia levado um tiro, soltando Katniss, e a deixando cair.

— Peeta. – chamou, analisando ao redor. – O que eu estou fazendo aqui?

Eu ignorei sua pergunta. Apenas me aproximei e a abracei desajeitadamente.

— Eu amaria te abraçar, mas esses fios idiotas não deixam. – falou com a voz abafada.

A soltei mas permaneci a centímetros dela.

— Eu devo ter ficado muito tempo desacordada. Seu olho já desinchou. – Katniss ergueu a mão direita que tinha uma agulha de soro injetada, e tocou meu rosto.

— Você se lembra do que aconteceu? – perguntou.

— Apenas de cair depois de um tiro e apagar. – respondeu. – O que houve?

— Delly matou Snow. Você bateu a cabeça quando caiu. A pancada foi forte. – expliquei, sentindo seu carinho em minha bochecha. – Achei que ia perder você de novo, Katniss. – senti meus olhos arderem.

— Você nunca mais vai me perder. – um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. – Mas se você pensar em inventar outra história desse tamanho, sem me contar, eu mesma te mato. – ameaçou puxando a agulha do dorso de sua mão. – E eu não quero saber de você tentando me proteger dessa forma. – ela estreitou os olhos. – Isso foi loucura demais para uma vida toda.

— Nunca mais vou esconder nada de você, meu anjo. – falei sentando-me na beirada de sua cama.

Ela relaxou um pouco.

— Acho bom. Esse tempo sem você foram os piores anos da minha vida. – confessou mordendo o lábio inferior. – E saiba que estou te perdoando agora por ter mentido, apenas por não querer perder mais nenhum segundo brigando com você. – Katniss desceu a mão direita até a mão esquerda, tirando o medidor de batimentos cardíacos de seu dedo, fazendo a máquina disparar com um barulho chato. Ela me chamou com o dedo indicador, fazendo-me curvar em sua direção novamente. Senti suas mãos segurarem minha camisa e me puxarem para mais perto. – Mas não pense que vou esquecer. – sussurrou encarando meus lábios e voltando até meus olhos. – Você vai pagar por isso, pelo resto da sua vida. – manteve o tom de voz, subindo as mãos até minha nuca.

Senti seus lábios se chocarem com os meus, e sem nem me esperar reagir, Katniss me beijava, acariciando a parte de trás da minha cabeça.

Beija-la era algo que sempre parecia ser a coisa mais certa do mundo. Seus lábios sempre pareciam se encaixar perfeitamente nos meus. E sentir o doce sabor do seu beijo era algo realmente fora do comum, que me deixava completamente zonzo.

Katniss resmungou contra meus lábios e se afastou devagar, ainda com as mãos em minha nuca.

— O que foi, meu anjo? – perguntei preocupado.

— Minha cabeça está dolorida. – ela abriu um pequeno sorriso. – Quer me dizer com o que estava sonhando? – questionou, descendo as mãos até alcançarem a minha mão esquerda.

— Não, amor. O que importa é minha realidade, e essa realidade é você. – afirmei.

Senti o carinho singelo de suas mãos na minha. Katniss mordeu o lábio inferior.

— Como está o bebê? – questionou.

— Está bem. – abri um sorriso e voltei a me aproximar.

Assim que meus lábios quase tocaram os dela, o barulho de pessoas tomou conta do quarto.

Me afastei, e virei a cabeça para enxergar um enfermeiro correndo para desligar o aparelho, que nós nem nos demos conta que ainda estava ligado fazendo barulho, sendo seguido por Finnick segurando Daisy, Annie, Madge, Gale e Delly.

— Você está me devendo outro beijo. – sussurrei para Katniss, que sorrio, enquanto eu descia de sua cama.

Seus olhos passaram por nossos amigos, parando diretamente em Delly.

— Obrigada. – Katniss disse um pouco sem graça. – Por ter feito tudo isso por nós dois.

Dell abriu um sorriso sincero e se aproximou.

— Apesar de não parecer, adoro um bom romance, e ajudar vocês a ficarem juntos de novo, foi a melhor coisa que fiz na vida. – ela respondeu. – Eu faria tudo de novo se no final eu pudesse ver o sorriso idiota de apaixonados que vocês estão agora.

Katniss corou, soltando uma risada.

— Pode parar de rir. – Annie a repreendeu séria, o que realmente fez Katniss se calar e franzir o cenho. – O que você estava pensando em ir atrás do Peeta? Perdeu o juízo?

— Se acalma, ruivinha. – Finnick disse baixo para a esposa.

— Desculpa? – Katniss falou duvidosa e mordeu seu lábio inferior.

— Se você der uma dessas de novo, eu mesma me encarrego de te dar uns tapas. – Ann murmurou com seus olhos brilhando com lágrimas.

— Ah, Annie. Não chora. – Katniss desceu de sua cama com dificuldade e andou até a amiga, abraçando-a com força. – Tá tudo bem. – ela sorrio beijando a bochecha corada de Annie. – Tá tudo bem. – repetiu. – Prometo que não vou mais fazer loucuras. – hesitou. – Ou vou tentar.

Ann deu um tapa de leve no braço de Katniss, o que fez a minha morena aperta-la mais entre seus braços, enquanto beijava várias vezes a bochecha da amiga.

Eu acabei sorrindo ao ver a cena.

Aquela era a minha antiga Katniss. Carinhosa, preocupada, amorosa, e que eu tanto amava.

Annie fungou baixo, finalmente abraçando-a de volta.

Katniss começou a sussurrar algo para Ann, que a fez rir baixo e me olhar, soltando Kat em seguida.

Franzi o cenho, confuso.

— E vocês dois? Como ficam? – Madge perguntou, fazendo-me olha-la.

Meus olhos voltaram a parar em Katniss que já me olhava.

— Não sabemos bem. – ela respondeu, mas algo em seus olhos me dizia que era só pra me provocar.

— Não sabemos o caramba. – retruquei andando até ela. – Você é minha, Katniss Everdeen. – a abracei pela cintura, o que a fez sorrir e me abraçar pelo pescoço. – Ou melhor. Katniss Mellark.

— Nem vem. Não vamos casar de novo. – retrucou, enterrando seus dedos finos em meus cabelos. – Me deu muito trabalho tirar o Mellark do nome e voltar a ser Everdeen.

— Não seja marrenta. – dei um sorriso torto. – Nós vamos casar de novo. Escreve o que estou dizendo. – rocei meus lábios nos dela lentamente, o que pareceu faze-la perder o raciocínio, já que seus olhos haviam se fechado e ela decidiu não discordar.

— Ainda estamos aqui. – Finnick se manifestou.

Sorri contra os lábios de Katniss, e me afastei alguns centímetros.

— Parece que vamos ter que deixar nosso momento a sós pra outra hora. – sussurrei para que apenas ela ouvisse.

Katniss abriu os olhos, sorrindo lindamente pra mim.

— Temos todo o tempo do mundo, querido.