Andei sem rumo por um bom tempo. Ouvi meu celular tocar uma centena de vezes, mas não tive animo de ver quem poderia ser. Provavelmente Mike querendo corrigir a devastação que havia provocado no meu cérebro. Agora Edward tinha razão, eu tinha me tornado uma acéfala!

Será que tinha escutado direito? Mike devia ter surtado ou algo parecido. Nunca, ninguém me disse nada em relação àquilo! Por que meu pai não me disse nada? De repente era por isso que ele tinha ficado tão aborrecido com as noticias do acontecido na festa, só podia! Ah por que minha mãe não estava ali naquele momento, para me dar colo? Quantas vezes senti necessidade da sua presença na minha vida! Ela havia morrido quando eu ainda era pequena. Certamente não aceitaria um casamento arranjado com um Rei completamente sem noção, como era Edward. Aliás, rei não, príncipe, por que ele ainda não havia sido coroado e nem seu pai abdicado em seu favor! Talvez fosse isso que o estivesse impedindo de chegar ate mim e dar a desastrosa noticia! Essa idéia me provocou calafrios! Resolvi andar até a praia, quem sabe estando lá, o mar levaria com ele a minha mais nova angústia.

Foi justamente sentada em uma pedra, observando o mar sumindo no horizonte sob a luz do sol que se punha, que me perdi em conjecturas a respeito do meu futuro dali para frente. Fiquei pensando no porque de ter sido A escolhida. Por que eles não escolheram Alice? Ela se dava tão bem com Edward! A bem dizer, com quem Alice não se dava bem? Dei um sorriso nesse momento, me lembrando dela e das nossas travessuras quando ainda éramos crianças. Aqueles tinham sido meus melhores momentos! Nos reuníamos todos na casa de Mike, o mais popular dos primos, e a coisa pegava fogo! Pensando bem, Edward nessa época era bem legal! Éramos amigos de verdade, vivíamos tramando para cima de Ben, que naquela época era a peste que ninguém agüentava!

Edward era mais velho que eu oito anos. Quando terminou seus estudos, foi mandado para uma faculdade na França. Ele precisava se preparar para assumir o governo no lugar do seu pai. Nós não tínhamos nenhuma inveja dele. Ele vivia sempre tendo aulas e mais aulas. Quando brincava conosco, era sempre e apenas nos finais de semana. Mas ele parecia feliz com aquela mexida toda. Ben era o caçula dos dois e, apesar de ter uma quantidade razoável de coisas para fazer, não chegava nem aos pés do volume de obrigações que Edward tinha. Quando voltou da França, Edward tinha passado de um adolescente bobo a um homem muito bonito! Logo que o vi, levei um susto com a sua beleza. Diria mesmo que fiquei encantada com o que via, bem como todas as minhas primas.

Edward porém, se tornou uma pedra no meu sapato. Sempre me policiando e criticando, me diminuindo na frente de quem quer que fosse. Nunca entendi esse comportamento dele! Será então que era por que ele estava sendo forçado a se casar com alguém da qual ele não gostava? Alguém que ele não era propriamente apaixonado? Agora começava a entender o porque de tamanho ódio por mim!

Fiquei mais algum tempo ali, pensativa, tentando achar uma saída para que não nos casássemos. Ele não me queria, por isso me tratava daquela forma, era compreensível. E eu, bem, eu criei uma espécie de ódio crescente por ele, após a série de grosserias às quais ele me impôs ao longo de todos os longos anos de convívio. Ele tinha feito 30 anos.....meu Deus! Como pude ser tão obtusa? Era isso! Só podia ser! Ele ia me pedir em casamento ontem! Por isso toda aquela confusão! Agora as coisas estavam realmente problemáticas!

Definitivamente não vou me casar com aquele sagüi empanado, não vou mesmo! Nem morta! Mas e meu pai? Com toda certeza ele havia empenhado sua palavra, não tenho escapatória mesmo! Terei que honrar a palavra dada. Minha família é de nobres e tenho que zelar pelo seu bom nome. Mas eu não quero! Odeio aquele crápula com todas as minhas forças! Odeio! O.d.e.i.o? Será? Meu Deus, não me tire do sério, por favor! Me lembrei do que havia acontecido ontem, da fúria em que Edward se encontrava, a ponto de me atirar naquela grade....Edward........será que......

De repente, meu telefone tocou, me tirando dos meus devaneios. Pegando-o, olhei no visor para ver quem era. Não, não podia ser ele!