Lost Memories escrita por LethFersil


Capítulo 1
The escape




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Sempre fui uma pessoa “faladeira” com diz o meu pai, sempre tive uma resposta na ponta da língua e sempre soube me sair bem das situações que exigem jogo de cintura. Nunca imaginei que o dia em que eu não teria nada a dizer chegaria... Mas enfim, chegou.

Ver a Rosa abraçada com Lys daquela forma me deixou sem chão, estava até suportando bem o fato de que ele não se lembrava da minha existência, o que já era um fardo pesado, mas ele me confessou que ama minha melhor amiga. Parece até carma pelo que eu fiz com a Rosa no passado, parece que o destino me puniu mesmo após o meu arrependimento.

Meus pensamentos me acompanharam até a minha casa, enquanto meu celular vibrava na minha bolsa sem parar, não atendi exatamente porque eu sabia que era a Rosa.

Cheguei em silêncio, fazendo de tudo para não ser notada, subi as escadas devagar e entrei no banheiro, tranquei a porta e sentei encostada na parede, ali eu comecei a chorar, e por mais que eu tentasse parar era impossível. Chorava tentando não fazer barulho, se meus pais me vissem naquele estado eu não saberia como explicar.

Já que eu estava no banheiro resolvi tomar um banho e tentar relaxar, amanhã ainda era domingo e até segunda eu tinha que ficar bem. Fui dormir sem jantar e nem se quer olhei o celular foi uma noite de sono sem sonhos, apenas a escuridão.

Acordei no domingo com a minha mãe batendo na porta do quarto:

— Kimberlee, posso entrar!?

— Pode mãe – respondi sonolenta.

Ela entrou e parecia preocupada, sentou-se na beirada da minha e questionou:

— Ontem você chegou muito quieta e foi direto para o banho, não jantou, nem foi me contar como foi a visita ao seu amigo. O que aconteceu lá?

— Nada, mãe. Ele está bem de saúde, só que - hesitei – ele não se lembra de algumas coisas recentes que aconteceram, parece a pancada foi muito forte.

— Isso é bem triste, mas esta é a única razão da sua tristeza?

— Ele é meu... Amigo mais querido e ele não se lembra de mim, mãe.

— Seu amigo mais querido – disse minha mãe deixando a entender que percebeu algo subliminar na minha frase – eu sinto muito, filha. Entendo toda a sua tristeza, mas você precisa comer e sair da cama.

— Acabei de acordar mãe.

— Já são quase onze da manhã. Seu pai queria visitar a sua tia Ágata.

— Posso ficar? Juro que não vou sair daqui.

Minha mãe sorriu e apenas disse:

— Vou dizer ao seu pai que você está com febre e que não podemos sair.

— Tudo bem.

Depois que minha mãe saiu do quarto eu me levantei e andei até o meu celular, haviam quinze ligações não atendidas, três do Alexy, uma da Íris, uma da Lety e as outras dez eram da Rosa. Eu havia recebido algumas mensagens também, ignorei.

Todo aquele domingo foi silencioso, sai do meu quarto apenas para comer, passei o dia ouvindo músicas tristes de bandas que eu nunca tinha ouvido falar.

Na segunda de manhã tudo que eu mais queria era ficar em casa, mas eu tinha aula e teria que encontrar com os meus amigos e principalmente... Com a Rosa.

Era inevitável, mas eu tive que ir a escola, fui andando para pensar direito em como reagir e quando estava perto do café encontrei o Alexy:

— Kimberlee... Você está bem?

— Sim – respondi sem entusiasmo – e você.

— Eu estou ótimo, mas fiquei preocupado com você, já que me ligou na sexta à noite e depois me ignorou totalmente. Fiquei magoado.

— Desculpa ter te evitado... Não era bem você que eu queria evitar.

— Quem você queria evitar?

— É... – Queria sumir daquele lugar, não queria dizer ao Alexy que estava com raiva da Rosa, mas eis que surge Armin, o salvador.

— Kimberlee, nunca te vi fazendo esse caminho – disse Armin enquanto entregava o lanche de Alexy nas mãos dele – milagre.

— Também acho Armin... – eu disse aliviada – vamos, já estamos atrasados.

Alexy enganchou seu braço no meu e disse a Armin:

— Engancha no outro – Armin sorriu, mas obedeceu ao irmão – agora vamos todos juntos.

— Vamos chegar atrasados – eu disse.

— Não tem problema – respondeu Armin – o primeiro tempo é do professor Faraize.

Eu ri e ri alto sem entender por qual razão eu estava rindo e então disse:

— Vai... Da última vez ele me puniu e nem foi minha culpa.

— Você não entregou o dever de casa, isso foi cruel. – disse Armin zombando de mim – Podia ter dito que seu cachorro comeu seu dever.

— Mas eu não tenho um cachorro, Armin.

— Por acaso o professor Faraize é o vigia da sua casa!?

Novamente eu ri e nós seguimos para a escola. Digo que andar com Armin e Alexy é animador, os dois estão sempre felizes e alegram o meu dia de uma forma especial, esqueci dos meus problemas completamente, acho que é para isso que os amigos servem, para nos guiar em nossas jornadas silenciosas.

Chegamos à escola ainda dentro do tempo de tolerância e corremos para a sala de aula, me sentei no fundo ao lado do Alexy e do Armin, Kentin já estava lá há mais tempo e estranhou nossa chegada em trio:

— Combinaram de chegar juntos?

— Foi uma coincidência – eu respondi.

— Uma coincidência boa – completou Armin.

— Uma coincidência boa do destino – disse Alexy sorrindo e apertando minhas bochechas.

Kentin não pode evitar rir e eu ainda alisando minhas bochechas vermelhas por causa do “apertão” disse:

— O último ato foi desnecessário.

— Pensa pelo lado bom, pelo menos você não parece mais que tem anemia... Parece mais coradinha – disse Kentin ironizando.

Não havia o que fazer, eu tive que rir dessa observação, mas meu riso se desfez quando a Rosalya entrou na sala. Ela olhou diretamente para mim e não parecia estar de bom humor, seus passos firmes e decididos em minha direção confirmaram a suspeita de que ela estava com raiva de mim também, porém antes que ela chegasse até o lugar onde eu estava, o professor Faraize pediu que abríssemos o livro de geografia para iniciar uma leitura.

Rosalya se sentou, mas antes de abrir o livro me encarou ferozmente, eu tive medo... Medo de verdade. Lógico que toda essa tensão entre nós não passou despercebida pelos olhos atentos de Alexy que me escreveu um recado em um bilhete e jogou na minha mesa:

O que houve entre você e a Rosa?Era ela que você queria evitar?

Depois de ler o bilhete eu respondi com outro dizendo:

Depois da aula eu te conto se você jurar que vai distrair a Rosa para que eu saia da sala sem conversar com ela.

Alexy leu o bilhete e ficou aparentemente confuso, mas logo outro bilhete caiu na minha mesa:

Ok, mas aonde vamos nos encontrar depois que eu distrair a Rosa?

Suspirei, aquela conversa estava me deixando impaciente, mas respondi:

No vestiário masculino durante o intervalo

Eu e Alexy ficamos trocando bilhetinhos por bastante tempo até que eu percebi que o professor Faraize estava ao meu lado. Eu o olhei e ele jogou um bilhetinho na minha mesa e disse:

— Leia em voz alta, Kimberlee.

Esse foi o maior susto da minha vida, peguei o bilhete, abri e li:

— “O próximo bilhetinho que eu ver passando por aqui é detenção para os dois” - sorri e disse aliviada – Desculpa, professor Faraize, isso não vai se repetir.

Daquele momento em diante eu prestei mais atenção na aula, porém a ansiedade pelo sinal do intervalo estava me levando à loucura, já que eu não queria falar com a Rosa, não naquele momento.

O sinal tocou e eu rapidamente comecei a arrumar as minhas coisas. Como o combinado, Alexy correu até a Rosa e começou a falar com ela, óbvio que ela não tirava os olhos de mim, mas eu simplesmente peguei a minha mochila e sai correndo da sala em direção corredor, estava tudo bem, meu plano de fuga tinha dado certo, eu até consegui sorrir de felicidade.

O problema estava à frente, saindo da sala da diretora estava ali na porta Leigh, paralisei nada conseguia me fazer ir adiante. A situação não tinha como ficar pior, pensei... Só que eu sabia que tinha sim como piorar e foi isso que me tirou do meu estado de transe, então continuei andando como se estivesse lendo o livro e não visse nada ao meu redor, passei tranquilamente, mas Leigh notou minha presença:

— Kimberlee!

“Deu ruim” pensei, mas como se nada tivesse acontecido, olhei para ele forçando um sorriso e disse:

— Leigh! Tudo bem? O que te trás aqui?

— Eu estou bem, gentileza sua se preocupar. Vim entregar o atestado do Lysandre. Mas... é você que não parece bem... Está preocupada com algo?

— Eh... Tenho um trabalho urgente no clube de jardinagem eu já devia estar lá.

— Ah... Se for assim, então não vou te atrasar só me responda uma pergunta? Sabe onde está a Rosa?

— Na sala de geografia, ela vai passar aqui em breve a aula já acabou.

— Obrigado.

— Por nada, Leigh – gritei já distante.

No pátio, as coisas pareciam estar mais tranqüilas, então parei de correr e andei até o ginásio tranquilamente e entrei no vestiário, estava tudo vazio, suspirei e me deitei em um dos bancos e fiquei lá esperando o Alexy, nessa espera eu tentava entender porque eu estava com raiva da Rosa e o problema é que eu não achava motivos. Sentia-me um monstro porque mesmo  tentando separar ela do Leigh, ela ainda teve coragem de se tornar minha amiga e me ajudar em um momento difícil contra a Debrah... Só sendo um monstro mesmo para conseguir ter raiva de alguém tão bom. Rosa não tem culpa do amor que o Lys sente por ela e se eu consigo entender e separar as coisas tão bem, porque eu estou com tanta raiva dela?

Comecei a chorar ali mesmo, olhando para o teto, até que meu celular vibrou, era uma mensagem do Alexy:

Vocês precisam conversar :( 

Ouvi passos entrando no banheiro e esses passos não eram do Alexy, eram passos impacientes, me sentei no banco secando minhas lágrimas... Eu não tinha tempo de me esconder. Rosalya entrou como um furação pela porta do vestiário parecia estar furiosa, ficamos nos olhando intensamente, nenhuma palavra. Eu sabia que aquele seria o momento de consertar ou destruir as coisas de vez... Não conseguia imaginar um final tranqüilo para nossa conversa, parecia que uma grande tempestade começaria ali.


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Notas finais do capítulo

Oiie :)
Essa é a minha primeira fic postada aqui, se alguém tiver dúvidas, sugestões ou críticas podem deixar nos comentários.



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