Teoria do caos escrita por Angelina Dourado


Capítulo 2
Antes da Queda - Capítulo Um


Notas iniciais do capítulo

Próximos capítulos em média uma vez por semana, ou caso eu termine mais cedo.
Considerem nesse capítulo Papyrus com uns seis anos e Sans entre os nove ou 10 anos.
E sim, a fanfic será cheia de feels, dor, sofrimento, trocadilhos e com alguns alívios cômicos. Leiam por sua conta e risco (✿◠‿◠)
Boa leitura!



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Aquilo era desgastante.

Não fisicamente, pois o máximo que pode acontecer ao ficar horas sentado na mesma posição é um torcicolo. Era cansativo mentalmente, já que uma hora todos aqueles símbolos acabavam embaralhando toda sua mente ao invés de encontrar o sentido daqueles textos. Por isso acabava fazendo diversas pausas curtas, pois se ele o visse procrastinando mais uma vez não lidaria muito bem com a situação.

Sans não lembrava ao certo quando foi que Gaster lhe explicou sobre a comunicação única de cada esqueleto, provavelmente quando era bem mais jovem, mas era como se sempre soubesse. Todo esqueleto fala e se expressa de uma só maneira, algumas simples e outras extremamente complexas, por vezes juntando diversas outras dependendo de seu humor ou estado. Era uma marcante característica deles, impossível de se corrigir ou reverter, podendo ser no máximo copiadas por outros e ainda assim não tão perfeitamente como o original. Ele próprio tinha uma: falava devagar e em um tom baixo, e sua escrita era com letras chamativas e minúsculas, não dando muita atenção para gramática e frequentemente usava abreviações.

Era o seu jeito, não havia como corrigir.

Infelizmente a complexidade da linguagem de Gaster fazia com que Sans tivesse de traduzir e passar a limpo cada letra que ele escrevia em seus artigos. Segundo o cientista, era mais prático e rápido ele fazer do seu próprio jeito e deixasse que Sans escrevesse tudo para o alfabeto convencional, mas isso tirava grande parte do tempo livre dele. Além disso, como Sans também tinha sua própria forma de se expressar, e apesar de passar tudo para sua típica caligrafia era um tanto desconfortável ter que lidar com Wingdings por tanto tempo.

Suspirou cansado, dando um peteleco no lápis para rolar até a borda da mesa. Se recostando de maneira preguiçosa na cadeira, ficou a observar as rachaduras da parede esverdeada que pareciam muito mais interessantes do que o seu trabalho.

— Ai!

O barulho de páginas amassando, junto com o som da queda de diversos livros grossos e pesados fez Sans se virar para trás com curiosidade. Ao redor de uma montanha de poeira e livros velhos Papyrus tossia e massageava seu crânio dolorido pela queda, na mão direita segurava uma larga edição que mostrava ser a causadora daquela tragédia.

— Parece que hoje você resolveu ficar com a cara nos livros. – Disse sorridente para o irmão menor que se levantava um tanto atrapalhado.

— Isso não é engraçado Sans! – Com os braços cruzados Papyrus lhe lançou um olhar irritado, aquilo só o deixava mais cômico fazendo um riso escapar da boca do outro. – Sans!

— Está bem, está bem! Eu te ajudo. – Levantou-se da cadeira se aproximando de Papyrus que lhe encarava um tanto desconfiado, ainda em busca de algum sinal de zombaria. – Se meu irmãozinho precisa de ajuda não posso negá-la.

— Estou quase mais alto que você, eu que devia te chamar de irmãozinho. NYEH! – Papyrus disse num tom orgulhoso e deixando seu corpo o mais ereto o possível para provar o que havia dito.  Ele apesar de quase três anos mais novo, estava já do mesmo tamanho que o irmão mais velho.

— Isso faria de mim... Uma edição de bolso?

— Essa foi péssima Sans. – Respondeu com desdém começando a recolher os livros e colocá-los de volta. Numa organização nada sincronizada, entre encaixes preguiçosos e empilhamento de dois em dois, a prateleira voltava a ser preenchida com as pesadas edições e trabalhos científicos de Gaster.

— Admita Paps, no fundo você gosta das minhas piadas. – Sans provocou o irmão que preferiu apenas ficar calado e lhe lançar um olhar mortífero. O último livro que restara no chão fora aquele que causara o desabamento, obviamente não era para ser guardado e assim Sans o pegou, tirando o pó de sua capa e analisando as letras já desbotadas em seu título: ‘’Teoria do Caos e suas variações no Espaço Tempo’’ O nome do autor estava completamente desbotado e impossível de ler.

— Melhor eu levar isso para o pai logo. – Papyrus disse já com os braços estendidos para pegar o livro que seu irmão prontamente lhe entregou. Papyrus não notara a expressão de desgosto que Sans havia feito assim que terminara de falar.

O mais velho chamara Gaster por ‘’pai’’ apenas uma vez havia muito tempo atrás, para ele havia sido um termo que ouvira por ali e que parecia se encaixar com o que o doutor era dele, mas assim que Gaster disse para nunca mais chamá-lo daquele jeito Sans perdeu todo o encanto por esta mesma palavra.

Já Papyrus apesar de todos os avisos e reclamações de Gaster, continuava a referir a ele daquele modo. Geralmente sem o conhecimento do mesmo, como naquele momento, mas ás vezes dava os seus deslizes e dessa forma recebia mais repreensões. Papyrus apesar de tudo parecia que não iria acabar com aquele hábito tão cedo assim.

— Gaster parece estar se interessando por algo novo. – Comentou Sans olhando para sua mesa de trabalho, divagando se continuava ou não de onde havia parado. Não havia alcançado a meta do dia – como sempre - e parecia que não ia dar tempo, provavelmente teria que aturar os altos sermões e até mesmo algum castigo por parte do doutor.

— Vai subir junto? – Papyrus perguntou com o livro embaixo do braço e segurando a porta. Dando de ombros Sans apenas organizou os textos que havia terminado, assim seguindo ao lado do irmão pelo laboratório.

— Vou fazer equações de segundo grau até esquecer o meu próprio nome.

— Você devia ser igual a mim Sans! – O mais novo disse de rosto erguido, orgulhoso por seus pequenos feitos. – Eu acabo sempre antes do prazo minhas atividades, dá tempo de eu fazer os extras!

Era a política de Gaster: se conseguiu fazer tudo antes do prazo é por que consegue produzir mais. Claro que com apenas seis anos Papyrus não tinha um ‘’trabalho’’ como Sans, apenas fazia atividades para sua alfabetização e demais aprendizados. Mas mesmo assim Gaster fazia dele como um pequeno ajudante que carregava, buscava, e até mesmo consertava algumas coisas! Ás vezes também fazia seu papel de pombo correio, entregando recados aqui e ali pelo laboratório.

— Os extras são muito divertidos. – Retrucou sarcástico e Papyrus o fitou antes de apertar o botão do elevador.

— Eu duvido você fazer tudo no prazo hoje! – Propôs extremamente entusiasmado, apontando com uma mão para o rosto de Sans que sorriu com o ato.

— Mas o que vou ganhar com isso?

— Meu... Respeito? – Papyrus perguntou incerto e Sans riu divertido.

— Ah isso eu já tenho, tem que ser outra coisa. – Disse e o mais novo bufou como se discordasse apesar de Sans saber que não, afinal eram irmãos.

— Eu te dou uma das minhas revistas. – Papyrus sugeriu um pouco descontente e Sans sorriu mais ainda.

— Posso escolher qual?!

— Hm... Isso eu ainda vou pensar. – Respondeu parecendo ainda em dúvida se aquilo seria uma boa ideia, afinal suas revistas de passatempos eram um de seus bens mais preciosos.

Só os tinha depois que os dois irmãos reclamaram diversas vezes com o doutor que era inadmissível ter apenas livros didáticos para lerem, assim alguns dias depois Gaster trouxe um fardo com sete revistas e um livro de piadas. Cada um dos dois escolheu aquele que mais lhe agradava, assim Sans ficou com o livro e Papyrus com as revistas. Mas mesmo assim era inevitável que uma hora um ficasse com curiosidade do artefato do outro.

— Fechado então! – Disse Sans estendendo sua mão para apertar a de Papyrus, assim ambos selaram o pequeno desafio, junto com o ‘’plim’’ do elevador que indicava que haviam chegado ao primeiro andar.

— Eu acredito que você consegue irmão. – Disse Papyrus assim que deu os primeiros passos fora do elevador, otimista sem pensar que perderia algo próprio se aquele pensamento se tornasse real. Porém ao contrário dele, Sans não acreditava muito em seu potencial para trabalhar.

O mais novo deixou o pesado livro em cima de uma das escrivaninhas de Gaster, onde estava abarrotada de documentos e projetos ainda em fase de desenvolvimento. Uma hora ou outra Sans sabia que tudo aquilo passaria por suas mãos lhe dando mais horas de desgaste mental, mas preferia não pensar naquilo e apenas ignorar o que estava bem a sua frente.

— Onde está Gaster? – Perguntou enquanto se dirigia até a geladeira e checava se havia alguma coisa pronta para comerem. Havia dois potes de plástico escrito jantar em wingdings, onde tinha algo que parecia ser macarrão instantâneo derretido com algum molho vermelho e estranho por cima. Na cabeça de Gaster aquilo deveria ser algo comestível.

— Ainda está lá embaixo. – Respondeu Papyrus espiando por cima dos seus ombros. – Wowie! Espaguete!

— Ã... Claro, deve ser. – Disse pegando os dois potes e colocando em cima de uma bancada, se perguntando se ficaria melhor caso os esquentasse. – Mas quando ele volta?

— Não sei, ele só disse para eu levar este livro para cima que mais tarde ele daria uma olhada. Coloca cinco minutos! – Papyrus apontou para o forno microondas e Sans colocou a comida preguiçosamente, apertando os botões quase que sem vontade. Aquilo parecia ser um sinal de que Gaster voltaria bem tarde se é que ele subiria aquela noite, coisa que ele não fazia já há vários dias.

Sans poderia muito bem aproveitar e terminar todo o trabalho atrasado que tinha, mas quando pensava nisso sempre procrastinava e jamais o fazia. Mas com o desafio de Papyrus talvez aquilo o trouxesse animo, não tanto para ganhar o quadrinho, e sim por aquele sentimento de competição comum entre irmãos.

Quente a aparência daquilo parecia muito pior. O suposto espaguete havia virado uma papa aquosa sendo que o molho era mais espesso que a massa.  Os dotes culinários do tutor de ambos nunca foram algo de se admirar, mas como os dois foram criados com aquela comida era muito mais fácil encarar atrocidades como aquela. Porém ambos tinham bom senso e sabiam que havia coisa melhor no mundo, só não sabiam como seria o gosto de algo melhor.

— O molho é ketchup! – Papyrus fazia uma cara de nojo, cutucando a comida com o garfo. Sans resolveu arriscar e experimentar a nova técnica de Gaster, por incrível que fosse era uma das melhores coisas que ele havia cozinhado.

— Prove, é melhor que o molho Gasteiro dele. – Disse para Papyrus que encarava seu garfo cheio de... Coisa. Apesar de nem sempre se sentir assim, Sans ainda era o irmão mais velho que deveria tomar conta do outro, não podendo deixar que Papyrus ficasse sem comer. – Só falta ele tentar fazer outra coisa além de espaguete.

— Mas eu gosto de espaguete. – Retrucou já comendo normalmente, parecendo satisfeito com o resultado.

Depois do ‘’jantar’’, Sans resolveu descer ao laboratório novamente para buscar suas coisas para por o trabalho em dia. Tudo o que ele queria era apenas dormir por pelo menos doze horas, mas o jeito que Papyrus lhe olhava praticamente o obrigando fazer isso começara a lhe incomodar. Podendo perder um quadrinho ou não Papyrus gostava das coisas em seu devido lugar.

Assim se acomodou da melhor maneira possível. Não era necessário ficar em uma sala sozinho, sentado em uma cadeira desproporcional ao seu corpo pequeno e só tendo uma fria e dura mesa de metal para se escorar. O quarto dos dois poderia não ser o melhor quarto de criança, sendo um lugar pequeno e vazio tendo apenas um armário e beliche, mas era muito melhor que um escritório para trabalhar.

Não se incomodava com os gritos e efeitos sonoros feitos por Papyrus que usava a criatividade como podia para se divertir naquele lugar. Sem Gaster para supervisioná-los o mais novo pode surrupiar um cabo de vassoura para ser sua espada imaginária. Aquilo até era positivo, pois mantinha Sans acordado durante a tradução.

Sans tinha no total dois artigos de trinta e doze páginas para serem traduzidos. Se não fizesse pausas era provável que poderia terminá-los de três a cinco horas, sendo que no dia seguinte teria mais artigos novos para serem trabalhados. Era desmotivador, porém mais do que para um simples desafio ele sabia que uma hora Gaster não ia mais aturar tantos atrasos.

E ninguém quer despertar um Gaster irritado.

— Você não vai me contar uma história antes de dormir? – Papyrus perguntou quando estava na página dezenove do primeiro artigo. Uma surpresa para Sans que nem vira quando que Papyrus se instalara na sua cama bem ao seu lado.

— Oh, a sim claro só deixa eu... Espera um pouco. – Disse meio sem reação, tentando arrumar os papéis de maneira que não amassassem. Papyrus ao contrário de Sans não tinha facilidade para dormir, sendo que apenas histórias o faziam cair no sono. Não havia nenhum livro deste tipo, assim Sans tinha que usar a pouca criatividade que tinha e apesar de saírem histórias sem muito sentido e por vezes sem graça, elas faziam o mais novo pegar no sono.

— Conta uma sobre piratas! – Papyrus sugeriu, com os punhos levantados de animação.

— Ok...

— E que há um monstro marinho gigante!

— Ok...

— E que daí o monstro os captura!

— Ok então...

— Pode começar. – Mandou colocando-se debaixo das cobertas e olhando o irmão mais velho com ansiedade. Assim Sans fingiu que limpava a garganta, dramatizando antes de começar.

— Então, tinha esse barco com Pa-pyratas...

Sans não!

                                                                           ***

Teve que se agarrar aos lençóis para não cair. Sans devia tê-lo posto no beliche de cima quando adormecera, agora havia sido acordado por um forte tremor da terra. Poderia ter se machucado, mas felizmente fora só um susto, porém os tremores não paravam e um som alto como se centenas de pedras estivessem caindo o assustavam.

Descera com cuidado, não se impressionando quando vira Sans dormindo por cima de vários papéis e não reagindo perante aquele apocalipse. Papyrus suspeitava o que estava acontecendo, e era necessário chamar Gaster com urgência.

— Sans! Acorda! Algo está errado! – Gritava chacoalhando o irmão da maneira mais bruta que conseguia.  Tudo o que o outro fazia era apenas resmungar e tentar se virar para o lado, fazendo com que Papyrus gritasse cada vez mais alto até conseguir sua atenção.

— O... Que...? – Indagou Sans sonolento, pondo-se em pé assustado quando mais um tremor irrompera. – Papyrus?!

O Core Sans!— Disse Papyrus desesperado, puxando o irmão para fora do quarto em direção ao elevador. – Temos que encontrar o pai, ele sabe o que tem que fazer!

— Você sabe onde ele está? – Sans perguntou apertando o botão para o elevador descer. A máquina engasgou antes de finalmente funcionar, as luzes piscavam como se fosse entrar em curto circuito, do lado de fora a cada pouco surgia o som de algo parecido com uma explosão. Infelizmente aquela era a única entrada e saída para o laboratório, e naquele momento era também a mais perigosa.

— Eu acho que sei. – Respondeu tentando transparecer confiança, afinal não queria parecer fraco! Mas quando o elevador chacoalhou violentamente quase fazendo ambos caírem, ficou mais difícil fingir que não estava com medo, encarando o irmão mais velho por um pedido silencioso de ajuda.

— Foi só um tremor. Gaster vai consertar tudo isso. – Sans disse parecendo estar tão inseguro quanto ele. Intuitivamente os dois se deram as mãos buscando alguma espécie de conforto, enquanto em algum lugar lá em cima uma sirene de perigo soava por toda Hotland.

Quando chegaram ao andar esperado, saíram às pressas por medo da instabilidade do elevador. Papyrus corria na frente, puxando Sans a procura de Gaster. Ambos olhavam de porta em porta do laboratório, até encontrarem o doutor em uma das salas de testes, dormindo de exaustão apoiado na mesa onde estava trabalhando, no computador a sua frente havia diversos dados esperando para serem salvos, ao redor diversas peças e máquinas em desenvolvimento estavam jogadas aqui e ali. Ambos puxavam o jaleco de Gaster aos berros, fazendo o cientista acordar praguejando, seus olhos se tornando vazios e sem expressão, mas assim que ele se deu conta do que estava acontecendo se pôs em pé numa postura séria encarando os irmãos com suas íris de volta.

Não se movam. — Gesticulou com as mãos, já que aquela era a única forma de ser entendido. Com a ordem os dois ficaram estáticos, já sabendo o que viria.

A sensação de um teleporte se parecia muito com ser atirado para o alto e em seguida cair em alta velocidade, assim em uma questão de segundos Sans e Papyrus se viram na sala de operação principal do Core. Os dois cambaleavam por conta de não estarem acostumados com o teletransporte, enquanto Gaster mantinha a postura firme, limpando a lente de seus óculos no jaleco.

A sala era rodeada por um enorme computador repleto de teclas, telas, manivelas e alavancas. Pesando toneladas, ele rodeava todo o lugar como se fosse uma extensa bancada. Ao norte havia uma enorme vidraça que ocupava uma parede inteira com uma visão privilegiada do Core que transbordava lava e fumaça, estava prestes a entrar em colapso.

Já é tarde de mais. Desativem a distribuição de energia. — Gaster ordenou já operando a máquina para tentar estabilizar o Core da melhor maneira possível, um par de mãos flutuantes controladas por ele trabalhavam de maneira independente em zonas diferentes enquanto o doutor digitava códigos e senhas.

Mesmo com a pouca idade, os dois sabiam de coisas que até os próprios funcionários do laboratório não sabiam. Doutor Gaster poderia não ser um responsável muito amigável com os dois, mas os irmãos eram um dos poucos monstros no qual confiava. Assim Sans e Papyrus rapidamente giraram todas as chaves da máquina, cada vez que uma era desativada o subsolo ficava mais escuro, igual há muitos anos atrás quando foram selados pelos humanos.

— Nós vamos ficar sem luz por muito tempo? – Papyrus perguntou aflito, mas Gaster apenas o ignorou se focando avidamente na busca de um jeito de resfriar a máquina. Ao terminarem os irmãos sentaram-se no chão, em um canto afastado da sala com a intenção de não atrapalharem o cientista, cada vez que o Core dava uma ameaça de detonação ambos se sobressaltavam assustados, encarando a assombrosa nuvem avermelhada lá fora enquanto tudo ao redor se tornava uma escuridão intensa.

Até que lentamente o Core começou a ficar cada vez mais silencioso, a fumaça e o fogo acabaram se extinguindo e a escuridão permanecia. No centro da sala Gaster se apoiava nos controles, parecendo estar esgotado com tudo aquilo e olhando para sua própria criação com pesar. Ficou naquela mesma posição por alguns minutos, refletindo silenciosamente enquanto as crianças o observavam esperando alguma reação sua.

— [Ninguém terá luz por um tempo.] - Sua voz era aguda e estática de um tom desregulado que causava dores de cabeça para quem a ouvia. Raramente Gaster falava e quando o fazia eram apenas seus próprios devaneios. Somente Sans mais familiarizado com a linguagem entendera por completo a mensagem, suspirando desanimado com a notícia.

— Você disse que o consertaria. – Sans murmurou sem pensar muito, lembrando-se das outras vezes que aquilo acontecera. Gaster virou o rosto em sua direção, novamente com seu olhar sério e frio, seus olhos se tornaram um vazio de escuridão sem fim. Por um momento Sans pensou que seria repreendido, mas ao invés disso sentiu ser puxado pelo teleporte e viu-se novamente em sua cama com os artigos espalhados pelo lençol.

Papyrus no beliche de cima, espiou de cabeça para baixo o irmão lhe devolvendo o olhar confuso. Antes que pensassem em algo para dizer um ao outro, ouviram a porta do quarto sendo trancada e passos no corredor se afastando cada vez mais.

O quarto estava escuro e permaneceria assim por um longo tempo.


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Notas finais do capítulo

Comentários são sempre bem vindos! ^-^



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