Em um internato na Suíça:

8:00

Luiza:

Eu nunca fui a concepção de beleza da minha mãe, que é: cor dos olhos: verde, cor do cabelo: castanho médio, altura: um e setenta no mínimo e meu peso então é o que ela menos gosta.

No meu caso é: cor do cabelo: castanho muito claro, [quase loiro], altura: um e cinquenta e nove, Cor dos olhos: castanho claro.

Tudo em mim sempre incomodou minha mãe principalmente meu excesso de peso, afinal a filha de Lavínia Laví Albuquerque, a ex- modelo internacional que toda modelo quer ser não pode ser imperfeita.

Outra coisa que ela sempre reclama é da minha altura, ela diz que eu sou muito baixinha e nem se eu emagrecesse poderia ser modelo de passarela igual a ela. E quem disse que eu quero ser modelo? Ainda mais de passarela.

É muito ruim ser filha única, mas pior do que ser filha única é sempre ser criticada por sua própria mãe é ficar sem vê-la por mais de dois anos.  

Depois que meu pai morreu a cerca de dois anos e pouco atrás quando eu tinha uns treze para quatorze anos a minha mãe resolveu me trancar em um internato fora de meu país, tive que deixar minha escola antiga, meus amigos, ou seja tudinho, toda uma vida.

Ela nunca vem me visitar, ela só liga ás vezes e também manda coisas para mim da empresa do papai, entre outras, como se bens materiais fossem suprir a falta que eu tenho dela e principalmente do meu pai.

— Luiza Laví Bragança. – Me chamaram.

Procurei quem me chamava e percebi que era a diretora do internato.

O que será que ela quer? – Pensei.

Fui falar com ela e ela me disse que minha mãe a informou que eu deixaria o internato definitivamente.

Quando ela disse isso eu quase pulei de alegria e também me disse que ela me ligaria á noite para me dar mais detalhes.

Fui para meu quarto muito animada, pois mesmo tendo que voltar um ano e sair daqui do internato no meio do ano letivo, vou estar no meu país.

Sem falar que no Brasil é verão e é férias.

Luiza off

No Brasil, mais especificamente na cidade de São Paulo:

12:00

Maria Joaquina:

— Maria Joaquina. – Minha mãe me chamou.

Fui até a sala onde ela estava.

— Olá! O que foi?

— Nada, só quero as novidades da vida da minha filha.

— Sem novidades e nem dava para tê-las, afinal é só o segundo dia de férias, né, mãe.

— Sim, filha, mas você sabe como eu gosto de saber das suas coisas.

— Sei sim, mãe.

— Pode deixar que eu vou tentar ser menos chata e parar de perguntar sempre suas novidades.

— Você não é chata, mãe, mas eu concordo em você deixar as minhas novidades de lado.

Meu telefone começou a tocar e assim que li o nome no visor abri logo um sorriso.

— Deixa eu adivinhar é o Jaime.

— Como você sabe? – Eu perguntei espantada.

— Primeiro mães sabem tudo e segundo esse seu sorriso só podia ser ele.

— Com licença. – Pedi e assim que ela fez que sim com a cabeça eu corri até meu quarto, pois não sou louca de deixar o melhor namorado do mundo esperando.

Ligação:

— Oi! Jaiminho, tudo bem?

— Oi! Linda, muito melhor agora, então eu te liguei, pois estava pensando se nós podíamos ver aquele filme de comédia, aquele que está sendo elogiado por todos os nossos amigos.

— Claro, que horas?

— A sessão é dezesseis horas, passo aí para te buscar quinze horas, tudo bem?

— Sim, tudo ótimo, até.

— Até, beijo.

—  Beijo, já estou ansiosa.

Ligação off

— Filha, vamos almoçar, seu pai veio almoçar em casa, chegou um segundo depois de você voar para o quarto e eu pedi que ele esperasse lá na sala, por que você estava em uma ligação importante, não é mesmo?

— Vamos sim, que bom que o papai veio e obrigado por segurar ele lá, uma ligação ultra importante.

Nós rimos.

— Vou sair com o Jaime mais tarde.

— Tudo bem.

Fui com a minha mãe até a sala e cumprimentei meu pai.

Depois do almoço fui correndo até o meu quarto escolher um belo look para sair com meu namorado lindo.

Nem sempre o Jaime foi o tipo de garoto que eu gosto, mas depois que ele emagreceu mudou totalmente, não que eu não gostasse dele porque ele era gordo, eu não gostava dele porque ele era grosso, porco, e outras coisas mais, porém agora ele está perfeito.

Coloquei várias opções de looks na minha cama, mas não gostei de nenhum, afinal eu já usei todos.

Eu preciso de um vestido novo para hoje.

Já sei, vou na boutique do fim da rua.

Resolvi descansar um pouco o almoço e depois fui até a loja.

Quando estava caminhando até lá avistei um par de olhos que eu conheço bem.

Não sei porque mais assim que percebi que os olhos me olhavam de volta minhas pernas começaram a tremer e eu comecei a sentir como se mil mariposas estivessem em meu estômago.

Os olhos de Daniel Zapata, o menino por quem eu sempre fui apaixonada, claro que antes de namorar com o Jaime.

Alguns anos atrás o Daniel começou a namorar com a Margarida e eu resolvi desistir dele, porém eles terminaram no ano passado, apesar de ela ainda correr atrás dele eles não tem mais nada. Eles terminaram porque ela é muito ciumenta, mas continuando quando eles terminaram eu já estava saindo com o Jaime e não podia deixá-lo, né.

Meninos não são iguais sapatos que trocamos assim que achamos um par mais bonito, porém bem que podiam ser, concorda? Ainda mais se o garoto fosse como um belo par de Louboutins, aquele do solado vermelho que eu, as famosas e a minha ex modelo preferida Lavínia Laví amamos.

 Devo confessar que ele ainda mexe um pouco comigo.

Espero que ele não fale comigo, fui correndo até a loja, mas não rápido o suficiente, pois eu ouvi ele me chamar.

— Maria Joaquina. – Ele chamou e eu me virei.

— Olá! Dani.

— Oi!

— Tudo bem?

— Sim e você, Majo?

— Muito bem, eu já vou indo, a gente se vê algum dia, Dani.

— Sim a gente se vê depois, tchau.

Assim que ele deu tchau, dei um tchau rápido com as mãos e corri para a loja.

— Olá, senhorita, gostaria de algo especial? – Me perguntou a vendedora da boutique.

— Me mostre as últimas novidades.

— Sim, só um minuto.

A vendedora me mostrou belas peças, até que achei o vestido perfeito para sair com o Jaiminho, como eu gosto de chamá-lo.

Depois da bela compra que fiz fui para casa para me arrumar, pois tenho pouco tempo até que ele venha me buscar.

Maria Joaquina off

Um pouco mais tarde naquele mesmo dia:

Jaime:

Eu estou tão feliz de namorar com a Maria Joaquina, nem faz tanto tempo assim que começamos, mas parece que estamos juntos toda a vida.

Em pensar que antes de namorarmos eu tinha uma quedinha pela Carmen, porém eu já gostava da Maria Joaquina e quando ela me deu uma chance me tornei a pessoa mais feliz desse mundo.

Eu pensei que ela fosse me largar quando o Daniel terminou com a maluca e ciumenta da Margarida, entretanto ela não fez isso.

Comecei a cantarolar.

— Está muito apaixonado, né, filhote, está até cantarolando e nem percebeu eu aqui te olhando. – Minha mãe me falou.

— Ah... Oi! Mãe, nem te vi mesmo.

— Eu percebi.

— Então o que a senhora quer?

— Ora ver meu filho se arrumando todo para sair com a namoradinha.

 Fiquei com vergonha

— Mãe, não sou mais criança. – Eu completei.

— Não é, mas será sempre o meu bebê que sempre falava mal das mulheres.

— Eu sei, mãe.

— Eu vou terminar de arrumar a casa, bom passeio e manda um beijo para a Maria Joaquina, hein...

— Ok, pode deixar, mãe.

Minha mãe saiu de meu quarto e eu fiquei aliviado.

Continuei a me arrumar.

Jaime off

Maria Joaquina:

Já devidamente arrumada resolvi esperar o Jaime na sala.

15:00

Olhei o relógio e vi que já estava na hora de Jaime chegar.

Alguns minutos depois tocou a campainha e Joan Marie foi atender a porta e para a minha sorte era o Jaime.

— Desculpa a demora, linda.

— Tudo bem, Jaiminho, vamos.

— Claro.

— Tchau, Joan Marie. – Me despedi de Joana do jeito que eu sempre a chamo.

 - Tchau, Joana. – Jaime também se despediu.

— Tchau para vocês e tenham um bom passeio. – Joana, disse.

— Obrigado. – Eu e Jaime falamos juntos. Eu achei fofo.

Não demoramos muito para chegar no shopping.

Fomos comprar os ingressos e enquanto não chegava a hora do filme decidimos passear um pouco pelo shopping.

— Já ia me esquecendo, minha mãe te mandou um beijo. – Jaime, falou, enquanto eu olhava uma vitrine muito linda e interessante.

— A sua mãe é uma fofa.

— É. – Jaime, disse, meio sem graça.

Quando chegou perto da hora do filme nós fomos para o cinema comprar pipoca e refrigerante.

Com tudo comprado entramos para a sala de cinema e esperamos um pouco até o filme começar, não posso dizer que nós não nos beijamos enquanto esperávamos.

Não demorou muito até o filme começar.

Algum tempo depois, na saída do filme:

— O que você achou do filme? – Jaime me perguntou.

— Ótimo. – Eu respondi e depois ele me deu um beijo rápido.

Depois do filme ficamos mais um pouco no shopping.

Na entrada da casa da Maria Joaquina:

19:50

— Amei ficar com você, boa noite.

— Também. Boa noite, linda, sonhe com os anjos e comigo, é claro.

— Com certeza. – Eu falei e nós rimos.

Jaime me deu um beijo e depois foi embora.

Entrei em casa.

— Como foi, filha? – Minha mãe, perguntou.

— Foi legal, cadê o meu pai?

— Ele só chega mais tarde hoje, quando ele chegar você já deve estar dormindo.

— Tudo bem, boa noite.

— Boa noite filha.

Fui para o meu quarto e me deitei na cama pensando no porque que em nenhum momento com o Jaime eu senti as tais mariposas no estômago que eu senti quando vi o Daniel hoje mais cedo.

Nota mental: esquecer o Daniel e focar só no Jaime.

O meu namoro com o Jaime não podia ser mais perfeito.

O Daniel é passado e o Jaime é presente e espero eu que futuro também.

Maria Joaquina off

Luiza:

Na suíça:

23:00

Não posso dormir. Tenho que esperar a ligação da minha mãe, estou muito ansiosa por isto.

De repente um toque de celular me tirou de meus pensamentos.

Peguei o celular e no visor estava escrito, mãe.

Ligação:

— Oi! Mãe. – Eu, falei muitíssimo animada.

— Olá, Luiza, como está?— Ela me perguntou não muito animada.

— Bem e você?

— Muito bem, mas vamos direto ao assunto pelo qual te liguei.

— Ok.

— A sua diretora falou com você hoje e te comunicou que você virá para o Brasil, certo?

— Sim, ela só não me disse que dia.

— Eu sei, eu mesma queria confirmar se você quer vir ou não.

— É claro que eu quero ir para aí.

— Mas você terá que voltar um ano na escola, afinal seu ano letivo está no meio, ficará atrasada um ano, voltando para o primeiro ano do ensino médio, você está certa que quer vir mesmo?

— Sim, eu tenho.

— Que bom, a sua diretora vai te entregar amanhã tudo o que você precisa para viajar para cá inclusive sua passagem aérea.

— Você não vem para cá para irmos juntas?

— Não, Luiza, não tenho tempo para essas coisas, se sinta satisfeita de você voltar para o Brasil.

— Tudo bem então.

— Uma de suas professoras, a que não estiver em horário de aula vai te levar até o aeroporto e chegando ao Brasil a sua antiga babá estará no aeroporto para te trazer para casa.

— Mas nem para me buscar no aeroporto você vai estar?

— Eu já disse que eu não tenho tempo para isso, mas a Eleonor estará lá, tchau.

Ligação off

Minha mãe desligou e nem me deixou dar tchau de volta.

Ao mesmo tempo que eu estou feliz eu estou triste. Feliz por voltar ao Brasil e triste por que a minha mãe ficou bem menos animada do que eu imaginei que ela ficaria.

Na verdade, ela nem parecia feliz por minha volta. Será que existe um motivo que ela não me contou para eu voltar ao Brasil?

Luiza off