—Kotoko!

—Keita?

—Kotoko!

—Consegui!

—Kotoko!! 

—Que foi? 

Keita aponta para a agulha ainda pendurada em seu braço, e eu rapidamente a tiro.

— Eu fui bem certo? 

Penso que Keita irá gritar ou até mesmo me fulminar com seus olhos, mas ao contrário do que penso, ele sorri e assente com a cabeça. 

— Até que bater a cabeça pode ter feito bem pra você. - Ele comenta. 

— O que? 

Keita ri e responde: 

— Nada não. 

Algumas pessoas começam a entrar na sala de aula e rapidamente eu e Keita nos ajeitamos. 

—KOTOKO! 

Eu dou um pulo de susto ao escutar a voz próxima de mim. Antes mesmo de me virar já sei quem é. 

—O que está fazendo aqui? 

Eu me viro para encarar os olhos furiosos de Naoki, suas mãos em meus ombros parecem um aviso claro de sua fúria iminente. Eu engulo em seco, derrepente culpada por te-lo deixado mais cedo, o que? -Que tipo de pensamentos são esses? Balanço a cabeça afastando quaisquer pensamentos ilógicos. 

—O que? - Pergunto confusa. 

— O que está fazendo aqui? -Naoki volta a pergunta. 

—Nao é óbvio? - diz Keita com sarcasmo. - Ela veio estudar. 

—Nao estou falando com você Keita. -Naoki diz com os dentes cerrados.- -Kotoko?

— Eu vim estudar. - Respondo. 

— Você tem que ficar em casa até se recuperar.

— Até me recuperar ou até me lembrar de você?

Naoki congela. Percebo que diversas pessoas nos rodeiam curiosos para saber do que se trata, todavia, maioria dos olhares estão presos no garoto a minha frente sem reação. 

— Você bateu a cabeça, está confusa. - Ele murmura. 

— Não estou, eu estou bem, não posso parar minha vida só porque não não lembro de algumas coisinhas. 

— Algumas coisinhas? - Naoki murmura parecendo perplexo. 

Me solto de suas mãos e me afasto. 

— Eu tenho aula agora. - Digo. 

Naoki parece acordar de seu transe e imediatamente começa a se afastar para longe de mim, não entendo o porquê mas meu coração vacila e no instante seguinte quero ir atrás dele, mas não me mecho, a parte racional de meu cérebro, aquela que eu pareci nunca dar ouvidos manda eu permanecer no mesmo lugar, e naquele momento, a única coisa que sinto é dor no meu coração.