Wind escrita por Gaehyunt


Capítulo 1
I - Jeon Wonwoo


Notas iniciais do capítulo

Escrevi a fic praticamente aos quarenta e cinco do segundo tempo. Tive dois meses, mas fazer o que né?
Desculpem qualquer erro. Eu juro que revisei, mas era quase três horas da manhã então não prometo nada.
Para uma fanfic feita as pressas, eu gostei e espero que quem leia goste também.
Boa leitura ♥



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O vento gélido batia no rosto de Kim Mingyu, fazendo-o se aconchegar ainda mais no sobretudo preto que vestia. Era inverno, as temperaturas de Seul estavam baixíssimas e naquela manhã de segunda feira não fora diferente.

Seus passos eram calmos, apesar do frio. Queria aproveitar aquela caminhada ao máximo, talvez fosse o único momento do dia em que se sentia verdadeiramente em paz. Estava cedo e quase não havia pessoas na rua, facilitando sua locomoção. Andava sem pressa, deixando seus pés o guiarem pelas ruas, sentindo a mente ainda nublada pela bebedeira da noite passada.

Era uma manhã agradável, apesar de fria. O vento balançava seus cabelos recentemente tingidos de cinza, a sensação, mesmo que gélida, de sentir a brisa lhe tocar a face era acolhedora. Desde muito pequeno, Mingyu apreciava aquela força da natureza que para ele sempre fora muito graciosa.

O vento empurra a poeira para debaixo do tapete, passa páginas do livro, por vezes até seca lagrimas. Algumas vezes se estressa, é impiedoso, cruel. Vai onde quer sem ninguém o impedir e quando tentam, é capaz de derrubar com toda a sua força seu obstáculo. O vento é livre, faz seu próprio destino. Ele rodopia por aí, viaja. Refresca quando necessário e sempre se faz ser notado quando presente. E era por causa dele, sua própria brisa particular, que Mingyu caminhava por ai. Jeon Wonwoo, aquele que podia ser facilmente comparado com o vento.

Avistara aquele rapaz a alguns anos atrás, em uma tarde gelada. Mingyu voltava para casa a pé depois de mais um dia de fracasso na busca por um emprego. Estava começando a cansar de receber tantas recusas. Ali, sentindo-se um completo fracasso no meio da calçada, ele o viu.

Jeon Wonwoo andava apressado, sinalizando seu atraso para alguma coisa. Mingyu olhou na direção do rapaz rapidamente, sem dar grande importância. Mas por coincidência, o próprio vento o ajudaria a percebe-lo. A echarpe cinza que envolvia o pescoço de Wonwoo se desprendeu devido ao vento naquela tarde que parecia só aumentar. Ele não parou, a deixou voar a deus-dará e seguiu seu caminho. O Kim notou isso e pensou em pega-la para devolver ao rapaz de cabelos escuros, mas quando o cheiro da echarpe aguçou seus sentidos, uma estranha sensação de paz o preencheu. Parou, estático, no meio da calçada, acompanhando com os olhos o rapaz apressado que acabar de entrar em uma cafeteria.

Inebriado com o aroma daquela pessoa de até então nome desconhecido, ele seguiu seu caminho para casa, decido a dar um jeito de falar com o moço apressado.

E não demorou nem dois dias para que isso acontecesse, pois não tardou a voltar ao local onde o vira entrar. Um pouco acanhado, iniciara a conversa quando o mesmo estava saindo do local. Entregou a echarpe e explicou a situação, aproveitando para o convidar para um jantar.

Já na primeira conversa, Mingyu percebeu que Jeon Wonwoo era fresco como uma brisa de verão, apesar de sempre se manter distante. Foram necessários mais de cinco jantares para que aquele garoto de olhos finos e intensos começasse a derrubar os muros que o envolviam.

Sempre se mantendo tímido e afastado, Wonwoo parecia em constante estado de alerta. Seus dedos esguios da mão sempre cobertos pelas mangas de algum suéter, demonstrando toda a sua insegurança. Mingyu se esforçou ao máximo para que ele se sentisse confortável perto de si. A cada novo gesto e sorriso, sentia seu coração se entregar ao rapaz. Aos poucos foi descobrindo novos lados daquele ser que julgava ser tão calmo. Ele podia ser cruel quando queria e definitivamente não gostava quando mandavam que fizesse algo, tinha pensamentos e escolhas próprias. Foi na primeira briga que tiveram que Mingyu o comparou com o vento. E mesmo sabendo dos lados ruins, gostou da comparação afinal, sempre adorou aquele elemento e adorava ainda mais Jeon Wonwoo.

Tentou, por vários meses, faze-lo ceder aos seus encantos indiretamente, sem nunca revelar seus verdadeiros sentimentos. Foi uma felicidade quando descobriu a sexualidade dele e passou a tentar com mais afinco a partir daquele dia. Cada novo jantar e passeio sendo guardado na sua mente. No decorrer dos meses conseguiu um emprego e se mudou para uma casa nova, Wonwoo fora o primeiro a visita-lo.

Era um apartamento simples com um quarto, sala, cozinha e banheiro. Os cômodos eram pequenos, mas suficientemente confortáveis para alguém que mora sozinho. A casa nem estava mobiliada quando Mingyu decidiu que passaria a noite lá. A muito custo, fez com que Wonwoo aceita-se seu convite de acompanha-lo.

Uma casa vazia, um colchão no chão, cobertores e duas garrafas de vinho. Foi assim, em um local simples, que Kim Mingyu confessou abertamente seus sentimentos. Já estava inebriado pela bebida e deixou que as palavras voassem de sua boca. Sabia das chances de ser rejeitado, porem na hora nada importava. Achou que a confissão surpreenderia Wonwoo, mas foi ele próprio a se surpreender quando o rapaz o mandou calar a boca e selou seus lábios. O osculo tinha gosto de vinho e o coração acelerado de ambos serviu de trilha sonora. Passaram o resto da noite abraçados, aproveitando o tempo juntos. A janela aberta deixava que a brisa da noite invadisse o cômodo. Mingyu dormiu com Wonwoo em seus braços e a sensação do vento frio sobre o rosto e, naquele momento, nada no mundo poderia o deixar mais feliz.

O relacionamento não demorou a iniciar. Os dois saíram em uma tarde ensolarada para o parque. Mingyu levara uma pipa decidido a recordar as lembranças de infância. Em meio a brincadeiras e risos, fez o pedido. Naquele dia notou que novamente em um momento importante da trajetória dos dois, ventava. Achou que talvez o vento fosse o causador da felicidade em sua vida, já que fora ele quem o fizera conhecer o Jeon. Ele só não imaginava que do mesmo jeito que a brisa o trouxera Wonwoo, também o tiraria de si.

Com três anos recém completados de namoro, os dois moravam juntos. A família de ambos os apoiavam intensamente e a vida profissional ia às mil maravilhas.

Era uma quarta feira quando inesperadamente Wonwoo recebeu uma folga. De casa, ligou para Mingyu avisando que chegaria tarde, pois aceitara o convite de um colega de trabalho para velejar. O Kim sentira o coração apertar ao ouvir aquilo, mas nada disse. O relacionamento dos dois sempre foi baseado em confiança e pedir para que Wonwoo não fosse seria uma atitude infantil. O namorado acharia que ele não confiava em si e uma discussão certamente ocorreria. Ele não queria brigar, então o deixou ir.

Kim Mingyu passou o dia com o coração inquieto, sossegando apenas ao ver que aquele era um dia em que ventava. Sempre achou que o vento era um padroeiro dos dois e aquele elemento da natureza nunca deixaria que seu Wonwoo se machucasse.

Eram oito horas da noite quando chegou em casa. Tomou um banho e se sentou na sala, esperaria Wonwoo para jantar. Acabou adormecendo e acordou bruscamente ao ouvir o telefone residencial tocar. Atendeu um pouco sonolento e sentiu o coração afundar no peito ao ouvir o que a pessoa do outro lado da linha tinha a dizer.

Era um policial, avisando que naquele dia um pouco mais cedo Wonwoo sofrera um acidente enquanto velejava com o amigo, Jisoo.

Caiu, de joelhos, sentindo todo o baque da notícia. Foi incapaz de chorar ou emitir algum som, a informação ainda sendo processada. Seria mesmo verdade? Wonwoo estava realmente morto? Era impossível.

E na seguinte meia hora ele permaneceu assim, sentado junto a parede, no chão frio. A mente em estado de choque e o coração se recusando a acreditar. Só quando seu amigo Seungcheol abriu a porta inesperadamente, é que ele voltou a realidade.

O rapaz abaixou-se junto a si e nenhuma palavra foi necessária para saber que o mesmo já sabia da situação. Seungcheol o abraçara desajeitadamente, procurando dar algum tipo de conforto. Em meio aquele abraço que Mingyu chorou todas as suas lagrimas, deixou todo o seu desespero sair por entre seus olhos. A dor que sentia parecia física. Todas as lembranças daqueles maravilhosos três anos passando como um filme em sua cabeça. E era só aquilo que restava, lembranças.

Hoje, seis meses após o acidente, Mingyu estava ali, indo visitar Wonwoo como fazia todos os dias depois daquilo.

A lapide de Wonwoo fora posta perto de algumas arvores. Era possível sentir o vento dali, batendo fresco no rosto de quem o ia visitar. O Kim sabia que o vento era o culpado de todo aquele sofrimento, mas fora o próprio que trouxera o Jeon para sua vida então não podia odiá-lo. E ele sempre soube que o vento é cruel, revolto, como o próprio Wonwoo era.

Sentou-se próximo a lapide, sentindo as costas baterem no mármore frio. Ajeitou-se confortavelmente e fechou os olhos, deixando que as lembranças do sorriso do moreno invadissem sua mente. As lagrimas, suas fieis companheiras nos últimos meses já estavam ali, prontas para escorrer por entre suas bochechas.

Aos poucos sentiu o sono chegando e decidiu que aquele não era um lugar ruim para adormecer. Era o máximo que podia ficar perto de Wonwoo e nas condições em que estava, aquilo bastava. Tombou para o lado e se deixou levar, sonharia com o ex-namorado novamente, como sempre fazia quando fechava os olhos. O som do balançar das arvores foi sua canção de ninar e ao longe, podia ouvir Wonwoo o chamando... O vento tocando seu rosto nunca parecera tão agradável.


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Notas finais do capítulo

Tinha grandes planos para a fanfic, um enredo grandioso... Mas como faz pra colocar isso no papel?
Saiu uma coisa simples, mas foi de coração.
Fazia muuuuuito tempo que não escrevia nada, acho que desaprendi (?????).
Quem chegou até aqui: valeuuuu ♥