Zootopia 2 - As regras de Nick Wilde escrita por Untitled blender


Capítulo 8
Ironia


Notas iniciais do capítulo

hey peaple! mais um cap! eu voltei às aulas hopje, por isso esse demorou um pouco mais que o habitual.
mas vejo vocês lá em baixo



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— Encontrou alguma coisa? – Judy disse, o mais alto que pôde sem gritar (afinal, sabe-se lá quem poderia estar ouvindo).

A pequena irmã de Judy fez um sinal positivo do alto da parede. Desse o início da tarde, quando os pequenos coelhos acordaram, Judy coordenava uma busca minuciosa por rotas de fuga. No nível do chão, era quase impossível fugir, já que tudo era de concreto exceto as portas, que tinham guardas. Assim, restou a vã esperança de ter alguma saída na divisão entre a parede e o começo do teto esburacado, à três metros do chão.

Por isso, eles tinham montado uma precária pilha de caixas para auxiliar na escalada, e quando Judy tentou subir, todas as caixas caíram. Por essa razão, eles precisavam de alguém extremamente leve para escalar. A irmã de Judy – Cristina, talvez – fora a escolhida. E agora caminhava no minúsculo espaço do topo da parede. Ela desceu a pilha de caixas saltitando, como se tudo fosse um jogo, e sorriu, mostrando um único incisivo na parte de cima de sua mandíbula. Estava a perder os dentes de leite.

— Tem um buraco logo ali – ela apontou com o dedo para uma mossa no metal de uma das chapas mais enferrujadas – dá pra passar de boa, e tem uma árvore do outro lado.

— Eu vou caber no buraco? – Judy perguntou. Estava disposta a correr o risco, se isso fosse ajudar a resgatar a sua família.

— Não, só eu. É pequeno pra você.

Os pais de Judy imediatamente começaram a falar ao mesmo tempo:

— Ela não vai subir lá de novo. É muito arriscado. E se ela for pega? E se ela cair e...

Judy já tinha pensado nisso.

— Vocês preferem esperar o Nick, então? Eu sei que ele vai vir, mas não podemos simplesmente ficar aqui sem fazer nada!  

— Mas é a sua irmãzinha, Judy! Você não pode pedir que deixemos ela se arriscar desse modo!

— Mas talvez possamos alargar o buraco, ou algo assim... – Judy tentou escalar a pilha de caixas novamente, e dessa vez ela aguentou. Judy subiu até o buraco, perdendo o equilíbrio uma dúzia de vezes. Quando chegou até lá, perdeu completamente as esperanças. A sua cabeça mal passava pela abertura, e com o mínimo espaço lá em cima, seria impossível fazer força o suficiente para entortar o metal.

Ela desceu novamente, com as orelhas caídas.

— Bem, só Cristina passa por lá. E ela quer ir, não quer? O pior que pode acontecer é eles colocarem ela pra dentro novamente. – ela baixou o tom e começou a falar consigo mesma - Nick disse que Doug tinha soltado Bellwether, então só pode ser ele por trás disso. Ele não iria... - Não iria o quê? A mente de Judy a acusava. Matar a sua irmã? Perder um refém? Ele ainda teria trezentos e oitenta. Judy suspirou. Isso não vai acontecer. Disse, determinada.

— Mas e se eles a encontrarem lá fora, Judy? – Bonnie perguntou.

Judy teve uma ideia impossivelmente clichê. Mas que ela tinha certeza de que iria funcionar.

— Eles nem vão notar que ela saiu.  

***

Nick caiu por alguns dos segundos mais longos da sua existência, tentando agarrar o ar. Até que a dor o fez parar em plena queda. Ele havia batido em uma das “folhas” que tinha uma ligeira curvatura para cima. Não demorou muito, e ele começou a cair para o outro lado. Ele virou os braços, tentando segurar em algo, qualquer coisa, e encontrando apenas vidro liso sob suas garras.

Seu braço prendeu em uma viga transversal. Não era possível enxergar lá de baixo o sistema de cabos e vigas que mantinha as “folhas” seguras contra o vento, nem Nick imaginava que elas existissem. Agarrou a viga com todas as forças que lhe restavam. O vento fazia todo o seu corpo balançar, e Nick quase não conseguiu.

Ele olhou ao redor antes de olhar para baixo. À sua frente, haviam algumas outras vigas e o “talo” de uma das imensas folhas de vidro. Dentro dele, Nick pôde ver pequenas janelas. Ao seu lado, havia um cabo de aço mais grosso que seu próprio corpo, e abaixo... bem, não havia nada, por centenas de metros, até...

Lá embaixo, haviam outros prédios, nem de longe altos o suficiente para parecerem grandes. Havia uma piscina imensa, do tamanho de uma laranja vista pela perspectiva de Nick. Mesmo que ele acertasse a piscina, ele provavelmente iria morrer. Não ia ser como cair daquela queda d’água, que tinha milhões de metros cúbicos de água para amortecer o impacto. Nick descartou a ideia tão rápido quanto a sua queda até ali.  

Ele checou a espessura da viga.  Era grossa o suficiente para caminhar em cima. Fez uma ridícula prece mental para qualquer deus que pudesse estar ouvindo e subiu na viga. Assim que chegou lá em cima, teve uma vertigem tão forte que caiu sobre o metal frio. Já era, raposa do beco! Nick ouviu a treinadora da academia gritar em sua cabeça. Ele odiava cada um dos apelidos que ela lhe dava.

Levantou-se novamente, tentando não ser arrastado pelo vento furioso. Sinceramente, entre ficar pendurado e andar sobre a viga, ele preferia ficar pendurado. Enquanto andava, ele era obrigado a olhar para baixo, já que as ligações e os rebites da viga o fariam tropeçar se não prestasse atenção. Ande despreocupado, agora, raposa esperta, a sua mente falou. Ele era sarcástico até com sigo mesmo?

— Cale a boca – Nick falou em voz alta. Quase não ouviu sua própria voz sobre o ruído do vento.

Passo a passo, Nick chegou ao final da viga, onde ela se encontrava com a parede do prédio. à sua esquerda, Nick finalmente viu alguma esperança. Uns dois metros abaixo,  havia uma estreita passarela, aparentemente destinada à manutenção da iluminação noturna do topo do edifício. Nick nem pensou antes de saltar.

Ele caiu com um pé sobre a passarela, e o outro não encontrou apoio. Por meio segundo, Nick pensou que fosse cair. Então se segurou na grade que compunha o piso da passarela pintada de vermelho. A passarela não tinha corrimão, aparentemente feita apenas para auxiliar os trabalhadores que vinham trocar as lâmpadas de vez em quando. Mas Nick, ao contrário deles, não tinha um cabo de segurança.

Ele caminhou lentamente pela passarela, que acompanhava a curvatura do prédio, passando debaixo de diversas vigas. Quase teve um ataque cardíaco quando viu a porta. Ele chegou até ela e girou a maçaneta. Trancada. Uma porta no meio do nada, e estava trancada! Nick se perguntou por um momento se isso não fazia parte do plano de Silvana. Depois pensou melhor. Silvana vai demorar bastante para descobrir que eu não morri, ele pensou. Deve ser uma precaução de segurança.

Nick também tinha sua precaução de segurança. Ele tirou um canivete suíço do cinto. Judy tem um spray anti-raposa? Pois bem, um spray não abre portas, fofa. Ele procurou nas ferramentas uma que lhe servisse. Nenhuma era perfeita, mas no fim optou por uma pequena lâmina. Mas precisava de algo para usar como gazua.

Procurou nos bolsos. Uma bala de menta, dois dólares e os papéis que Silvana havia lhe dado eram as únicas coisas que não haviam caído deles. Algumas moedas deviam estar agora no chão da praça Saara. Nick esperava que não tivessem caído na cabeça de ninguém. Quando tirou do bolso os papéis dobados que Silvana lhe dera, esses saíram voando por três metros antes de prenderem-se a um pedaço da passarela.

Nick considerou deixá-los voar. Afinal, provavelmente continham mentiras. Até que viu o clipe de papel mantendo as folhas presas umas nas outras. E correu para pegá-las de volta. O vento brincou com ele, arrastando os papéis para perto da beirada novamente.  Deixou o criminoso escapar! Já era, fala mansa!Nick saltou e os pegou.

Voltando para a porta, Nick separou o clipe das folhas e cuidadosamente as colocou de volta no bolso. Nunca se sabe. A raposa, então voltou sua atenção á porta, desentortando o clipe para usar como ferramenta. O clipe voltou a entortar diversas vezes antes de Nick finalmente ouvir o estalo revelador. Girou a maçaneta da porta e caiu para dentro. Ao fechar a porta atrás de si, leu o aviso escrito em letras de fôrma:

“FAVOR DEIXAR ESTA PORTA PERMANENTEMENTE TRANCADA”

Havia uma chave pendurada na parede ao lado. Nick trancou a porta e desceu uma fileira de escadas. Ele encontrou outra porta e a abriu. Pôde ver um corredor luxuoso decorado com pequenas palmeiras em vasos, a porta de um elevador e... Silvana, conversando com outra tigresa que também parecia ser da alta sociedade. Nick fechou novamente a porta, torcendo para que não tivesse sido visto nem ouvido.

Abriu uma pequena fresta por onde espiou o que acontecia do outro lado. As tigresas não o haviam notado, e continuaram a descer o corredor, entretidas com sua conversa. Nick saiu da saleta onde estava, correndo para o elevador e apertando o botão para chamar o elevador. Graças a Deus, ele estava a apenas alguns andares de distância.  

Nick entrou, cumprimentando educadamente os dois castores que estavam ali. Assim que chegou ao térreo, procurou imediatamente a saída mais distante do saguão principal, e ganhou a rua. Assim que saiu, não parou de caminhar antes de estar a uns dois quilômetros de distância do prédio mais alto de Zootopia. Logo que verificou que não estava sendo seguido, Nick pegou o celular e ligou para Reimann.

— Alô? – disse o urso no outro lado da linha.

— Diga ao Sr. Big que Silvana me deu uma pista. E que, a menos que queira ser jogado do alto do prédio, nunca mais a visite.


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Notas finais do capítulo

ah, não adianta. eu amo terminar caps com uma ligação.
—diz que não fica legal-
MAIS COMENTÁRIOS!
(praqueles leitores q só comentam pra dizer"mais capítulos!")