Zootopia 2 - As regras de Nick Wilde escrita por Untitled blender


Capítulo 5
Família


Notas iniciais do capítulo

hey pessoal, eu espero que gostem do cap! se vocês não comentarem o que acharam da música eu vou parar de postar, sério. foi o maior trampo pra compor - e ficou bem legal-
é isso aí, vejo vocês nos próximos capítulos!



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  - Os fatos do caso são os seguintes: - chefe Bogo vociferava com os agentes na sala de reuniões – Bellwether foi solta por seu capanga, Doug. Logo em seguida, Doug sequestrou 356 coelhos, 3 guaxinins, 7 ovelhas, 5 leopardos e uma raposa. Os restantes animais foram encontrados escondidos ou sob efeito de tranquilizantes.

—Todos os relatos conferem com a descrição do bando de Doug, segundo o oficial Wilde: várias ovelhas portando armas de ar comprimido com cápsulas de tranquilizante. Esse caso é o mais importante que terão em toda a sua vida, e a partir de hoje, é prioridade nº1 até que seja resolvido. Tarefas: oficiais Delgatto, Higgins, Fincadente, vocês continuam a investigação no local do crime; Oficiais Osório e Francine, vocês analisam os relatos; Trombine, Lobatto, vocês seguem a investigação do caso Bellwether; Wilde...

Nick esperou.

— Você tem carta branca.

Nick ficou surpreso com a expressão de compreensão que o chefe Bogo tinha. Talvez até de pena. Bogo olhava para ele como se estivesse fazendo um favor. Então Nick entendeu. Bogo confiava nele para achar Judy. Ele sabia que Nick faria qualquer coisa a seu alcance para salvá-la, e havia resolvido não ficar no caminho.

— Mais uma coisa, Wilde.

— Sim chefe?

— Ele pegou um dos nossos. Encontre-o e o faça pagar.

Nick saiu da sala com a mente vazia. Sentou-se em sua mesa e começou a pensar. Qual é a maneira mais fácil de sequestrar um grande número de animais pequenos sem dar na vista? Não havia nenhuma maneira fácil, mas talvez houvesse alguma forma simples...

— Com licença.

Nick se sobressaltou com a presença do rinoceronte. Reconheceu o guarda da prisão

— Toda.

— Eu... Nem sei como te pedir isso, mas... Eu queria participar da investigação.

A primeira reação de Nick foi negar. Afinal, ele era só um guarda, e havia sido alvejado por Doug antes mesmo de piscar. Mas depois Nick reconsiderou. Bem, na primeira investigação que eu participei, eu nem queria ter feito isso e acabei ajudando a salvar a cidade.

E era covarde. Nick apertou os lábios. Bogo não iria gostar. Então sorriu. Mas Bogo lhe dera carta branca. E o guarda tinha um motivo para querer participar. Vingança. Ele não seria baleado novamente tão fácil.

— Claro. Está a par de tudo?

— Sim.

— Ótimo! Agora me responda: qual a melhor forma de sequestrar 382 animais de pequeno e médio porte em cerca de vinte e seis minutos?

— Hum... a maior dificuldade seria o transporte, já que precisaria de um monte de...

— Espere aí! É isso!

— Como?

— Mamíferos de pequeno e médio porte. Qual a maneira mais eficiente de transporte sem chamar muita atenção? Se eu precisasse levar trezentos coelhos... Eu usaria um carro de elefante! É isso!

— Como assim?

— Eu preciso que você execute uma importante missão, oficial...

— Highhorn.  Jason Highhorn.

— Highhorn. Eu quero que, enquanto eu procuro a ficha de Doug, você tente calcular, com base na média de tamanho de cada uma das espécies da lista dos sequestrados, quantos veículos tamanho elefante eu precisaria para levar todo mundo. Conte caminhões, vans e furgões. Não acho que alguém usaria carros de passeio.

— Mas...

— Eu sei, é impossível. Mas tente, mesmo assim. Teremos uma lista de empresas de locação de vans, caminhões, etc. só precisamos de um número de média, não preciso da quantidade exata. Assim poderíamos visitar essas empresas e perguntar se alguém alugou muitos veículos ao mesmo tempo.

Nick acessou os registros, procurando Doug pela descrição que ele tinha em sua memória. Após vários minutos eliminando as dezenas de ovelhas que batiam com a descrição, ele foi recompensado com uma página de registro geral. Uma foto reproduzia as feições de Doug com perfeição. A página dizia:

Nome: Daniel Anderson

Nascido em: 23/07/1990

Estado civil: Solteiro

Profissão: Professor de química

Filiação: Samuel Anderson (pai), Clara Sanders Anderson (mãe)

Endereço: Rua Olaf com Travessa Fiordes, nº 207, bloco c, Savana Central.

— Este cidadão não possui antecedentes criminais.

Nick sorriu de orelha a orelha. Não foi difícil achar Doug. Ele ficou surpreendido pelo fato de ninguém ter encontrado a ovelha antes. Doug era um codinome. Nick então resolveu pesquisar mais a fundo. Entrou no Zoobook e pesquisou o nome “Daniel Anderson” o terceiro resultado era Doug.

Nick passou rapidamente pela linha do tempo de Doug, analisando suas postagens e sua lista de amigos. Parou no nome Maggie Anderson, marcada em diversas fotografias. Cruzou o nome dela com o de Doug no sistema de arquivos da polícia. O resultado foi imediato:

Nome: Maggie Anderson

Nascida em: 15/04/1985

Estado civil: Solteira

Profissão: Bailarina

Filiação: Samuel Anderson (pai), Clara Sanders Anderson (mãe)

Endereço: Rua 23 com praça tribuna, nº 128, bloco a, Savana Central.

— Esta cidadã não possui antecedentes criminais.

Nick levantou rapidamente da cadeira, assustando Jason, que estava curvado sobre alguns papéis e uma calculadora.

— Não saia daí. – Nick disse a ele – eu vou visitar a irmã de Doug.

***

Quando Nick perguntou na portaria do prédio por Maggie, foi-lhe indicado um estúdio de dança a duas quadras de distância, onde a ovelha dava aulas de ballet. Nick entrou no estúdio, perguntando à primeira pessoa que encontrou – que por acaso era a dona do estabelecimento – sobre Maggie Anderson. A simpática leoa avisou que Maggie estava ensaiando para um festival.

— Mas pode assistir o ensaio, se quiser. – ela disse – depois que ele acabar tenho certeza de que ela ficará feliz em responder qualquer pergunta que fizer. É só seguir a música.

— Obrigado por tudo, senhora...

— Amanda Clark.

— ...Senhora Clark.

Nick seguiu rumo ao interior do estúdio, onde haviam vários pequenos mamíferos alongando-se e praticando exercícios de dança. Ele os rodeou, saindo perto de uma escada que parecia dar para o segundo andar. Uma música vinha do alto da escada. Enquanto subia, ele ouviu a música cessar e ser reiniciada.

— Muito bem, pessoal, do começo! 1, 2, 3, 4! – uma voz feminina disse, tão alto como a instrutora de Nick falava “Já era!” na academia de treinamento.

Quando a letra pôde ser ouvida, Nick reconheceu a cantora. Gazelle. Mas a música parecia nova. Nick entrou no salão e encostou-se na parede, prestando atenção na letra.

Sometimes I see, looking back

Inside the darkness, they are here.

Nick reconheceu Maggie de imediato. Era a única ovelha, e desempenhava o papel central. Aliás, era a única presa. Ela girou sobre a ponta da sapatilha direita, olhando ao redor com graça, e ao mesmo tempo parecendo assustada. Os outros bailarinos moviam-se em círculos ao seu redor.

They want to be, they want to take

They want to live, they want to make.

 

They want to drag me into their trap

They need me, they need to test

 

They need tell me what the worst is

And how I never can stop it

 

They bring to me, just the pain

They say to me: “you can’t get domain”

Os bailarinos agora cercavam Maggie, em posição de ataque. Pareciam selvagens, lembrando a Nick a expressão do jaguar enfurecido que quase o matara durante uma investigação no distrito florestal.

A expressão que ele mesmo fizera ao perguntar para Judy se ela tinha medo dele. Os acordes da música chegavam a ser angustiantes. Nick ficou surpreso que Gazelle, que geralmente cantavaa músicas alegres, tivesse lançado uma música assim. A música atingiu o auge de tristeza na última estrofe, “you can’t get domain”, e em seguida...

But I can feel the end!

Com uma explosão de energia, o refrão da música fez Nick sentir uma onda de felicidade e superação, recobrando a batida alegre que era a marca da cantora pop.  

I can feel the end!

A batida era contagiante, e Nick sentiu vontade de dançar enquanto assistia à performance de Maggie, que fingia fugir de seus atacantes, saltando para uma marca no canto da sala.

I can feel the end!

Maggie saltou sobre um dos “atacantes” e desviou-se de outro, em um passo arriscado. Sua saia branca flutuou no espaço como a vela de um barco rumo ao porto.

 I can feel the end!

 The world explode in a bunch of parts,

The stars still on the falling skies

Now, I know that I live more,

And I can't take it anymore

Nick estava maravilhado com a desenvoltura dos dançarinos. Pareciam contar a história ancestral de presas e predadores, bons e maus, policiais e ladrões. E como essa guerra era inútil. Os dançarinos agora encenavam uma espécie de acordo de paz instintivo. Dançavam aos pares, como se estivessem em um baile formal, e de repente, explodiram em movimentos modernos.

Sometimes I see, looking for above

Inside the light, they are here.

 

They want to say, they want to stand

They want to pay, they want to send.

 

They want to drag me inside the ground

They need me, they need to be found

 

They need tell me what the better is

And how I always can stop it

 

They bring to me, just the same

They say to me: “you will get domain”

 

But I can feel the end!

I can feel the end!

I can feel the end!

 I can feel the end!

 

 The world explode in a bunch of parts,

The stars still on the falling skies

Now, I know that I live more,

And I can't take it anymore

But I can feel the end!

I can feel the end!

A letra havia mudado, mas Nick sentiu que a mensagem era a mesma:  

I can feel the end!

“eu posso sentir o fim” Nick queria poder sentir o fim da dor e da preocupação que tomavam o seu peito, mas não sentiu.

 I can feel the end!

A música desacelerou, e os dançarinos voltaram às posições iniciais, como se dessem a entender que nada havia mudado ainda. A única diferença do começo da coreografia para o fim era a cadência respiratória dos dançarinos. Um violão foi ouvido junto com um acorde final de um piano.

…I can feel the end.

Assim que a música terminou, Nick teve que aplaudir. E, depois de um minuto sozinho, foi recompensado por palmas vindas dos outros integrantes do grupo. Não que Nick se importasse em aplaudir sozinho. Ele era muito seguro de si para ligar pra esse tipo de coisa.

Assim que terminaram os aplausos, Nick se aproximou do grupo, perguntando se podia falar com Maggie. A magra ovelha assentiu, e levou Nick até um canto reservado do salão.

— Você veio falar sobre Doug. – ela disse, um pouco entristecida quando Nick assentiu – Dan, como eu sempre o chamei.

— Eu preciso saber onde ele está, mas duvido que você possa me dizer isso. Doug é muito esperto para deixar uma informação dessas com alguém a quem eu tenha acesso.

— Você está certo. Eu não sei onde ele está. Então por que veio perguntar sobre Dan?

— Eu preciso entender. Quem melhor para entender um cara do que a sua irmã mais velha?

— Entender? Como assim?

Nick deu de ombros. Aquela conversa iria longe.

— A sua história. Entende-lo. Ele soltou Bellwether. Por quê? Ele não parece alguém que obedece por lealdade cega. Então ele precisa de motivos.

Maggie fez um sinal de que havia entendido.

— Na verdade, você está certo de novo. Dan sempre foi um garoto esperto. Diferente. Enquanto os colegas se divertiam jogando basquete, ele estudava química. Era introvertido, e seu único passatempo que não envolvia estudar era atirar com o estilingue em latinhas sobre os muros. Infelizmente, o mundo não está nem aí para garotos gênios da química e bons de pontaria.

Ele até trabalhou em uma pesquisa uma vez, na vanguarda da ciência, mas as pesquisas foram vetadas por falta de fundos, e ele acabou como professor de química. Sua desgraça mesmo foi Bellwether. Ela sempre foi rebelde, fazendo coisas perigosas só pra provar que conseguia. Era só alguém dizer “aposto que você não consegue” que ela conseguia.

 Dan sempre a achou genial. Tudo estava indo bem, até que ela notou isso. Ela já estava na política nessa época, e acho que já tinha um plano formado pra tomar o poder. Se eu tivesse sabido antes... Quem sabe eu pudesse ter evitado. A questão é que Dan fez tudo o que fez por amor. Adoração, talvez.

— Quando você soube que ele havia... Bem...

— Logo após a prisão de Bellwether, Dan apareceu no meu apartamento, falando do que havia feito e como. Tivemos uma briga. Falamos coisas horríveis um para o outro. Foi a última vez que o vi.

Nick entendia a dor de Maggie, mas não podia fazer nada além de esperar.

— Doug não é realmente mau, você entende? Cada um tem os motivos que tem para fazer o que faz. Eu só espero que ele entenda isso algum dia.

A conversa parecia encerrada, por isso Nick agradeceu e virou-se para ir embora. Sentiu uma mão posar no seu ombro e olhou para trás.

— Eu só tenho um pedido a fazer – Maggie Anderson disse – se encontrar Dan, dê-lhe uma segunda chance. Por favor. Pela família.

Nick não se lembraria depois com clareza como havia saído do estúdio, pego o metrô e ido até o cemitério. Nem se lembraria de onde havia conseguido as flores. Mas ele as colocou em frente ao túmulo de sua mãe com respeito.

— Hey, mãe. Como é que vai? Vim te fazer uma visita. – ele sorriu levemente antes da sua visão embaçar por causa das lágrimas – eu juro. Eu vou encontra-la, onde quer que a tenham levado. Eu vou encontrar Judy. Não deixarei que aconteça de novo. Eu juro, mãe. Pela família.


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Notas finais do capítulo

a melodia, caso estejam se perguntando, pode ser tipo uma versão triste de "try everythig" no ritmo, mas sem os incrívei e maravilhosos "o-o-o-o-oh, o-o-o-o-oh"[quem lê, entenda]. eu não tenho como explicar a música pra voces, a não ser que cante, hehe.