Zootopia 2 - As regras de Nick Wilde escrita por Untitled blender


Capítulo 17
Desespero


Notas iniciais do capítulo

mais um cap agoniante pra vocês. esse vai com certeza lhes fazer chorar.



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 Nick segurou o pequeno corpo contra o seu e levantou. Ele arrancou o dardo e o colocou no bolso. Olhou ao redor. Não havia ninguém. Ninguém capaz de ajudar. Nick correu.

Não morra, cenourinha. Não morra. Por favor.

Ele correu como um louco, o mais rápido que correria a sua vida toda. Tudo ao seu redor passava como um borrão.

Um tranquilizante capaz de matar um rinoceronte. Nick continuou correndo. Nem notou quando chegou ao carro. Ele abriu a porta do passageiro e deitou Judy no banco. Então, deu a volta na viatura e sentou no banco do motorista.

Não deve ser tão difícil. Ele girou a chave na ignição. E engatou a primeira marcha, algo que vira Judy fazer centenas de vezes. Sabia qual era o acelerador, qual era o freio e qual era a embreagem.

Bastou uma olhada para o corpo inerte de Judy para que Nick criasse coragem.

Ele não tirou o pé do acelerador enquanto não ganhou a rua. Ligou as sirenes, como precaução. Logo na primeira esquina, fez uma curva fechada, entrando na contramão e jogando dois carros para fora da pista. Nick olhou para Judy novamente. Ela parecia não ter se movido um centímetro.

Não, não, não, não, NÃO!

Nick estendeu a pata direita, com a outra ocupada na direção, e procurou a jugular de Judy. Não conseguia sentir nada.

Ouviu uma buzina absurdamente alta, e desviou do caminhão no último segundo. Nick virou outra esquina, quase atropelando uma égua idosa, e acelerou ainda mais. Se ele batesse, não importava.

Nada importava.

Nada além da respiração cada vez mais lenta de Judy Hopps.

Nada além dos seus olhos fechados.

Escute, cenourinha. Por quê nossos casos sempre envolvem grandes explosões e direção suicida? — ele havia dito. Na hora, isso fizera sentido. Agora parecia uma piada cruel.

Nick vislumbrou o hospital à distância, como um farol em meio a uma tempestade. Nick só pensou em pisar no freio quando havia subido na calçada. Mesmo assim, o carro derrapou, batendo a lateral contra a imensa porta de vidro do hospital, que se estilhaçou e caiu como chuva.

Como as esperanças de Nick.

Ele saltou para fora do carro carregando o pequeno corpo ainda quente.

Gritando por alguém.

Como uma vez gritara sobre o corpo de sua mãe.

Como gritara em seus piores pesadelos.

Alguém apareceu, carregando uma maca. Nick não conseguiria lembrar que tipo de animal era. Apenas que vestia um jaleco branco. Tudo era branco.

O animal perguntou alguma coisa, qualquer coisa, uma série de palavras e letras que Nick não fez nenhum esforço para compreender. Sua voz saiu quebrada e rouca quando gaguejou uma resposta à pergunta que nem havia ouvido.

— Sonífero... Muito forte... Coração...

A enfermeira entrou em foco, uma zebra com aparência preocupada.

— O senhor tem alguma amostra do soro que possamos u...

Nick entregou para ela o dardo que havia guardado.

Ela chamou outros animais, que começaram a correr, trazendo equipamentos, soro, seringas. E Nick os seguiu até que a porta se fechou.

Ele queria bater naquela porta até que ela se quebrasse, queria destruir o obstáculo que o separava da coelha inerte.

Judy.

Ele queria poder destruir tudo em seu caminho. Queria correr até ela e abraça-la, como se isso fosse capaz de trazê-la de volta.

Mas tudo o que Nicholas Wilde fez foi encostar-se no vidro frio, escorregando conforme suas pernas perdiam as forças. Ele não lembraria depois por quanto tempo ficou ali antes do médico aparecer e leva-lo ao quarto onde Judy havia sido internada, com dezenas de aparelhos ao seu redor.

Nem quanto tempo ficou ali, encarando o monitor verde que acompanhava as fracas tentativas de Judy de voltar a viver.

Nem quantas vezes implorou para que ela acordasse.

Ele sempre estivera ali.

Nick não fazia ideia de quantos anos se passaram desde o momento em que ele a pegara nos braços atá o momento em que saiu da sala.

Ele caminhou sobre os cacos de vidro sem se importar com nada mais. Sem se importar com a dor. Sem se importar com o medo. Sem se importar com as vozes ao redor. Sem sequer parar para pensar antes de saltar novamente em frente ao volante.

Sem se importar com nada além de um sentimento que brotou em seu cerne quando ele pegou o seu celular e leu a última coisa que Judy tinha escrito, há poucos minutos e há mais de um século.

 

Vingança.

 

Ele era Nick Wilde.

 

E não tinha nada a perder.

 

 


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Notas finais do capítulo

mas ainda não é o fim.
comentem aí se vocês choraram.
e o que nick vai fazer agora.