Quando a morte ganha um coração escrita por Iuri Alves
Os anos se passaram e Susana caminhando pela rua recordava o que a morte lhe oferecera. Com doze anos, a vida lhe compensara. Não vivia mais nas ruas e sim no trabalho que encontrara como cuidadora de animais em um canil.
Estava feliz, pois amava os animais e todas as noites não precisava mais fugir de marginais e todos os riscos possíveis que se pode encontrar na rua. Seu trabalho era simples e prazeroso: alimentar, dar banho, passear e coisas que se faz com os cães. Os donos eram muito ausentes e os outros funcionários a tratavam bem, cortesias de praxe como bom dia e boa noite, nada mais.
Ela vivia sua vida isolada, com seus amigos cães, cada qual com sua historia, cada qual em seu momento, entre idas e vindas, mas feliz. Um dia, cumprindo sua rotina, viu que estava sendo observada e logo se remeteu aquela noite que por deveras, estranha.
Lentamente, deixou a vassoura que estava usando para varrer o chão e fingiu começar outra atividade para se aproximar dos ruídos que ouviu. Pegou a mangueira e procurou encher as vasilhas dos animais, e pouco a pouco foi chegando perto dos arbustos e chegou ao foco dos ruídos.
Com um pulo foi surpreendida por um garoto, aparentava a mesma idade que ela. Com o rosto e o corpo sujos, era evidente seus olhos grandes castanhos, vivos e cheio de desafio. Os cabelos que caiam aos olhos. Denunciavam que há muito tempo não via água e sabão.
Usava uma mochila surrada de couro marrom chocolate e vestia roupas que estavam muito boas para uma pessoa naquelas condições. Uma calça jeans rasgada nos joelhos preta, dizia ser moda na época, uma camiseta regata que de branca, passou a um tom acinzentado.
Suzana tremia e dava indícios de querer gritar, porém sua voz não saía. Ele a agarrou rapidamente e com dedo indicador levou aos lábios pedindo que fizesse silencio. Acalmando – se foi guiada por ele até uma cadeira que estava próxima aos arbustos.
Assustado com a reação de Susana procurou algo com que acalentar, para melhorar a situação, trouxe uma jarra com água e ofereceu a ela que tomava quase em um gole só.
Olhando com mais atenção, aqueles olhos não eram estranhos. Já o vira mais não sabia onde, por que e para que precisou ver. Um pouco mais tranqüila, ele tomou a liberdade e juntou – se a ela. Tirou a mochila e a colocou em seu colo, abriu e começou a procurar por algo. Lá no fundo, encontrou uma pequena boneca de porcelana.
Cabia na palma da mão, estava com a pintura desgastada. Uma bailarina.
Ao vê – la, a reconheceu e deu um largo sorriso, era Adrian.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
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