Quando a morte ganha um coração escrita por Iuri Alves
Sendo sufocada pelo lixo, caixas e tudo que pessoas insensatas poderiam jogar, Susana não ouve mais ruídos. Move cuidadosamente alguns sacos e aperta bem um dos olhos para ver o que e acontecia e...
Tudo escuro. Estranhou, pois até aquele presente momento as luzes que os iluminavam naquele evento fatídico, eram as dos postes que ali acompanhavam o beco. Voltou e ficou pensativa e preocupada, já que não poderia ficar naquela montanha de lixo que a cercava, tampouco ser pega por aqueles marginais brutos e cruéis. Seu corpo estremeceu e começou a sentir que seu corpo começou a perder temperatura.
Cuidadosamente, se recostou sobre o lixo, sentou-se e abraçou os joelhos a fim de esperar aquele mal estar desaparecer. Iniciou uma busca em sua memória para saber o que causara tanto frio e desconforto em seu corpo.
Vendo que mudando de posição não ajudara, recorreu a medidas mais drásticas. Pouco a pouco, foi revirando os sacos que a rodeavam para encontrar algo para comer, já era madrugada em suas contas, já que o relógio que ganhara de seus pais não funcionava á algum tempo.
Revirou tudo o que lhe permitia até que no fundo da lixeira, num canto ao lado esquerdo... eis sua salvação. Comida! Lacrada, em sua embalagem e com aparência boa o suficiente para não morrer com alguma intoxicação, comeu o lanche como se fosse a ultima refeição.
Saciada sua fome, continuava a sentir frio. Eram meados de dezembro e o calor era mais que evidente nesta época. Respirou fundo, começou a afastar o lixo que espalhou e pouco a pouco, foi se mostrando a rua que agora estava deserta. Após três passos em direção a saída, viu que para ela uma das cenas mais chocantes, estava acontecendo.
Arrumou os cabelos negros como aquela noite, tirou o lixo que estava espalhado em seu corpo, e caminhou em direção a morte, sim, a morte que lhe esperava sentada em cima de um dos corpos que acabara de executar. Passo a passou, foi se aproximando, esgueirando-se do sangue e dos demais restos deixados, que para a morte deveria ser um procedimento padrão.
Quando faltava meia dúzia de passos, um movimento. Uma mão esquelética e dominada por vermes foi estendida a ela. Ela a pegou. O asco de todos aqueles seres para ela não faziam mais diferença, desde que foi morar nas ruas. Quando a morte se levantou, pode ver o quanto era assustador e o porque dela ser tão temida.
Sem saber para onde iria a seguiu.
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