I Need rUn, Butterfly escrita por Pandacórnia


Capítulo 3
Flashback part.1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas.
Me desculpem por não postar antes, como alguns já devem saber, eu tive alguns probleminhas. Bem, basicamente eu perdi esse e o próximo capítulo, mas consegui recuperá-los rápido, o maior problema foi algo chamado internet.
Para terem uma ideia, fiquei o final de semana sem e ela só voltou faz alguns minutos (vim correndo postar).
Sem mais enrolações, vou deixar vocês com o capítulo e nos vemos nas notas finais.
Boa leitura!



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Os meninos estavam posicionados em uma roda, agora todos estavam prestando total atenção no que era dito.

— Então vamos lá — Jin disse, aproximando-se ainda mais dos outros — Vamos começar exatamente do ponto em que as coisas começaram a dar errado.

— Meu caro amigo, eu já discordo — se opôs Suga.

— Yoongi tem razão, precisamos começar antes disso — Jimin se manifestou — Acho que o que precisamos fazer é relembrar desde quando nos encontramos pela primeira vez.

Um ano antes

— Já falei que a vida é minha, vocês não tem nada a ver com isso.

— Ei, não fale assim, somos seus pais, garoto!

— Aham, sei. Vocês nem se importam com o que acontece a mim ou aos meus irmãos, parem de mentir.

O garoto se virou para pegar sua mochila com as suas coisas, mas antes que pudesse sair, ouviu um grito, assim como um barulho estridente e um formigamento do lado esquerdo do seu rosto.

Seu pai havia lhe batido, assim como fizera com sua mãe e a sua irmã mais cedo.

Sua mãe observava sem reação, tinha medo de impedir e acabar acontecendo alguma coisa com ela ou com algum dos filhos menores, apenas se mantinha submissa ao marido e soluçava em prantos.

Sua irmã e seu irmão mais novos derramavam lágrimas silenciosas, desejando que aquilo tudo acabasse e não passasse de um pesadelo.

Seu pai, ou melhor, aquele homem que nem ele reconhecia mais, aguardava alguma reação e já se preparava para mais agressão, mas, para a sua surpresa, o garoto não fez nada.

Aquela era a gota d’água.

Apenas se virou com a mochila nas costas e levou a mão até a boca, que escorria um pouco de sangue.

— Kim TaeHyung, volte aqui, sou seu pai! — O homem berrou.

O garoto virou a maçaneta, mas antes, olhou para as pessoas que ali estavam, sentindo muito pesar por deixá-las e então disse para o homem:

— Me desculpe, mas meu nome não é mais esse. E não, você não é meu pai. — Abriu a porta e deixou a casa que um dia já foi chamada de lar.

Meia hora de atraso e Namjoon não deixou de reparar.

Não se surpreendeu, aquilo já era recorrente vindo de seu primo, ainda mais naquelas condições.

Nam redigiu uma nota mental de que caso Taehyung demorasse mais iria ele mesmo buscá-lo, pois devia ter acontecido alguma coisa no caminho.

Fazia cerca de duas horas que o primo mais novo havia ligado pedindo um lugar para passar a noite, o que surpreendeu Namjoon, afinal, mesmo que se falassem, não eram tão próximos e não se lembrava de já terem passado a noite juntos.

Porém era inteligente, sabia que não era de hoje que o primo Tae enfrentava dificuldades com seus pais, e se resolveu partir era porque já não aguentava mais.

Não tinha do que se gabar sobre a sua residência, era apenas um apartamento pequeno que mal cabia ele, mas ao ouvir a voz desamparada do primo clamando por ajuda ele não tinha como dizer não.

Menos de cinco minutos.

Levantou-se com sua mochila, que já havia preparado caso o pior acontecesse, mas a porta se abriu de uma só vez e Taehyung entrou indo correndo abraçar o primo.

— Tae! — exclamou ainda surpreso, depois de um tempo retribuiu o abraço, mesmo o primo estando todo suado e sujo, parecia apenas uma criança assustada.

— Hyung... — Tae chorava no ombro de Namjoon, o mais velho apenas dava batidinhas em suas costas o consolando. Naquele momento, um gesto como aquele valia mais do que palavras, pois palavras machucam.

— Taehyung...

— Hyung, por favor — o menor soluçava — Não quero mais ser chamado assim, pelo nome que aquele cara me deu. Eu não me chamo mais assim.

Mais tarde, Taehyung se acalmou e explicou sem entrar muito em detalhes o que havia acontecido para Namjoon, que ouvia enquanto preparava o jantar, meio desastrosamente, mas tentava seu melhor.

— Aqui, tome. — Nam entregou uma bebida quente para o primo, que estava sentado no sofá.

— Obrigado — o mais novo aceitou, segurando cuidadosamente a caneca com as duas mãos e bebericando o chá. Emocionou-se um pouco com o ato, era o mais perto que encontrava de gesto paterno há muito tempo.

— Estive pensando em um nome para você, bem, não diria um nome, que tal um apelido temporário? Acho que você combina com Lex.

— Lex? É, nada mal... — Tae... ou melhor, Lex, sorriu pela primeira vez no dia.

— Só um minuto — Namjoon pediu licença para atender ao telefone.

Lex apenas concordou com a cabeça, dando uma olhada ao redor. O que iria fazer a partir de agora?

Seus pensamentos dançavam pelo devaneio que estava a sua mente, até se assustar com os gritos de seu Hyung para o celular.

— Você fez o quê? Está maluco, Yoongi? Isso é completamente ilegal. — Namjoon perdeu completamente a noção do seu tom de voz. — Não, eu sei que não sou um total exemplo a ser seguido, mas isso já chega a ser loucura, e se te descobrirem?

— Hyung? O que está...

— Já disse, só um minuto. — Nam interrompeu o primo e logo se voltou ao telefone. — Ok, tudo bem. Apenas... Venham para cá imediatamente para eu poder entender essa história direito.

***

Yoongi estava sentado em silêncio, pensando na “merda” que tinha feito.

Bem, merda na visão do seu amigo, mas para ele, analisando bem, foi a melhor escolha possível.

Jungkook jogava um jogo no celular e às vezes olhava para Yoongi e sorria, enquanto o outro retribuía.

Ainda estava pensativo sobre sua decisão, sabia que estava numa grande enrascada, mas o que é a vida sem correr riscos, ainda mais pelas pessoas que ama?

Basicamente, o garoto havia resgatado seu pequeno amigo do orfanato.

Após muito tempo apenas observando o mais novo sofrer naquele lugar horrível, sem nunca ser adotado, ele cansou e ajudou Jungkook a fugir daquele abrigo, tornando-se uma espécie de tutor, o único problema é que tal ato foi feito de maneira completamente ilegal.

JungKook iria dar-se por desaparecido na mídia? Mas, alguém além de Yoongi se importava com o garoto?

Realmente, não importava o senso comum, o politicamente correto, a burocracia... Quem decidia se aquilo era certo ou errado eram apenas os dois.

— Vamos? — Yoongi se levantou e estendeu a mão para ajudar Kook a também se levantar.

— Vamos aonde, Hyung? — Jungkook guardou seu celular e vestiu o seu casaco.

— Para a casa de um amigo. Acho que você também vai gostar de ir, ele me contou que o primo mais novo dele está lá, e, ao que parece, adora videogames, como você.

 

***

O terreno abandonado estava uma barulheira, mas era sempre assim desde que aqueles dois encontraram aquele lugar e fizeram dele seu próprio estúdio de dança.

— Swagger, man. — Um dos garotos cumprimentou o seu parceiro de dança após terminar a performance.

— Cala a boca Jimin, isso não combina nada com você.

— Deixa de ser chato, Hoseok. — Jimin ria enquanto pegava sua garrafinha para beber água.

Os dois estavam completamente cansados após o período de treino e haviam dançado o dia todo. Mesmo cansados, através da dança eles poderiam ser eles mesmo.

— Vamos treinar mais? — Jimin desafiou seu parceiro, com seu típico sorriso. Sorria não só com os lábios, mas com os olhos.

— Mais? Está louco? Estou morrendo de tanto cansaço. Mas ao mesmo tempo, acho que nunca me senti tão vivo. — Hoseok também pegou sua garrafa e não só bebeu como também jogou a água do alto de sua cabeça para todo o seu corpo. — Nossa, que calor!

Ficaram conversando e rindo por mais um tempo, até ficarem sem assunto e o silêncio reinar pela primeira vez no dia.

— Estou entediado... — Jimin reclamou.

— Eu também. — Hoseok respondeu se levantando.

— Alguma sugestão do que podemos fazer? — Jimin imaginou que seu amigo teve alguma ideia pelo seu olhar brilhante.

— Sim... Mas sabe, não sei se você vai aceitar...

— Pode falar!

— Está bem, Min. Sabe aquelas bombinhas de tinta que compramos há um tempo? Acho que está na hora de usar.

— Até que enfim aquilo vai ser vir pra alguma coisa. Onde você deixou? — Jimin correu para as coisas que ele e Hoseok haviam esparramado no chão.

— Na parte de trás da minha mochila. — Hoseok respondeu e ajudou Jimin a carregar as bombinhas.

— Ei, onde vamos fazer isso? — Jimin perguntou enquanto os dois saiam do seu “estúdio”.

— Pensei em soltarmos pela vizinhança — Hoseok respondeu — Mas a primeira bomba é sagrada, sabe? Não importa os outros, mas temos que escolher muito bem a primeira vítima. — Hoseok pegou uma bombinha de tinta rosa e a examinou. — E eu já tenho uma ideia de quem será o sortudo que iremos estrear essas nossas belezinhas.

***

Fim de uma tarde toda mergulhado nos livros, em breve iria começar a sessão noturna de estudos.

Estudar, estudar e estudar.

Qual era a dificuldade em decorar algumas fórmulas prontas?

Os estudiosos já haviam estudado por ele, a única coisa que precisava era decorar tudo o que eles falaram e comprovaram, qual a dificuldade se já estava tudo pronto?

Afinal, nesse século já temos tudo pronto em nossas mãos, em plena era digital não há nada a criar, a se inovar.

A moda era copiar, os criativos são dados como idiotas e loucos retardados que perdem o seu tempo com coisas que ninguém dará valor.

— Filho, o jantar já está pronto. — Sua mãe anunciou da porta do seu quarto.

Droga! O dia já estava acabando e ele ainda não tinha estudado o suficiente, decorado o suficiente.

Bufou, guardando seus livros e pegando outros, pensava seriamente em pular refeições para poupar tempo.

A quem queria enganar? Adorava comer, principalmente a bela comida de sua mãe. Decorar as coisas escritas nos livros valia mesmo tanto a pena a ponto de se trocar por algo que não só lhe dá sobrevivência, mas o deixa feliz?

— Pense bem Kim Seokjin, não vá fazer bobagens. — Falou consigo mesmo. Não o admirava, também, confinado naquele quarto. Não se lembrava de ter mantido dialogo com alguém naquele dia se não com ele mesmo.

Resolveu estudar mais um pouco para então descer e comer, mas um barulho em sua janela o tirou a concentração.

— Ei! — Jin gritou assim que viu que o vidro da janela estava todo sujo de tinta rosa.

Viu que dois garotos estavam na calçada rindo, Jin logo os reconheceu.

Eram dois encrenqueiros que viviam aprontando pelos arredores, mas geralmente era apenas escutar música alta pela rua e incomodar os vizinhos. Aquilo estava passando dos limites.

Jin correu para a porta de entrada, decidido a dar uma lição naqueles moleques.

— Ferrou — Jin escutou algum deles gritar antes de começar a correr.

Então resolveu correr atrás deles, podia ser pacífico e fugir de confusões, mas dessa vez ia provar de uma vez por todas que com Kim Seokjin não se brinca.

***

No apartamento de Namjoon o clima era pacífico, o único barulho que se ouvia era de teclas de controle de videogame e os gritos de vitória e frustação vindos de Jungkook e Lex.

Namjoon conversava baixo com Yoongi sobre como ambos planejavam seguir com sua vida. Após ouvir a história do amigo, Nam concluiu que ele havia feito a escolha certa e percebeu que suas situações eram um pouco semelhante.

Um jovem cuidando de outro jovem, até quando iriam aguentar? Até quando isso seria possível.

— Vrá! — Lex comemorou sua vitória enquanto Jungkook apenas bufava.

— Isso aí primo, acaba com ele. — Namjoon se reuniu à comemoração.

— Que acabar o que? Melhor de três, né Kookie? Acabe com isso na revanche. — Yoongi piscou para Jungkook.

— Veremos... — Lex reiniciou o jogo e logo começaram outra partida, era o início de uma bela amizade.

Antes que pudessem terminar a partida, os jogadores se assustaram com um barulho, assim como seus Hyungs.

— O que está acontecendo aqui? — Namjoon perguntou e então se deparou com a janela  de seu andar, primeiro, toda suja de tinta colorida.

— Que brincadeira sem graça... — Suga desaprovou.

— Ah, mas não vamos deixar barato, né? — Lex largou o jogo e correu para fora do apartamento a fim de dar o troco.

— Espera, eu vou também. — Jungkook riu e foi atrás.

Namjoon e Yoongi apenas se encararam e reviraram os olhos, seguindo os garotos.

***

Jin havia perdido os garotos de vista, mas logo conseguiu avistá-los atacando outras janelas vizinhas.

Percebeu que dessa vez não estava sozinho na busca de tirar satisfação com os dois engraçadinhos, pois da última casa atacada, saíram quatro pessoas correndo.

A sorte daqueles dois garotos era que eles eram realmente rápidos, se não iriam se sair desfavorecidos no cinco contra dois.

Continuou correndo, ele e os outros quatro até chegarem a uma rua sem saída e perderam os meninos totalmente de vista.

— Onde se meteram? — Jin bufou.

— Também atacado? — Namjoon perguntou com um sorriso sem graça.

— Alguém precisa detê-los. — Jin estava realmente muito estressado.

— Concordo. — Lex se meteu — Assim como fizemos hoje no mortal combate Kook, só que agora é na vida real. — O garoto estava empolgado como se ainda estivesse jogando videogame.

— O de cabelo alaranjado é meu e o outro é todo seu, Lex. — Jungkook também estava empolgado.

— Ham... Pessoal? — Yoongi se pronunciou após dar uma olhada no local. — Parece haver um terreno abandonado bem no final dessa rua, devem ter ido por ali. —Apontou.

— Desgraçados! — Gritou Lex.

— Vamos gente, vamos acabar com eles. — Jungkook erguia os punhos.

Jin seguiu os quatro garotos até aquele local, nada melhor para unir as pessoas do que inimigos em comum.

Assim que chegaram, ouviram uma música alta e também lhes veio uma sensação muito estranha.

Os garotos que antes haviam feito um estrago em suas janelas agora estavam dançando e cantando na sua frente.

Para a surpresa de todos, eles não se importaram muito com a presença dos outros cinco, na verdade, pareciam nem ter notado.

A raiva por incrível que pareça acabou se dissipando e os garotos apenas observavam os dois dançando, cantando e se divertindo.

Jin teve uma incrível sensação de conforto, queria se juntar a eles, mesmo não sabendo o porquê, afinal, nunca teve interesse nesse tipo de coisa.

Sem que percebesse, seu corpo acabou acompanhando aquele som, mesmo não sabendo dançar e viu que os dois garotos mais novos que estavam correndo atrás dos encrenqueiros agora já estavam dançando junto com eles.

Os outros dois balançavam seu corpo assim como Jin, e pareciam conhecer aquela música, pois cantavam algumas partes, principalmente na hora dos raps.

Como pode raiva virar essa sensação tão leve? Pela primeira vez a em muito tempo estava se divertindo como nunca, ao lado de pessoas que nem conhecia, mas que, lá no fundo, estava desejando muito conhecer.

Já estava completamente dominado por aquele clima, não só se balançava no lugar como também tentava acompanhar o passo dos garotos, que agora perceberam a presença dos outros e tentavam ensinar a coreografia.

Parou para pensar um pouco depois de um tempo curtindo a música que aquele era um lugar um tanto quanto esquisito para se dançar, na verdade, para se fazer qualquer coisa, nunca iria se imaginar em um lugar assim.

Mal ele sabia que aquele se tornaria o seu lugar preferido.


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Notas finais do capítulo

Geralmente eu não costumo falar muito aqui mas hoje tenho muitas coisinhas para falar, então vamos lá.
Primeiramente, tive que dividir esse capítulo em dois porque ficou muito grande, e mesmo assim, ambos tiveram um tamanho considerável.
Segundamente (essa palavra deveria existir, muito útil) não sei se o capítulo dessa semana vai sair sexta, pois, meu professor de português me convocou (lê-se obrigou) a fazer parte da oficina e das olimpíadas brasileiras de crônicas, então essa semana meu foco na escrita será direcionado a isso, mas não se preocupem, se não sair sexta será no sábado, então não fará muita diferença.
Bem, feliz dia dos pais atrasado. Por coincidência ou não, esse capítulo caiu bem perto da data, o que nos faz refletir que nem todo pai é de sangue, pai é aquele que apoia, que ama.
Agora as notícias mais importantes:
Como muitos de vocês devem saber, ontem encerrou mais uma era do BTS, na minha opinião, uma das melhores eras não só do grupo mas do kpop em geral e simplesmente a era que serve de inspiração para toda essa fic. Muitas pessoas escreveram belos textos e perguntaram se eu iria escrever um, bem, eu só tenho a agradecer por ter vivido essa fase, e eu escrevi sim, coloquei todo o meu sentimento nessa fic, em especial, nesse capítulo.
Outra, viram a Mixtape do Yoongi? Se não viram, vão correndo dar todo o amor para ele porque esse homem merece, ele trabalhou tanto e realizou algo excelente. Não vou falar mais porque isso aqui está ficando muito grande, mas, se quiserem saber mais, é só me mandarem mensagem (não precisa de timidez, adoro conversar) ainda tenho muito o que falar sobre.
Bem, acho que é isso, obrigada por lerem, espero que tenham gostado e até a próxima.